quarta-feira, 10 de junho de 2009

Orquestra Criança Cidadã Meninos do Coque e convidados na UFPE – Não pode apitar que está gravando!

Olá pessoal.

Nunca mais acredito em dono de firma de som quando ele disser que vai ser uma coisa simples o serviço. Tinha tudo para ser simples mesmo, mas foram acontecendo mudanças que tornaram o trabalho não tão simples assim.

Fui contratado para operar o som do PA para um evento de premiação da Odebrecht aqui no Recife no teatro da UFPE. Este espetáculo seria gravado para virar um DVD e CD.

Era uma apresentação da Orquestra Criança Cidadã Meninos do Coque, regida pelo maestro Cussy de Almeida, tendo como convidados Dominguinhos, Yamandú Costa e Silvério Pessoa.

Para quem não é de Recife, o Coque é um bairro carente (considerado violento) aqui de Recife.

E vê aqueles meninos tocando violino, viola, cello, contrabaixo e percussão, dá uma sensação de que quase tudo é possível, só a morte não tem jeito. Tenho pavor de políticos, mas podem ter certeza que quando o presidente do nosso país (letra minúscula mesmo até eu achar que merece começar com maiúsculas) chorou vendo aqueles meninos tocar, chorou de verdade. Passaram-me que seriam dois dias de ensaios no teatro antes do dia da apresentação, mas ainda aconteceu um ensaio rápido no próprio dia do evento. Não teríamos mesa de monitor porque usaríamos pouquíssimos monitores no palco. Colocamos somente quatro vias de monitor e eu enviava os sinais lá da frente mesmo. Os monitores seriam usados só pelo maestro e pelos convidados, pois teria o acordeom de Dominguinhos, o violão de Yamandú, e a voz, violão e viola de Silvério Pessoa. Mas os convidados ainda trouxeram um cello e mais uma viola. Minha sorte foi que a mesa usada no evento era uma digital, pois à medida que apareciam novidades, eu salvava uma cena para a música. Fiz umas sete cenas e anotei o número da cena ao lado do nome da música no roteiro que recebi da produção. O maestro me chamou logo no primeiro dia de ensaio e falou que não queria que o som dos instrumentos fosse amplificado. Falei que se não precisasse, eu não abriria o som dos microfones na frente. Mas logo na primeira música do ensaio, vi que teria que usar o som captado pelos microfones. Um dos problemas foi que a microfonação foi feita pelo estúdio de gravação e o pessoal preferiu fazer uma captação para pegar mais o ambiente da orquestra como um todo, e isso fez com que os microfones ficassem afastados dos instrumentos. Outro problema que surgiu, foi que o maestro decidiu puxar toda a orquestra mais para frente do local combinado, e isso fez com que vários microfones passassem da linha das caixas do PA, aumentando assim o risco de realimentação, principalmente porque os microfones usados eram todos “à condensador” (alimentados por 48 volts). Por serem muito mais sensíveis que os microfones “dinâmicos”, o risco de microfonias é muito maior. No segundo dia de ensaio, notei que não estava muito bom para eu só usar os microfones colocados pelo estúdio de gravação, principalmente porque se eu aumentasse muito o volume de alguns pares de microfones, era bem provável que houvesse realimentação. Resolvi então colocar mais alguns microfones em alguns grupos em que senti falta do som dos instrumentos, pois estava segurando o volume lá na frente. Quanto mais alto eu colocasse o som na frente, mais interferia no som que estava sendo gravado pelo estúdio, pois o som do PA sujava a gravação. Como não dispunha mais de microfones à condensador, pois à princípio a intenção era só “jogar” um pouquinho do som dos microfones do estúdio para o som do PA (pelo maestro, nem isso!), e isso fez com que a empresa não levasse mais microfones condensers, coloquei os velhos microfones dinâmicos para fazerem o serviço e a soma deles com o que eu já tinha me deixou satisfeito. Coloquei também dois microfones na percussão somente para usar nos monitores, porque Silvério e Yamandú sentiram falta da marcação do andamento. O som destes instrumentos ficou todo o tempo fechado na frente, pois não fazia falta. No detalhe acima, dois microfones dinâmicos posicionados entre as cadeiras. Segui trocando as cenas na mesa de acordo com o roteiro e tudo seguiu normalmente. Só tivemos um problema com o microfone sem fio do solista que começou a tocar o violino no meio do teatro e foi se dirigindo ao palco, pois o sinal “fugiu” nas DUAS vezes que ele tocou a música (tocou a mesma música no bis). Nas DUAS vezes ele começou a tocar antes do local que havíamos determinado, pois o sinal tinha falhado nos ensaios naquele mesmo local. Mas vamos dar um desconto, pois acho que o solista não tinha nem doze anos. Eu, no lugar dele, acredito que nem conseguiria tocar o violino naquela hora, tamanha a responsabilidade. Imagina lembrar-se de começar a tocar em determinada posição!

A solução para esta falha (que aconteceu nas duas vezes) é gravar em estúdio esta pequena parte que falhou. Coisinha simples, pois tem DVD que refazem quase TUDO em estúdio, inclusive a voz principal! Mas isso é assunto para outro dia.

A locutora do evento ficou muito perto de um dos lados do PA, e isso aumentava o risco de realimentação. O jeito foi direcionar o som do microfone dela mais para o outro lado do PA. As chances de microfonia diminuíam consideravelmente e todos continuavam escutando o que ela falava.

Esta técnica é muito usada em shows quando os cantores inventam de descer do palco para cantar na frente do som do PA. Quando ele vai para um lado, jogamos o som da voz dele para o outro.

Evento terminado, tudo certo, vamos ao coquetel. Como não tinha vinho para comemorar, o jeito foi entrar “abaixadinho” no champanhe, pois estava bem pertinho de casa. Sei que minha fase não é das melhores, mas encontrar uma blitz no giradouro da saída da UFPE seria o cúmulo!

O coquetel de confraternização estava à altura do espetáculo! Nunca havia bebido tanto champanhe na minha vida.

Um abraço a todos.

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