Quarta-feira de cinzas – Voltamos ao pólo Várzea - Estrutura melhorada, o show foi show!

Avisaram-me que eu só precisava ir ao local depois do almoço para fazer o sound check, pois a parte da manhã seria para melhorar algumas coisas que não estavam bem no dia que foi cancelado, como por exemplo, a mesa de monitor que tinha menos canais do que precisávamos. Como a empresa de Normando é responsável pelo fornecimento destes equipamentos solicitados posteriormente, ele chegou cedo lá. Não aguentei. Acordei perto das 10 da manhã e liguei pra ele. Falou-me que estavam organizando as coisas, mas peguei meu carro e fui pra lá, pois o local ficava bem perto de casa. E foi muito compensador esta minha ida. Fui averiguar se consertaram, entre outras coisas, as distorções nos sub-graves, que me incomodaram muito no primeiro dia. O pessoal de Lenine já estava lá ligando as coisas dele. Colocaram outras duas mesas digitais M7CL, melhores que as anteriores, principalmente em relação a que estava no monitor que dispunha apenas de 32 canais e usaríamos neste show 41 canais no palco! Deram uma geral nos cabos, microfones, e conseguiram praticáveis com rodas que facilitaria na troca das bandas. Só seriam dois shows nesta noite. Silvério Pessoa e Lenine. Os dois shows que não aconteceram na segunda-feira. Lenine passaria primeiro o som e depois a gente fazia o nosso sound check e o palco ficaria armado para o show. A mesa de monitor apresentou um pequeno problema técnico, e acredito que tenha sido por causa das chuvas do carnaval. Um fader estava “maluco”, e como este fader poderia causar mais problemas para a operação do monitor, resolvemos trocar as mesas. A que estava na frente (que estava perfeita) foi para o palco e a do palco veio para frente. Enquanto o operador de Lenine (Denilson) ajustava suas coisas, fui dar uma conferida nas caixas de sub-graves. Troca cabo põe cabo, ajeita aqui, ajeita acolá. Depois de um tempinho de ajustes, fiquei satisfeito com o resultado. Combinei com Denilson que não mexeria na equalização analógica (usou um equalizador externo) que ele fez para o som do P.A.. No meu sound check eu colocaria um equalizador digital no máster da mesa e ajustaria a equalização ao meu gosto. Quando tudo estava resolvido, fui pra casa almoçar e retornei na hora combinada. Detalhe do fader no centro da mesa que estava com defeito e deixamos ele abaixado e sem função. Quando cheguei do almoço, nossos equipamentos já estavam posicionados e os de Lenine estavam recolhidos na pequena área de escape. Coloquei meu CD para tocar e fiz uns ajustes na equalização do som da frente. Agora algumas caixas de sub-graves do outro lado deram uma distorcida, mas eu estava exagerando no volume para sentir até onde eu poderia ir. Não usaria aquele volume todo. Se a distorção continuasse no sound check, eu desligaria a(s) caixa(s). Não distorceu. Fiz meu sound check tranquilamente. E estava satisfeito com o resultado. Não lembro hoje se vieram todos os músicos dos metais naquele dia. Aguardei no camarim pela hora do início do show que seria cedo, 18:30h se eu não me engano. Visão do palco do local da mesa de monitor. Do outro lado, a pequena área de escape com os equipamentos de Lenine. Anunciaram o show, e estranhei quando Silvério entrou no palco sem a banda começar a tocar e pegou o violão. O normal era a banda tocar um frevo instrumental e na segunda música Silvério entrava e cantava mais alguns frevos, para só mais na frente pegar no violão e dar uma quebrada no ritmo com músicas mais lentas. Ele mudou completamente o roteiro e ninguém me avisou nada. Depois do pequeno susto do início, tudo correu bem. Mas sempre tem um porém, não é? E aqui foi assim também. Usaram todas as vias do multicabo para ligar todos os canais, e isso fez com que não sobrasse nenhuma via para ligar a comunicação entre P.A. e o palco. Fiquei sem poder me comunicar com Normando lá no palco. Essa comunicação é muito importante num show. Como não desligamos nada depois do sound check, começamos sem checar se estava tudo ok. Tudo estava realmente ligado, mas quando chegou na música que tinha teclado, o som não chegou pra mim. Notei pelo desespero do músico, que não estava chegando pra ele também. Então o problema era lá no palco. Sem comunicação, pedi ao meu colega Charles, operador de áudio que estava trabalhando pela prefeitura, para correr ao palco e tentar achar o defeito. O problema foi que tudo estava realmente ligado (aceso), mas um dos dois cabos USB que faz a ligação entre teclado > laptop > placa de áudio desconectou quando retiraram uma coberta que deixaram sobre o equipamento para proteger se chovesse enquanto o show não começava. E pra chegar neste cabo, perdemos um tempinho, ou seja, ficamos sem teclado durante um ou duas músicas (não lembro com exatidão). Fora isso, sem problemas durante o show, a não ser... Os velhos monitores de chão que interferiram legal no som dos metais, principalmente no som dos saxofones! E como saía a voz de Silvério nestes monitores, isso influenciava na voz dele lá na frente também. A voz do cantor chegava pelo microfone dele e pelos canais dos metais, pois os microfones dos instrumentos captavam o som dos monitores. E o som dos saxofones vinha misturado com o som dos próprios saxofones que saíam no monitor, deixando o som meio metálico. Passei todo o show tentando amenizar este problema. Quando não tinha metais na música, eu simplesmente fechava todos os canais dos metais.

O show seguiu sem mais nenhum contratempo. O local estava cheio e o público participou durante todo show, coisa difícil de acontecer para quem não toca nas rádios, como é o caso de Silvério Pessoa. Foi um belíssimo show, com direito a bis e tudo!

Só não sei como foi a luz de Léo neste dia, pois tive que ficar mais concentrado por causa do vazamento do som dos malditos monitores de chão!

Fui tão elogiado pelo som deste dia numa conversa por MSN com Ricardo (operador de áudio amigo meu) que até me emocionei. Nunca tive vergonha de dizer que chorei.

Um abraço a todos.