Olá
pessoal.
Enquanto
sigo de avião para Belo Horizonte com Naná Vasconcelos para fazer um show em
Inhotim, resolvi começar o texto do show que fiz semana passada com Alceu Valença
no SESC Campo Limpo.
Gosto
muito de trabalhar em shows nos teatros e espaços do SESC, principalmente os
que ficam em São Paulo.
Por que?
Porque normalmente tudo é muito bem cuidado e organizado, desde os camarins até os
equipamentos de som e luz.
Nunca
fiz nenhum trabalho no SESC da minha cidade (Recife). Gostaria de saber se é o
mesmo padrão.
Neste
show do SESC Campo Limpo em São Paulo pude comprovar mais uma vez este meu
pensamento.
Normalmente
nos show de Alceu, seguimos bem cedinho no mesmo dia do show, para passar o
som na parte da tarde, depois de almoçar.
Neste
foi diferente.
Seguimos
um dia antes do show porque não poderíamos passar o som no dia do show por
causa de problemas com a vizinhança.
Quando
fiquei sabendo disso, lembrei na hora do Sítio da Trindade, um espaço que
existe em Recife onde acontece eventos com shows, principalmente na época de São
João.
Uma
vez operando o som do PA no São João, o fiscal pediu tanto para eu baixar o som
enquanto olhava o decibelímetro, que eu baixei abruptamente todo o fader do máster
da mesa, zerando por completo o som da frente enquanto o show rolava.
Enquanto
o fiscal me olhava com cara de assustado, perguntei quanto era pra ser no
decibelímetro.
Ele
ainda assustado me falou um valor e eu mostrei pra ele que SEM o som da frente
funcionando este valor já era superado pelo som que vinha do palco mais o ruído
do público!
Não tinha como chegar neste valor que ele
queria!
Ele
concordou meio "sem jeito" e consegui deixar o som passando do valor
que tinham passado para ele fiscalizar, mas mesmo assim ficou muito baixo.
Dei
prioridade para a voz da cantora, deixando em segundo plano os instrumentos.
Me
senti no Sítio da Trindade enquanto passava o som na área externa do SESC Campo
Limpo.
Para
fazer o monitor eu tinha uma M7CL da Yamaha e na frente Rogério tinha uma Venue
da Avid.
O
line array era da FZ e os monitores também.
O
técnico da empresa de som veio me alertar sobre o excesso das altas frequências
dos monitores, mas eu já sabia disso por que já tinha feito um show anterior no
SESC Interlagos com estes monitores.
Mais
uma vez a mesa não enxergou no pendrive a cena que eu montei em casa. Já virou
rotina isso. Eu não tinha problemas em fazer minhas cenas em casa, colocar no
pendrive e passar para as mesas.
Mas
de um tempo pra cá, não estou conseguindo mais isso.
A
cena está lá no pendrive, certinha, mas as mesas não estão enxergando.
Muito
provavelmente deve ser incompatibilidade das versões dos meus programas que estão
sempre atualizados, com as mesas com o firmware desatualizado.
Mas
sempre os técnicos das empresas falam que a mesa está atualizada.
Vou
tentar desvendar este mistério.
Para
resolver este problema, conecto meu laptop com a mesa e passo a cena
normalmente.
Fiz
isso novamente aqui neste trabalho, mas é muito chato ter que conectar o laptop
toda vez.
Estou
levando aqui para este show de Naná uma cena no pendrive que eu montei para a
CL5 da Yamaha.
Depois
conto se a mesa enxergou a cena.
Fora
a cena, estou levando duas garrafas de vinho, pois vou ter hoje a noite e todo
o sábado livre no hotel fazenda onde ficarei hospedado.
Depois
também conto estes detalhes em Inhotim, MG.
Vamos
voltar para São Paulo.
Não
tive grandes problemas para passar o som em Campo Limpo.
Foi tudo dentro da normalidade.
O
side não era duplo, e o espaço do palco não era pequeno, mereceria um side
duplo.
O
som no palco não ficou tão encorpado como geralmente fica nos show de Alceu.
No side é quase uma mixagem de PA, vai praticamente tudo.
Mas
como iríamos ter problemas de volume do som durante o show, era até bom que o
som do palco não ficasse alto. Com um som no palco mais ameno, seria mais fácil
para Rogério fazer o som da frente.
Durante
o sound check, o som na frente estava tão "comportado" que achei que
estava desligado em alguns momentos.
A
banda também notou isso, principalmente o baterista Cássio Cunha.
Um
palco silencioso nunca vai prejudicar o som da frente, fica até mais fácil
fazer o som da frente porque vem tudo limpo do palco, sem os vazamentos pelos
microfones.
Mas
um som de PA muito baixo pode ser ruim para a monitoração, principalmente
quando todos usam caixas de som no palco.
O
vazamento do som da frente é somado com o som dos monitores, deixando o som
mais cheio no palco. O músico acaba até pedindo menos som nos monitores por
causa disso.
Logicamente
que um som de PA muito alto pode arruinar a monitoração e até o show, pois pode
causar realimentações quando este grande vazamento é captado pelos microfones
no palco.
Um técnico depende do outro!
Um som depende do outro.
Um som depende do outro.
PA e monitor se completam.
Muito técnico não entendeu isso até hoje!
Eita.
Turbulências chegando em Belo Horizonte.
Tá balançando tudo.
Tá balançando tudo.
Só
lembro do meu Amigo André Julião nestas horas.
Depois
acabo este texto no hotel, bebendo meu vinho
Vou apertar o cinto, que nunca tiro durante todo o voo.
Faço isso também quando a viagem é terrestre!
Vou apertar o cinto, que nunca tiro durante todo o voo.
Faço isso também quando a viagem é terrestre!
--
Vejam
bem...
Não tenho a menor condição de me estender mais neste texto depois de chegar ao hotel fazenda.
Depois de mais de 20 anos, bebi uma bebida alcoólica em jejum.
Não tenho a menor condição de me estender mais neste texto depois de chegar ao hotel fazenda.
Depois de mais de 20 anos, bebi uma bebida alcoólica em jejum.
Acordei
aqui no hotel e fui para a piscina. Não acordei cedo para o café da manhã
porque o jantar ontem foi pesado.
Pedi
um petisco, mas como estava demorando, bebi água e entrei no vinho para
aguardar o "frango à passarinho".
Ainda
tentei almoçar, mas já tinha comido muito frango.
Logicamente,
coloquei uns pedaços de torresmo acompanhados por carne de porco e feijão
tropeiro para acompanhar o restante da garrafa de vinho no “falso-almoço”.
Pra
finalizar, doces!!!
Estou
em Minas Gerais, lembram?
Pudim,
mais goiabada e mais doce de mamão.
A
goiabada foi a melhor que provei em toda a minha vida!
Quase
choro.
Deveria ter tirado uma foto do pequeno prato com
os doces. Mereceria.Voltei para o quarto para tentar escrever as últimas linhas deste texto e dormir!
Naná já marcou um jantar mais tarde.
Não preciso falar que vai ter vinho, né?
Fui
para o hotel pensando no sound check.
O
palco não estava com o mesmo “punch”.
Com
certeza, Alceu iria sentir isso.
Nem
saí com a galera à noite pensando nisso, em como melhorar.
Tudo
bem, reconheço que sou exagerado em muitas coisas.
Dramático?
Pode ser.
Mas
não saí mesmo.
Conversei
com Rogério no outro dia, pedindo para ele ir subindo o som do PA aos poucos,
pois sabia que ele teria que aumentar o volume na hora do show com o público.
E
falei também que eu iria fazer algumas mudanças na voz de Alceu para encaixar
mais nos monitores, inclusive aumentando o reverber (mesmo ele pedindo para baixar nos dois shows anteriores que fiz) e clareando mais as altas
no monitor dele, pois tinha certeza que ele iria achar “seco” por não ouvir
muito o som da frente.
Fiz isso antes de começar o show.
O
show começou e já no meio da primeira música Alceu me pediu mais efeito na voz.
Só
errei na quantidade.
No
restante do show foi normal.
Pequenos
ajustes aqui, outros ali. Normal.
O
show foi muito bom! Muito bom mesmo!
Quando
um público vai disposto a ver o show, todo o resto fica em segundo plano.
Como
eu havia previsto, Rogério teve que aumentar mais o som da frente com o local
cheio de gente, mas nada para ter problemas com a produção do SESC.
Teria
até outros pequenos detalhes para comentar, mas...
Diferente
do dia anterior, eu mesmo chamei a galera depois do show para ir na esquina do hotel
para comemorar o show.
Tomei meu vinho, acompanhado por pedaços de
pizza, que era a única coisa salgada que tinha no boteco.Todos os músicos, e todos da técnica e da produção participaram desta reunião na esquina do hotel.
Muito legal este pós show.
Como é bom ter motivos para comemorar.
Vou
dormir, que mais tarde tem mais vinho.
Num
local que nunca tinha pisado antes e com outra galera.
E
isso não tem preço no meu trabalho.
Um
abraço a todos.
Obs:
O título deste texto era “Lembrei do Sítio da Trindade”, mas estou tão bem aqui
que mudei o título quando acabei de escrever.
E
sejamos honestos... Só eu mesmo para finalizar este texto nesta farra que estou
aqui!