(Abre Aspas)
- Oi Titio, tudo certinho?
- Oi Paula, tudo certo sim! Liso mas feliz!
Risos.
- Olha... Você faz teatro?
- Teatro? Paula... Sempre tentei fazer trabalhos para espetáculos de teatro, mas nunca consegui e também nunca recebi convites.
Na realidade, eu opero o som de uma peça de teatro, mas é ao ar livre, e acontece somente no final do ano.
Natal Para Sempre (NPS). Eu opero o áudio mixando as vozes dos 10 atores e faço também a sonoplastia, disparando efeitos e trilhas.
- Ahhh, que legal. Mas você aceita ou não fazer outros trabalhos de teatro?
- Lógico que aceito, só preciso receber o convite.
- Maravilha. Vou te indicar então para uma peça que vai acontecer aqui em Recife, ok?
- Ok!
(Fecha Aspas)
Foi com essa troca de mensagens no WhatsApp com minha amiga produtora Paula Caal que começou minha participação na peça "Gostava Mais Dos Pais", protagonizada pelos atores Bruno Mazzeo e Lúcio Mauro Filho.
Filhos de Chico Ambrósio (Não! É Anysio!) e Lúcio Mauro. (Risos)
Só quem viu a peça vai entender a piada com o Ambrósio!
E eu não ia perder a deixa para colocar no texto FILHOS DE... (Né Bruno e Lúcio?)
Eu não tinha a menor ideia que era essa a peça em questão quando falei com Paula, ela não me falou nada..
Só fiquei sabendo quando a produtora da peça entrou em contato para me fazer o convite.
E não vou mentir... Fiquei bem feliz em saber que era uma peça muito "bem falada", e com projeção nacional!
Giovanna Parra me explicou tudo sobre o trabalho, e acertamos todos os detalhes.
Um dia para montagem do cenário e ajustes no som, luz e projeção, e três dias de espetáculos.
Não demorou muito para eu ficar sabendo que iria ter uma sessão extra no segundo dia, que aconteceu em 24 de maio.
No dia 22 fui organizar as coisas referentes ao áudio.
Já sabia que seriam dois microfones (tipo lapela) para os atores, e um violão que só entrava apenas num determinado momento da peça.
Eu sugeri os equipamentos para serem locados, no que fui prontamente atendido.
Fora isso, tinha o áudio da projeção, que participa durante todo o espetáculo, com trilhas, efeitos e vídeos, onde os atores interagem durante a peça.
Essas projeções são fundamentais para o espetáculo.
Isso eu notei no dia da montagem.
Fundamental também é meu queijo do reino...
Já faz parte do meu cardápio aqui em casa, tanto para o vinho como para o leite com Nescafé.
Vou ali na Ceasa com meu amigo comprar duas peças. Sem ser peça de teatro, logicamente.
Mas ainda hoje devo fazer a postagem aqui no Blog.
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Oxe. Hoje já é quarta-feira... Nem toquei no texto depois que voltei da Ceasa.
Mas acho que termino hoje isso.
Dois microfones? Vai ser moleza!
Pensei com meus botões...
Para quem faz o NPS abrindo e fechando 10 microfones, e ainda fazendo a sonoplastia, trabalhar com apenas 2 microfones vai ser fácil.
Mas no dia dos ajustes já mudei de pensamento.
Os lapelas são OMNI direcionais, ou seja... Eles captam o som que vem de todas as direções, não apenas da fonte que está mais próxima, que nesse caso aqui é a voz do ator.
Uso microfones tipo headset no NPS, e eles não são omni direcionais, facilitando o uso sem realimentações (microfonias).
Outra coisa... No NPS não envio o som das vozes para o palco, e nesse trabalho no Teatro do Parque eu teria que enviar o som das duas vozes para o palco, aumentando o risco de microfonias.
Os bastidores...
O Teatro do Parque tem uma peculiaridade no som... As caixas de PA ficam praticamente em cima do "proscênio" (parte da frente do palco), ou seja, quanto mais próximo dessa frente, mais os microfones vão captar o som dessas caixas do PA.
E usando microfones omni direcionais é que a coisa complica mais um pouquinho.
Dando uma olhada em alguns vídeos dessa peça no YouTube, pude ver que os atores falam no meio da plateia, o que complicaria mais ainda o trabalho.
Só depois fiquei sabendo que essa conversa no meio do público era só no início da peça, e todo o restante eles estariam no palco. (Alívio...)
Por isso, depois de testar todos os equipamentos, fui alinhar o som do PA, monitor e microfones para diminuir o risco de realimentações.
Com a ajuda do técnico do teatro, Bruno Lins, que estava nesse dia substituindo o nosso microfonista Márcio Torres (Marcinho), que não poderia estar nesse primeiro dia, fizemos uma varredura pelo palco e pela plateia com o microfone já posicionado em Bruno praticamente no mesmo lugar que ele seria colocado nos atores.
(Já é a segunda vez que trabalho com Marcinho. A primeira foi na gravação do Tá Puxado, da TV Jornal, aqui em Recife, e eu sabia que estava bem assessorado no palco.)
Já enviei esse sinal de voz também para os dois monitores que coloquei no palco, que estavam posicionados em tripés, fazendo um SIDE.
Ainda coloquei dois monitores mais na frente, na parte de baixo das torres de iluminação, mas eu só iria usar se os atores sentissem falta de algo.
Mas enquanto eu passava o som do microfone no palco, já notei que ali no proscênio eles iriam escutar bem pelas caixas do PA!
(Só usei os monitores da frente para colocar o som do violão e da projeção.)
Aí foi só ajustar o som desse microfone no PA, usando o equalizador do canal do microfone e do sistema de PA.
Deu um trabalhinho, mas depois de ouvir os microfones com os atores no outro dia, nos ajustes finais, vi que seria tranquilo essa parte do som das vozes para o público.
Passei o som do microfone no dia anterior num volume bem acima do que precisei usar durante os espetáculos.
Aí... Foi só correr para o abraço!
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Durante o espetáculo, com Marina Meyer na luz. (Foto by Paula Caal) |
Com relação ao abre e fecha dos microfones dos atores durante a peça, também não teve agonia, pois eram bem esporádicos esses fechamentos e aberturas.
Muito diferente do trabalho que eu faço no NPS, onde o abre e fecha é constante, e eu tenho até cenas de MUTE para facilitar o trabalho.
Dei uma olhada no roteiro e vi que tinha as marcações para fechar os microfones, que era quando eles iriam sair do palco, e tinha até informando o tempo que os atores ficariam atrás do cenário, o que facilitou bastante meu serviço.
E para abrir o canal do microfone novamente, não tinha segredo... Entrava em cena, eu abria.
Eles não falavam nada do texto fora do palco, mas falavam várias outras coisas, que não poderiam sair no som do teatro! (Risos)
Foi só prestar atenção nisso no primeiro dia, e nos restantes eu já sabia.
Como eu dupliquei os canais das vozes e do violão, para poder ter controle total no monitor sem interferir no som do PA, tive que fazer 3 grupos de mute, colocando o canal do PA e o canal do monitor em cada grupo.
Mute 1 (Bruno), Mute 2 (Lúcio) e Mute 3 Violão.
Quando eu apertava o mute 1, fechava os dois canais da voz de Bruno, a que estava indo para o PA e a que estava indo para os monitores.
Ficou bem simples o trabalho.
A mesa TF5 da Yamaha não aceita o mesmo input para mais de um canal.
Por causa disso, usei cabos Y para enviar o mesmo sinal para dois canais.
Estou na casa do meu Filho, marquei um almoço com ele, e trouxe até uma garrafa de vinho.
O "mininu" vai fazer 30 anos no próximo dia 20 de junho.
O tempo passa muito rápido!
Vou dar uma pausa aqui para petiscar um queijo do reino, e sorver umas taças de vinho com ele, antes de almoçarmos.
Deu tempo de almoçar em casa nos três dias de apresentações...
Até no dia da sessão extra, consegui almoçar em casa.
Todas as quatro sessões foram lotadas.
Me diverti muito em todas as sessões, rindo até dos trechos que eu já sabia que iriam acontecer.
Problemas? Tivemos alguns, mas sempre bem contornados.
No primeiro dia, um dos canais de áudio da projeção ficou caindo, e eu tive que fechar o PAN dos canais, transformando em MONO.
No outro dia fui conferir o que tinha causado o problema e descobri que foi o cabo.
Levei até minha placa de áudio, porque se o problema fosse na saída da placa de áudio da projeção, eu colocaria a minha.
Mas como vi que era no cabo, problema solucionado, e tudo foi normal até a última sessão.
No segundo dia, já na segunda sessão, apareceu um probleminha no violão, onde o som ficou variando, baixando e subindo, com alguns estalos.
Isso não aconteceu na primeira sessão.
Lucinho notou que o som estava variando, deu umas "sacudidas" irônicas no instrumento e quando o som voltou, foi normal até o final da cena.
No outro dia fui achar onde estava o problema, mas Marcinho (microfonista e que operou o monitor usando o iPad dele) resolveu antes mesmo de eu chegar no teatro, porque fiquei preso num engarrafamento absurdo por causa do jogo do Sport, que o GPS nem ligou para esse detalhe, e eu me lasquei.
O problema foi no compartimento da bateria de 9V que estava folgada, causando mal contato, que fez o som variar.
Mais um probleminha resolvido, que não voltou mais a aparecer.
E o terceiro problema foi na última sessão do espetáculo.
Na realidade foram dois problemas, e mais sérios.
Faltou energia no meio da peça, mas os atores "tiraram de letra" essa situação.
Brincaram com o público enquanto aguardávamos a volta da energia.
Parecia até que estava tudo escrito no roteiro!
Mas não estava.
Como também não estava no roteiro o microfone de Lúcio Mauro Filho "farrapar" já bem perto do final do espetáculo.
O problema foi causado pelo suor que entrou na cápsula do lapela.
Os microfones eram presos em armações de arame (próprias), que eram presas na orelha do ator, com a haste colada na bochecha, e a ponta dessa haste ficava perto da boca com a cápsula do microfone.
Essa é a melhor posição para a captação da voz do ator.
Testei isso no SESI Bonecos muitos anos atrás, onde posicionei na testa e na gola da camisa para comparar.
Essa cápsula deve ter ficado muito colada na pele do ator, e o suor entrou, causando um abafamento repentino no som!
Mais uma vez, os atores saíram do texto e entraram na improvisação, chamando Marcinho para fazer a troca do microfone.
Realmente, não tinham outra saída.
E mais uma vez, a coisa foi tão espontânea, que parecia fazer parte do roteiro!
No final das contas, acho que me diverti tanto quanto o público que pagou para ver!
Fui um privilegiado, recebendo dinheiro para me divertir.
Falar mais o que...?
Cheguei até aqui no texto e não coloquei ainda o subtítulo da postagem.
Fiz até uma recapitulação de tudo para ver se tinha algum detalhe para virar o subtítulo, e não apareceu nada na mente.
Então resolvi finalizar, e aí encontrei o subtítulo.
Nem saí na foto!
Vou explicar...
Achei o resultado do meu trabalho bem legal, e tive a comprovação ao falar com a produtora da peça.
Como mostra a foto abaixo.
Sempre pergunto depois aos contratantes o que acharam, para ver onde errei e onde acertei.
Sempre pergunto, não tem jeito.
Errar, todos nós erramos (menos os políticos, segundo eles, né?).
Permanecer no erro é que é a bronca.
Pelo que notei nas respostas que eu obtive, parece que a turma de lá também ficou satisfeita.
No final do último espetáculo, os artistas chamaram toda a equipe técnica da peça para uma foto final!
Até meus parceiros da luz e projeção (Marina e Demétrio) que estavam ao meu lado, seguiram para o palco.
Vou ou não vou?
Os microfones continuariam ligados...
Vou deixar a mesa sozinha com microfones de lapela ligados?
Vou nada!
Vai que... Se lá...
Vou não.
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Foto by @jpsofranz |
E por causa desse meu preciosismo (radical?) profissional, nem saí na foto!
Um abraço a todos.
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