sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

Cantata Caixa de Natal – Começar do zero não mata!



Olá pessoal.
Lembrando o que falei no texto sobre o último trabalho...
“Saí direto para o Marco Zero para passar o som da Cantata Caixa de Natal. Mas isso é outra conversa."
Foi assim mesmo.
Saí direto do sound check de Alceu para o Marco Zero, onde passaríamos o som do evento Cantata Caixa de Natal que seria realizado no outro dia, domingo dia 14.
Estranho o nome cantata, né?
Sempre achei que era cantada.
Cantata = s.f. Composição musical para uma ou mais vozes com acompanhamento, geralmente para solista, coro e orquestra.
Não teríamos uma orquestra neste evento.
Seria uma banda formada por: Bateria, baixo, guitarra (violão aço e nylon), teclados (dois tecladistas), trompete e percussão.
Esta banda ficaria num pequeno palco armado na entrada do prédio. E acima nas janelas um monte de crianças formando o coro.
Ainda ia ter a participação de Ivan Lins e Paulo Rafael, que se apresentariam também lá em cima, na janela central.
Muito legal ter uma banda tocando ao vivo, normalmente nestas cantatas é uma base pré-gravada e o coro cantando ao vivo em cima desta base.
O chamado playback.
E dublado?
Dublado é quando tudo está gravado, inclusive as vozes. Aí o pessoal fica fingindo que está tocando e cantando.
Meu Amigo Rogério Andrade ficou responsável pelo PA, eu pelo monitor, e meu outro Amigo Ricardo Cruz iria mixar o coro lá em cima com outra mesa.
Esta mixagem (L/R) de Ricardo do coro era enviada para mim e para Rogério lá na frente.
Todo o coro foi antecipadamente gravado e mixado (L/R) em estúdio. Rogério era quem iria mixar (dosar/juntar) os quatro canais na hora.
Esta “técnica” é muito usada em shows ao vivo, principalmente em vocais e metais.
Qual o problema em usar esta ferramenta?
O artista não pode inventar nada durante a música, tendo que seguir à risca o que foi feito no ensaio. Não pode esquecer a fórmula da música, pois se ele errar, tudo vai dar errado.
Para controlar o som do PA colocaram uma mesa Venue Mix Rack. No monitor eu tinha uma PM5D da Yamaha.
O line array foi o AERO12 da D.A.S. mais os subs FZ 218.
Lá em cima, Ricardo usou uma LS9 e uma 01V.
Fazia um bom tempo que eu não começava uma cena do zero.


Como eu não tinha ideia de como era a banda, quais instrumentos seriam utilizados e de quantas vias de monitoração eu iria usar, tudo começou do zero.
Chamei a cena “inicial data” da PM e fui montando a cena.
Rogério foi me falando os instrumentos e eu fui colocando os nomes nos canais.
Decidimos fazer como a gente faz em Alceu. O que aparecer de novidade, colocamos nos últimos canais.
Era a gente mesmo que iria operar, por isso não tem problema nenhum em fazer isso.
No palco, apenas três caixas de monitor, o resto era fone.
Uma caixa para bateria (só com o bumbo), uma caixa para o trompetista e outra para o guitarrista.
A maioria usou fone porque existiam coisas pré-gravadas, e o uso do click para marcação do andamento e imprescindível!
Não podemos usar caixas normais de monitor para um músico que vai ter que ouvir este click porque com este som saindo nas caixas, todo público iria ouvir o click que iria ser captado pelos microfones no palco.
Passamos o som como um show normal, e eu fui fazendo a mixagem via por via.
Inclusive, eu já ia adiantando a mixagem para a via de Ivan Lins e outra para Paulo Rafael, que usariam in-ear sem fio.


Como eu imaginei que muito provavelmente eu iria copiar uma mixagem de uma via para a outra, liguei antecipadamente para Rodrigo (Bizasom) que sempre usa a PM5D no monitor, para perguntar como isso era feito na PM.
Não lembrava de ter feito isso na PM5D alguma vez, mas tinha quase certeza absoluta que poderia ser feito.
E pode.
E usei muito!
Depois de fazer uma mixagem para o in-ear de Ivan Lins, copiei esta mixagem e colei nas outras duas vias que iam lá pra cima. A via de Paulo Rafael (in-ear sem fio) e a via para o coro.
Copiei e colei também esta mixagem na via da percussão.
O áudio da mixagem para o coro entrava na mesa de Ricardo e ele distribuía para o “monte” de crianças espalhadas nas janelas.
Várias caixas amplificadas faziam este trabalho de monitoração para as crianças.
O Maestro Antônio Mariano, normalmente chamado de Tovinho (meu irmão), tinha um microfone à sua disposição aonde sua voz ia para todas as vias de monitor.
Ele se comunicava com todos da banda, com o coro e também com Paulo Rafael.
Sua voz só não foi enviada (no início) para a via de Ivan Lins.
Quase conseguimos fazer tudo no sábado, só não conseguimos passar a percussão.
Mas deu para passar a banda tocando (sem percussão) junto com o coro das crianças.
E Paulo Rafael ajustou a mixagem do seu in-ear.
Já foi mais que meio caminho andado. Deixamos o resto para o outro dia.
Não esqueçam que neste dia aqui eu ainda iria voltar para o Instituto Ricardo Brennand para trabalhar no show de Alceu Valença.
Só eu não.
Eu, Rogério, Tovinho, Paulo Rafael, Nando Barreto e Ambrósio (roadie).
O show de Alceu já contei como foi, então vamos passar para o domingo, dia do evento no Marco Zero.
Cheguei antes do meio-dia para ajustar os últimos detalhes do som.
O sol estava absurdamente quente e batia de frente com o palco, que se transformou num forno a céu aberto.
Conseguiram improvisar uma proteção para a gente poder fazer algo nesta hora do sol batendo no palco.
Não ficou bonita a improvisação, mas funcionou!


Fizemos os ajustes que faltavam, ligamos toda a percussão e passamos peça por peça.
Logicamente já existia uma mixagem da banda no fone do percussionista que eu copiei de outra via, lembram?
Ele não me pediu nada da banda quando passamos uma geral com todos.
Para não dizer que não foi nada que ele pediu, solicitou apenas o aumento do volume do click. Só isso.
Estas cópias de mixagem ajudaram muito na diminuição do tempo gasto para passar o som porque não fui passando peça por peça para os fones de Ivan, Paulinho e Miau (percussão).
Tudo estava lá quando eles colocaram os fones, a gente foi só ajustando ao gosto de cada um.
Enquanto passávamos o som geral, eu “solei” a via estéreo de Ivan Lins, e seu técnico foi me pedindo os ajustes no fone do cantor pelo microfone principal.
Foto: Leandro Rodrigues.
Ainda passamos uma música com Ivan Lins usando o in-ear dele.
Tudo certo? Tudo certo. Então tá.
Fechei todos os canais, salvei a cena na mesa e no laptop e travei a mesa.
Aguardamos pela hora do evento.
Subi para falar com Ricardo e para comer e beber alguma coisa.
Estava com fome. Não tinha almoçado.
Muito legal o evento com banda ao vivo.
É muito (muito mesmo!) mais complicado de fazer, mas fica muito (muito mesmo também!) mais bonito e emocionante!
Foto: Leandro Rodrigues.

Acredito que este evento vai continuar em anos vindouros.
O público no Marco Zero já foi bem grande para uma “primeira vez”.
Para não dizer que foi 100%, Ivan Lins saiu da fórmula da música, e como falei antes, não pode sair!
Todos têm que seguir a fórmula.
Não teve jeito.
Tovinho teve que parar a base pré-gravada, e foram seguindo o artista até se encontrarem novamente.
Mas alguém pode perguntar:
--- E as vozes das crianças que estavam gravadas e que parou junto?
As vozes ao vivo das crianças existiam, eles não estavam dublando.
Aí foi só Rogério aumentar mais os dois canais destas vozes mixadas por Ricardo lá em cima.
Nesta hora, o microfone de comunicação de Tovinho trabalhou valendo!
Foto: Leandro Rodrigues.
Viram como começar do zero não mata ninguém?
Chegamos ao final do mesmo jeito!
Tudo tava tão redondinho, tão bem feito, que pela primeira vez senti algo ao ouvir o Hino de Pernambuco.
E Paulo Rafael com sua guitarra, mostrou que nem toda cantata de natal tem que ser igual!
Um abraço a todos.