quinta-feira, 17 de abril de 2025

Academia da Berlinda no Clássicos do Brasil - Esquivou, adiou, relutou, usou e... Adorou!!


Olá pessoal.
Mais uma vez fui operar o monitor da banda Academia da Berlinda.
O show aconteceu na quinta-feira que passou, dia 10 de abril, no Classic Hall (chamado por décadas de Chevrolet Hall), e fazia parte da programação do Festival Clássicos do Brasil.
Fiquei pensando aqui, e notei que não fiz muitos trabalhos no Chevrolet (eita! Classic) Hall.
Mas já fiz muitos trabalhos com a Academia, que mantém o input list intacto faz um bom tempo.
Mais da metade do caminho já estava percorrido, quando fiquei sabendo da relação dos equipamentos que estariam no palco.
Monitores sobrando(!), mesas legais (e sem defeitos!), side muito bom, vários sistemas de in-ear, diversos microfones (originais!)...
Foram duas mesas CL5 da Yamaha no monitor, e tinha até cadeira alta para os técnicos nas duas mesas!
Um verdadeiro luxo, que infelizmente não é o normal que encontramos em eventos aqui em Recife ou no estado de Pernambuco.

Input List da Academia da Berlinda.

Puxei pela memória aqui, e lembrei que nada FALHOU durante o soundcheck e também no show!
Não precisei solicitar mudança de nada, tanto de microfones quanto de cabos ou vias de multicabo.
Não tem como não comentar sobre esse atendimento primoroso da empresa de som (luz e led) Luminário, que é daqui de Recife, e o proprietário começou sua caminhada alugando kits para DJ!!!
Lembro muito bem deste início...
Às vezes a gente se esquece de como é bom fazer um trabalho onde tudo funciona.
O que não funciona bem naquele lugar é a acústica.
Nem lembrava mais disso.


Durante o soundcheck notei uns estalos nos canais dos tons da bateria, e estava achando que poderia ser a vibração nos microfones que estavam presos por garras nos tambores, mas na realidade era o rebatimento do som nos camarotes, principalmente as altas (médios e agudos), que estava causando esses estalos que eu estava ouvindo no palco.
Eu já estava ligando meu "sisteminha" M-Vave, que chamo de in-ear de pobre, quando Íkaro, técnico de monitor da empresa, me falou que tinha sistema de in-ear sobrando, e que eu poderia pegar um para usar na minha monitoração.
Não uso caixa de monitor para monitorar as coisas faz um bom tempo!
Ótimo! Falei para ele, já desligando meus cabos da mesa.
Muita gente (que não é do ramo) acha que a gente só trabalha no dia do show.
Esse é um pensamento completamente errado!
Parei de escrever aqui para ver os detalhes para um show de Otto no dia 09 de maio em Salvador!!!
Recebi algumas informações de como vai ser o palco, já fui atrás de técnico local para fazer o PA do show, onde preferi ficar no monitor.
Muita água ainda vai rolar até lá... Mas o trabalho já começou.
Só quis mostrar aqui que o nosso trabalho começa bem antes do dia do show!!!
Vou voltar para o show da Academia em Recife.
Que começou bem antes do dia do show, com uma mensagem no WhatsApp de Adriano Duprat para mim: --- Titio, capricha no monitor, que Tiné vai tentar fazer o show de in-ear.
Acho que ele nunca tentou usar, nunca gostou da ideia.
Adriano é o diretor técnico da banda, e normalmente faz o PA ou o monitor também, dependendo da situação.
Tiné é um dos cantores da banda.
Ou seja... Já comecei o trabalho na pressão! (Risos)
E bem antes do show acontecer!


Na Academia, já tem dois músicos que usam in-ear. 
O baterista Irandê e o baixista Yuri, que também faz vocal.
A banda ainda tem Tom (percussão/bateria), Gabriel (guitarra), Urêa (voz/timbales) e Gila (teclados).
Enquanto o pessoal da empresa ligava as coisas no palco, e eu conversava com Adriano, me lembrei de uma frase usada no futebol, que diz que "o pênalti é tão importante, que deveria ser batido pelo presidente do clube".
Aí falei para Adriano que por ser a primeira vez que o cantor iria usar o in-ear, era para o diretor técnico fazer o serviço.
Ele riu e falou: --- Se quiser, eu faço o monitor e você vai lá pra frente fazer o PA.
Não esperava por uma resposta feito essa.
Ri do mesmo jeito, falando que eu iria fazer o monitor.
Segui para minha CL5, e fui checar os monitores e o side, enquanto Íkaro ajustava os sistemas sem fio de in-ears e microfones.
A CL tem uma coisa "chatinha" com relação ao uso do iPad via roteador sem fio.
Depois de colocar o novo endereço de IP na mesa, a gente tem que desligar e ligar a mesa, para ela poder reconhecer o novo endereço.
Meu roteador nunca sai do endereço 192.168.0.1, então eu tenho sempre que colocar na mesa o mesmo endereço, só mudando o final.
Sempre coloco nas mesas o endereço 192.168.0.128, que é o mais comum nas mesas da Yamaha, mas essa estava com outro endereço, e eu fiz os ajustes.
Conectei normalmente com meu iPad, mas como falei acima, tive que desligar a mesa e ligar novamente.
Chequei todas as vias no palco com o iPad, já fazendo uma distribuição dos canais para todos da banda, que ainda não estava no local.
Essa distribuição dos canais para as vias, já estava na minha cena, que fiz dias antes em casa.
Eu só precisava dar uns ajustes nos ganhos e nas equalizações dos canais, e esperaria a banda chegar para ajustar tudo.
E antes de começar o soundcheck com a banda, peguei o microfone de Tiné e já enviei a voz para a via de in-ear dele, colocando também um pouco de efeito (reverb).
Não tirei os dois monitores de chão que ele sempre usa, mas deixei bem baixo o volume do som, e eu só ajustaria esse volume se tivesse algum problema com a adaptação do cantor com o in-ear.
A banda chegou, e eu distribuí os in-ears para os músicos, e começamos a passagem de som.
Tiné colocou o fone, e fez uma cara de desânimo ao falar no microfone dele, e eu me assustei.
Eu tinha achado bem legal quando ajustei e testei antes.
A cara dele foi muito engraçada.
Mesmo eu assustado, achei graça.
Ele devia estar querendo falar: --- Se som de in-ear é isso aqui, é uma bosta! (Risos)
Enquanto ele não teve coragem de falar, fui checar no iPad se tinha algo errado.
E tinha!
Falei para ele que ficasse calmo, porque a via do in-ear estava fechada!
Deve ter sido numa hora que fechei todas as vias de monitores de chão para checar caixa por caixa sem ouvir as outras, e acabei fechando acidentalmente a do in-ear.
Ou pode ter sido também que fechei a via do in-ear para ouvir a soma do pouco volume que estava nos monitores dele de chão somado com som do side.
Agora não importa muito saber o que me fez fazer essa besteira...
Falei que iria abrir a via dele, e quando ele falou no microfone, se assustou!
Mas agora se assustou de alegria e não de decepção. (Ufaaa!!)
Eu já tinha distribuído os instrumentos e vozes para ele, num nível bem abaixo do nível da voz dele.
Normalmente é assim que começo, e depois vou ajustando ao gosto do "cliente".
Tiné foi me falando alguns detalhes de como ele queria o fone, e eu fui ajustando, enquanto ajustava as outras vias de monitor de todos os outros músicos.
Fiz todos os ajustes no palco, usando o iPad, escutando todos os canais e todas as vias dos músicos no meu fone com meu sistema de in-ear.
Lindo. E prático!
Tiné estava bem satisfeito com in-ear, já falando que não entendia porque demorou tanto para testar.
Todos satisfeitos, encerramos o soundcheck.
Aguardar pela hora do show, que seria o último.
Salvei tudo na mesa e nos meus dois pendrives, e fui para casa.
Não deu tempo para almoçar.
Só depois de encerrar o soundchek, foi que notei que o almoço "passou batido".
Já em casa, comi um sanduíche, tomei um banho e fui dormir um pouco.
Deu para descansar bem.
Voltei para o Classic Hall renovado.


O show aconteceu normalmente, e eu não tive atropelos no monitor.
Da mesa de monitor, notei que Tiné estava bem confortável no palco, e não tirou os fones durante todo o show.
E não toquei no volume do som dos dois monitores de chão dele.
Foi tudo normal!!!!!
Antes de terminar o show, eu já estava achando que o teste do in-ear tinha sido bom!
Quando o show acabou, eu fui me encontrar com os músicos atrás do palco, para pegar os bodypacks dos in-ears.
Mas minha primeira intenção era saber o que Tiné achou do in-ear.
E ele muito sorridente falou: --- Eu não faço mais shows sem usar in-ear!!!!
Relutou tanto, adiou tanto, mas quando usou... Adorou!!
Falou ainda que não entendeu porque demorou tanto para tentar.
Eu já estava bem feliz no final do show, por tudo ter corrido bem para todos.
Mas os comentários de Tiné me fizeram ficar muito mais feliz e recompensado!!!
Trabalho (teste?) cumprido.
E com louvor! (Sem ser no sentido religioso, logicamente)
Um abraço a todos.

PS: Corre um boato que Letrux usa in-ear atualmente, depois de ser convencida pelo técnico do Festival a experimentar o sistema num show que ela fez no Abril Pro Rock...

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