quinta-feira, 27 de março de 2008

Participação em festival confirmada.

Olá pessoal.

Confirmado. Participarei mais uma vez (acho que é a sexta ou sétima) do festival Abril Pro Rock, que acontece nos dias 11, 12 e 27 de abril.
Mas foi por pouco, muito pouco mesmo, que essa continuidade não foi quebrada!

Por causa do velho “leilão” que ocorre muito por aqui na hora de contratar a empresa para a sonorização, houve um enxugamento nas equipes técnicas dos palcos, fazendo com que os próprios donos da empresa (que são técnicos também) assumissem algumas funções antes preenchidas por outros profissionais. Fui um dos poucos que não foi degolado, acho que pelo fato da empresa de som não ter um número maior de sócios!! (rs)

Ficarei como operador de monitor do palco 2. Quem não trouxer o seu operador, que no palco 2 é o que mais acontece, eu faço o serviço. Fico até relembrando algumas bandas que já passaram pelo palco 2... Pitty, Cachorro Grande, etc, etc.

Para quem quiser conferir a programação, aqui está o link do festival:

http://www.abrilprorock.com.br/2008/

Um abraço a todos.

quarta-feira, 19 de março de 2008

Turnê 2008 - Primeira parte confirmada.

Olá pessoal.

Acabo de receber por email a confirmação da primeira parte da turnê 2008 na Europa com Silvério Pessoa.

Viajarei dia 8 de junho e retornarei dia 15 de junho.

Vão ser 4 shows nesta primeira ida:

11/06 Flagey - Brussels (B) 12/06 L'Astrolabe - Orléans (F) tbc 13/06 MC 93 - Bobigny (F) 14/06 MC 93 - Bobigny (F) - Silvério Pessoa special guest Spok Orchestra Um abraço a todos.

terça-feira, 18 de março de 2008

A entressafra e suas consequências.


Essa falta de shows e eventos que estou passando neste mês de março, me fez sentir coisas totalmente contrárias ao que geralmente sinto. Sempre, independente do lugar onde estava trabalhando ou com quem estava, batia a saudade de casa e o desejo de voltar assim que possível. Na minha primeira turnê fora do Brasil que foi em 2005 e que durou 110 dias, quando cheguei na marca dos 60 dias, me bateu um desespero para voltar pra casa, que acredito que se eu pudesse de alguma forma fazer com que minha ex-esposa sentisse o que senti, o nosso casamento não teria acabado. Kkkkk. Vamos ver se eu vou sentir a mesma coisa agora como um homem solteiro. Acredito que sim, pois mesmo solteiro, tenho um herdeiro (hoje com 12 anos) me esperando e morrendo de saudades. Acho que essa turnê de 110 dias foi mais difícil pra ele do que pra mim. Sempre gostei de estar em casa nas horas vagas, mesmo que fosse para comer aquele macarrão pronto (Nissin Que Nojo) com aqueles temperos. Conversando recentemente no carnaval com Denílson, que opera o P.A. de Lenine, ele me falou algo que recordo agora fazendo este texto. Ele me falou: Pôxa Titio... Vivemos viajando por causa do nosso trabalho, e quando chegamos em casa, a mulher quer sempre sair de casa, viajar! É uma situaçãozinha complicada essa nossa. Kkkkk

O artista com quem trabalho está se recuperando de uma cirurgia, por isso não tem nenhum show dele em março e não consegui nenhum trabalho extra para este mês até a data de hoje. Os trabalhos no estúdio de jingles, para complicar mais ainda, deram uma diminuída assustadora e isso está me fazendo repensar por qual caminho seguir, pois quem segurava a onda nessas entressafras de shows era o estúdio. Não preciso nem falar que por causa disso tudo, minhas finanças estão completamente desajustadas, não é?

Não estou acostumado a ficar em casa esperando dar a hora de pegar meu filho no colégio ou de almoçar e dar um cochilinho depois. Não vou negar que é muito legal dar um cochilo depois do almoço, mas realmente não estou muito afim que isso continue. E esta vontade e necessidade de sair de casa que estou sentindo nestes dias, faz muito tempo que não sinto! É muito curioso isso, e queria passar este meu caso para vocês. Quando as coisas voltarem ao normal (pelo menos é isso que espero), os sentimentos vão se inverter novamente, acredito eu! E a vida continua nesta gangorra que teima em ficar variando de posição.

Viver exclusivamente de shows aqui no Recife é uma tarefa quase impossível, mas este mês de março está fazendo com que eu olhe mais para este lado e tente buscar outras alternativas. Só tenho confirmado até a data de hoje um show para fazer com Silvério Pessoa no dia 2 de abril num hotel no Cabo de Santo Agostinho e tem o Abril Pro Rock que é um evento que participo como operador de monitor do palco 2 já faz uns 5 anos, mas esse ano não tenho a certeza que vou participar, pois não sei se será a mesma empresa de som que vai fazer o evento e que sempre me contrata. A primeira parte da turnê 2008 na Europa de Silvério Pessoa que seria de maio até junho não está confirmada ainda e se fosse confirmada, com certeza eu iria. A segunda parte, que seria de julho até agosto, está bem mais adiantada, mas não tenho a certeza se irei, pois existe a possibilidade de um trabalho para eu fazer numa produtora na campanha política que está por vir. Como a campanha terá uma duração de 3 meses, fica inviável para eu financeiramente trocar estes 3 meses por apenas 1 mês de turnê. Mas isso também não está nada acertado. Só estou mostrando as possibilidades. Caso se concretize a política, irá outro operador de áudio no meu lugar na turnê, pois Silvério, como ele me disse, não faz mais shows ou turnês sem o seu operador. Graças a Deus!!! Essa atitude de Silvério é seguida pela grande maioria dos artistas hoje em dia aqui de Recife. Até artistas ou bandas que ainda não tem a mesma expressão no cenário musical como Silvério, fazem questão de andar com seus próprios operadores. Isso era muito diferente na época que iniciei na carreira com a Banda Versão Brasileira no final dos anos 80, aonde a grande maioria utilizava os serviços dos funcionários das empresas de som, que não tinham idéia de como era o show e muitas vezes por acharem que não tinham obrigação de fazerem tal trabalho sem serem remunerados pelos artistas ou bandas, faziam o serviço sem muito interesse, causando assim distúrbios com os músicos e artistas. As próprias empresas conseguiram melhorar esta relação entre funcionários e artistas, mas não acabaram por completo, principalmente nas pequenas empresas.

Por causa dessa mudança no mercado, aonde a grande maioria dos artistas tem seus próprios operadores de áudio, fica mais difícil para um técnico conseguir fazer um trabalho com outro artista. Essa possibilidade aumenta em datas especiais, como as festas juninas e o carnaval, aonde temos um acréscimo absurdo de quantidade de shows. Neste carnaval, operei o P.A. da banda Delrey e fui contatado, mas não pude fazer Siba e a Fuloresta porque tinha show de Silvério no mesmo dia e ele é minha prioridade, pois ele me prioriza também.

E assim seguimos nessa gangorra maluca que é a vida!

Espero que este texto sirva pra alguém em alguma coisa.

Um abraço a todos.

sábado, 8 de março de 2008

Desistindo da profissão? Quase.


Não lembro mais em que ano foi, nem em qual mês e muito menos qual foi a data ou o dia.
O trauma foi tão grande que minha memória, que já não é lá essas coisas, fez questão de deletar estas datas. Mas o caso nunca sairá da minha memória, pois quase desisto da profissão por causa desse festival!
Lembro-me que estava no estúdio de jingles (Audiomidi) em que trabalho, quando Rogério, amigo meu e sócio da empresa de som PA Áudio, me ligou e falou que teria um trabalho para eu fazer. Era um festival da Philips que seria no Marco Zero e teria atrações internacionais. Ele queria que eu fizesse o monitor do evento. Para quem não sabe o que é “fazer o monitor” de um evento, vou tentar explicar.
Em um show temos dois tipos de som. Tem o som que as pessoas que vão ao show escutam na frente que é chamado por nós técnicos como som do P.A., que é a abreviação das palavras em inglês Public Address ou Endereçado ao Público. E tem o som que só os músicos que estão no palco escutam que chamamos de som de monitor. E a palavra já diz tudo. Este som serve para os músicos se monitorarem, e com isso tocarem no tom e ritmo certo. Cada músico tem (ou era pra ter) um monitor próprio aonde podemos colocar qualquer instrumento da banda para ele escutar, inclusive o próprio instrumento dele.
Agora vocês já sabem pra que servem aqueles fones nos ouvidos dos músicos ou as caixas que ficam no chão perto de cada músico. Mesmo não vendo nada no chão ou na cabeça do cantor, não se iludam, pois o cantor deve estar usando um sistema de monitor sem fio chamado In-Ear (dentro do ouvido). São fones minúsculos e até uns bem modernos pré-moldados que são feitos sob medida para o músico ou cantor. Esses fones e sistemas sem fio vieram ajudar e muito no resultado final do som de um show, pois os mesmo reduzem à zero a realimentação no palco, aqueles apitos chatos que vocês escutam em alguns shows e que não fazem parte da música. E dependendo da intensidade destas realimentações, o show pode parar mesmo. Por isso, este técnico que fica no palco e que muita gente ainda que vai a um show não sabe que ele existe, é de uma grande importância no resultado final do show ou do evento. Se não houver nenhuma caixa de monitor no palco e mesmo assim você ouvir aqueles apitos, pode ter certeza que a causa vem do som da frente que está retornando para o palco e causando as realimentações. Quem tem que resolver agora o problema é o técnico de P.A..
Comecei minha carreira aqui em Recife, fazendo o monitor da Banda Versão Brasileira, e naquela época existia uma diferença de cachê entre os dois técnicos. O de P.A. recebia mais, pois os artistas achavam que ele era mais importante. Sempre achei injusto isso, pois sabia que um monitor mal feito poderia acabar com o show. Ainda bem que esta diferença nos cachês não existe mais. Os próprios artistas reconheceram a importância do técnico de monitor.
Agora que vocês já sabem a diferença entre técnico de P.A. e de monitor, vamos voltar ao festival da Philips.
Rogério estava me contratando para este festival porque a empresa dele estava adquirindo uma mesa digital para ser usada nos monitores, eu já fazia monitor e tinha uma certa afinidade com estas mesas pois trabalhei com uma bem simples no estúdio e ele achava que não tinha pessoa mais indicada pra isso na época (modéstia à parte, mas era verdade). Mas mesmo com esta afinidade, falei pra ele que era muito diferente a minha mesa para a que ele estava comprando. Seria a primeira mesa digital nos monitores em Pernambuco! Uma Yamaha DM2000. Ele me falou (e meu erro foi acreditar) que a mesa chegaria uma semana antes do começo do festival, dando tempo assim para eu dar uma estudada nela. Resumindo... a mesa chegou na tarde do dia anterior da passada de som com as bandas do festival! Ficamos toda tarde e entramos pela madrugada só para aprender o básico sobre a nova mesa! Não deu outra. Catástrofe na passada de som! Não tinha como naquele espaço de tempo dominar o brinquedinho, pois aprendi só o básico! Para complicar mais ainda, as atrações eram gringas e tinha um tal de Ray Leman (não sei se era exatamente assim o segundo nome) que usaria até um piano acústico na sua apresentação com banda. Esse Ray era um daqueles artistas que dão “chilique” quando as coisas não estão acontecendo como querem. E esses chiliques tornaram a passada de som muito mais agonizante e estressada! Coisas que eu fazia rapidamente com uma mesa analógica, não estava conseguindo fazer nesta nova mesa. Coisas que eu tinha certeza que estava fazendo certo, os músicos me confirmavam o contrário! Só fui descobrir os motivos uma semana depois quando ligamos a mesa no galpão da firma e procuramos aonde foram os erros. Não tinha como saber desses detalhes naquele espaço de tempo.
Os produtores locais do festival (os mesmo do Abril Pro Rock – Paulo André e Melina), sem saberem os reais motivos de tal demora na operação do equipamento, já desesperados, pediram pra chamar outro técnico para me ajudar, mal sabendo eles que o outro técnico jamais tinha trabalhado com tal mesa também. Ninguém em Recife tinha trabalhado com aquela mesa!!!!!
Lindemberg chegou do meu lado e perguntou: --- Oi Titio, qual é a bronca?
Eu apontei para a DM2000 e respondi, perguntando: --- Quer assumir a mesa?
Não? Então fica do lado aí pra ver se eu resolvo. (Risos. Só agora, porque no dia eu não ri)
Ele ficou ao meu lado sem saber o que estava acontecendo direito, mas isso deu mais tranquilidade aos produtores. A pressão foi grande! O produtor nacional da Philips chegou aos berros ao meu lado me chamando de incompetente e perguntando se eu nunca tinha visto aquela mesa, e eu com minha sinceridade brutal, respondi esquecendo completamente dos meus amigos da empresa de som que tinham me contratado: ---Não cacete! Vi esta porra desta mesa ontem!!!
Não consegui me conter. Já estava completamente estressado. Agora, escrevendo este texto, me pego rindo da situação, mas não foi nada engraçado no dia!! Se não me falha a memória, duas passadas de som foram extremamente estressantes. Essa de Ray e outra de um grupo de velhinhos de Cuba que não recordo agora o nome. Fui no decorrer das passadas de som e dos shows me tornando mais rápido, mesmo fazendo um caminho mais longo para chegar aonde queria, pois não sabia que tinha outro caminho. Mesmo com toda a pressão e estresse, passamos todas as bandas e agora só restava esperar o começo do festival.
A grande ansiedade agora era saber se as cenas de cada banda que foram gravadas na mesa digital iriam voltar exatamente como foram salvas. Essa é uma das grandes vantagens meus caros leitores das mesas digitais em festivais, aonde têm várias bandas para se apresentarem no mesmo palco com o mesmo som. Podemos gravar tudo que foi feito para cada banda na mesa: equalização, endereçamento, compressão, etc, etc. E com um simples toque esta cena volta em menos de um segundo na hora da apresentação da banda. A demora maior agora era para religar os cabos nos seus devidos lugares, pois eles mudam de acordo com cada banda. Antes das mesas digitais, todo técnico tinha que anotar TUDO em mapas (papel) e seguir este mapa e retornar (ou pelo menos quase) os controles para o lugar marcado. Nunca voltava exatamente do mesmo jeito, mas funcionava e funciona até hoje quando a mesa não é digital. Conheço técnico (Léodim – Mundo Livre S/A) que tira foto da mesa com câmera digital e faz isso até hoje e já tentei usar a muito tempo atrás um gravador K7 portátil, aonde gravava minha voz falando o que tinha feito em cada canal. Não deu certo, pois quando estava escutando a gravação, sempre aparecia alguém gritando alguma coisa ao meu lado e eu me perdia. Uso mapas até hoje nas mesas analógicas.

Voltando ao evento...
Todas as cenas voltaram como queríamos e todos os shows transcorreram sem que ninguém que foi ver o evento soubesse o que tinha acontecido nas passadas de som. Não me recordo de ter havido nem um apito sequer em nenhum show.
No final do festival, depois de tudo certo, Rogério veio me agradecer pelo resultado, pois só ele sabia realmente o tamanho da fogueira que tínhamos acabado de pular sem nos queimar!!!
Achei realmente que poderia ser minha culpa naquele festival, pois nunca tinha sido chamado de incompetente, mas hoje quando lembro, rio e me orgulho da situação que consegui reverter.
Existe até hoje uma discussão sobre qual a melhor mesa: analógica ou digital?
Mas isso já é assunto para um outro tema.
Um abraço a todos.

terça-feira, 4 de março de 2008

Fotos de alguns trabalhos.

Projeto Caixa Cultural - 2007 - Rio de Janeiro - Silvério Pessoa

Festival do Acordeão - 2005 - Lille - França - Silvério Pessoa




Ensaio do Carnaval de Pernambuco - Estúdio Floresta - 2006 - Rio de Janeiro











Guaiamum Treloso - 2006 - Recife - Silvério Pessoa














Projeto Seis e Meia - 2007 - Natal - Silvério Pessoa









Guaiamum Treloso - 2008 - Recife - Monitor de Silvério Pessoa













Mistura Fina - 2006 - Rio de Janeiro - Silvério Pessoa












Festival Rio Loco - 2005 - Toulouse - Funk'n Lata













Amsterdã - 2006 - Silvério Pessoa

Curiosidades das turnês passadas.


Como não tenho em mãos muita coisa registrada dos shows que fiz de dezembro de 2007 até hoje, vou dar uma rápida passada nas turnês de 2005, minha primeira turnê internacional e que durou 110 dias, e a de 2006. Vai ser um resumo “resumido”, pois é muita coisa pra mostrar e falar que pode se tornar cansativo se eu tentar mostrar e comentar tudo. Vou colocar, na maioria das vezes, fotos e comentários de coisas que acho “fora do roteiro”, para tentar sempre passar os bastidores.

Este equipamentozinho que está aqui na foto em cima da mesa de som com uma inscrição “Max 95db!” é um decibelímetro. Aparelho que serve para medir o nível da pressão sonora, ou o nível do ruído, ou para ser mais claro: para o dono da festa saber se o som está muito alto para as normas do local. Neste caso da foto, eu não poderia passar dos 95db. Este valor é facilmente ultrapassado na grande maioria dos shows no Brasil, independente do local. Então vocês já devem ter uma idéia de como é difícil manter estes 95db, pois estamos acostumados a passar desta marca. Mas deu pra fazer legal este show que foi na Bélgica. É tudo uma questão de costume.

Vamos começar nosso passeio por onde começa uma turnê: no aeroporto!

Na maioria das vezes esse sobe-desce-mala-van-sobe-desce-mala-hotel-van não é nada confortável e lúdico. Muita gente pensa que é só um passeio turístico que estamos fazendo numa turnê dessas, mas esse pensamento está bem longe da realidade. Não agüentei o fuso horário e a espera do nosso produtor que achou que estávamos em outro aeroporto e dormi sem nenhum constrangimento no saguão do aeroporto. E pode ter certeza que essa cara-de-pau (que eu não tinha) você aprende rapidinho numa turnê, pois não tem pra onde correr!

Na nossa van também não é diferente! Já teve um caso de sairmos de um festival e ir direto para outro, dormindo na van, pois uma atração deste outro festival não conseguiria chegar por problemas aéreos. Tinha alguém ligado ao outro festival que viu o show de Silvério e falou com o nosso produtor se dava pra ir para fazer o show no outro festival. Fizemos isso.
Nos nossos “day off”, ou seja, dias em que não temos nenhum show, uma das nossas principais distrações é nos reunirmos no quarto de alguém, levamos uma caixinha com 5 ou 10 litros de vinho que se transforma num filtro (com torneirinha) e jogamos conversa fora até não ter mais assunto. O tempo da conversa é controlado pelo nosso filtro de vinho. Enquanto houver vinho, temos o que conversar! E quando estamos na casa de Patrick e Terezinha (casal amigos de Silvério de longas datas e agora amigos de todos da banda até hoje) o limite da conversa passa a ser “nenhum”, pois é humanamente impossível acabar com o estoque de vinho que eles têm, pois são produtores em St Emilion, cidade que fica à uma hora de Bordeaux. Toda vez que secávamos nosso filtro, Terezinha ia ao reservatório que fica nos fundos da casa e enchia nosso filtro como se estivesse enchendo um tanque de carro com combustível!





Não preciso nem dizer que hoje sou um viciado em vinho (chileno, pois francês é caro), não é?

Terezinha tem tanta saudade do nosso Brasil, que todas as vezes que íamos embora da casa dela, não tinha jeito, ela danava-se a chorar. Isto aconteceu nos 3 anos que fui lá!
A nossa outra grande diversão é passear e conhecer os lugares onde estamos, quando dá tempo, logicamente.

Ao contrário de turnês que alguns amigos meus fazem com outras bandas e falam que só vão aos pontos turísticos, pois já existe um roteiro pré-definido e que não se pode mudar, nós não temos nada pré-definido.


Aconteceu uma coisa engraçada uma vez, nem lembro em que país foi, mas saímos para achar algum lugar onde estivesse passando um jogo de futebol do Brasil contra a Argentina. Rodamos muito de van, o tempo estava feio e chuvoso. Encontramos um pub que estava passando o tal jogo. Estávamos tão empolgados para encontrar um lugar para ver este jogo e tomar uns vinhos, que só fui notar que era um bar gay porque alguém da banda veio me perguntar no intervalo do jogo se eu não tinha notado que o bar só tinha homens!

Já teve um hotel na Espanha muito luxuoso que ficamos apenas umas duas horinhas para tomar banho e fomos embora. Fiz questão de usar tudo que eu tinha direito, inclusive o roupão.





Outra curiosidade foi descer no aeroporto de Veneza (Itália), ir de van até Trieste (Itália) para passar o som do show, pegar a van para ir tomar banho no nosso hotel que ficava na Eslovênia (pequeno país da Europa Central), voltar de van novamente para Trieste para fazer o show, voltar de van para o hotel na Eslovênia para dormir, e pegar a van para ir ao aeroporto de Veneza e partir! E todas as vezes que passávamos na fronteira entre Itália e Eslovênia, um cara carrancudo carimbava os nossos passaportes. Essa foi a única fronteira que estava com alguém verificando e carimbando os passaportes em todas as 3 turnês que fui. Todas as outras fronteiras estavam abertas e sem fiscalização.
Eu posso dizer que fui a estes lugares, mas na realidade não conheci nenhum dos três! Mas não deixa de ser divertido assim mesmo, principalmente porque estou fazendo o que gosto, ganhando por isso e conhecendo lugares que nunca na minha vida pensei em conhecer!
















É uma experiência ímpar (como diz Silvério Pessoa)

Até a próxima.

Um abraço a todos.



segunda-feira, 3 de março de 2008

Turnê 2007 - Silvério Pessoa - Show 8 - Irlanda.




Dublin! Lindo o lugar Titio?

Não tenho a menor idéia! Só conhecemos o aeroporto!!

Já tinha um “bondoso velhinho” nos esperando com um ônibus (com a direção do lado direito) para levar a gente para Kilkenni, que ficava a umas duas horas de Dublin! E foi muito estranho viajar sempre pela contra-mão!

Chegamos na cidade e nos informaram que o hotel aonde iríamos ficar era exatamente aonde seria o show. Fiquei imaginando com meus botões (faço muito isso): ...bem que poderia ser um daqueles hotéis enormes que ficam no Cabo de Santo Agostinho, com uma área enorme externa aonde se pode armar um palco grande, com um som grande, com uma luz grande... Errei!

O hotel era realmente luxuoso como os do Cabo, mas o lugar do show foi no salão nobre do hotel. Um lugar pequeno, todo alcatifado, que dava até medo de pisar pra não sujar. Tinha vários lustres que me lembravam o lustre do Teatro Santa Isabel. O equipamento (mesa e periféricos) era desproporcional para o local. Era muito som pra pouco espaço. Vai entender!

A mesa de som era uma Midas, que parecia mais uma árvore de natal com uma infinidade de canais, com vários botões com luzes coloridas. É mesa para impressionar a menina que você está paquerando! Bem que eu estava precisando nesta turnê que alguém me paquerasse! Mas só chegam perto de mim para avisar que o som está alto!

Eliminei de cara alguns canais, pois sabia que não precisaria de microfones para captar tais canais porque o espaço era pequeno e o próprio som dos instrumentos daria conta do recado. E realmente foi isso que aconteceu.

Passamos o som tranquilamente, jantamos e aguardamos a hora do show.

Não sabíamos, mais uma vez, o que nos aguardava. Vai dar gente? Que perfil teria este público? Não tínhamos a menor idéia!

Quando estávamos passando o som, o salão estava totalmente vazio e só existiam umas mesas altas sem bancos perto da mesa de som, que lembravam aquelas mesinhas usadas em bares para se tomar caldinho em pé, só que bem maiores e mais luxuosas no design. Pensei com meus botões (olha meus botões de novo!): Pelo menos não vai ter aquelas mesas com os bondosos velhinhos sentados tomando água mineral com gosto de framboesa, esperando ouvir música clássica do Brasil. Errei de novo! Pelo menos no quesito bons velhinhos sentados nas mesas. Só não imagino o que eles estavam esperando da música que seria tocada naquela noite.

Tomei um susto ao chegar à noite e ver várias mesas enormes redondas espalhadas pelo lugar, e algumas bem perto das caixas de som. Fui ao camarim e avisei para Silvério e para a banda o que tinha visto, e conversamos sobre o assunto. Falei que começaria com um volume um pouco abaixo do que usei na passada de som e observaria o resultado. Não estava nos meus planos estourar os ouvidos dos bondosos velhinhos perto das caixas de som. Começamos o show e naquele instante só notava dois tipos de público: o pessoal mais velho e formal sentadinho nas mesas e um pessoal mais informal em pé nas mesas “dos caldinhos” que ficavam na minha frente. Existia ainda um espaço vazio para as pessoas dançarem na frente do palco.

O show, como era de se esperar, começou frio. Nem Silvério imaginava o que aquelas pessoas estavam dispostas a ouvir, e nem aquelas pessoas sabiam o que realmente iriam ouvir!

E mais uma vez a interação foi acontecendo no decorrer do show e eu fui aumentando o volume também. Nas últimas músicas, muita gente já estava no espaço vazio dançando e participando do show. Empolguei-me e coloquei um grave na vinheta de Na Boléia que sempre coloco nos shows e os lustres estremeceram. J

Até a música Coco do M, que eu pensava no começo do show que não teria espaço naquela noite, foi tocada no bis!

Com o término do show e já com as luzes acesas do salão, pude notar um outro tipo de público que eu não tinha notado antes e que estavam sentados NO CHÃO perto do salão. Era uma galera bem mais (muito mais) despojada do que a galera das mesas do caldinho. Despojadas em tudo: tinha cabelo rastafari, tinha piercings, tinha roupa “das olinda”, tinha tatuagens, etc. Só faltou um bondoso cachorrinho...

Era uma cena que jamais vamos ver por aqui em um show num salão nobre de um hotel de luxo, podem ter certeza disso.

Isso é uma turnê na Europa!

Que venham outras turnês, outros palcos, outros equipamentos.

Que venham outras regiões, outras cidades, outros países.

Que venham outros Continentes!

Até a próxima.

Um abraço.

Turnê 2007 - Silvério Pessoa - Show 7 - Festival Du Bout Du Monde - Brest - França.


Primeira parte do show.

Segunda parte do show.
Já estamos no Brasil e eu estou agora tentando lembrar o que aconteceu entre o show na Bélgica e os dois últimos, um em Brest na França e o outro em Kilkenni na Irlanda.
São tantas idas, vindas, arruma mala, desfaz mala, que nos perdemos de vez em quando. Comentei no encontro que Silvério fez na Livraria Saraiva, que na Tour de 2005 dos 100 dias entrei numa cabine telefônica e liguei pra casa pra falar com a família. Ao me perguntarem de onde eu estava falando, dei uma olhada ao redor e disse que não sabia qual era a cidade. É muito louco isso, não?
Vamos então direto para os dois últimos shows.
Brest, França, Festival Du Bout Du Monde. Segundo Marc, produtor de Silvério, Festival no fim do mundo, ou no final do mundo, ou ainda no c... do mundo!
Entramos tanto dentro da mata, que realmente era no c... do mundo mesmo!
E é muito engraçado como surge de uma hora pra outra, estruturas enormes e bem montadas nestes lugares longínquos e inabitados. Eles simplesmente abrem os espaços no meio da mata e montam as grandes estruturas. Pensava que o EsperanzAh seria o maior festival desta turnê, mas me enganei legal!
Ao chegarmos atrás do palco, notei que os equipamentos que estavam lá não eram o que Marc tinha me passado. A estrutura era muito maior. E realmente, e infelizmente, aquele não era o palco que iríamos tocar. Fico imaginando como seria ter tocado neste palco 1 depois do que aconteceu no palco 2 aonde tocamos. Depois fiquei sabendo por Renatinho que existia ainda um palco 3!
Este palco 2, armado há uns 300 metros do palco principal, tinha a mesma utilidade do palco 2 do
Abril Pro Rock, ou seja, divulgar novos trabalhos enquanto o palco 1 é arrumado para a próxima atração. Mais uma vez cruzamos com Salif Keita nesta turnê, mas ele tocou no palco 1.
Mais uma vez, o show seria em dois tempos de 40 minutos, mas... com um intervalo de aproximadamente 5 horas! E desarmando tudo para montagem de mais duas atrações que tocariam com o mesmo tempo de show e o mesmo tempo de intervalo!!!
Achei muito estranho. E o show foi estranho também. Foi discutido ainda antes de chegarmos ao local como seria feito este show. Faríamos a mesma coisa que foi feito em Bourdeaux, ou seja, só dividindo o show pela metade, ou montaríamos um novo roteiro com as músicas mais “porradas” e tocaríamos a mesma coisa nos dois tempos? A decisão foi dividir o show no meio mesmo.
Pelo tamanho do festival e do local do nosso palco, mereceria uma mesa e um sistema de som melhor do que o que estava lá. Mas... Fazer o quê, não é?
Passamos o som e esperamos uns 30 minutos para começar. Silvério era a primeira atração daquele palco. Achei esta primeira parte do show fria... As pessoas estavam começando a chegar ao festival e não sabiam direito o que queriam fazer, muitas passavam direto para o palco principal, a iluminação não fazia muito efeito, pois ainda estava claro, e esta primeira parte do show não tem um crescimento tão evidente como a segunda parte, principalmente porque o roteiro do show não é feito para se ter um intervalo no meio, e muito menos um intervalo de 5 horas! Coloquei acima fotos dos dois tempos do show e dá pra notar isso claramente.
Na segunda parte do show, a coisa foi muiiiito diferente!!! Já tinha muito mais gente, a luz já fazia efeito e é a parte do show que tem um crescimento muito mais evidente, principalmente em relação aos andamentos das músicas, quando encerramos com Na Boléia da Toyota e tinha ainda o Coco do M (que tem uma base eletrônica) para o bis. O final foi apoteótico, com todos no palco agradecendo e
Silvério ainda puxava um coro com o público “a capella” (cantava com o público sem base nenhuma, só usando a voz). Atrás de mim, o técnico do festival gritava: super, super, super!
De alma lavada, seguimos para a terra de U2.

Turnê 2007 - Silvério Pessoa - Show 6 - Festival EsperanzAh! - Bélgica.




Acordamos cedo, pegamos a nossa van e seguimos para a Bélgica. Fomos direto para o festival, mesmo sendo um dia antes do nosso dia da apresentação. Ao chegar perto, já notamos pela quantidade de carros estacionados, que o evento era grande. E realmente era! A estrutura era muito grande, com dois palcos, palestras, entrevistas numa rádio montada no evento (Silvério participou), vários stands com artesanato e comida do mundo todo! E muita cerveja, lógico! O pessoal da Bélgica é muito louco para os nossos padrões. Muito álcool e droga rolando o tempo todo. Para vocês terem uma idéia, pessoas que eu achava que eram seguranças, mas na verdade eram médicos, passeavam pelo meio do público e ao avistarem pessoas deitadas (que não eram poucas), iam lá verificar se estavam dormindo mesmo ou passando mal por causa do efeito do álcool ou das drogas. Impressionou-me isto.

Fomos muito bem recebidos, comi comida mexicana, curtimos todo o dia do festival e assistimos ao show de Salif Keita, um renomado nome da World Music. Fomos para o nosso hotel, mesmo ainda tendo mais um show no outro palco, pois estávamos cansados e queríamos descansar para o dia da apresentação de Silvério que era no outro dia.

Eu já sabia que era só "line check" horas antes do início do nosso show, ou seja, só iríamos conferir se os sinais dos instrumentos chegavam corretamente na mesa da frente, com o som bem baixinho, enquanto eram regulados os monitores da banda. Depois era só aguardar a hora de início do show. E foi isto que aconteceu. Não tive muito tempo para organizar o som na frente, pois só tive uns 2 minutos para abrir o som normalmente, no volume de show. Achei estranho, pois o som dos instrumentos não chegava legal como as vozes, e o tempo acabou antes de eu descobrir onde estava o erro. Fiquei na mesa, mesmo depois de ter acabado meu tempo, procurando o motivo do meu desconforto, e acabei achando! Não entrarei em detalhes, pois ninguém (além dos operadores de som que estão lendo este texto) entenderia nada.

Fomos para o camarim esperar o nosso horário, conversarmos sobre como seria o show e como foi o check sound.

Chegou nossa hora!

Se eu falar pra vocês que não estava tenso, estaria mentido. O festival era enorme, o som era enorme, eu não passei o som como desejava, e não sabia como iria ficar o som no começo. Teria que fazer os ajustes durante o show! Respirei fundo e fui.

O sistema de som era muito bom. Era um sistema da Nexo, que na minha opinião, é um dos melhores do mundo. Começa o show... Cadê o som da vinheta de abertura? Nada! Pensei com meus botões... e agora? Se o começo está assim, como farei todo show? Depois de 15 segundos notei que o técnico me entregou a mesa com um máster de VCA fechado (só vai entender quem é do ramo) e não dava para ver direito porque o botão era muito pequeno e ainda estava de dia, mesmo sendo 19 horas, e batia sol na mesa. Abri o máster e o som da vinheta de abertura apareceu. Ufa!

Vamos ver agora como vai ser quando toda banda entrar de uma vez!

Mas como já tinha adiantado para vocês, o sistema era muito bom, e tudo soou mais ou menos como eu queria. Foi só ajustar alguns detalhes durante as duas primeiras músicas e seguir normalmente como de costume.

O show foi muito bom, muita gente aplaudindo, dançando e curtindo, mesmo não conhecendo nada da obra de Silvério. Não vou me cansar de falar isso: este é o grande barato destes festivais na Europa! O pessoal é aberto para novos sons.

Neste show, Silvério encerrou com o Coco do M. Voltamos para o bis com Na Boléia da Toyota e no final todos foram aplaudidos! Um gringo passou pela frente da mesa e fez o sinal de positivo. Nada mais gratificante para um operador de som.

Missão cumprida!

domingo, 2 de março de 2008

Turnê 2007 - Silvério Pessoa - Show 5 - La Bellevilloise - Paris.


Hoje é segunda-feira, dia 6 de agosto de 2007. Acabamos de chegar ao apartamento em Paris vindo da Bélgica. Vou comentar sobre o show 5 em Paris.

O show de Paris foi num local chamado La Bellevilloise. Como eu sempre tento fazer uma comparação com locais aí de Recife, este local poderia lembrar o bar Downtown, só que muito mais despojado e com uns toques especiais, como pequenas velas nas mesas e ao redor de quase metade do ambiente. Muito legal. Neste local, ao contrário do que foi nos shows de Bordeaux, a maior parte do ambiente não tinha mesas e era reservado para se ver o show. Mais uma vez tive que fazer também o monitor dos músicos, pois era só uma mesa para fazer o P.A. e o monitor. Fiquei animado ao chegar ao local e saber que daria para todos os músicos usarem fones, mas esta alegria não durou muito tempo, pois ao ligar o in-ear de Silvério, o mesmo não funcionou de jeito nenhum. E dos 5 fones que o técnico falou que dava pra ligar, na realidade só poderia ligar 3. Vamos fazer as velhas adaptações. Tive que colocar monitores de chão para Silvério, Wilson (bateria) e Israel (baixo). O restante da banda, Domingos (cavaco), Renato (viola) e André (acordeom) usaram fones. Tivemos tempo suficiente para passar o som e ficou tudo acertado. Restava agora só torcer pra dar público. E deu!

A casa lotou e o pessoal estava lá pra ver o show. Não poderia dar outro resultado. Foi muito bom o show, com a participação do público do começo ao final. Como não tínhamos tempo pré-determinado de show, como acontece na maioria dos festivais que fazemos, Silvério voltou para o bis sem preocupação com o tempo e detonou com uma seqüência de músicas utilizando a zabumba e finalizou com a eletrônica Coco do M. Foi aplaudidíssimo! Melhor show da turnê... Se não existisse o festival EsperanzAh!

Não comemoramos muito, pois viajaríamos logo cedo para a Bélgica, Festival EsperanzAh!

Turnê 2007 - Silvério Pessoa - Shows 2, 3 e 4 - Bordeaux - França.



Olá pessoal.
Hoje é domingo, dia 29 de Julho, 21:30h aqui na França e 16:30h aí no Brasil.
Estamos em St Emilion, que fica distante 1 hora de Bordeaux.
Já tomei todas (vin rouge, porc, vin rouge, porc...) num churrasco que sempre fazemos aqui na casa de Patrick e Terezinha (uma brasileira do Maranhão), que são amigos de Silvério e de Marc Regnier (produtor de Silvério na Europa).
Vou comentar sobre os 3 shows de Silvério, que aconteceram nos dias 26, 27 e 28 em Bordeaux, no La Ginguette.
Quando estávamos chegando para passar o som no local do show, que ficava em uma região industrial, com fábricas e depósitos ao redor, fiquei imaginando com meus botões, como poderia haver algum show em tal lugar. Será que alguém sairia de casa e iria para um lugar destes para ver um show? Tudo era meio deserto! Este era o meu pensamento.
Ao entrar no local, fiquei surpreso com o espaço. Era um lugar aberto, à beira de um rio, que lembrava o bar Som das Águas nas Graças (tem alguém desta época lendo isso?), mesmo que com uma distância enorme, pois o visual era muito mais apaixonante e grandioso! Mas este comentário vocês não podem levar em consideração, pois ainda tenho o deslumbramento de um marinheiro de primeira viagem (mesmo sendo a terceira viagem que faço para a Europa).
Era um ambiente “meio-hippie-anos-setenta”, lembrando o filme Hair. Alguém aqui viu o filme? As pessoas que trabalhavam no evento transmitiam isso também. A “menina” do som, depois de notar que Silvério tinha técnico, assumiu outras funções (a vi como garçonete, bar-girl, e no final do show, ela desmontava todo o equipamento de som!). Do segundo dia em diante, quem montou e ligou tudo fomos nós!
Tinha uns trailers que serviam de dormitório, e acredito que seriam os lugares que iríamos dormir, mas decidimos ficar dormindo na casa de Terezinha e Patrick, mesmo ficando distante do local, pois estávamos confortavelmente acomodados lá e com uma extra-super-mega-ultra-hiper vantagem... O vinho não acaba nunca!!!!
Voltando aos shows...
Marc já tinha me informado via-email, que o equipamento disponível no local não supria as nossas necessidades técnicas. Já fui concentrado para o desafio.
Li uma vez um comentário de Enrico, técnico de Djavan, em que ele falava que o difícil não era fazer o som de um show com um equipamento extraordinário, mas era muito mais difícil e complicado fazer o som com um equipamento precário. Concordo plenamente!!!
Mais uma vez, não existia mesa de monitor! Era uma mesa só para fazer o som da frente (P.A.) e o som para os músicos (monitor). E o pior... Eu só poderia contar com 12 canais mono mais 2 canais estéreo, totalizando 16 canais! Como não uso nada estéreo, a não ser a voz de Silvério que passa pelo Kaos Pad, e que geralmente não a coloco em canais estéreo, eu fiquei com 14 canais para fazer o show! Para este show na Europa, preciso de 25 canais! Fora isto, preciso de no mínimo, 6 vias de monitor, mas aqui só tenho 4!
Vamos lá... corta isso, tira isso, adapta isso, muda isso...
Silvério usou o in-ear dele sem fio e as três vias restantes eu arrumei deste jeito: uma via para bateria e baixo, outra para as cordas e a terceira para o acordeom.
Se fosse para eu dar o parecer técnico... Não faríamos nenhum destes 4 shows que fizemos até agora (1 na Alemanha e 3 em Bordeaux), mas o buraco é muito mais embaixo! Neste mesmo espaço de tempo, no Brasil, Silvério não consegue nem espaço, nem patrocínio, para fazer o mesmo número de shows!
No Brasil já conseguimos, na grande maioria das vezes, exigir o mínimo necessário.
Quando o “dono” do evento anunciou que era um evento “gastronômico-cultural”, compreendi que o foco principal daquele evento era mais a culinária do que a parte cultural. Realmente, todas as mesas eram ocupadas no intuito das pessoas degustarem os pratos do local, pois todos que estavam nas mesas, pelo que pude notar, estavam jantando (avec vin rouge)!
E realmente, pelo que comemos nos 3 dias, a cozinha era extraordinária!!! Comi um pato assado acompanhado por uma lasanha de batata (ao invés da massa, eram fatias finíssimas de batata!). Sou fã de pato agora (não é o jogador do Internacional não!).
Existia uma pequena quantidade de mesas na frente da minha mesa de som e logo após estas mesas, ficava um espaço para se dançar. O maior espaço era exatamente atrás da mesa de som e era formado por uma grande quantidade de mesas e cadeiras, que iam até a beira do rio.
O formato do show, que não estamos acostumados a fazer no Brasil, era de dois tempos de 45 minutos com um intervalo. Já fizemos isso em Berlin na turnê de 2005 e encontramos ainda este formato até hoje na Europa. Silvério não gosta muito da idéia, mas...
A mesa de som era uma Yamaha digital 01V (sem ser a 96), e o sistema de P.A. era formado apenas por uma caixa de sub e uma caixa 2 vias por lado da marca HK. Usamos geralmente um sistema como este para fazer som em barzinhos. Surpreendi-me com o desempenho deste sistema HK, pois ele cobriu satisfatoriamente o espaço, que era aberto e não era pequeno, sem distorcer e sem acionar nenhum sistema de proteção das caixas, que cortam o sinal quando não agüentam! Nunca tinha visto estas caixas. Surpresa agradável e que indicarei para os amigos.
Resumindo...
Depois eu fiquei sabendo por amigos que moram em Bordeaux, que o sábado era realmente o melhor dia, pois era freqüentado por mais jovens. E realmente foi isso que aconteceu. O primeiro dia (quinta-feira) foi frio... a faixa etária era elevada e vieram realmente jantar. Não achei também que o som foi 100%, pois fiz uma escolha para os canais da voz de Silvério que não foi acertada, no meu ponto de vista, e que não me deixou confortável durante o show. As pessoas que foram jantar gostaram do show e aplaudiram, mesmo que timidamente. Não lembro se teve bis.
No segundo dia (sexta-feira), mudei o que não tinha me agradado na noite anterior e o resultado foi muiiiiito bom. Fiquei super-satisfeito com o som e a resposta do público foi muiiiito melhor também, mas ainda a maioria aplaudindo sentados. Teve bis com Coco do M.
No terceiro dia (sábado), como a mesa era digital, só fiz um line-check e foi tudo uma maravilha, com um público super-animado e com o espaço na frente cheio com as pessoas curtindo o show e dançando! Pediram bis, mas como iria ter o show de Eddie também nesta noite, Silvério resolveu não voltar com o Coco do M no bis. Que pena... Pois o público estava na mão de Silvério (e o som na minha mão), mas...
Acabei fazendo também o som de Eddie, que tem o mesmo produtor de Silvério na Europa e foi muito bom também!
Depois de tomar a saideira com o “dono” do evento no local, não paramos até agora de comemorar o sucesso de mais uma etapa. Chegamos na metade da turnê e o resultado foi mais que satisfatório. Faltam 4 shows.
Um abraço (avec vin rouge - St Emilion!!).

Turnê 2007 - Silvério Pessoa - Show 1 - Offenburg - Alemanha (21/07/2007).


Oi pessoal.

Vou tentar, por minha visão, passar como foram os shows nesta Tour 2007. Logicamente, o lado técnico vai ficar mais evidente, mas vou tentar comentar os outros detalhes.

Show 1 (Offenburg - Alemanha) O lugar do festival era muito legal. Imaginem aquela área do Recife Antigo onde estão os bares Downtown e Burburinho. Todas as ruas de acesso estão fechadas. Este era o local do festival, só que para entrar tinha que pagar, pois todas as entradas eram bloqueadas. Neste espaço, existiam dois palcos, e entre eles vários “quiosques” com bebidas e comidas da Alemanha e alguns tentando lembrar o Brasil. Existiam também vários locais com vendas de artesanato do mundo todo! Este é o grande “barato” destes festivais aqui. A mistura de línguas, cores e costumes do mundo todo!!! Comemos um sanduíche com as famosas lingüiças Alemãs com mostarda que era um espetáculo.

Voltando ao som...

Não tivemos problema para passar o som. Tudo ocorreu como previsto.

O equipamento era legal. O sistema de caixas de som era “line array” (sistema que revolucionou o áudio para shows) da EV, que mesmo sendo um sistema compacto, serviam muito bem para o local. A mesa de som era um pouco antiga, mas também dava pra fazer o serviço legal.

Os nossos problemas: 1- Não existia mesa de monitor e eu tinha que fazer o monitor com a mesa da frente; 2- A mesa da frente não tinha os recursos necessários para fazer o monitor da banda como normalmente fazemos. Não tinha como fazer todos de fones. Então colocamos alguns monitores de chão para Renato e Domingos. O resto da banda usou fones.

O show rolou legal e aceitação do público foi muito boa (como na grande maioria dos shows que fiz por aqui nas turnês com Silvério.)

Tivemos alguns contratempos, como um defeito no canal da zabumba e uma entrada inesperada de um “arrastão” de uma galera tocando frevo no meio do show, mas todas contornadas.

Ao final do show, já no camarim, conversamos, e a maioria da banda comentou que a monitoração (o som que eles escutam) ficou muito ruim, mas mesmo assim levaram o show até o final, sem demonstrar.

O legal de trabalhar com Silvério e com os músicos que o acompanham, é que eles têm certeza que estou fazendo o máximo para o som ficar legal lá na frente, e eles continuam a tocar mesmo sem estarem se escutando direito, apostando que na frente está bom. Isso é impagável!

Resumindo... todos gostaram!

E o termômetro para confirmar isso é ver o local onde estão sendo vendidos o CD e DVD com muita gente!

Até o próximo show.

OBS: Estamos agora em Paris, num apartamento alugado, tomando vinho, ouvindo músicas, comendo queijo, vendo filmes, e pensando nos próximos shows.

Apresentação.


Olá pessoal.

Meu nome é Ildemar Gomes de Oliveira e sou conhecido no meio como Titio.

Já trabalhei como DJ de 1986 até 1993, e por causa do contato com a música ao vivo na boite e por ter um irmão tecladista e dono de estúdio, acabei indo trabalhar neste estúdio de meu irmão e me tornei operador de áudio. Trabalho atualmente como operador de áudio (P.A.) de Silvério Pessoa.

Já operei o áudio de shows como free-lancer para vários artistas, como por exemplo: Alceu Valença, Otto, André Rio, Lula Queiroga, Mundo Livre S/A, Cascabulho, Nena Queiroga, Nação Zumbi, etc, e participei como operador de P.A. e monitor de vários eventos e festivais, como por exemplo: Porto Musical, Feira Música Brasil, Abril Pro Rock, etc.

Sempre senti nos meus amigos que não fazem parte do meio, uma curiosidade muito grande em saber o que acontecia nos bastidores de um show, e falei isso para Silvério na turnê de 2007 na Europa (minha terceira internacional). Ele achou interessante e me pediu para fazer comentários e descrições técnicas dos shows desta turnê para ele colocar no seu Blog (Monolítico Tema). O resultado foi muito bom e houve muitos comentários das pessoas elogiando, pois deixou os fãs e as outras pessoas interessadas mais próximas do que estava acontecendo nessas nossas viagens.

Por causa desses meus comentários, pediram-me para eu fazer um Blog para comentar não só as turnês de Silvério Pessoa, mas todos os shows, turnês e eventos que eu participar.

E é por causa desses pedidos que estou inaugurando este Blog. Espero que gostem e que aproveitem de alguma forma. E quaisquer dúvidas ou curiosidades que vocês tiverem, me perguntem, que se eu souber responder, eu respondo.

Vou aproveitar os meus textos que Silvério colocou no Blog dele para inaugurar este meu. Continuarei a fazer os textos das turnês de Silvério Pessoa e os colocarei aqui também. E neste meu acrescento textos e fotos de outros eventos e artistas com quem eu trabalhar.

Como dizia o slogan de um refrigerante: Enjoy.

Um abraço a todos.