sábado, 25 de outubro de 2008

Show de Silvério Pessoa em Natal – XIV CIENTEC – Quando se vende muitos CDs e DVDs durante o show, é sinal que agradou!

Olá pessoal.

Segui de micro-ônibus na madrugada da sexta-feira, dia 24 de Outubro, para Natal (nasci lá) no Rio Grande do Norte, para operar mais uma vez o som de um show de Silvério Pessoa. Bela cidade.

Já confidenciei aos amigos que havendo chance de trabalho eu sairia do Brasil e iria morar na Europa. Gostei muito da Holanda. Natal seria minha segunda opção de mudança de domicílio.

Estou cansado da falta de respeito ao ser humano que cresce vertiginosamente no nosso País. Minha frase atual do MSN, que na maioria das vezes reflete como estou no momento é: “Quantas Eloás terão que morrer para que todos percebam que está tudo errado?”

Senti-me um verdadeiro otário um dia desses na praia, pois não bebi uma gota de álcool por causa da lei nova numa farra com os amigos. A imagem do Embaixador do Paraguai no Brasil e seu filho bêbado não saíam do meu pensamento. Pra quem não sabe do caso, o filho dele foi detido completamente embriagado, depois de colidir o carro que dirigia com outros que estavam estacionados. Não estava com habilitação e o Excelentíssimo(?) Embaixador, na maior cara-de-pau, falou para o repórter que pra ele já estava tudo resolvido. Ele iria pagar o prejuízo material dos carros danificados (e ponto final!). Enquanto “as coisas” não se consertarem de “cima pra baixo”, as coisas de baixo vão continuar erradas! Fico enjoado e enojado ao ouvir estas notícias. Por isso penso em morar fora. Falando em enjôo... Tirando o enjôo (seguido de vômito) de dois músicos da banda no ônibus, a viagem foi tranqüila. Nem vi os dois passando mal, pois dormi uma boa parte do tempo, mesmo com os solavancos causados pela (sempre) má conservação da rodovia. Chegamos à Natal e seguimos direto para o local do evento. Era um anfiteatro na Universidade Federal. Mesmo sendo muito fácil chegar lá, pois era exatamente na entrada da cidade, o nosso motorista se perdeu. E para piorar, bateu num carro enquanto fazia uma manobra com o ônibus. O proprietário do veículo nos acompanhou até a Universidade.

Como ainda estavam montando o equipamento, decidiu-se que seguiríamos para o hotel. Faríamos o check-in, almoçaríamos e voltaríamos para o local do show para passar o som. O proprietário do veículo danificado não queria deixar que seguíssemos para o hotel, mas depois de uma breve conversa, tudo foi resolvido.

Retornamos ao palco perto das 14:30h. Haveria um show de uma banda local antes do show de Silvério. Montamos o palco de acordo com nossa formação e a outra banda se adaptaria em cima desta montagem, evitando mexer nos praticáveis, que por sinal, não tinham rodas.

Não levamos a nossa mesa digital para fazer o monitor, porque eu já sabia que a mesa da empresa de som era uma digital. A do P.A. também seria uma digital. Alguém arrisca um palpite de qual mesa estou falando? Acertou mais uma vez quem falou M7CL da Yamaha.

Passamos o som tranquilamente. Tivemos alguns problemas nos canais do acordeom e da voz de Silvério. O que deu mais trabalho de se resolver foi justamente no mais importante, ou seja, nos canais de voz! Só estava chegando um.

Falo “canais” porque a voz principal de Silvério sai estéreo (L/R) de um equipamento chamado Kaos Pad 3. Depois de várias tentativas, descobri que o problema era em um dos canais da minha mesa. A solução foi transferir estes dois canais para outros mais a frente sem modificar no palco. Peguei os dois cabos que vem do palco e entram na minha mesa e os transferi para outros dois canais. Tudo certo. Fiquei satisfeito com o sound check e Normando que estava no monitor também. Encerramos o sound check. Pedi para marcar todos os cabos no palco (esquecemos de um detalhe que nos causou problemas no começo do show – falo sobre isso mais adiante), pois tudo seria mexido para ligar a outra banda que não era nada simples. Salvei minha sessão da mesa no laptop e voltamos para o hotel aonde só teríamos tempo de jantar, tomar banho e voltar para fazer o show. A outra banda passaria o som e ficaria armada para começar a noite. Estava tudo tranqüilo, pelo menos eu achava. (risos)

Saímos do hotel quando a banda local começou o show lá no palco.

Já estava tudo acertado para conferirmos todos os canais antes de iniciar o show. Fazemos sempre isso quando o palco é modificado para outra banda, e depois do susto que levei na Bélgica, confiro tudo novamente mesmo não tendo outra atração antes. Chequei tudo, canal por canal, e todos estavam chegando, EXCETO um dos canais da voz (de novo!) e o canal do acordeom. E o que deu mais trabalho foi novamente o da voz! Depois de uns minutos tentando consertar (liga cabo, troca cabo) descobrimos que o técnico da empresa de som mexeu nos dois cabos que eu tinha modificado de lugar atrás da minha mesa e esqueceu de colocar no lugar! Agora sim, tudo certo, dei o sinal que poderia começar o show.

A vinheta de abertura é disparada, e à medida que ela vai tocando, eu vou abrindo os canais. Vocês não imaginam meu desânimo (desespero?) quando eu fui abrir os dois canais da voz e NOVAMENTE o mesmo canal do problema estava morto!!! Como pode? Tínhamos acabado de conferir que estava funcionando! Pedi para o técnico da empresa correr para o palco (não havia comunicação entre eu e o palco na hora do show!), pois sabia que o problema só poderia ser lá agora. Enquanto eu posicionava o outro canal da voz para o centro (pois como é estéreo a voz, cada canal vai para um dos lados do som), tomei um outro susto, pois o volume do baixo veio absurdamente mais alto do que havíamos deixado! Literalmente falando, me joguei sobre o canal do baixo, diminuí o ganho do sinal, e recoloquei-o novamente no seu devido lugar. Enquanto isso, continuava chegando só um canal da voz. Mas antes de acabar a primeira música, o problema foi resolvido. Causa? No liga-desliga de cabos no palco quando estávamos resolvendo o problema antes de começar o show, o técnico da empresa não encaixou direito o cabo no DI, causando assim a falha no envio do sinal. Tudo certo agora? Bem que eu queria! Começa a segunda música... Cadê o som da viola e do violão de Silvério? Os dois sinais estavam, ao contrário do baixo, absurdamente mais baixos em relação ao sound check! Não é possível? É possível! Mais uma vez me joguei em cima de um canal por vez para ajustar os ganhos. Na grande maioria das mesas digitais que eu já trabalhei, não se pode modificar o ganho de dois canais distintos ao mesmo tempo, pois precisamos selecionar um canal por vez para fazer o ajuste. Qual foi a causa das diferenças nos volumes do baixo, viola e violão? Todos estes três instrumentos são ligados num equipamento chamado DI (Direct Box). E neste show, os DIs usados possuíam uma chave de atenuação do nível de entrada do sinal do instrumento no equipamento. Quando esta chave está pressionada, ele diminui o nível do sinal que está entrando. Como nos esquecemos de marcar estes detalhes, ou os DIs foram trocados, ou as chaves foram modificadas por causa dos instrumentos da outra banda que possuíam os níveis diferentes dos nossos e não foram reajustados para o nosso show. Detalhe simples, mas que causa uma confusão enorme, pois prejudica tudo que foi feito no monitor e P.A.. Tudo o que senti na frente, o pessoal sentiu no palco. Depois de resolvido mais este problema, o resto transcorreu normalmente. Resumindo... As duas primeiras músicas foram pra ajustar as coisas.

Antes de chegar na metade do show, as pessoas começaram a aparecer na house mix querendo comprar o CD e/ou DVD de Silvério. Se eu ganhasse 2 reais por cada informação, daria pra comprar umas garrafinhas de vinho Chileno! (risos)

Todo dinheiro arrecadado com a venda dos CDs e DVDs de Silvério é investido na fabricação de mais CDs e DVDs. Já faz um tempinho que os artistas não ganham mais dinheiro com isso. Os shows passaram a ser a principal fonte de renda deles. E alguns, como Zezé de Camargo, ganham um bom dinheiro com direitos autorais, compondo músicas para vários artistas.

O público em Natal aceitou muito bem o trabalho. Eu tinha um pouco de receio, pois no sound check, as poucas pessoas que perguntaram quais seriam os shows da noite, faziam outra pergunta quando eu acabava de falar quem iria tocar. Eles perguntavam: É forró é?

E o forró a que eles se referiam eram os que tocam nas rádios, ou seja: Calcinha Preta, Aviões do Forró, Limão com Mel, etc.

Mas mesmo não sendo o que eles queriam ouvir, eles gostaram.

Ainda tive forças para acompanhar Normando e Roberto (monitor e luz) numa farrinha de vinho no quarto do hotel. Dormi antes de entrar na terceira garrafa. Já passava das duas horas da manhã, e estava marcado acordar as seis para tomar o café e seguir de volta para Recife.

Cheguei em casa as 12:30h, e pré-marcamos uma farrinha no domingo num boteco aqui perto de casa para comer uma rabada e colocar os assuntos do show em Natal em dia e falar dos próximos que já estão marcados. Uns com Silvério, e outros com outros artistas.

Um abraço a todos.