quarta-feira, 20 de novembro de 2019

Fazendo o monitor do No Ar Coquetel Molotov - Como é legal o frescor de um Festival.




Olá pessoal.
Enquanto tomava banho hoje, e escutava o disco da Banda Rosa Neon na minha caixinha Flip 4 da JBL recém comprada, resolvi falar deste trabalho.
Fazia tempo que eu queria comprar esta caixinha, pois não tinha nada decente para ouvir música aqui em casa. Realmente a caixinha vale todos os centavos. Isso eu já sabia, pois me encontrei tempos atrás com uma, numa farrinha na piscina, local aberto, e fiquei impressionado com o som. 


Mas cuidado. O que mais tem no mercado são essas caxinhas falsificadas. E são muito ruins!!!!
Estou agora ouvindo a Banda Terno Rei enquanto escrevo.
Vamos voltar ao trabalho...
Sábado passado, dia 16, operei o som do monitor do Palco Natura, no Festival No Ar Coquetel Molotov.
Este festival aconteceu aqui em Recife, bem perto da minha casa, no Caxangá Golf Club.
Diga-se de passagem, um lugar espetacular para um festival de música.
FESTIVAL DE MÚSICA NÃO PODE TER MEDO DE CHUVA!!!!
Mas antes vou falar da parte não tão "glamour" de um trabalho num festival.
Já no dia 14 eu estava no palco para checar todo o sistema de monitoração.
Estava marcado para às 17h o gerador ligado para eu checar as minhas coisas.
Mas nem o gerador estava ligado, e nenhuma luz estava no lugar.
Comecei a me preocupar.


Quando o gerador foi ligado, ainda nenhuma luz tinha sido pendurada, e todo o material de luz estava no piso do palco.
Comecei a ficar mais preocupado, pois no outro dia, logo cedo, já teria soundcheck das bandas. Seriam dez atrações, sendo duas dessas DJs.
Mas um desses DJs iria passar o som (não me pergunte por quê).
Ou seja... Teríamos que passar o som de nove atrações.
Fui checando o que eu podia. Mesa de som, roteador, conexão com o iPad...
Consegui checar o side, onde pude alinhar o som dele ao meu gosto.
Ainda tinha muita coisa da luz no chão do palco, impossibilitando eu passar todas vias com seus respectivos monitores nas suas posições iniciais.
Como eu tinha certeza que poucas (ou nenhuma) bandas iriam trazer um técnico de monitor, organizei a monitoração do meu jeito.
E acertei. Fiz o monitor de todas as bandas.
Como é o meu jeito?
Soundcheck da Terno Rei.

Passo cada via com sua(s) respectiva(s) caixa(s).
Os cabos e as caixas são todos marcados com fita crepe.
Normalmente as vias 1, 2 e 3 ficam na linha da frente, e 4, 5, 6, 7 e 8 ficam na linha de trás.
Via 1 sempre é a do cantor, 6 sempre a bateria e 7 sempre o sub-grave da bateria.
Mas estas vias, com suas respectivas caixas, podem ir para qualquer lugar do palco.
É só me dizer qual o músico que vai usar, para eu anotar na mesa de monitor, e num pequeno pedaço de papel que deixo colado ao lado do display da mesa, como mostrado na foto abaixo.


Esta "cola" agiliza o trabalho, pois as vias mudam constantemente, e só com um pequeno olhar para o papel sei onde elas estão.
E no monitor, o tempo de ação é essencial.
Não conhecia a empresa de som.
Gugu Som.
A empresa é de Santa Cruz do Capibaribe, interior de Pernambuco.
Equipamento muito bem cuidado. Só de olhar desligado dava para notar.
A única coisa que não curti muito foi a mesa ser uma M7CL da Yamaha, por ela não possuir display para o técnico ver os nomes dos canais.
Eu teria que usar a velha fita crepe colada na mesa para escrever os nomes.
E com 10 atrações, seria um monte de fita crepe!!!!!
E foi.
A foto no começo dessa postagem mostra isso.
Depois de passar o som da banda, colava as fitas na parte de cima da mesa, para usar na hora do show, e colava outra para escrever os nomes dos canais da nova banda.
Na hora que eu estava checando as coisas que eu podia checar, me veio no pensamento um jeito para eu adiantar tudo, mesmo não podendo colocar os monitores no lugar.
E antes d'eu solicitar isso, o dono da empresa (Gugu, logicamente) veio com a mesma ideia:
--- Por que você não passa todos os monitores aqui ao lado da mesa de som? Pegamos um por um, colocamos aqui ao lado e você passa.
Era quase isso que eu queria.
Eu já queria passar os monitores ligados em seus respectivos amplificadores e com seus respectivos cabos.
Passei pra ele isso, e ele topou na hora.
Passei todas as vias com seus monitores!
E fui para casa feliz.
Palco Natura.

No outro dia, logo cedo, perto das 9h, cheguei para começar o soundcheck, tranquilamente.
Posicionamos os monitores no palco com seus respectivos cabos e aguardamos o início do soundcheck, que pela planilha que chegou nas minhas mãos estava marcado para 11h30, com uma banda que tinha apenas uns 8 canais... Massa. Tranquilo.
Mas logo tomei o susto.
A banda não seria essa simples com poucos canais, e a hora também não!!!
O primeiro soundcheck estava programado para 9h30.
Joguei fora a planilha que estava comigo, e deixei que Jeff, o diretor de palco, fosse me informando a ordem das bandas.
Como eu já tinha deixado os monitores ao meu gosto, o problema foi só começar.
Depois da primeira banda, que comecei usando a cena inicial onde deixei tudo ajustado, foi só ir copiando esta cena para a próxima banda, renomeava os canais e as vias, e seguia passando o som.
Passamos o som de todas as bandas que estavam programadas para este dia.
Quase todas. O DJ não veio passar o som.
Acho que cheguei em casa perto das 22h, e no outro dia, ainda teríamos que passar algumas bandas antes do início do festival, que estava marcado para às 15h30.
Ou seja...
Uana Mahin.
Eu teria que chegar bem cedo pra dar tempo passar tudo, principalmente porque duas dessas bandas eram as que tinham o maior número de canais e vias.
Tinha que chegar por volta das oito horas da manhã.
Só fiz comer alguma coisa, e fui dormir!!!!
Mas não tivemos nenhum atropelo no outro dia. Tudo certinho.
A estratégia de copiar a cena da banda anterior, ajustar as coisas para a nova banda, e começar o outro soundcheck deu muito certo.
Clarice Falcão.
A banda teria bateria? Então eu pegava a cena da última banda que eu passei som e também tinha bateria e salvava em outra posição com o nome da nova banda. E ajustava tudo para esta nova banda.
Não tem bateria? Pegava uma cena anterior de uma banda que se parecia mais com a nova banda, e seguia em frente.
Deu tempo até de almoçar antes do começo da programação!!!!!!!!!
Jantar? Aí é querer demais. Não deu tempo. (risos)
Mas tinha uns "petiscos" para a técnica na entrada dos camarins.
Perto das 4h da madrugada, com as pernas esticadas numa cadeira, sem os sapatos, eu ainda comia uvas, bolo de rolo, salgadinhos, sanduíches etc.
Um luxo!!!
Rosa Neon.
Nessa hora era só os DJs no palco até o final, e deu para respirar.
Foi muito legal o trabalho.
E fiquei nessa horinha das uvas relembrando os shows.
De todas as atrações que passaram pelo meu Palco Natura, eu só conhecia Clarice Falcão.
Mais nenhuma!
Terno Rei.

E essa é a graça de um Festival de música!
Pelo menos penso assim.
Um festival tem por obrigação mostrar coisas "novas".
Mas nem sempre novas quer dizer idade.
Lia de Itamaracá é um exemplo disso.
Desde que me entendo de gente, sei que existe Lia.
Mas ela está com um trabalho completamente novo, que dificilmente toca em rádios ou programas de TVs.
Não vi o show dela, pois foi no outro palco, mas só ouvindo o som que vinha de lá no soundcheck, dava para notar o novo.
No meu palco, tive essa sensação com todas as bandas, inclusive com Clarice Falcão, que era a única que eu conhecia o nome, mas nunca escutei o som dela.
E foi muito legal conhecer esses sons!
Uana Mahin, Clarice Falcão, Terno Rei, Rosa Neon, Drik Barbosa, O Quadro...
Já consegui dar os parabéns pelo show para vários deles pelas redes sociais.
Já estou seguindo alguns no Instagram.
Já estou testando a caixinha JBL com os discos novos deles. E os antigos também.
Já ouvi hoje os discos da Rosa Neon e Terno Rei.
Muito legal!
Drik Barbosa.
Vão fazer parte da minha "playlist" pra ouvir aqui em casa ou para mostrar aos amigos nas minhas farrinhas.
Vou ouvir agora Clarice, e depois sigo ouvindo todos.
Muitos deles me agradeceram logo após os shows, pelo meu trabalho no monitor.
Muito bom ouvir isso na hora. Às vezes acho que estou no caminho errado, mesmo depois de décadas na profissão. E esses comentários provam o contrário.
Alguns ainda ratificaram estes elogios pelas redes sociais.
Mas eu é que tenho que agradecer a eles!
Pela oportunidade de conhecer seus trabalhos.
Principalmente hoje em dia, onde tudo parece igual na música.
Agradecer à produção do Festival pelo convite. Valeu Marcílio.
Agradecer à Gugu Som, e sua equipe técnica, que foram muito importantes para que meu trabalho fosse elogiado pelos artistas. Valeu Felipe e Beto pelas ligações dos instrumentos no palco. Tudo voltou exatamente como o que foi salvo no soundcheck.
Agradecer aos dois Roadies, que também posicionaram tudo como foi no soundcheck. Valeu Josuel e Fran.
Obrigado Jeff, diretor de palco, que coordenou muito bem todos os horários e a ligação entre técnica e bandas. Foi massa! 
O Quadro.
Tenho 53 anos. Já trabalhei em vários Festivais de música aqui em Recife.
Já participei também de vários Festivais na Europa operando o som para Silvério Pessoa, e meu último com meu saudoso Naná Vasconcelos...
Mas o prazer que sinto com o frescor dos novos sons que tenho a oportunidade de conhecer nestes Festivais permanece o mesmo até hoje!!!!
Nada mudou.
Legal isso, né?
Que venham outros!!
Um abraço a todos.