sábado, 30 de agosto de 2014

Show de Alceu Valença no SESC Campo Limpo – O bom é ter motivos para comemorar.



Olá pessoal.
Enquanto sigo de avião para Belo Horizonte com Naná Vasconcelos para fazer um show em Inhotim, resolvi começar o texto do show que fiz semana passada com Alceu Valença no SESC Campo Limpo.
Gosto muito de trabalhar em shows nos teatros e espaços do SESC, principalmente os que ficam em São Paulo.
Por que?
Porque normalmente tudo é muito bem cuidado e organizado, desde os camarins até os equipamentos de som e luz.
Nunca fiz nenhum trabalho no SESC da minha cidade (Recife). Gostaria de saber se é o mesmo padrão.
Neste show do SESC Campo Limpo em São Paulo pude comprovar mais uma vez este meu pensamento.
Normalmente nos show de Alceu, seguimos bem cedinho no mesmo dia do show, para passar o som  na parte da tarde, depois de almoçar.
Neste foi diferente.
Seguimos um dia antes do show porque não poderíamos passar o som no dia do show por causa de problemas com a vizinhança.
Quando fiquei sabendo disso, lembrei na hora do Sítio da Trindade, um espaço que existe em Recife onde acontece eventos com shows, principalmente na época de São João.
Uma vez operando o som do PA no São João, o fiscal pediu tanto para eu baixar o som enquanto olhava o decibelímetro, que eu baixei abruptamente todo o fader do máster da mesa, zerando por completo o som da frente enquanto o show rolava.
Enquanto o fiscal me olhava com cara de assustado, perguntei quanto era pra ser no decibelímetro.
Ele ainda assustado me falou um valor e eu mostrei pra ele que SEM o som da frente funcionando este valor já era superado pelo som que vinha do palco mais o ruído do público!
Não tinha como chegar neste valor que ele queria!


Ele concordou meio "sem jeito" e consegui deixar o som passando do valor que tinham passado para ele fiscalizar, mas mesmo assim ficou muito baixo.
Dei prioridade para a voz da cantora, deixando em segundo plano os instrumentos.
Me senti no Sítio da Trindade enquanto passava o som na área externa do SESC Campo Limpo.
Para fazer o monitor eu tinha uma M7CL da Yamaha e na frente Rogério tinha uma Venue da Avid.
O line array era da FZ e os monitores também.
O técnico da empresa de som veio me alertar sobre o excesso das altas frequências dos monitores, mas eu já sabia disso por que já tinha feito um show anterior no SESC Interlagos com estes monitores.
Mais uma vez a mesa não enxergou no pendrive a cena que eu montei em casa. Já virou rotina isso. Eu não tinha problemas em fazer minhas cenas em casa, colocar no pendrive e passar para as mesas.
Mas de um tempo pra cá, não estou conseguindo mais isso.
A cena está lá no pendrive, certinha, mas as mesas não estão enxergando.
Muito provavelmente deve ser incompatibilidade das versões dos meus programas que estão sempre atualizados, com as mesas com o firmware desatualizado.
Mas sempre os técnicos das empresas falam que a mesa está atualizada.
Vou tentar desvendar este mistério.
Para resolver este problema, conecto meu laptop com a mesa e passo a cena normalmente.
Fiz isso novamente aqui neste trabalho, mas é muito chato ter que conectar o laptop toda vez.
Estou levando aqui para este show de Naná uma cena no pendrive que eu montei para a CL5 da Yamaha.
Depois conto se a mesa enxergou a cena.
Fora a cena, estou levando duas garrafas de vinho, pois vou ter hoje a noite e todo o sábado livre no hotel fazenda onde ficarei hospedado.
Depois também conto estes detalhes em Inhotim, MG.
Vamos voltar para São Paulo.
Não tive grandes problemas para passar o som em Campo Limpo.
Foi tudo dentro da normalidade.


O side não era duplo, e o espaço do palco não era pequeno, mereceria um side duplo.
O som no palco não ficou tão encorpado como geralmente fica nos show de Alceu.
No side é quase uma mixagem de PA, vai praticamente tudo.
Mas como iríamos ter problemas de volume do som durante o show, era até bom que o som do palco não ficasse alto. Com um som no palco mais ameno, seria mais fácil para Rogério fazer o som da frente.
Durante o sound check, o som na frente estava tão "comportado" que achei que estava desligado em alguns momentos.
A banda também notou isso, principalmente o baterista Cássio Cunha.
Um palco silencioso nunca vai prejudicar o som da frente, fica até mais fácil fazer o som da frente porque vem tudo limpo do palco, sem os vazamentos pelos microfones.
Mas um som de PA muito baixo pode ser ruim para a monitoração, principalmente quando todos usam caixas de som no palco.
O vazamento do som da frente é somado com o som dos monitores, deixando o som mais cheio no palco. O músico acaba até pedindo menos som nos monitores por causa disso.
Logicamente que um som de PA muito alto pode arruinar a monitoração e até o show, pois pode causar realimentações quando este grande vazamento é captado pelos microfones no palco.
Um técnico depende do outro!
Um som depende do outro.
PA e monitor se completam.
Muito técnico não entendeu isso até hoje!
Eita. Turbulências chegando em Belo Horizonte.
Tá balançando tudo.
Só lembro do meu Amigo André Julião nestas horas.
Depois acabo este texto no hotel, bebendo meu vinho
Vou apertar o cinto, que nunca tiro durante todo o voo.
Faço isso também quando a viagem é terrestre!
--


 



Vejam bem...
Não tenho a menor condição de me estender mais neste texto depois de chegar ao hotel fazenda.
Depois de mais de 20 anos, bebi uma bebida alcoólica em jejum.
Acordei aqui no hotel e fui para a piscina. Não acordei cedo para o café da manhã porque o jantar ontem foi pesado.
Pedi um petisco, mas como estava demorando, bebi água e entrei no vinho para aguardar o "frango à passarinho".
Ainda tentei almoçar, mas já tinha comido muito frango.
Logicamente, coloquei uns pedaços de torresmo acompanhados por carne de porco e feijão tropeiro para acompanhar o restante da garrafa de vinho no “falso-almoço”.
Pra finalizar, doces!!!
Estou em Minas Gerais, lembram?
Pudim, mais goiabada e mais doce de mamão.
A goiabada foi a melhor que provei em toda a minha vida!
Quase choro.
Deveria ter tirado uma foto do pequeno prato com os doces. Mereceria.
Voltei para o quarto para tentar escrever as últimas linhas deste texto e dormir!
Naná já marcou um jantar mais tarde.
Não preciso falar que vai ter vinho, né?
Vamos voltar para São Paulo.



Fui para o hotel pensando no sound check.
O palco não estava com o mesmo “punch”.
Com certeza, Alceu iria sentir isso.
Nem saí com a galera à noite pensando nisso, em como melhorar.
Tudo bem, reconheço que sou exagerado em muitas coisas.
Dramático? Pode ser.
Mas não saí mesmo.
Conversei com Rogério no outro dia, pedindo para ele ir subindo o som do PA aos poucos, pois sabia que ele teria que aumentar o volume na hora do show com o público.
E falei também que eu iria fazer algumas mudanças na voz de Alceu para encaixar mais nos monitores, inclusive aumentando o reverber (mesmo ele pedindo para baixar nos dois shows anteriores que fiz) e clareando mais as altas no monitor dele, pois tinha certeza que ele iria achar “seco” por não ouvir muito o som da frente.
Fiz isso antes de começar o show.


O show começou e já no meio da primeira música Alceu me pediu mais efeito na voz.
Só errei na quantidade.
No restante do show foi normal.
Pequenos ajustes aqui, outros ali. Normal.
O show foi muito bom! Muito bom mesmo!
Quando um público vai disposto a ver o show, todo o resto fica em segundo plano.
Como eu havia previsto, Rogério teve que aumentar mais o som da frente com o local cheio de gente, mas nada para ter problemas com a produção do SESC.
Teria até outros pequenos detalhes para comentar, mas...
Diferente do dia anterior, eu mesmo chamei a galera depois do show para ir na esquina do hotel para comemorar o show.
Tomei meu vinho, acompanhado por pedaços de pizza, que era a única coisa salgada que tinha no boteco.
Todos os músicos, e todos da técnica e da produção participaram desta reunião na esquina do hotel.
Muito legal este pós show.
Como é bom ter motivos para comemorar.



Vou dormir, que mais tarde tem mais vinho.
Num local que nunca tinha pisado antes e com outra galera.
E isso não tem preço no meu trabalho.
Um abraço a todos.
Obs: O título deste texto era “Lembrei do Sítio da Trindade”, mas estou tão bem aqui que mudei o título quando acabei de escrever.
E sejamos honestos... Só eu mesmo para finalizar este texto nesta farra que estou aqui!