quinta-feira, 31 de julho de 2025

Show do Padre Fábio de Melo em Sousa - O alívio veio na primeira música!!!

 
Olá pessoal.
Ainda pensei em fazer uma postagem falando (resumidamente) sobre os 10 trabalhos que eu fiz no mês de julho, mas mudei de ideia.
Resolvi fazer essa postagem sobre o trabalho operando o PA do show de Fábio de Melo, e depois eu acho que faço um resumo sobre os 9 trabalhos que eu fiz no FIG (Festival de Inverno de Garanhuns).
O convite para fazer o PA do show de Fábio de Melo no São Julho apareceu de supetão!
O técnico oficial dele, meu amigo Aurélio Kauffmann, que estava fora do país com outro trabalho, não iria chegar à tempo para a viagem até Sousa na Paraíba.
Ele teve problemas com atrasos do voo de volta ao Brasil.
Isso a produção só teve a certeza uns dois dias antes da viagem de ônibus para Sousa, que sairia de Recife.
Foi por isso que recebi o convite no susto!
E aceitei.
Foram 10h para ir e 10h para voltar.
Dormimos no ônibus, que era do tipo leito bem confortável, onde a parte de baixo tinha uma cama para o Fábio.
Na parte de cima, várias poltronas que se transformavam (quase) em pequenas camas.
Saímos de Recife na madrugada do dia 10 para o dia 11/08.
Só deu tempo de colocar as coisas no hotel, tomar um banho e almoçar.
Logo depois seguimos para o palco, onde faríamos o soundcheck.
Me entregaram a chave do quarto de Aurélio.
Para vocês terem uma ideia de como foi no susto o convite para o trabalho...
O espaço era bem grande, e não tinha torre de delay, mas merecia.
Tinha uma passarela enorme, que saía do palco por um lado e voltava pelo outro lado.
Passarela igual a da polêmica no FIG, quando o cantor Zeca Baleiro fez um comentário durante o show dele, falando como era ruim uma passarela daquele tamanho na frente do palco, afastando muito o artista do público.
Quando vi que teria essa passarela no evento em Sousa, perguntei na mesma hora ao técnico de monitor de Fábio de Melo se o padre/cantor costumava "passear" nessas passarelas.
Chicletinho respondeu que ele passava um bom tempo do show nessas passarelas, o que me desanimou um pouco, principalmente quando eu soube que o microfone que seria usado era com a cápsula V7 MC1 da sE Eletronics.

Eu tive um contato anterior com essa cápsula, e não foi legal.
Nesse primeiro contato que eu tive, passei o monitor usando outro microfone sem fio, acho que um SM58, e quando o microfone do cantor chegou eu fui conferir novamente os monitores e tomei um susto!
Não adiantou muito eu ter feito o trabalho com o microfone anterior, pois tudo estava mais "espirrado" nas médias-altas e altas.
Achei um exagero.
Pois bem...
Fui olhar hoje aqui as especificações dessa cápsula, e o fabricante já avisa que ela tem realmente esse acréscimo onde falei.


Além disso, quanto mais perto da fonte sonora (boca), as frequências graves aparecem.
É o chamado "Efeito Proximidade".
Não tinha olhado essas informações até hoje, mas acabei seguindo no soundcheck o que eu estava ouvindo, como podem ver na equalização que eu tive que fazer no microfone do Fábio de Melo para chegar num ponto que eu achasse legal.


Fora essa equalização no microfone, com certeza eu mexi no equalizador do PA, para amenizar ainda mais esse excesso das frequências do microfone, principalmente para a hora que estaria cantando na passarela.
O soundcheck foi bem tranquilo, até peguei o microfone sem fio do padre para escutar como soaria no PA.
Já dei os primeiros ajustes nessa hora, colocando até um PAD (atenuação) no canal do microfone, pois com minha voz o sinal chegava muito alto, acendendo muitas vezes o nível "vermelho" na mesa de som.
O sinal estava "clipando".
Fábio normalmente não passa som, só a banda faz isso, como acontece também com Alceu Valença.
Passei o som da banda, onde Chicletinho ia me passando alguns detalhes do show com o microfone reserva.
Tudo estava indo bem, até eu pedir no final para Chicletinho ir para a passarela com o microfone sem fio de Fábio, enquanto a banda tocava.
Não consegui de jeito nenhum colocar o som da voz no meio da banda!!!!!
Realimentava toda vez que eu tentava fazer a mixagem.
Desanimei.
Não teve jeito.
Baixei muito a banda para poder colocar a voz, e não ficaria legal naquela arena aberta enorme, e sem torre de delay.
Fiquei muito desanimado, e nem para o hotel eu fui!
Fiquei lá na mesa de som imaginado uma saída.
E depois de um bom tempo pensando, decidi tirar a atenuação do canal do microfone, e eu ajustaria o ganho na primeira música já com o padre cantando.
E torci (muiiiiiiiito) para ele emitir mais som do que foi emitido para mim no soundcheck.
Eu não vi outra solução.


Aguardei pela hora do show, e a turma notou meu desânimo, porque não consigo disfarçar.
As pessoas que me conhecem sabem disso...
É muito difícil (ou quase impossível!) eu falar que está tudo bem, sem realmente achar que está tudo bem!
Chicletinho falou que nas primeiras 5 músicas o padre fica no palco cantando fixo no centro, para só depois começar a passear pela passarela.
Esse era o tempo que eu teria para ajustar as coisas.
Se eu fosse religioso, teria rezado 10 Ave Maria.
Como não sou, respirei fundo várias vezes e torci outras várias vezes, aguardando pelas primeiras palavras cantadas de Fábio, e já com a mão no ganho do canal da voz dele.
Fora isso, já tinha baixado a banda vários dBs no final do soundcheck, usando o DCA.
O alívio veio na primeira música!!!
E chegou tão forte, que tive que baixar o ganho da voz e não subir!!!!!
Quase choro de emoção...
Já com a voz controlada, fui subindo a banda.
Agora só teria que ter cuidado na hora que ele fosse para a passarela.
Mas não foi complicado, só tive que fazer pequenos ajustes para segurar as realimentações.
Já tinha dado uma geral nisso no soundcheck, né?
Perguntaram numa página do Instagram na semana passada, o que achamos das passarelas nos shows, onde respondi:
"Como técnico de som, odeio passarela na frente do palco!".
Para os artistas pode ser bem legal passear pelo público, mas por mim seria proibido ter passarela em shows, com os cantores passeando na frente das caixas de som do PA.
Mas como não tenho esse poder, tenho que usar a equalização para amenizar o problema!
Eu e todos os outros técnicos que estão operando o som do PA, com o som das caixas entrando pelo microfone do cantor, que volta para a saída das caixas de som, que entra de novo no microfone e sai pelas caixas novamente... Um loop!
Aí usamos várias "manobras" para segurar a microfonia, como equalizador, ganho, e até o PAN (panorâmico)!!!
Quando o cantor fica em frente de um lado do PA, mandamos a voz dele um pouco mais para o outro lado.
Não lembro de ter usado o PAN nesse show de Fábio de Melo, mas com certeza eu usaria se fosse necessário.
Usei muito essa técnica no SESI Bonecos, onde o apresentador do evento, usando pernas de pau, ficava muito tempo na frente das caixas do PA (triplo), e para complicar mais, usava microfone tipo headset, como esse da foto abaixo.
Bons tempos...


Acho que o tempo passou até rápido durante o show do Padre Fábio de Melo.
Como sabemos, se fosse um caos, demoraria uma eternidade!


Foi perfeito meu trabalho?
Responderia NÃO.
Mas antes de começar, achei que poderia ser um caos, principalmente por causa do resultado do soundcheck.
Não foi perfeito, mas também não foi ruim!
E até comemorei depois no camarim com umas taças de vinho (no copo de plástico).
Lembrei agora... Chicletinho chegou ao meu lado durante o show, e falou que estava legal.
Tomei um susto ao vê-lo, mas foi legal o comentário.
Achei que deu para compensar (salvar) a ausência de Aurélio.
E isso é o mais importante.
Já falei em algumas postagens que não é confortável substituir colega e/ou amigo técnico, onde ele sempre faz o trabalho do artista.
Mas faz parte da profissão.
Se me chamaram, não foi porque bebo vinho toda semana, né?
Mas é impressionante como não é confortável.
Impressionante também foi notar que esse primeiro trabalho com o Padre Fábio de Melo no dia 11/07 foi muito parecido com o último trabalho que fiz no FIG com Otto no dia 26/07!
Como pode?
Depois explico.
Só não sei ainda se vou fazer um resumo dos trabalhos no FIG, ou vou fazer algumas postagens individuais.
Só sei que fiquei bem feliz com os trabalhos em Garanhuns!
Um abraço a todos.

2 comentários:

Anônimo disse...

Passarelas são horríveis, ainda mais essas no formato T Perdemos muito SPL quando estou à frente do sistema, sempre solícito para diminuir ao máximo o comprimento e mudo o desenho do sistema.

Titio disse...

Olá Anônimo.
Pois é... Com certeza as passarelas não ajudam para quem trabalha na sonorização do evento, e muito menos para o técnico de PA dos artistas!
Obrigado por participar do Blog.
(Sei que esse anônimo se chama Neto, e é técnico de uma empresa de som daqui de Pernambuco)