quarta-feira, 13 de julho de 2016

SESI Bonecos 2016 - A "tapia" da Latam.

Goiânia - GO.
Olá pessoal.
Depois de um "árduo e tenebroso inverno", sem saber se escrevia algo aqui falando dos trabalhos que ainda não comentei ou escrevia um aviso que eu estaria dando uma pausa aqui nos textos para uma reciclagem profissional, ou coisa parecida, resolvi hoje contar este caso do "banho longe" porque foi engraçado, depois de tanto tempo do fato ocorrido.
** Mudei o subtítulo quando acabei de escrever este texto. A explicação está no final. **
No dia não foi nem um pouco engraçado!
Noto ultimamente que quase não aparecem assuntos técnicos relacionados aos trabalhos que estou fazendo, pois além de eles terem diminuído, quase sempre são os mesmos.
SESI Bonecos, Alceu Valença, Naná Vasconcelos (saudades!), FITO...
A novidade este ano foi o Abril Pro Rock, que fazia um bom tempo que não participava do evento.
Fora isso, foram basicamente os mesmos artistas, ou os mesmos eventos.
Acho sinceramente que estou precisando de uma reciclagem.
Talvez depois deste texto de hoje, eu dou uma pausa aqui nos textos, voltando a escrever somente quando aparecer alguma novidade nos trabalhos ou se eu passar por algum trabalho completamente diferente.
Lógico que escreverei quando tiver um assunto interessante para falar, e de preferência de algo técnico que eu possa ensinar.
Mas não vou escrever somente porque fiz algum trabalho, ok?

Este texto de hoje não tem nada de técnico! 
Mas foi um caso que aconteceu comigo entre Goiânia e Belo Horizonte que eu nunca tinha passado.
Este ano o SESI Bonecos só passou por estas duas capitais.
Ano passado nem teve! Depois de vários anos seguidos.
E este ano foi a primeira vez que viajei sem ter mais o compromisso de editar os áudios de GM. 
Por causa disso, por estar mais disponível, acabei operando também o som do teatro em Belo Horizonte, coisa que normalmente eu não fazia.
Em Goiânia quem operou o som do teatro foi Ítalo, um dos proprietários da Bizasom, que também é técnico/operador de som.
Ele teve que voltar para o Recife depois da semana em Goiânia porque tinha outro evento para a Bizasom fazer.
E foi nesta minha viagem de Goiânia para BH que tudo aconteceu.
Mas antes vamos falar rapidamente sobre o equipamento usado, que basicamente foi o mesmo dos anos anteriores.
O line array foi o FZ J08A (6 cxs + 2 graves).
Como são dois palcos, são 3 arranjos de caixas, formando este desenho abaixo.
L (palco1) R (palco2 ) L
Para cada line array, 4 caixas de subgraves "tipo" KF850.
Uma mesa CL5 da Yamaha foi usada no monitor, pois sempre tem um show musical no sábado, que normalmente era o Música de Brinquedo do Pato Fu.
Este ano não teve o show, mas teve o Pato Fu fazendo a trilha sonora ao vivo do espetáculo Alice Live, da companhia Giramundo de belo Horizonte.
Inclusive, Fernanda Takai, além de cantar, faz a voz da personagem Alice ao vivo!








Muito bommmm!
Mais uma vez, meu colega João Libarino estava no controle do PA.
No monitor, Kiko Klaus, amigo meu de Recife que mora atualmente em BH.
Neto, técnico da Bizasom, fez o monitor da peça em Belo Horizonte substituindo Kiko, que já tinha fechado outro trabalho antes de saber das datas do SESI.
É Neto quem faz todo o trabalho no palco durante o evento, além de ser normalmente meu parceiro de quarto. Ele já está dividindo o trabalho dos palcos principais comigo faz um bom tempo.
Para o som, a Bizasom ainda levou mais três colegas: Mago, Dido e Fukinha.
Para mim no PA, duas mudanças este ano.
A mesa de som foi uma SC48 da Venue e o sinal da mesa passou por um processador de sinal (crossover).
Nos anos anteriores usei a Mix Rack (também da Venue)  e o sinal ia direto da mesa para o line array, para o sub e para as torres de delay.
A única dor de cabeça que tivemos, foi um ruído que apareceu no PA em Goiânia, mesmo com aterramento, geradores separados para som e luz, isoladores, etc.
Nunca tinha acontecido isso, desde que comecei a participar do evento em 2009, mas...
Em BH não tivemos este problema.


Usei este ano os microfones da DPA em várias peças, inclusive no teatro, e eles não se comparam com os "velhos" lapelas que tive que usar em algumas companhias em anos anteriores.
Este ano também o posicionamento da house mix em Goiânia não ficou nada confortável.
Se puxasse mais um pouco para o lado, eu iria ficar na frente do line lateral!
Normalmente montamos a house mix na frente do line central, entre os dois palcos.
Perguntei para a produção por que este ano foi assim, pois lembro que em outra vez que passamos por Goiânia não ficamos nesta posição incômoda.
Me explicaram que no ano em que passamos anteriormente, a praça não tinha o piso que tinha este ano, e o palco não ficou no mesmo lugar da vez anterior porque não poderia ficar em cima deste piso novo.
Ahhhhhhhh. Ok.
Goiânia - GO.
Em Belo Horizonte a house mix ficou na posição normal dela.
No teatro em BH, Cine Theatro Brasil Vallourec, tinha uma mesa Roland M-400 e um sistema de line array que não lembro da marca, mas que servia tranquilamente para o que iria fazer lá.
A galera do teatro muito atenciosa e prestativa, o que já é meio caminho andado para tudo dar certo.
Mais uma vez a cabine de controle ficava muito longe do palco e era complicado chegar.
Perguntei como era em dias de shows musicais, e me falaram que colocam a mesa de som e luz em outro local, no primeiro piso do teatro.
Ahhhhhhh. Ok.
No primeiro dos três dias que operei o som dos espetáculos, reclamaram depois que coloquei o som muito alto.
E era só trilhas gravadas, viu?
É... Me empolguei com a vibração do público, e como estava muito longe, ficava na parte final do piso superior, acabei errando a mão porque não conseguia escutar nada do som de parte do line array que era direcionado para o primeiro piso..
Ok, não erro mais a mão.
E foi tudo bem nos outros dias.
João Libarino operando o som da peça Alice Live. Goiânia - GO.
Só achei a mesa "chatinha", mas é normal a reação quando se pega uma mesa com menos recursos que outras mesas maiores (e obviamente mais caras!).
Para quem iria falar somente do banho distante... Já falei até demais, né?
Sobre o problema que encontrei na saída do meu laptop, com a falta de subgraves, eu falei no texto anterior.
Vamos então para o assunto que faz parte do título deste texto.
O banho longe!!!
Como já tinha espetáculo na terça-feira no teatro em BH, minha passagem foi marcada para às 20h da segunda.
Chegaria ao hotel em BH antes da meia noite.
Acordaria perto das 9h na terça, tomaria meu café e seguiria para o teatro, que ficava bem perto do hotel.
Bem perto mesmo. Dava para ir andando.
O combinado era estar no teatro perto de 10h para começar a montar a luz e checar o som.
Vamos a bronca.
Belo Horizonte - MG.
Cheguei no aeroporto uma hora antes do voo, ou seja, perto das 19h.
Tam era a companhia, agora chamada LATAM.
Fiz o check-in e fui aguardar a chamada na sala de embarque.
Vou resumir.
Antes das 20h já sabíamos que o voo iria atrasar.
Parece que a aeronave não iria chegar no horário por causa de problemas em outro aeroporto.
Passou das 20h e nada! Atrasado.
21h, tá chegando... 21h30, muda o portão de embarque... 22h, parece que chegou... Acho que vai ser cancelado... Chegou, mas vai ter que mudar a tripulação... 22h30, chega uma nova tripulação... A turma leva uma vaia de um passageiro inconformado com a espera... 23h, acho que vão cancelar mesmo...
23h30, voo cancelado!
Favor seguir para o check-in, pegar as malas e marcar um outro voo que seria no dia seguinte!
A Latam iria pagar a hospedagem e o jantar.
Fila do tamanho de fila de espera para conseguir emprego atualmente no Brasil. Imaginaram?
Fora o nosso voo, mais uns dois foram cancelados.
Quando chegou minha vez, já passava de 1h da madrugada.
Para chegar a tempo ainda em BH e consequentemente no teatro, remarquei minha passagem para 6h30 da manhã.
Cine Theatro Brasil Vallourec - Belo Horizonte - MG.

Vou resumir mais uma vez.
Quando o ônibus saiu do aeroporto, já passava um pouco de 1h30 da madruga.
Perguntaram se o hotel era perto e o rapaz falou que "não muito".
Não muito? Oxe. Vou me lascar, pois tenho que chegar perto das 5h30 para despachar a mala.
O ônibus saiu e eu falei para uma colega que trabalhava também no SESI que eu ia dar um cochilo até o hotel.
A passagem dela estava marcada para perto do meio dia. 
Quando o ônibus chegou no hotel, olhei para o relógio do celular, e me assustei.
Era quase 3h15 da madrugada! 
Oxe! Uma hora e meia de distância???
O que vou fazer aqui neste hotel? Tenho que voltar daqui a pouco para pegar meu outro voo.
Uma fila absurda para fazer o check-in no hotel. 
Como meu voo era bem cedo, já foi combinado com a atendente da Latam que eu voltaria de táxi para o aeroporto.
Logicamente, eu fui o único doido que marcou a nova passagem para tão cedo! 
Nem lembro a última vez que furei uma fila...
Acho que era adolescente ainda... Usava calça de lycra, camisas de mangas compridas da Vagamundo...
E ia patinar no gelo no Play Shopping, uma pista de patinação no Shopping Center Recife no começo dos anos 80! 
Companhia Japonesa Kakashi-Za (Sombras).

Usava uma calça comprida de plástico na patinação.
Sucesso total porque podia molhar!!!
Resolvi furar uma fila novamente quando vi a fila na entrada do hotel.
Eu não tinha outra alternativa.
Fui de 2 em 2 metros explicando por que eu estava furando a fila, e logicamente todos entenderam.
Quando cheguei no balcão do hotel, o relógio marcava 3h30.
Peguei minha chave e pedi para o atendente marcar o táxi para as 4h, que eu iria só tomar um banho e desceria para voltar ao aeroporto.
O jantar que a menina da Latam disse que teria no hotel foi "tapia".
Belo Horizonte - MG.
TAPIA >>> Derivado do verbo tapear - usado no interior da Paraíba (e Pernambuco também) para designar um tipo de trabalhador que era contratado por donos de roletas e jogos azar, nos dias de festas de padroeiras ou em feiras livres, e que ficavam simulando apostas e quase sempre ganhando, como forma de atrair clientes para o jogo.
Sinônimos de tapia: Blefe, enganação, enrolação, mentira.
Naná Vasconcelos me fez lembrar desta palavra num FITO que fiz anos atrás.
Ao lado da mesa de som tinha uma mesinha, com uma garrafa de café, xícaras, açúcar, adoçante...
Um cafezinho para os artistas que estavam perto do palco.
Eu estava na mesa operando o som do evento, e ele chegou com aquela calma "assustadora" que ele tinha... Fala mansa... Voz baixa... Andar leve...
Pegou uma xícara, arrastou o açucareiro para perto da xícara, colocou duas colheres do produto na xícara, arrastou a garrafa de café para perto da xícara, tirou a tampa da garrafa, rodou a outra tampa da garrafa para abrir e virou na xícara...
Foi virando devagarzinho... E eu olhando para ele... À medida que ele ia virando a garrafa, ele ia olhando para mim... E quando ele virou completamente a garrafa em cima da xícara, e nada saiu da garrafa, pois já estava vazia, ele falou pra mim na maior calma, pausadamente:
--- Eitaaa Ti ti ooo.... É tapiaaaa!
Caímos na gargalhada!
Saudades Naná!!!!

Depois da tapia do jantar no hotel, só me restava tomar um banho e descer.
E foi só isso mesmo que deu tempo.
Peguei o táxi as 4h e retornei para o aeroporto.
Logicamente o táxi foi mais rápido que o ônibus, e eu despachei a mala tranquilamente.
Pensam que acabou??
Vou resumir novamente.
Embarco no avião na hora marcada.
Todos sentados. Mas nada de fechar a porta do avião.
Dois homens com camisas com a palavra MANUTENÇÃO escrita nas costas entram e saem da cabine o tempo todo, e ficam vendo um livro grosso no balcão onde os comissários de bordo ficam.
Manutenção?? Lendo livro de procedimentos???
Não pode ser...
Foi!!!

Depois de muitos minutos após o comandante avisar que era só uma revisão de rotina e burocracia, ele comunicou novamente que a aeronave não poderia decolar, e que todos deveriam desembarcar!
Ahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahaha.
Inacreditável!!!
Mas foi.
Resumir mais ainda para finalizar.
Não precisamos mais pegar as bagagens, mas só embarcamos em outro voo as 9h da manhã!!!
Quando cheguei no hotel em BH, era perto do meio dia!!!
Mas a produção em BH já estava sabendo do rolo desde o início no dia anterior, então foram fazendo outras coisas no teatro que não iriam precisar de áudio.
Combinamos então que eu iria entrar no hotel para deixar minhas coisas, tomaria um banho, iria almoçar, e chegaria no teatro perto das 14h.
E tudo deu certo depois disso.
Só não dormi.
E o som ficou alto.
Fui deitar na cama um pouco depois das 23h.
Fazia tempo que não dormia tão rápido.
E sem tapia!!
Um abraço a todos.

Obs: O subtítulo deste texto era "O banho mais longe da minha vida!"
Mas a explicação do significado da palavra tapia e a intenção de deixar registrado aqui o descaso da Latam com um cliente que colocaram num hotel que ficava a mais de 60 Km de distância do aeroporto sabendo que o novo voo deste cliente seria as 6h30, me fez mudar de ideia.

2 comentários:

Júlio Graef disse...

Cada história tua que às vezes sinto pena.
Mas desta vez estou rindo pra c*!
AbrasSom!

Titio disse...

Olá Júlio.
Como só escrevi sobre isso muito tempo depois do ocorrido, levei para o lado do humor.
Eheheheheheheh.
Mas no dia foi pesado.
Faz parte da estrada estes atropelos.
E normalmente dá tudo certo no final.
Um abraço.