quarta-feira, 14 de maio de 2025

Show de Otto em Salvador - Foi tão bom... E quase fico na cidade.

 
Olá pessoal.
Antes de começar a falar sobre o trabalho no show de Otto em Salvador, onde operei o som do monitor, gostaria de fazer um breve comentário.
Estava nos meus planos (mas mudei de ideia) falar sobre o privilégio de trabalhar com artistas e/ou bandas legais, no sentido humano.
Muitos não sabem (mas agora vão saber), mas já rejeitei (e ainda vou rejeitar) alguns convites de trabalho por não curtir a “vibe” da banda ou artista. Prefiro ficar em casa.
Para mim, um trabalho não é só ganhar o cachê.
É importante, mas não é o motivo principal para eu aceitar ou não um convite.
Esse assunto me veio à cabeça depois de vários trabalhos legais, onde todos os envolvidos eram legais, e pensei seriamente em escrever sobre isso.
Mas não vou.
Vou só deixar aqui registrado que sou um privilegiado.
Me divirto muito com a “turma” com quem trabalho.
E isso não tem cachê que pague...
Mas vamos ao show de Otto, que é o assunto principal de hoje.
O show aconteceu dentro do Festival de Economia Popular e Solidária.
Passei uma semana ajustando os detalhes com o pessoal de Salvador para esse show de Otto.
Depois de uma certa desconfiança minha no começo do contato, a coisa fluiu de um jeito em determinada hora, que até me assustei.
Meu primeiro contato foi com Heraldo, onde passei já alguns detalhes do que eu iria precisar, e depois ele me passou para Caetano, técnico contratado para o evento.
No começo dessa semana, mandei mensagem para os dois, agradecendo pelo empenho e profissionalismo, que foram muito importantes para o resultado do trabalho.
Cheguei em Salvador com tudo resolvido, tecnicamente falando.
Mandei até minha cena da mesa por e-mail antecipadamente para Caetano, onde ele ajustou as entradas e saídas para meu show.
A mesa foi a CL3 da Yamaha.
Quando cheguei no palco, tudo estava praticamente no lugar, e quase tudo já estava plugado, só esperando os instrumentos.
Todas as minhas vias de monitor estavam ligadas no lugar certo.
Caetano só ligou as duas vias de in-ear que solicitei, mas só usei uma.
Só fiz checar, e tudo estava onde deveria estar.
Nas entradas, a mesma coisa. Todos os canais estavam ligados corretamente.
Não tínhamos muito tempo para passar o som, porque o evento começava cedo.
Por causa disso, chegamos no local às 8h da manhã.
Nosso horário era até às 9h30, mas nos deram mais 30 minutos para o serviço.
Acho ainda que passamos um pouco das 10h quando finalizamos o soundcheck, mas com certeza isso poderia ter sido bem mais complicado se não fosse a adiantada que o pessoal da técnica deu no palco!
Salvei minha cena na mesa e nos pendrives, e voltamos para o hotel.
O show seria cedo, às 20h.
Deu tempo de almoçar e esticar um pouco as pernas no hotel.

Setlist, chegando no final do show.
Ahhh. Esqueci de falar... Só conseguimos passar o som às 8h da manhã porque chegamos um dia antes na cidade.
Enquanto escrevo, as roupas estão na máquina de lavar e quando der 11h, vou entrar em contato com meu fornecedor de PF (Prato Feito) para saber qual o cardápio do dia.
Desisti de fazer almoço em casa. Muito trabalho, e pouca economia.
Com a quentinha, todo dia é alimento fresquinho... Né?
Antes, no terceiro dia comendo meu feijão, arroz e macarrão requentados, tinha que engolir sem sentir o cheiro, porque o gosto já estava bem fraquinho.
O almoço no restaurante ao lado do hotel também foi bem fraquinho, mas não tive coragem para encontrar coisa melhor.
Preferi comer logo e descansar.
Para quem já passou um ano comendo coxinha com guaraná no almoço, e ainda deixando no fiado, não sou exigente nessa questão de alimentação.
O mínimo para mim já resolve.
Seguimos para o local do show um pouco depois das 18h...
Tinha uma banda antes do show de Otto.
Ficamos aguardando no camarim, onde vi que tinha duas garrafas de vinho no frigobar, um tinto e outro branco.
No final do show vejo se o tinto ainda está lá, pensei com meus botões...
Não tive problemas com a mudança no palco.
Tudo voltou certinho, mas eu marquei monitores e microfones de voz, como normalmente faço.
Foi só checar se todos os canais estavam novamente no lugar certo, e o show começou.


O ambiente não era bom para shows.
Pavilhão de Centro de Convenções nunca vai ser bom para um show ao vivo!!!
É praticamente um banheiro grande!
Mas... O público não tem nada a ver com isso.
A mesa de monitor estava com alguns probleminhas, inclusive na porta de rede, onde não consegui conectar meu iPad.
Mas esse e os outros problemas eu já tinha visto no soundcheck.
Alguns visores estavam apagados, não dava pra ver o nome do instrumento/voz, tinha que ir na tela principal para ver isso.
Alguns leds de input estavam queimados. Mesma solução, olhar na tela principal.
E ainda tinha alguns canais onde a tecla de liga/desliga não funcionava!
Também usei a tela principal para ligar ou desligar esses canais.
Ahhh... Notei durante o show que o fader 1 estava “enganchando”, então tomei bastante cuidado na hora de mudar de página de faders, mas mesmo assim coloquei esse fader de volta para o lugar algumas vezes durante o show
Mesmo com todos esses probleminhas, o show foi bem tranquilo, “monitoramente” falando.
Inventei agora essa palavra para descrever que foi bem tranquilo o trabalho de operação do monitor do show. (Risos)
E o show?
Perguntem para quem estava lá, porque sou suspeito para falar.
No camarim, depois do show, todos estavam muito felizes!!!
E é isso que me interessa.
E o vinho tinto estava intacto no frigobar!!!!
O branco também estava lá, fechadinho, mas nem dou muita “bola” para os brancos.
Nem precisei procurar saca-rolha, porque a produção (inteligentemente) escolheu vinhos com tampa de rosca.
E o vinho tinto era Francês!!!!
Pensem num final de trabalho bommmmmmmmmm.
Só faltou uma taça de vidro...
Foi no copo de plástico mesmo!
Já dizia o filósofo lá do Rio Grande do Norte: Melhor um copo de plástico com vinho, do que uma taça de vidro com guaraná.
Concordo muito com o filósofo Ildemar de Natal, um verdadeiro visionário! (Risos)
Esse filósofo também é chamado de NosTioDamus pelos lados da Várzea, aqui em Recife.
Comemorações encerradas, seguimos para o hotel.
A parte não tão boa da história, pelo menos para mim, era que eu não teria muito tempo para descansar, porque meu voo de volta para Recife estava marcado para às 5h da manhã.
Isso foi combinado com a produção de Otto porque eu tinha um show marcado com a Academia da Berlinda em Recife, onde eu iria operar o monitor.
Como eu não sabia direito o horário do soundcheck, pedi para conseguir uma passagem bem cedinho, e fui atendido.
Ainda consegui tomar um banho e dar um cochilo de umas duas horinhas, mesmo com aquele medo de perder a hora!
Despertador funcionou bem, tomei outro banho para despertar, arrumei minhas coisas e segui para o aeroporto.

Mesa CL3 da Yamaha.
Tudo tranquilo, cheguei com um bom tempo de antecedência, pois não tinha trânsito na madrugada.
A atendente da companhia aérea já me avisou que o voo estava atrasado porque a pista estava interditada, mas que não seria um atraso longo.
Despachei rapidamente meu case com meus equipamentos e um pouco de roupas sujas e limpas (separadas em sacos plásticos, logicamente) e procurei um lugar para aguardar e para comer alguma coisa.
Foi aí que encontrei Anjo Caldas, percussionista de Elba Ramalho, que estava conversando com a turma da Banda Araketu.
Sentei com eles.
E Anjo me explicou que essa interdição da pista era feita com frequência.
Oxe. E é?
Vamos aguardar então, não nos restava outra opção.
Conversamos muito, e várias outras bandas estavam saindo de Salvador, parecia uma confraternização.
Até Toni Garrido apareceu para dar um alô aonde a gente estava, e ele falou comigo achando que eu era da Araketu.
Depois de muita conversa, onde fiz o velho lanche caro de aeroporto, onde paguei quase quarenta reais por um pão (até grande) de queijo do reino mais um pequeno café com leite, seguimos para a sala de embarque.
Tudo atrasado, como já sabíamos.
Ainda conversei um tempinho com Anjo na frente do meu portão de embarque, e ele seguiu para o portão dele.
A confusão já estava formada no Gate 06.
A todo momento o atendente da companhia chamava pelo sistema de som os passageiros que iriam fazer conexão em Recife.
Tinha muita gente aguardando.
Logicamente, como tudo estava atrasado em Salvador, seria complicado a conexão.
Eu estava tranquilo... A única conexão que eu iria fazer em Recife era pra eu ir para casa de Uber (ou Pop ou InDrive).
Vejo o preço pelo menos nos dois primeiros, pois o InDrive começou diferente mas tá igualzinho aos dois mais famosos. Ou seja... Ruim também!
Fiquei tão tranquilo que fiz besteira.
Ouvi um comentário de uma turma que estava também nesse voo, onde um rapaz falou que o embarque seria 1h depois do horário do voo.
E não fui conferir a informação.
Fiz uma conta rápida (errada) e achei 6h30 no resultado final.
Oxe, vou dar uma caminhada pelo aeroporto então...
Não fui muito longe, mas achei umas cadeiras-rede, e resolvi dar uma descansada ou até uma cochilada, porque pelas minhas contas (erradas), tinha tempo para isso.
Tenho o maior medo de dormir enquanto aguardo o voo, e nesse dia não foi diferente.
Coloquei o despertador para 6h10 (olha a merda!), e tentei dormir, mas não consegui.
Não ouvi nenhum chamado pelo sistema de som.
E antes do relógio chegar às 6h, me deu um desconforto, e resolvi voltar para a entrada do meu portão de embarque.
Nem precisei chegar muito perto dele para notar que não tinha uma "alma viva" mais no local!!!!
Oxe. Será que cancelaram o voo? Fiquei pensando positivamente.
Mas antes desse pensamento ser concluído, o funcionário que estava usando um rádio comunicador, olhou pra mim e falou: --- Ildemar Oliveira?
Respondi que sim, com uma cara de "fiz merda!" e o rapaz falou no rádio: --- Pode cancelar a busca da bagagem do passageiro, que ele chegou aqui.
Pediu meu documento, nem olhou a passagem, e eu entrei na passarela de embarque, enquanto escutava o rapaz falando ainda no rádio: --- Tudo ok, repito, passageiro embarcando... Repito, passageiro embarcando.
Nem ri.
Entrei com "cara de bunda" no avião, mas não notei fisionomias de quem queriam me matar.
Esperei até aplausos, mas não rolou!
Alívio total!
Sentei na minha poltrona no corredor, e enquanto o avião taxiava para chegar na cabeceira da pista, vi que tinha poltrona vazia atrás de mim.
Na realidade, várias poltronas estavam vazias.
Oxe. Será que muitos ficaram ou foram transferidos para outros voos?
Falei com a aeromoça para ver se eu poderia trocar de lugar mesmo com o avião se deslocando para o início da pista, e ela me autorizou.
Fui para uma fileira vazia, onde fiquei com tanto espaço para esticar as pernas ou achar uma posição para dormir, que acabei nem dormindo!
O tempo era curto também, e como não sou rápido para dormir, quando eu pegasse no sono, era capaz do avião tocar o solo Pernambucano.


Fiquei procurando o que fazer, mexendo na tela interativa à minha frente, e pensando também como foi muito bom o show, e como é gratificante imaginar que meu trabalho ajudou para o show ter sido daquele jeito.
Já sorrindo, fiquei pensando também que "por um triz", eu não fiquei em Salvador!
Já bastante relaxado, voltei meus pensamentos para o próximo trabalho com a Academia da Berlinda em Recife.
Mas aí já é uma outra história...
Um abraço a todos.

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