sábado, 20 de fevereiro de 2016

Mudança de Palco 103 - Winter on Fire: Ukraine's Fight for Freedom.

Olá pessoal.
Como prometido, vai aqui a segunda indicação que eu falei em texto anterior.
Querem tomar uma overdose de coragem e determinação?
A hora é esta!
Este documentário eu escolhi "no chute", diferentemente de Emy, que foram amigos que me aconselharam ver.
Eu lembrava que tinha acontecido recentemente um conflito na Ucrânia, mas não sabia como aconteceu realmente a "coisa".
Coragem é a sensação que você sente durante todo o documentário.
Tudo bem... O pessoal daquela região da Rússia vive há um bom tempo no meio de conflitos pesados, mas mesmo assim o que eles fizeram durante 92 dias (!!) me assustou.
Minha admiração foi tão grande que tomei um susto. Seria melhor eu colocar assim.
Não sei como foram os nossos protestos na ditadura, por isso só posso comentar sobre os protesto que eu vivi.
Vendo este documentário, não tem como não comparar com os nossos problemas, mesmo os nossos problemas sendo bem menores, creio eu.
Mas tanto lá como aqui, o povo foi para avisar que não estava gostando de algo feito pelos seus governantes.
O primeiro motivo lá que levou a galera para rua, galera esta formada por muitos jovens, foi que o presidente em campanha falou uma coisa e fez outra quando entrou.
Alguma lembrança?
Não achem que o que aconteceu lá foi uma guerra, vendo estas fotos aqui que estou colocando para ilustrar.
Foi um protesto mesmo.
As armas estavam com a policia, e o povo com paus, pedras e até um estilingue usado por uma criança.

"Nunca vi tanta coragem".
Esta frase pode ser colocada em vários trechos do documentário.
Não é um filme, viu?
As cenas são reais. É um documentário mesmo, que você jura que é um filme, como se tivesse roteiro, efeitos especiais, etc.
No Netflix, ao final do filme, a pessoa pode dar uma pontuação ao filme, determinada por estrelas de 1 à 5.
Em Emy eu marquei 4 estrelas e neste aqui eu dei a nota máxima.
Mesmo sendo um documentário, não é cansativo e chato ver.
Como Emy também não foi.
Vendo aqui nossos governantes "tirando onda descaradamente" com a gente, pois nossa política parece mais uma comédia de tantos absurdos que acontecem, eu senti até um pouco de vergonha vendo este documentário da Ucrânia.
Vergonha de mim mesmo.
Fica aqui a dica.
Espero que gostem.
Eu adorei.
Serve como uma aula.
Um abraço a todos.

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

Batucafro na Lagoa do Araçá - Merecia mais dias.



Olá pessoal.
Eu já estava decidido a fazer basicamente o que fiz em texto anterior onde falei do primeiro show do Batucafro neste carnaval, ou seja, apenas registrar o trabalho.
Mas mudei de ideia, pois lembrei de um tema legal para falar sobre o Batucafro (projeto de Naná Vasconcelos).
Vou falar rapidamente sobre a parte técnica e depois finalizo com o tema que me fez mudar o subtítulo.
Combinamos que iríamos passar o som e ficaríamos no local esperando pela hora do show.
Depois de conversar com os músicos sobre o show anterior, onde muitos falaram que não escutaram certos detalhes, como os vocais, resolvi conversar com o técnico da empresa de som deste show na Lagoa do Araçá, que fica no bairro da Imbiribeira, em Recife.
Expliquei o que tínhamos passado no show anterior.
Não poderia ter esta mesma conversa com o técnico do show anterior porque eu não sabia o que os músicos iriam querer nos seus monitores.
Isso ilustra bem a importância de um técnico de monitor próprio, como já falei antes.
Passamos normalmente o som, e desta vez foi mais homogêneo esta parte do trabalho.
Ficou mais justinho.
Edelvan, nosso roadie,  ajudou no palco.
Depois que eu falava que estava OK para mim, eles ajustavam as coisas no palco, fazendo a distribuição da peça para quem quisesse ouvir.
Que é o normal de se fazer.
No show anterior não aconteceu direito esta distribuição.
Depois de finalizar o soundcheck, fui atrás de um acarajé para comer!
Mas não encontrei.
Acabei comendo um sanduíche de carne de sol acebolada com queijo de coalho muito bom, e ainda deu para tomar uma canja de galinha.
Aguardamos pela hora do show.
Na nossa hora, inventei de sair um pouco do padrão do que normalmente faço, e me dei mal.
Fui no palco ajustar os microfones ao meu gosto.



Lembrei de Leo Dim, técnico Amigo meu das antigas, que sempre faz isso nos seus trabalhos.
Enquanto ia ajustando os microfones, fui fazendo o "linecheck" com o técnico da empresa de som.
Era para eu fazer isso lá da frente, checando se cada canal estava certinho para o PA também.
Não fiz.
E me lasquei.
Já na mesa de PA, notei que dois canais não estavam modulando.
Pedi para o técnico de PA da empresa avisar seu colega no palco, mas antes de qualquer reação, o locutor começou a anunciar o show.
Cortei a voz dele no PA e fiz sinal para avisar que ainda não estava pronto.
Logicamente ninguém entendeu meus sinais, e o locutor anunciou o começo do show só ouvindo a voz dele no palco!
Ainda tentei retardar o início, mas aí Naná Vasconcelos já estava falando no seu microfone, e eu tive que abrir o som do PA de todo jeito.
Começamos sem os dois canais mesmo.
E logicamente um destes canais já era utilizado na primeira música.
O pandeiro.
O pobre do músico ficou fazendo mímica no palco. Nada de som.
Só perto do final da segunda música foi que os canais apareceram.
Este foi o único atropelo que tive no show.
Mas não aconteceria isso se eu tivesse feito o linecheck corretamente.
O show foi bem mais justo que o primeiro, reflexo total de uma melhor monitoração.
Mais uma vez o público foi envolvido pelo show.
O pessoal dançou e cantou músicas que nunca ouviu!
É aqui que entra a razão do subtítulo deste texto. 


Em 2005, quando eu viajei pela primeira vez para fora do Brasil, fazendo o PA do show de Silvério Pessoa, numa de nossas conversas, eu falei para ele que não tinha medo de fazer o show dele em lugar nenhum do mundo, pois achava o show muito interessante.
E realmente isso aconteceu. Tanto lá fora, como aqui dentro do Brasil.
Dos mais de 30 shows que a gente fez na Europa, apenas UM não cativou o público.
Boa média, né?
Com este projeto de Naná Vasconcelos, o Batucafro, eu acho a mesma coisa.
É muito legal o show, independente do teor da festa.
Ele é atemporal.
Completamente diferente dos shows "normais".
Não tem bateria, não tem baixo nem teclados, não tem guitarra.
São dezesseis canais de percussão, duas cordas (cavaco e bandolim), três metais (trompete, trombone e tuba), três vocais e normalmente tem um cantor convidado.
Nos dois anos que fiz este show, foram cantoras da África.
Lura no ano passado e Sara Tavares neste ano.
As duas arrasaram.
Foram três shows no carnaval passado e apenas dois shows este ano.
Destes cinco shows, não teve UM sequer que não cativou o público!!!
E as músicas "carnavalescas", normalmente executadas à exaustão em outros shows no carnaval, não aparecem neste show do Batucafro.
Nenhuma.
Como Bela, Vassourinhas, Último Regresso, Voltei Recife, Madeira Que Cupim Não Rói, Me Segura Que Senão Eu Caio, Diabo Louro, etc, etc, etc, etc, etc, etc...
O show foge totalmente da linha carnavalesca.
Não tem pedido de grito de guerra de time de futebol, nem pedido para levantar as mãos e bater palmas. Nada.
Não tem bailarinas, nem telão de led.
A grande maioria das músicas tocadas são desconhecidas para o grande público.
O show é cru.
Mas mesmo assim é bom.
Muito bom!
Diferente.
Não tenho dúvidas que este show merecia tocar mais no carnaval do Recife.
Merecia mais dias, além dos dois deste ano e dos três do ano passado.
Merecia tocar mais em outros lugares, outras cidades, outros países.
Tenho certeza que o Batucafro iria ter a mesma média de satisfação que o show de Silvério Pessoa teve em 2005 na Europa!
Um abraço a todos.