segunda-feira, 24 de abril de 2023

Parece mentira... Mas foi verdade! - Caso 31.

Olá pessoal.
Essa história eu já conheço faz muito tempo, e ela veio à tona hoje numa conversa com um amigo das antigas chamado Janjão, que eu até já fiz homenagem para ele aqui no Blog.
Com um detalhe... Ele está "vivinho" ainda, morando numa chácara no interior de Minas Gerais.
Mas continua produzindo de lá, peças de áudio para o Estúdio Panela, como jingles, trilhas, discos etc.
A internet nos propicia isso atualmente, né?
Mas vamos ao "causo", que nem aconteceu com Janjão, e sim com Zé da Flauta e o irmão dele, chamado Paulinho da Macedônia.
Fui falar com Zé para me autorizar a postagem falando sobre o assunto, e para ouvir dele a história completa, porque eu poderia estar enganado com algum detalhe, e nem sabia se era totalmente verídica.
Mas o que eu sabia, estava quase 100% correto.
Inclusive, Zé da Flauta fala sobre esse caso no livro dele, lançado agora em março, que se chama "Tempos Psicodélicos e Outros Tempos", que é a foto no início dessa postagem.
Nesse livro ele fala de vários assuntos, como a fase da Psicodelia Pernambucana, o Movimento Armorial, o Movimento Mangue, e conta vários causos que aconteceram com ele.
Fica aqui a dica para uma boa leitura.
Vamos lá...
A história é sobre um jingle.
Para quem não sabe o que é um jingle, é uma música cantada para divulgar algum produto nos meios de comunicação, como TV e rádio.
Os jingles tiveram uma força absurda tempos atrás.
Hoje ainda existem, mas não são tão utilizados como antigamente.
Trabalhei muito tempo mixando jingle no Estação do Som, e posso garantir que ainda era bastante explorado na década de 90.
Tinha jingle que usava música de sucesso, logicamente pagando para os autores da música, onde só a letra era modificada para encaixar o produto, como uma sapataria.
O Estúdio Estação do Som produziu muito jingle desse tipo para a Esposende à pedido da O&M Propaganda, que de tanto veicular, o público esquecia da letra original da música!!
Geralmente esses jingles tem a duração de 30 segundos ou 1 minuto.
O jingle dessa história foi criado por Zé e Paulinho para a Pitú, a aguardente de Vitória de Santo Antão (PE).
E isso aconteceu em 1978!!!!!!
Os dois foram convidados pela agência de propaganda para uma reunião, para a turma falar como eles queriam o jingle.
Essa reunião se chama até hoje de "Briefing".
Clique na imagem para ampliar.

Seria o primeiro jingle que o estúdio de Zé/Paulinho iria produzir!!!
Foi o próprio dono da agência quem passou o briefing para a dupla, como por exemplo:
1- O jingle tem que falar muito o nome Pitú. 2- Quanto mais vocês falarem a palavra Pitú, melhor! 3- É um jingle para o carnaval, mas eu não quero um frevo, porque a turma tá querendo escutar música baiana, com aquela guitarrinha baiana. 4- Mas mesmo assim, eu também não quero música baiana. 5- Eu quero uma batucada! 6- Etc, etc, etc...
Zé e Paulinho já saíram da reunião com a imagem da batucada na cabeça... Um surdo marcando o ritmo, um pandeiro, um cavaquinho, vocais cantando... E também com a palavra Pitú aparecendo o tempo todo na música. Nunca esquecer desse detalhe importantíssimo!!!
E eles foram pensar.
Com que Pitú combinava ou tinha ligação?
Carnaval, batucada, feijoada, futebol, vaquejada, caipirinha ou batida com várias outras frutas...
Foi aí que eles tiveram uma ideia sensacional!!!
Eu achei essa ideia fantástica desde o dia que ouvi a história.
O que foi que eles inventaram???
O som da palavra PITÚ seria o surdo da batucada!!!!!
Não usaram o instrumento SURDO na música.
Usaram o SOM da palavra Pitú produzindo o som do instrumento musical!!!!
(Difícil passar essa informação SONORA usando palavras, mas vou tentar)
Na música usaram vários instrumentos, MENOS o surdo, que seria feito com vozes graves cantadas, que forçavam o som grave do surdo na sílaba TÚ!
Então, ficou mais ou menos isso:
piTÚÚ no carnaval.
piTÚÚ na feijoada.
piTÚÚ com abacaxi.
piTÚÚ na vaquejada.
piTÚÚ com limonada.
PiTÚÚ no futebol...
E assim foram passando o recado... Que repito: Achei espetacular!!!!
Gravaram o jingle mixado numa fita de ROLO(!!!), e foram levar para o pessoal da agência escutar.
Só que...
Era 1978... Fita de rolo... Gravador/Tocador de rolo Toshiba, mono... O falante do aparelho não reproduzia os graves como os do estúdio... Ou seja?
As silabas graves dos vocais (TÚÚ) não apareciam direito, que seriam o TUMMM do surdo.
Realmente, o som deve ter ficado magrinho nessas partes, né?
Fico imaginando a cena enquanto escrevo...
Mas mesmo assim, os irmãos perguntaram diretamente para o dono da agência:
--- E aí? Gostou?
E ele respondeu:
--- É... Batucada... Legal... Só não ouvi o surdo. Cadê o surdo?
E Paulinho da Macedônia completou na mesma hora, apontando para o dono da agência:
--- Tá aqui. Na minha frente! O surdo está aqui na minha frente!
(Surdo de surdez, porque ele não notou o som do surdo feito com as vozes)
Zé falou que ainda procurou um lugar pra se esconder dentro da sala, pensando:
--- Mal comecei a ganhar um cliente, e já vou perdendo, né?!?!
(Ri muito aqui escrevendo, mesmo já sabendo do caso)
(Seu) Queiroz, o dono da agência em questão, a Ampla, olhou para os dois, e falou:
--- Vocês são muito... É... Engraçados... São muito espirituosos... Gostei de trabalhar com vocês.
Vamos trabalhar muito daqui pra frente.
Livro biográfico, lançado em 2012.
Seu Queiroz e sua Agência Ampla, são nomes sempre enaltecidos e venerados nas conversas sobre a Propaganda Pernambucana até os dias atuais!!!
Não tem como falar de Propaganda em Pernambuco, sem falar os nomes Queiroz e Ampla.
Esse foi o primeiro jingle que o estúdio de Zé da Flauta produziu.
E foi um sucesso!!! Ganhou 18 prêmios!!!!!!!!
Na minha humilde opinião... Prêmios mais do que merecidos!!!
Obrigado Zé, por me contar a história em detalhes.
Eu tinha obrigação de deixar registrado isso aqui no Blog.
Pois conto até hoje esse teu causo para meus amigos do áudio.
Um abraço a todos.

sábado, 22 de abril de 2023

Over Point - A HORA É ESSA!

 
Olá pessoal.
Sempre fui muito tímido!
Falar em público até hoje me causa reações, como voz trêmula, desvio do olhar, aceleração do coração...
Com as mulheres sempre foi assim também.
Até hoje, preciso chegar perto de um estupro por parte delas, para entender que alguma mulher está me paquerando.
Uma "futura-ex-namorada" me falou uma vez:
--- Você é muito perigoso com a palavra escrita.
Concordei na hora com ela.
Quando estou falando através de um texto, não tenho as reações que aparecem quando estou frente à frente.
Aí fica mais fácil me expressar.
O que tem essa introdução a ver com o assunto de hoje?
Vou explicar.

Uma coisa me incomodava lá na Over Point, e me deixava um pouco angustiado, pois eu me colocava na posição do cliente, imaginando que poderia ter ali dentro vários com a mesma timidez.
Eu tinha certeza que dificilmente eu conseguiria "conquistar" alguma garota dançando a dois metros de distância, ou até mesmo conversando (aos berros!) numa mesa com aquele som alto da famosa "house music"!
Por causa disso, fui falar com meu sobrinho-professor (DJ JR) sobre a possibilidade de no meio da noite, a gente dar um "breaking" nas músicas mais agitadas, colocando algumas músicas lentas para que os tímidos pudessem ter uma ajuda na conquista.
Não me recordo dessa conversa na época da boate antes da reforma.
Acredito que isso aconteceu já depois da grande reforma, onde tínhamos dois telões enormes na casa.
E não me recordo também da gente falando isso com Rogério Amorim, proprietário da casa noturna.
Vou escrever do que eu acho que lembro, e caso tenha algum detalhe esquecido ou falado erroneamente, meu sobrinho corrige nos comentários.
Sei que ele está lendo esses textos da Over.
Pensei até em falar com ele antes, mas acho que quebra um pouco a espontaneidade do texto.
Certo... Eu sei que vocês nunca iriam saber que eu conversei com ele ou qualquer outra pessoa antes, mas eu saberia que conversei, e pra mim perde um pouco da graça! (Risos)
Lembro que ele não foi muita à favor da ideia, principalmente que nenhuma boate fazia isso na época.
Vai quebrar a animação! Vai esfriar a noite, na hora que ela está mais efervescente! Vai ter cliente que vai embora achando que acabou a noite!
Várias reações negativas foram levantadas.
Mas continuei na minha tentativa.
Expliquei que não seriam muitas músicas... Que poderíamos criar algum título para avisar sobre o momento, pois tínhamos a computação gráfica, onde poderíamos colocar esse título nos telões.
Foi por causa da imagem na minha memória da frase nos telões, que me levou a achar que isso aconteceu depois da grande reforma.
Antes da grande mudança, a gente não tinha como inserir frases nas três TVs instaladas na casa, a não ser que estivessem gravadas na FITA VHS.
Consegui convencer meu sobrinho!
Vamos para a criação do título.
E mais uma vez pensei na minha timidez.
Vinham algumas frases na cabeça como alguém me falando: --- Vai Titio, essa é a hora que você esperava pra chegar mais perto dela... Aproveita e chama para dançar... Não vai precisar conversar gritando...
E foi assim que surgiu a frase que resumia tudo:
A HORA É ESSA!
Foi aprovada na hora!
Massa.
Coloca assim mesmo, em letras GARRAFAIS, e com exclamação para chamar a atenção!
Acho que ela até ficava mudando de cores, parada no centro da tela...
Foi assim que a gente fez.
E como avisar que a "promoção" iria acabar? Decidimos que seriam apenas três músicas lentas.
Aí foi mais fácil achar a frase para fechar.
Parecia alguém gritando no meu ouvido: --- Vai abestalhado, que é a última chance pra tu! Essa é a última música!!!
E surgiu a frase:
ÚLTIMA CHANCE!
Ela entrava no início da terceira música.
Foi um sucesso total!
Não me recordo de casa noturna naquela época que fez coisa parecida antes da Over Point.
Principalmente usando frases para marcar início e final!!!!!
Eita tempo bom...
Tudo bem que saio pouco de casa, mas as vezes que vou para algum bar ou casa noturna, não enxergo mais essa interação Casa > Cliente.
Tudo é muito "frio"...
Frio na Over Point da minha época, só o ar-condicionado, que já tinha até fama!
Todos sabiam que era frio "de lascar"!
Sabem qual o motivo de escrever esse texto hoje?
Um amigo meu (Mário) foi recentemente para uma Festa da Over Point, promovida por meu sobrinho DJ JR e meu amigo DJ Érico.
Esse amigo me falou que sentiu falta dessa "quebrada" no meio da noite, sem saber que isso já tinha sido feito na Over no começo dos anos 90!
Depois dessa conversa, falei que escreveria um texto falando dessa ideia de 30 anos atrás, que pelo jeito, ainda poderia ser utilizada nos tempos atuais!!!!
Né, Mário?
Um (Over) abraço a todos.

domingo, 16 de abril de 2023

Guto Graça Mello no Corredor 5 - É Fantástico! Literalmente falando.

Olá pessoal.
Faz um tempinho que não vejo as entrevistas no Corredor 5.
Sempre recebo as notificações das novas entrevistas no canal do YouTube, mas acabei não indo dar uma conferida.
Mas quando vi o nome de Guto Graça Mello, não consegui achar desculpas para não ir lá ouvir o bate-papo.
E mais uma vez me arrependi de ter demorado tanto para voltar lá no canal do Clemente Magalhães.
Nem cheguei no final da conversa.
Parei na metade para ver um jogo de futebol, que tenho certeza que não vai ser melhor do que a conversa com essa lenda da música.
Quase 3h de conversa, mas a gente nem nota, pois tem muito "causo" bom de ouvir.
E mesmo sem saber do resto da conversa, que vou conferir depois desse jogo que estou vendo agora, eu já posso indicar essa entrevista para os colegas e amigos do áudio.
E também para quem não trabalha com áudio, mas gosta de música.
Nem vou me alongar aqui nesse texto, porque vou deixar para vocês ouvirem as histórias do próprio Guto, que dentre várias aventuras, foi o "menino" que criou a música de abertura do programa Fantástico, da Rede Globo. Nada demais, né? (Risos)

Não tinha certeza do ano que surgiu o programa, e fui dar uma pesquisada.
Foi em 1973!
Estamos em 2023, e a música é a mesma!!!!!!!
Vejam lá como ele criou essa música... E até como surgiu a ideia do programa.
Tem muita história boa nessa conversa.
E olhe que só vi a metade até agora, viu?
Espero que curtam, como eu estou curtindo.
Acredito que não vão se arrepender.
Um abraço a todos.

sexta-feira, 14 de abril de 2023

Inclusão x Técnica - Será que estão pulando etapas ou sou muito lento?

 
Abril Pro Rock 2004 com Pezão, que sonhava em montar uma escola de formação técnica para shows.
Olá pessoal.
Tenho visto nos últimos anos pelos palcos por onde passei aqui em Pernambuco uma coisa que me chamou a atenção.
Não sei se isso acontece em outras regiões.
Vou falar só da minha.
Tenho visto, tanto em palcos de festas particulares, como em palcos de prefeitura e governo, pessoas que ainda não estão aptas a assumirem funções técnicas.
Poderia falar também sobre outras funções, mas vou ficar na parte técnica, porque é onde atuo.
Vou voltar um bom tempo atrás...
Na cabine da Over Point em 1987. Se derem um zoom, vão notar que eu estou com pele de amendoim no dente!
Quando eu entrei na Over Point no final dos anos 80, não sabia direito o que era um amplificador ou uma mesa de som.
Fui para ajudar meu sobrinho Yoran Júnior, que era o DJ da boate, no intuito de aprender algo mais interessante.
Estava quase sendo contratado por um posto de gasolina, onde fazia um teste de três meses no escritório.
Com certeza não estava nos meus planos ser gerente de posto, mas foi o único trabalho que consegui na época, para poder pagar minhas contas.
O sonho de ser professor de educação física já não estava mais na minha mente, e eu precisava me virar financeiramente.
Fui trabalhar nesse posto, mas logo vi também que aquele não seria meu caminho.
Fui ser assistente de DJ.
Como já devo ter falado antes aqui no Blog, foi onde tudo começou para mim profissionalmente.
Vou resumir...
Passei um bom tempo observando meu sobrinho trabalhar...
Fui aprendendo a ligar os equipamentos, vendo como eles funcionavam, como eram ligados, pra que serviam etc, etc, etc.
Mas minha intenção, e a do meu sobrinho também, era eu poder assumir o controle da noite, escolhendo as músicas para o público dançar.
Acho que passei quase um ano(!!!) treinando para assumir o posto de DJ.
E durante esse tempo, comecei a operar o som da música ao vivo, usando uma mesa Staner de oito canais.
Chegava cedo para abrir a casa, ligava os equipamentos e ficava colocando "música lenta" para receber os clientes, ou colocava alguma parte de algum show, enquanto aguardava a chegada do meu sobrinho para começar a "noite dançante", que acontecia exatamente à 1h da manhã.
Quando a boate não funcionava, eu geralmente ia pra lá, e ficava escutando os discos que chegavam pra gente, enviado por amigos que moravam no exterior, ou que a gente comprava em (poucas) lojas  especializadas.
Chamávamos esses discos de 12 polegadas de "remix", e normalmente continham apenas UMA música, com várias versões.
Nunca vou me esquecer da ligação do meu sobrinho, já perto de 1h da madrugada, avisando que ele não iria para a boate, e era para eu assumir a noite!
Over Point no começo dos anos 90 (92, 93... Não lembro o ano exato).
Foi aterrorizante.
Teoria é uma coisa, prática é outra!
Eu já sabia como funcionava a "coisa", mas é bem diferente de FAZER a coisa.
Para vocês terem ideia, a gente tinha que decorar onde cada disco estava, e quando a gente escolhia esse disco para tocar, a capa ficava no mesmo lugar, para manter o posicionamento.
Resumindo...
Demorei tanto para escolher uma música para tocar, que a que estava tocando acabou e o som ficou no silêncio!
A coisa mais desesperadora para um DJ.
A música parar!!!
Mas parou.
Foi assim que comecei a assumir a cabine da Over Point, depois de quase um ano observando e treinando.
Em meados dos anos 90, fui convidado pelo meu irmão Tovinho para trabalhar no estúdio dele, o famoso Estação do Som.
Dessa vez não comecei do zero, mas foi onde tive o primeiro contato com mesa digital e outros equipamentos usados em gravações, totalmente diferente do que eu estava acostumado na boate.
Mas vou adiantar o tempo...
Tovinho me jogou aos leões quando me colocou para fazer o monitor da Banda Versão Brasileira.

Eu não tinha condições de operar o monitor de uma banda num show ao vivo!!!
Isso era fato.
O que eu fazia na boate era bem simples.
Nem sabia direito como funcionava uma mesa de monitor!!!
Não teve jeito, e Tovinho me mandou para a Bizasom, onde puder VER uma mesa de monitor, e onde me explicaram como funcionava. Acho que fui 3 dias lá.
Ou seja...
Eu não poderia fazer o monitor da banda, mas fiz.
Sorte minha, o técnico da empresa de som me conhecia das minhas idas para as boates com meu sobrinho.
Fernando era o técnico de monitor da empresa de som, que pertencia à Mário Guimarães.
Carnaval em Boa Viagem, no Palco da Brahma. Nunca mais vou esquecer!!!
Eu ia muito para a boate Broadway no começo dos anos 80 (não lembro exatamente o ano), que ficava na cobertura do Centro Sul em Boa Viagem.
Meu sobrinho era o DJ da casa noturna, e eu ficava um bom tempo conversando (fofocando?) com Fernando na portaria, vendo quem entrava e quem saía da casa.
Foi Fernando quem me salvou nessa minha estreia no show ao vivo em palcos sem ser o da Over Point.
Foi um susto dos dois lados, porque eu não sabia que ele estava nesse ramo de shows, e vice-versa!
Eu só fazia o monitor da Versão, não tinha capacidade técnica de fazer outros artistas.
Por isso ninguém me chamava para outros trabalhos, mesmo eu sendo muito amigo dos proprietários da PA Áudio (Rogério, Normando e Mário Jorge), que já estavam no mercado a muito tempo, e eles operavam o som para vários artistas, como Alceu, Lenine, Silvério Pessoa...
Fora isso, eles sonorizavam o Abril Pro Rock (APR) desde o começo, quando ainda era na Avenida Rui Barbosa.
Eu ia muito, mas como espectador, não como técnico.
Depois de alguns anos fazendo o monitor da Versão, fui convidado pela PA Áudio para fazer o monitor do palco 2 do APR.
Mas me chamaram quando acharam que eu poderia fazer.
Nunca pela amizade!!
Foi nessa época também que fui convidado para substituir um deles no monitor de Silvério Pessoa no carnaval de 2004, num palco armado na frente do Eufrásio Barbosa em Olinda.

Foi o primeiro artista com quem trabalhei, depois da Versão Brasileira!
Passei 8 anos direto com Silvério depois desse show, indo com ele para Europa já em 2005, operando o PA do show.
Tour 2005 na Europa, produzida por Marc Regnier (camisa branca).
Mas... Quando ele me convidou, não aceitei. (risos)
Por achar que ainda não estava preparado para fazer isso.
Operar o som do PA? Vixe. Eu só fazia monitor!!!
Amigos e familiares me fizeram mudar de ideia, e eu fui. 
Depois dessa, ainda fui mais cinco vezes pro lado de lá com Silvério e uma com Naná Vasconcelos.
Não lembro se foi em 2005 ou 2006, que me deparei com uma mulher responsável pelo som do PA de uma casa noturna em Paris.
Aqui isso era bem raro naquele tempo, e acho até que nunca tinha visto uma técnica de PA até àquele momento.
(Achei a foto!!!! Foi na minha primeira ida, em 2005.)
Logicamente não lembro do nome do técnico de monitor, e nem da técnica de PA da casa noturna.
No fundo está Dominique Chalhoub, técnico Francês que operou o som de Nina Hagen quando ela fez um show aqui em Recife no Geraldão, a muiiiiiiiiiiiiiitos anos atrás.
Foi ele quem mixou o disco de Silvério Pessoa chamado Cabeça Elétrica Coração Acústico.


Bem...
Ela estava lá porque era competente, não porque era mulher, posso garantir.
E meu texto aqui não é sobre mulheres nos palcos, é sobre pessoas nos palcos em Pernambuco, que pode ser homem, mulher, negro, branco, amarelo, verde, caolho, com ou sem dente etc, e que não estão aptos a assumirem os trabalhos.
É porque a primeira mulher numa mesa de som fazendo o PA a gente nunca esquece. (risos)
Me encontrei depois com outra fazendo o monitor num show ao ar livre, mas não tinha a mesma competência da primeira. Pra ser sincero, estava bem longe disso.
Voltando ao assunto...
Por que eu fiz essa introdução longa falando de como eu comecei a fazer meus trabalhos no áudio?
Porque acho que hoje em dia estão pulando essas fases do aprendizado, e estão contratando pessoas para fazerem um serviço técnico por causa de gênero, cor, ou por ter feito um curso de 20h.
É o que tenho observado pelos palcos por onde passo.
No carnaval que passou, fui operar o som de Almério em Fortaleza.
Palco impecável, atendimento impecável... Tudo limpo, bem cuidado.
Não levamos técnico de monitor. Foi só eu.
Combinei com o diretor do palco, e o técnico contratado do evento iria fazer o monitor.
Passamos o som, tudo ok.
Na volta para fazer o show, subi antes no palco para conferir a ligação dos instrumentos, e o posicionamento dos microfones, principalmente o do amplificador da guitarra, que é fácil colocarem invertido, pois ele é quadrado, e a frente é quase igual ao fundo.
Colocaram o amplificador no lugar, e quando fui checar o microfone, o técnico responsável pelas mudanças entre uma banda e outra, estava agachado na frente do equipamento, olhando para a foto que ele tirou com o celular do painel do amplificador depois do nosso soundcheck, voltando os botões para os lugares que o nosso guitarrista deixou.
Nem esperei para ver ele posicionando o microfone.
Jones era o nome dele.
Duvido que ele estava ali porque tinha feito um curso de 20h, ou porque era um homem (cis)...
Era impossível ele colocar o microfone na posição errada!
Duvido também que o Carranca me coloque num evento para gerenciar o patch digital num sistema DANTE ou AES50, usando ou não o Multiverter.
Faço muitos trabalhos para o pessoal do Carranca, mas eles sabem que eu não tenho ainda competência pra esse trabalho!! 
(Ainda, viu? Vou dar uma estudada nesse assunto)
Quando o próprio Carlinhos Borges não pode fazer, chamam Vini, que domina bem o assunto.
Ou vão me chamar pelo respeito da idade, onde Vini tem um pouco mais da metade desses anos que eu tenho?? (risos)
Jamais!
Para mim, devemos usar a inclusão, a amizade, o parentesco, ou qualquer outro fator, para a pessoa ter a oportunidade de aprender, mas nunca a pessoa assumir um cargo técnico por causa da inclusão ou desses outros fatores.
Treina antes. 
Inclui em estágios, em cursos, dá oportunidade de ver como funciona um show ao vivo, ficando ao lado, olhando.
Essa "inclusão forçada" que vi nos palcos, é quase impossível de ser encontrada em outras profissões.
Tudo bem que nosso meio não é regulamentado, mas estão exagerando.
Com a PA Áudio em Fernando de Noronha (2008).
Vocês podem até perguntar:
--- Mas Titio, você não começou sem estar pronto?
Comecei. Não estou pronto até hoje para várias coisas!
Mas no meu caso, foi um sobrinho e um irmão me jogando aos leões.
Até hoje os artistas colocam quem eles querem na equipe técnica, estando apto ou não!
Foi o meu caso, mas nem por isso meu sobrinho me colocou para fazer a noite com dois meses da minha chegada, nem meu irmão me colocou para mixar um disco no estúdio para o artista colocar pra vender.
Muito menos meus amigos da PA Áudio me chamaram pra fazer o APR quando saí da boate.
E quando foi para eu entrar no mercado, sendo convidado para outros trabalhos, os fatores amizade, parentesco ou qualquer tipo de inclusão não tiveram a menor relevância.
Quando esses fatores ficam na frente da competência técnica na hora de uma contratação de um profissional para assumir um posto num show ou evento, é fácil esse contratado não suprir as necessidades desse show ou evento.
Acho que estão pulando fases importantes na formação desse profissional aqui na nossa região.
Ou então... Eu sou muito lento no aprendizado!!!
Um abraço a todos.

terça-feira, 4 de abril de 2023

Parece mentira... Mas foi verdade! - Caso 30.

Olá pessoal.
Vi esse vídeo no Instagram.
Na página Bateras do Forró Oficial.
( @bateras_do_forro_oficial )
O título era: O Brasileiro sempre dá um jeito em tudo! (risos)
Compartilhei na hora na minha página do Instagram, pois nunca tinha visto coisa parecida.
Merece ser colocado aqui nessa seção "Parece mentira... Mas foi verdade!".
A pele do bumbo rasgou. Parar o show?
O show não pode parar!!!!!
Né?
Divirtam-se!
Um abraço a todos.

sábado, 1 de abril de 2023

Com o Carranca Live no Brega Awards - Adoro trabalhar com essa turma.

 
Olá pessoal.
Assim que cheguei em Recife depois do trabalho com Mestre Ambrósio em Teresina, recebi uma mensagem de Carlinhos Borges (Estúdio Carranca), perguntando se eu estaria livre no dia 21 de março.
Estou sim, disse eu.
Ele me falou que tinha um trabalho para fazer no Teatro de Santa Isabel, uma premiação do brega chamado de Brega Awards, e que seria para eu fazer o monitor.
O Carranca Live, um braço do Estúdio Carranca para shows ao vivo, iria sonorizar o evento.
Falei que estava meio desanimado em fazer monitor, mas que faria o trabalho assim mesmo.
Quem sou eu agora para rejeitar trabalhos só porque é para fazer monitor... Né?
Mas mesmo eu aceitando o convite, ele emendou:
--- Ok, então você faz o PA.
Tá... Já que você (não) insistiu muito, eu aceito a mudança. (risos)
Combinado e agendado.
E escrevendo hoje, tenho certeza que ele fez a melhor escolha para o evento!
Não acredito que eu teria feito o monitor melhor do que meu amigo.
Eu não tinha a menor ideia de como seria esse evento.
Fui vendo os detalhes durante a semana com o resto da equipe.
A equipe: Eu no PA, Adriano Duprat no monitor, Vinícius Aquino na transmissão e coordenação da sonorização, e os roadies Neto e Raynara.
Um amigo meu, técnico de outro teatro e que já tinha feito esse evento anteriormente, me falou que foi tudo bem simples no ano que o evento aconteceu no teatro onde ele é o operador de áudio.
Foi só um DJ, quatro microfones sem fio, e dois microfones headset para os apresentadores.
Quando eu recebi o roteiro do evento, onde tudo foi roteirizado, incluindo as falas dos apresentadores, notei que o simples ficou só no evento anterior.
Fui na esquina imprimir o documento, porque não tive coragem de comprar o cartucho da impressora, que era mais caro que a impressora, e ela está paradinha no "quarto da bagunça".
Só usei essa impressora uma única temporada, até o cartucho acabar, depois encostei ela.
Com o documento em mãos, fui dar uma estudada, pois tinha muita entrada de vídeo (com som), tinha banda ao vivo com vários cantores, piano acústico, quarteto de cordas (violinos, viola e cello), dança, três apresentadores etc...
Não tinha DJ!!!!! (risos)
Vixe! Já ia esquecendo que tenho uma consulta no otorrino hoje!
Meu ouvido esquerdo amanheceu fechado e um pouco inflamado no começo da semana.
Vou lá dar uma geral nele(s).
Pode ter sido as recentes viagens de avião, que "de vez em quando" me lasco com a despressurizarão na descida.
Teve uma vez que não chorei de dor numa descida para não passar vergonha.
Achei que o ouvido ia estourar!
Vou me arrumar aqui pra almoçar e seguir para o consultório, depois termino esse texto.
----
Onde eu estava mesmo?
Deixa eu reler o que escrevi.
Ahhh, ok. Fui estudar o roteiro. Isso.
Eram mais de dez páginas de roteiro, mas só me assustei no começo, porque vi que essa quantidade grande de páginas era por causa das falas dos apresentadores.
Conversei com Adriano e Vini sobre o evento, e montamos a cena que seria usada nas três mesas (PA, monitor e transmissão).
As três mesas eram da Behringer.

Uma Wing com Vini, uma X32 Core com Adriano e uma X32 (de carne e osso) comigo no PA.
Foi o único pedido que eu fiz para o Estúdio Carranca: --- Coloquem uma mesa "normal" para mim, com botões e faders, pois seria mais fácil a operação do que usando um iPad.
Ia ter muito abre e fecha de canais, e no iPad fica mais complicado, aumentando as chances de erro.
Todas essas três mesas estavam interligadas por cabos de rede via AES50, protocolo usado pela Behringer.
No palco, tinha um StageBox da Midas com 48 inputs e 16 outputs.
Todos os sinais que entravam nesse Stage, eram enviados para as 3 mesas pelos cabos de rede.
Quem comandava todo o patch digital, incluindo o CLOCK máster, era Vini na Wing.
Eu fazendo besteira no patch digital na minha cena. Não mexe aí! Falou Vini.

Explicando rasamente o que seria o CLOCK, poderia dizer que é o gerenciamento da conexão digital.
Quando interligamos vários equipamentos digitalmente, temos que indicar quem vai gerenciar essa comunicação digital, colocando o clock máster num equipamento, deixando todos os outros equipamentos em External Clock ou Slave (escravo).
Vini já fez as cenas das três mesas com essas configurações e nos enviou pelo WhatsApp.
Cada um nomeou os canais do jeito que gosta, mas os canais eram os mesmos para os três operadores.
Lindo.
Em cima dessa cena, ajustei as coisas ao meu jeito de trabalhar.
Já adiantou bastante nosso serviço!!!!!
Principalmente porque estava previsto para a gente chegar no teatro às 8h da manhã, para montagem e checagem de todo o sistema de som.
Por causa da chuva pesada, complicou tudo, e só conseguimos chegar ao local às 10h... Acho até que um pouco depois disso. Mas não lembro mais a hora exata, só sei que teríamos bem menos tempo para organizar as coisas, e a hora do soundcheck seria a mesma.
Ou seja... Teríamos que correr!!!!!

Mas o que Vini adiantou nas cenas foi ponto importante para compensar esse atraso no começo do serviço.
Tudo estava bem sincronizado, e só foi preciso alguns ajustes finos no patch digital para todos os canais de entrada e saída funcionarem perfeitamente.
Meu Menudo (Vini) é ninja nisso também.
Domina o AES50, como o DANTE.
Não tem como fugir dessas conexões digitais, viu?
Tenho que pegar umas aulas lá no Carranca.
Eu só pedia pelo rádio, e ele direcionava as coisas lá da mesa dele. (risos)
O setup onde ele mixou o evento para a transmissão foi montado num camarim atrás do palco.
Checamos todo o sistema de som, e...
Deu tempo até para almoçar!!!!!
Nem imaginava que iríamos fazer isso no dia.
Voltando do almoço, começamos o soundcheck.
E eu olhando para o roteiro, sempre!!!!
O soundcheck não seguia o roteiro.
À medida em que íamos passando o som, eu procurava no roteiro onde era essa apresentação e fazia as marcações com a caneta.
Dificilmente outra pessoa poderia usar essas marcações que eu fiz! (risos)
Quase hieróglifos!

Depois do soundcheck, eu passei todas as anotações para Adriano, que anotou no seu roteiro.
Passamos tudo!
Banda, o piano acústico microfonado ao lado do PA (ui!), o Quarteto Encore, o áudio do telão, e os microfones dos apresentadores.
O piano acústico sempre dá um trabalhinho para colocar no PA, principalmente quando esse piano está quase na frente das caixas do PA.
Acho que os microfones do piano ficaram a menos de um metro atrás da linha das caixas.
Mas consegui achar um ponto legal com os três microfones, e quando gostei do som, parei de mexer.
Pedi logo para o estúdio levar o par de KM 184 da Neumann, que sou fã.
KM 184 da Neumman.
Iria usar só eles, mas aproveitei o SM57 que colocaram pensando no monitor.
Juntei o som dele com o som do par de KM.
Tudo OK.
Tudo certo para os três operadores, para todos que iriam se apresentar no evento, e para o diretor.
Encerramos o soundcheck.
Só aguardar o início do evento.
Os apresentadores não foram passar som, mas tudo bem(?).
Ahhh!!!
O combinado era a gente usar microfone headset sem fio nos apresentadores, mas como as caixas do PA estavam bem próximas do lugar onde eles iriam ficar, e quando testamos os microfones, percebemos que seria muito fácil realimentar, decidimos usar três microfones sem fio de bastão.
Por isso falei "tudo bem" lá em cima.
Mas se fosse para usar o headset, seria importante passar o som com os apresentadores.
Ajustei os microfones na hora mesmo, quando os apresentadores entraram em cena.
Aí... Foi só seguir o roteiro!!!!
Fiz a mesma coisa que Adriano fez no monitor.
Grupos de MUTE.
Usei um grupo para o piano, outro para a banda, outro para os apresentadores, outro para o quarteto de cordas e outro para o vídeo.
Mas achei melhor deixar o canal do vídeo aberto o tempo todo, depois de combinar com meu colega Radar, que era o responsável pela parte de imagens.
Fui seguindo o roteiro usando esses grupos de mute, abrindo e fechando o piano, a banda, os apresentadores, as cordas...
E tudo foi fluindo naturalmente.
Como diz o matuto: "Aperreio" zero!
Só uma troca de microfones que os apresentadores fizeram entre si durante o evento, mas nada que não pudesse ser contornado.
Cada microfone estava ajustado para cada voz, e eles trocando esses microfones, eu tinha que ajustar novamente cada microfone. Com mais ganho, ou menos agudo, ou mais grave etc.
Depois da produção do evento ajustar isso no palco, foi só correr pro abraço.
Na realidade, quem notava isso nos microfones era só a gente da técnica.
Mas não era legal ficar ajustando isso durante todo o evento, e ainda ter que ficar olhando para os canais na mesa para saber qual o microfone que o apresentador estava falando.
Cada canal tinha o nome do apresentador, não esqueça.
Trocando os microfones, complicava tudo.
Saíram os dois apresentadores (X e Y) e só ficou a apresentadora (Z).
Fecha X e Y e deixa Z. 
Lascou. Ela tá com o microfone de X.
Mas consertaram isso no palco, e foi só seguir tranquilamente até o final.
Dias depois, conversando com Adriano num grupo aqui de Pernambuco, ele falou uma coisa que até passou despercebido por mim.
Desde o soundcheck, até o final do evento, não tivemos uma falha sequer por causa de conexões (cabos). Nada.
Não trocamos nenhum cabo, nenhum sub-snake (multicabo com 6 vias), nenhum microfone, nenhum direct box... Absolutamente nada!
Tudo funcionou perfeitamente do começo até o final.
A gente fica meio assustado hoje em dia porque não está sendo uma coisa normal nos palcos por onde a gente tá passando.
Tem muito cabo e microfone com defeito, muita caixa de monitor com defeito.
A gente tá fazendo muita troca no soundcheck e durante o show.
Por isso a gente ficou meio assustado quando observou isso no evento sonorizado pelo Carranca, que eu sempre chamo de Carranca Live.
Como disse, eu nem notei isso na hora.
Adriano foi quem tocou nesse assunto no grupo, e só aí eu me dei conta.
Realmente, é muito bom trabalhar assim.
E com certeza, isso reflete no resultado do trabalho!

Alguns dias depois, fui falar com Carlinhos Borges, para saber se ele recebeu algum retorno do contratante, pra saber se gostaram do serviço, do que não gostaram etc.
Ele me mandou um áudio do diretor, onde ele agradecia copiosamente pelo serviço, elogiando tudo e todos da nossa equipe.
É sempre bom ouvir isso, né?
Realmente, a gente fez um belo trabalho em equipe!
Quando é para elogiar, eu elogio.
Trabalhar com pessoas comprometidas em entregar um serviço perfeito é gratificante.
Nem sempre encontramos isso, viu?
E o Carranca sempre busca formar uma equipe para um trabalho com esse "desejo do serviço perfeito".
(Obrigado pela parte que me toca!)
Por essas e outras, é que eu adoro trabalhar com a turma do Carranca.
Um abraço a todos.