segunda-feira, 17 de outubro de 2022

E os trabalhos? - Ainda errando nas previsões!

Olá pessoal.
Depois do trabalho que fiz em Serra de São Bento no dia 13 agosto, operando o som do PA de Elba Ramalho, fiz outros trabalhos, que acabei não escrevendo nada sobre eles, mesmo tendo assunto.
Achei que não tinha tanto assunto para cada trabalho, mas acredito que eu posso falar de alguns pontos relevantes de cada um deles nesse único texto, fazendo um breve resumo.
Acho até redundante falar breve resumo, pois todo resumo deve ser breve, né? (risos)
Mas nem sempre consigo ser breve, principalmente quando vou falar sobre quatro trabalhos.
Vamos lá...
No dia 16 de setembro, fui operar o som do Estesia no Terra Café Bar, aqui em Recife.
Não conhecia o local.
Estesia - Soundcheck - Terra Café Bar.

Mas iríamos levar o equipamento de som, como acontece na maioria das vezes em que o grupo vai se apresentar em locais pequenos, como bares.
Eles alugam o equipamento, que consiste basicamente em uma mesa digital (XR18), 4 ou 6 caixas amplificadas, 2 caixas de sub-graves e uma caixa de monitor.
Logicamente, tem que ter os DIs para ligar os instrumentos eletrônicos e o microfone para a voz do vocalista.
Já tinha feito dois trabalhos anteriormente com o grupo, então eu já sabia como era o som deles.
Por isso, não tive problemas com esse novo trabalho no Terra Café Bar.
Só não imaginava que existia o problema de volume do som com relação aos vizinhos.
Mas como na maioria das vezes o som do grupo é feito de fora para dentro do palco, consegui contornar o problema sem grandes dificuldades.
O Estesia ficou no centro do espaço, onde direcionei as 4 caixas amplificadas EON para eles.
Ao redor do grupo ficou o público. Eu nem consegui ver direito os músicos, e não consegui também achar um lugar confortável para mixar.

Como o som ficou muito direcionado, usei as duas caixas do bar direcionadas para um espaço que ficava na entrada do ambiente.
Até usei essas caixas no começo para mixar o áudio do show, mas como a casa não lotou e esse espaço ficou praticamente vazio, solicitaram desligar as caixas para amenizar o vazamento do som para a vizinhança.
Ok, sem problemas. Realmente não iria interferir no resultado da sonorização.
Tem outro show do Estesia marcado para esse mesmo lugar, e já decidi usar essas duas caixas do bar viradas também para os músicos, mas com o som passando por todo o espaço da entrada e indo pro palco central.
Resumindo... Foi tudo tranquilo nesse show. Deveria ter levado meu vinho. (risos)
Mesmo estando (mal) acostumado com o sistema da Turbosound que normalmente é locado para esses shows do Estesia, e nesse dia não foi, o resultado sonoro final ficou bem legal!
Vamos para os outros 3 shows...
Pra variar, onde achei que ia arrasar, foi o que menos agradei.
Foram dois shows seguidos de Siba (22 e 23/09).
Um na Praça do Arsenal em Recife, e o outro na cidade dele, Nazaré da Mata, interior de Pernambuco.
Esse em Recife era com um equipamento muito bom, in-ear sem fio, mesa Vi6 da Soundcraft no monitor... Nesse show eu iria fazer o monitor.
Siba - Soundcheck - Praça do Arsenal.

Primeira vez que uso a Vi6 num trabalho de monitor. Gostei muito!!!
Mas não foi suficiente para resolver o grande problema nesse palco.
Vou explicar.
Chegou uma nova moda aqui em Recife nos eventos organizados pela prefeitura.
Palcos com vários lados. Nesse do Arsenal, eram dois lados, o chamado 180 graus.
Posso até dizer que nesse caso foi um 180 graus Fake.
Até interessante para o público, principalmente quando é bem projetado, o que não foi o caso aqui.
A pessoa que estava de frente para o vértice onde se encontravam os lines dos dois lados do palco, com certeza ouviu uma coisa completamente diferente de quem estava na frente dos dois lados do palco.
Nem vou falar de todos os problemas desse palco, focando somente na monitoração.
Eram 4 lines, formando dois L/R, um para cada lado do palco.
Só que... Desses 4 lines, dois ficavam num vértice da estrutura, sem nenhuma barreira na parte de trás, fazendo com que voltasse muito som dessas caixas para dentro do palco.
Nesse show de Siba, fora o baterista que usa caixas na monitoração, o resto usa fones.
No soundcheck foi tudo certo. Não tive problema algum.
Mas na hora do show, onde meu amigo Adriano teve que subir bem mais o volume do som no PA, o vazamento aumentou absurdamente no palco, entrando nos microfones.
Aí ficou desconfortável para os músicos no palco.
Menos para o baterista, que estava usando as caixas na monitoração, e para Aline (teclado), que só pediu poucos ajustes no fone dela. Ela não canta nesse show.

Notei que estava desconfortável no palco quando vi Siba tirando do ouvido um dos lados do fone.
E quando fui escutar a via dele no meu fone, entendi perfeitamente o que ele estava passando.
Ao fechar o microfone dele, limpava tudo.
Com ele aberto, captava todo o vazamento das caixas do PA que entraram no palco com força!!!
Isso aconteceu também com Nico, integrante da banda, que também canta no show.
Resumindo... Fizeram o show na raça, se adaptando ao vazamento do som do PA.
E eu crente que iria arrasar... 
Seguimos para o  outro show em Nazaré da Mata, onde nas minhas previsões, seria o sofrimento maior, pois o equipamento era bem precário.
Quando recebi a relação dos equipamentos, desanimei.
Só tinha uma mesa de som no palco para fazer PA e monitor.
Eu já sabia que seria só eu para fazer esse trabalho.
Fora o side (caixas de som que ficam nas laterais do palco), só iria ter duas caixas de som para fazer o monitor dos cantores!
O resto tinha que usar fones.
Como usar fones não era o problema, porque a banda já faz isso, fui resolver o problema da monitoração do baterista (Rafael), que usa caixas de som nesse show no monitor, incluindo uma caixa de subgrave.
A solução que encontrei foi pegar as duas caixas que eram para os cantores, colocando-as para a bateria.
Não tinha caixa de subgrave na relação dos equipamentos, mas convenci Carlos (diretor de palco), e ele conseguiu essa caixa.
Siba - Soundcheck - Nazaré da Mata.

Aliás... Carlos foi uma peça importantíssima para o resultado final do meu trabalho, e consequentemente para o resultado excelente do show.
Fez de tudo no palco. Plugou, desplugou, marcou cabos e microfones... Fez de tudo!!!
Foi muito mais que um diretor de palco.
Sem ele, com certeza o resultado teria sido outro.
No documento dos equipamentos não tinha dizendo qual o modelo do line array.
Só dizia a quantidade de caixas.
Fui preparado para o pior.
Para não usar o sistema de fones da empresa de som, onde não sabemos se está com problemas, e em muitos casos o conector usado no cabo deles é só para conectar os fones da empresa, levamos os amplificadores de fones dos músicos. Siba e Nico possuem o amplificador, e eu levei o meu da Power Click para Aline.

Monitoração resolvida.
Conectei meu iPad na mesa de som, uma M7CL da Yamaha.
Coloquei minha música para tocar. Fui na frente ouvir o som do PA, e...
Oxe!! Tá massa!!
Nem lembro da marca e nem do modelo das caixas.
Só sei que soou legal, e era o que me importava naquela hora.
Para ajudar na mudança de palco, fiz todo o patch dos meu canais digitalmente.
Carlos me passou onde cada instrumento seria ligado para todas as bandas, e eu ajustei isso antes de passar o som.
Para vocês entenderem, vou explicar.
(As duas fotos abaixo que coloquei para ilustrar a explicação, é a cena da mesa que salvei no meu pendrive depois do show, e eu abri essa cena no Editor Offline usando o programa Studio Manager, da Yamaha.)
Clique na imagem para ampliar.

Ex: O microfone da voz principal seria ligado no canal 27 para todas as bandas, mas na minha cena desse show, a voz de Siba está no canal 15.
Então, eu vou no meu canal 15, e na opção de input (entrada) mudo de 15 para 27.
Isso é o que chamamos de "mudança de patch de entrada".
Clique na imagem para ampliar.

Agora, meu canal 15 da mesa (voz de Siba) está recebendo o sinal que está na entrada física 27.
Vários canais da mesa podem receber o mesmo sinal de entrada? Sim.
Posso enviar esse sinal da entrada 27 para todos os canais da mesa de som.
Chamamos isso de "duplicar os canais".
E ao contrário? Posso enviar todos os sinais distintos das entradas físicas para apenas um canal?
Não. Não pode.
Entretanto, na série Vi da Soundcraft, o usuário pode endereçar duas entradas físicas para o mesmo canal. Mas somente duas, viu?
Aí ele escolhe qual das duas quer controlar.
Não conheço outra mesa com essa função. Vou até perguntar aqui nos meus grupos de áudio.
(Já me responderam. A DiGiCo tem essa opção também.)
Muito útil para se usar na voz reserva do cantor, sem a necessidade de dois canais na mesa de som.
No canal da voz principal você pode colocar esse segundo INPUT como opção, e se o microfone do cantor parar, é só mudar para o input 2, entregar o microfone reserva para o cantor, e controlar ele no mesmo canal da voz principal.
O "normal" é ter na mesa outro canal com o microfone reserva ao lado do canal da voz principal, e na hora da troca, copiamos todos os ajustes do canal principal que foram feitos durante o show e colamos nesse canal da voz reserva.
Nesse caso do "input alternativo", não precisamos ajustar mais nada na troca.
Foi correria pra passar o som em Nazaré da Mata? Foi.
Mas deu para ajustar tudo!!!!
A mesa estava com "os velhos" problemas nos faders? Estava. Em alguns.
Por isso fiz praticamente todos os ajuste no iPad, mesmo eu estando ao lado da mesa.
Era muito arriscado "flipar" a mesa, mudando as funções dos faders.
Soundcheck finalizado (na correria).
Aí foi só aguardar a hora do show.
Será que volta tudo pro lugar na hora? Essa era minha única dúvida!
Mas Carlos resolveu esse problema!
Conseguimos colocar tudo no lugar, e o show começou!

Fiquei nas primeiras músicas no palco, para ver se alguém iria pedir alguma coisa nos monitores, e quando notei que estava tudo certo, segui para frente com meu iPad para ajustar o som do PA.
Foram só ajustes finos. Achei "bem bom".
Ahhh! Não tive problema algum na monitoração!!!
Também... Não tinha som do PA entrando nos microfones como no Arsenal, né???!!! (risos)
Foi tudo massa!!! Deveria ter levado meu vinho. (risos)
Vamos para o derradeiro trabalho, que aconteceu no dia 8 de outubro na Casa Estação da Luz (Olinda), e que no primeiro contato do meu Amigo Renato Bandeira, falei que não aceitaria.
Por que?
Porque eu já sabia que existia um controle absurdo do volume de som por causa da vizinhança.
E fiquei sabendo que tá mais complicado ainda atualmente, com vizinho querendo invadir festa pra brigar por causa do som alto. Parece que essa tentativa de invasão foi em outra casa de eventos, bem próxima do local desse meu trabalho que estou comentando aqui.
Fora isso, a estrutura da casa não é feita para bandas completas, com bateria, baixo, guitarra, teclado, percussão, vocais etc.
Tanto que, para esse evento, que era um aniversário, seria necessário alugar equipamentos, como amplificadores de instrumentos, monitores, caixa de subgrave, microfones etc.
E ainda para completar, fora a banda montada por Renato Bandeira, que acompanharia vários cantores, ainda teria outra atração, que iria se apresentar antes. Então, esse segunda atração teria que passar o som depois da gente, pra deixar tudo montado.
Disse para Renato que não iria aceitar.
No outro dia, me lembrei do que Mário Jorge, técnico de Elba Ramalho (entre outros), me falou um dia: "Titio, a gente é contratado exatamente para resolver esses problemas."
É mesmo, né? Pensei.
Liguei para Renato, e falei que iria fazer o trabalho.
Participo de um grupo religioso, com apenas um membro (eu), onde um dos principais mandamentos é "sofrer menos na vida".
Vou mudar esse mandamento, pois sou eu quem manda no grupo, e colocar "tentar, se der, e não for absurdo o trabalho, sofrer menos na vida".
Fica melhor, não é? Principalmente para um freelancer!
Vou resumir esse trabalho bem rápido, pois já estou escrevendo na quarta página de WORD.
Festa de aniversário na Casa Estação da Luz.

O palco era bem pequeno, e por isso colocamos a percussão no chão, e os cantores convidados iriam cantar fora do palco também. Não dava pra colocar todos em cima!
Começamos até bem o soundcheck, mas alguns probleminhas foram aparecendo, com relação ao VS (bases gravadas) da banda, e com o fone da percussão.
Aí acabamos atropelando o tempo do soundcheck da outra banda, onde meu amigo Vini iria operar o som.
No show dele, eram 4 músicos, com violões, cavaquinho, pandeiro, tamborim, tantan e vocais.
Acabamos meu soundcheck na correria, e descartamos o VS com as bases gravadas.
Resolvi o problema do monitor da percussão, usando meu Power Click (XLR Stereo), que já estou levando na minha mochila para emergências.
Tiramos todos os nossos instrumentos do palco depois do soundcheck!
Vini passou o som da banda dele, e fomos almoçar um sanduíche na esquina.
Eu, Vini e Cléber, técnico da Casa Estação da Luz.
Isso já era perto das 15h.
O evento começaria cedo, e estava previsto para o primeiro show começar às 17h30.
O sanduíche tava ótimo!
Comi um Chees-Bacon. Show de bola!!!
O nome da lanchonete?
Val Lanches (pode ser também Val Burguer), que fica na Rua Prudente de Morais, na primeira esquina logo depois da Casa Estação da Luz.
Muito bom!
Cléber, mesmo sozinho, foi perfeito no soundcheck, deixando tudo pronto para a religação dos nossos instrumentos e monitores, pois ele não estaria no local na hora da apresentação.
Me lembrou Carlos em Nazaré da Mata.
Mesmo com todos os nossos instrumentos retirados do palco, a equipe montou e religou tudo, muito antes do eu havia previsto.
Agradecer ao nosso Roadie (Seu Creison), e a JR Som (Jr e Play).
Arrasaram!
O show???
Foi muito bom!

Expliquei a situação para os músicos, falando que se o volume do som no palco fosse muito alto, mais complicado seria para fazer o som do PA.
Eles entenderam perfeitamente, e o resultado sonoro do show foi absurdamente bom, mesmo com a mudança constante dos cantores.
Fiquei lá na frente nessas mudanças, ajustando o canal da voz que entrava.
Problema zero com a "gerente" da Casa, que no meio do show, enquanto eu estava operando o som com meu iPad lá na frente, falou:
"--- Tá vendo? Que dá para fazer um show com banda completa com um som bom, sem ser alto?!?!?" (risos)
Deveria ter levado meu vinho mais uma vez!!!!
E que eu continue errando minhas previsões, sempre para melhor!
Um abraço a todos.

sexta-feira, 7 de outubro de 2022

Nova invenção - Não sou eu quem paga, aí fica mais fácil tirar onda.


Olá pessoal.
Eu iria colocar esse caso na seção "Parece Mentira... Mas foi verdade!".
Mas resolvi fazer uma postagem exclusiva, pois o assunto é muito interessante.
Essa foto acima apareceu para mim nessa semana no Instagram, postada por "audionaestradaoficial".
Compartilhei na hora nas minhas Redes Sociais, até tirando onda, falando que a tecnologia estava sempre avançando.
Não demorou muito tempo para que meus colegas e amigos que trabalham em empresas de sonorização justificassem a atitude de quem fez as proteções de ferro para os microfones.
Eu já sabia o motivo da invenção.
E meus amigos só me confirmaram e foram unânimes na justificativa, falando:
--- Titio, você não imagina a quantidade de microfones danificados pelas baquetas dos bateristas e percussionistas!!!
Realmente, eu não imagino.
Sei que esse problema sempre existiu, mas não tenho a menor ideia da periodicidade que acontece.
Pedi até para um amigo que trabalha em empresa de som me enviar fotos desses microfones danificados pela ação das baquetas. Ver fotos abaixo.


Perguntei também pra ele quem paga pelo prejuízo, já imaginando também a resposta.
E acertei.
A empresa de som assume o prejuízo.
Muita gente deve falar que tá certo, que o músico não poderia se responsabilizar por isso, que o prejuízo deve ser mesmo absorvido pela empresa de som.
Aí eu pergunto: E o contratante da empresa de som? E a produção da banda? Poderiam assumir isso?
Vou usar mais uma vez a frase do cantor/compositor Silvério Pessoa para ilustrar essa minha dúvida: "Tudo depende do ponto de vista."
Gosto muito dessa frase de Silvério.
Um simples caso, pode ter várias interpretações!
O STF que o diga, né?
Veio um exemplo na minha cabeça.
Uma pessoa aluga um carro.
E por acidente, ao colocar alguma coisa no banco traseiro, rasga o forro do banco.
Ainda para completar, quando ele foi entregar o veículo, aconteceu de uma pedra cair de um viaduto quando ele estava passando com o carro por baixo, e quebrou o vidro da frente. (Escolhi um cara num dia horrível!)
Resumindo... Ele entregou o carro com o banco rasgado e o vidro quebrado.
Quem vai pagar pelos danos causados acidentalmente?
Pelo que eu sei, o rapaz que alugou esse carro e não estava num dia bom, vai ter que assumir esse prejuízo, mesmo pagando pelo aluguel do mesmo.
Viram como tudo depende do ponto de vista?
Acho os dois casos bem parecidos, com soluções diferentes.
Ok, não foi o músico que alugou os equipamentos de som... Certo, não foi.
Mas alguém alugou, né?
Então eu dou um desconto ao rapaz que criou, no desespero, essa proteção grosseira de ferro que acabou com a captação do microfone.
Não estou pagando pelos equipamentos danificados, aí fica mais fácil tirar onda, não é?
E ainda ele criou uma excelente arma branca, para ajudar numa briga no palco! (risos)
Mas se ele fizer essa modificação em todos os microfones, o gaveteiro onde eles são guardados, vai ficar mais pesado do que a caixa dos cabos!!!!!!! (risos)
Conversando com um EX dono de empresa de som de Recife, ele me falou que na época que estava no mercado, perdeu uns 50 SM57 e alguns e604 por causa das "baquetadas".
Já dizia o velho ditado:
"Baquetadas no microfone dos outros é refresco!"
Um abraço a todos.