Olá pessoal.
FIG (Festival de Inverno de Garanhuns).
Garanhuns é uma cidade localizada no agreste de Pernambuco, conhecida como a "Suíça Pernambucana" devido ao seu clima ameno, situada a 230 km de Recife.
Os convites foram aparecendo e eu fui aceitando.
Não lembro qual foi o primeiro convite...
Pode ter sido Almério, Lirinha ou Otto, porque é comum eu trabalhar com eles.
Mas pode também ter sido Barro ou Del Rey...
Não importa quem me chamou primeiro. Né?
Resumindo... Participei dos shows de: Barro, Almério, Chico Chico, Del Rey, Tássia Reis, Juzé, Alessandra Leão, Lirinha e Otto.
Como muitos aqui já sabem, dificilmente eu aceito fazer dois shows em um dia, em palcos diferentes.
É uma filosofia que sigo faz tempo, principalmente para não deixar algum artista na mão, não conseguindo passar o som ou fazer o show de alguém por causa de choque de horários.
E não me arrependo desse atitude, tem dado certo sempre.
Liso... Mas feliz!
Exceto o show de Otto, todos os outros trabalhos aconteceram no Palco Pop.
E teve dois dias que fiz dois shows.
Ainda recebi um convite para um trabalho lá no mesmo palco, mas não aceitei porque era pra ajustar o monitor e correr para a frente pra fazer o PA, sem passar som.
Não tenho agilidade (nem idade) pra fazer isso.
E nem acho justo tirar o serviço de um técnico, que poderia fazer o PA ou o monitor nesse dia.
Pois bem...
Barro.
Resolvi não fazer uma postagem para cada trabalho que eu fiz no FIG.
Acho até que poderia ter assunto em cada trabalho para comentar, mas não estou afim de escrever muito.
Como apareceram vários convites para trabalhar no FIG, resolvi alugar um "quartinho" na cidade para não ter que ficar no "bate e volta" em vários dias.
É... Para quem ainda não sabe, dificilmente os artistas locais conseguem hospedagem em Garanhuns, tendo que voltar logo após o show.
Tudo fica muito caro na cidade por causa do festival.
Consegui um quartinho bem simples na periferia da cidade, distante 4 km do palco pop.
A única coisa que senti falta na minha hospedagem, foi que não tinha geladeira na casa.
Mas nada desesperador.
Com certeza voltarei lá em outras oportunidades.
Consegui esse quarto pelo Airbnb, que usei pela primeira vez.
Deu tudo certo.
Cheguei um dia antes do meu primeiro trabalho, que seria dois shows no palco pop.
Barro e Almério.
Nos dois, eu iria fazer o monitor.
Era uma PM5D no palco e uma M7CL no PA, ambas da Yamaha.
Vocês não imaginam quantas vezes eu já parei de escrever esse texto aqui.
Nem contei.
Tou me cansando rápido, e sempre paro para fazer outra coisa.
Notei também que estou falando bem pouco (ou quase nada) sobre o lado pessoal, que normalmente eu encaixava nos textos...
Deve ser porque não tenho nada interessante ou engraçada para falar sobre esse lado pessoal.
Ou não quero gerar provas contra mim. (Risos)
Sabe-se lá...
Hoje eu até fiz meu bolo de carne, para complementar as quentinhas que sempre compro no meu restaurantezinho da BR.
Resolvi fazer isso hoje para me movimentar.
Até em entrar numa academia eu estou pensando.
Tenho que me mexer! Isso eu sei.
Só falta eu ir lá fazer a inscrição!
Um dia desses, brincando com os amigos, falei: --- Tou até pensando em me casar de novo, pra agitar um pouco aqui as coisas, para o sangue correr mais rápido pelas veias, para ter DR...
Como falei acima, me mexer! (Risos)
Me mexi direitinho no FIG, viu?
Foram nove shows em dez dias.
Almério.
Fiz algumas cenas antecipadamente em casa, pois já sabia que seria uma Yamaha PM5D no monitor e uma Yamaha M7CL no PA.
Como comecei falando lá em cima, os dois primeiros shows foram no monitor, e no mesmo dia.
Passei as cenas tranquilamente do meu laptop para a mesa via USB, e fiz os dois shows tranquilamente.
Caso tivesse algum problema com o USB, tinha as mesmas cenas no meu cartão PCMCIA, que é o outro único modo de se passar a cena para a console.
Usei poucos monitores nesses dois shows, pois quase todos os músicos usaram fones, com e sem fio.
Nos dois shows, tinha um par de monitores na frente para os cantores, que usei um pouquinho com Almério, mas com Barro eu acho que não liguei a via.
Tinha até coisas endereçadas para lá, como a voz e o violão dele, mas deixei desligada.
E usei muito pouco o side, deixando bem baixo o volume, que só seria alterado se acontecesse algo com os fones dos cantores.
Não aconteceu, e o side ficou bem baixinho ou até desligado!
Já comecei bem, com dois trabalhos bem legais.
Só elogios.
Chico Chico.
Com Chico Chico eu até usei o side, porque o cantor não usa fone, mas toda a banda usa.
O side era praticamente para ele.
Nesse show, o soundcheck foi muito relax, mas na hora do show tive problemas em vários canais.
Ahhhhhhhhhhhhh!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Esqueci de falar uma coisa muito importante!
Chegou pra mim antes de viajar uma informação que me deixou preocupado.
Não iríamos poder seguir nosso mapa de palco e nem nosso input nos shows!
Vixe! E é? Complicou.
Eu acho um absurdo para um palco daquele porte no FIG.
Achei estranho porque iria ter soundcheck, mas foi o que chegou para mim.
Como fui um dia antes para Garanhuns, consegui conversar com a turma da técnica do palco, e chegamos num acordo para não seguir o mapa de palco, mas todos os canais seriam ligados de acordo com o input list de cada banda!!!
Parecia até que eu fazia parte da equipe técnica do Palco Pop na reunião... (Risos)
Manu era a diretora de palco com assistência de Miguel, Thaís era a responsável pelo patch dos canais e Hévilla seria a roadie.
Roberval era o técnico da empresa de som que fazia as ligações dos canais no palco, e acho que ele tinha um assistente, não lembro.
Gustavo "Stranger" era o técnico de PA da empresa de som.
Tudo "combinadinho", a coisa fluiu do começo até o final!
Eu adorei!
Todas as cenas que eu fiz em casa (algumas em Garanhuns) não foram em vão!
Eu até poderia fazer o patch digitalmente, seguindo as ligações que eles pensaram em deixar fixas, mas não foi difícil mostrar que seria mais fácil fazer o patch seguindo o input das bandas.
Uma coisa estava bem errada lá.
Só as bandas POP passavam som, as bandas de FORRÓ não.
Chico Chico. Soundcheck.
Era um palco só, que começava muito cedo (19h) com 3 bandas consideradas Pop, e depois tinha 3 bandas consideradas Forró.
Acho que ano passado foi desse mesmo jeito.
Dificilmente faço trabalhos com a turma do forró.
E nesse ano não foi diferente.
Dos oito trabalhos nesse palco, só teve um que fiz no horário do forró, e logicamente não passei o som.
Mas até nesse, que foi Juzé, seguiram o input list do artista de João Pessoa (PB).
Todos os outros shows eu passei o som antes.
Pois bem...
Não acho certo o esquema.
Colocam muitas atrações num dia, e não tem tempo para passar o som de todos.
Antigamente eram dois palcos separados, dentro do parque Euclides Dourado, com várias barraquinhas com bebidas e comidas legais.
E se não me falha a memória, os espaços eram cobertos!!!
Já faz alguns anos que é só esse palco, armado no fundo do parque, sem uma estrutura legal para as pessoas que vão para o festival.
Acho que o parque é fechado antes dos shows acabarem. Só acho.
Um local feio, com pouquíssimas opções para comes e bebes, com poste de luz aceso que prejudica a iluminação do show, ou seja... Sem atrativos para quem quer passar uma noite agradável vendo shows.
Pouquíssimas pessoas para ver o primeiro show e também o último, que começava depois da meia-noite.
Várias vezes vi o público debandar depois da última banda pop.
Juzé fez um belo show, com banda completa (e afiada!), com iluminador, com tudo que um artista deveria trazer para um show, e que muitos não trazem, mas não tinha 30 pessoas na frente do palco.
É desanimador para um artista ou qualquer outro profissional do ramo passar por isso.
Pra mim não é diferente.
Já fui DJ, e pista vazia dava uma dor, principalmente quando está vazia por que não deu gente no evento, ou na boate onde eu trabalhei durante quase 10 anos.
Esse foi o grande defeito do palco pop, mas que já vem assim faz um tempo, repito, não foi só esse ano.
Pior do que isso, só quando colocaram Adilson Ramos no Palco Instrumental.
Aí não tem como bater esse absurdo.
Espero que os "organizadores" consigam enxergar esses detalhes, e tentem ajustar.
Não fiquem só focados no palco principal, pois o FIG não é só o palco principal, ou não deveria ser.
Ao contrário também não fica legal, como foi no ano que quiseram colocar "música boa" no palco principal, e essa música boa (pra eles) não animou os turistas, ficando o público bem aquém do normal, que é enchendo a praça principal.
Só equilibrar isso, que voltamos a ter um belo festival.
Tudo bem, não fui uma única vez no palco principal, mas o que notei foi a cidade sem clima de FIG.
Essa foi minha impressão, ficando só lá nas redondezas do palco pop.
Mas eu ainda iria ter uma surpresa maior...
Que não foi no palco pop.
Foi massa fazer os trabalhos no Pop, mesmo com todas as adversidades técnicas e estruturais.
Voltando ao show de Chico Chico, tive sérios problemas durante o show com cabos, e no primeiro problema, o show teve que ser parado porque o ruído foi enorme(!), e eu troquei o microfone do bumbo que estava usando 48v.
Nos outros dois problemas, consegui reverter sem parar o show, trocando o canal do violão de Chico e eliminando um dos lados do teclado, que também começou a falhar.
Os técnicos da empresa de som me trataram como Rei, sempre atendendo meus pedidos, mas não tinha como eles ajustarem alguns defeitos técnicos nas mesas e cabos.
Não chegou nem perto dos problemas técnicos que já tive naquele palco em anos passados, onde pensei que iria enfartar, mas...
Mas problema sério só esse em Chico Chico.
O filho de Cássia Eller até brincou no camarim após o show, falando: --- Foi muito massa o show! Foi rock and roll!!!!! Ruídos, estalos...
O Chico é gente boa demais, mas não consegui sacar o sentido da frase dele. (Risos)
O show foi massa mesmo, mas não tenho certeza se ele ironizou os "(d)efeitos especiais" não programados.
Eu fiquei bem animado depois dos primeiros 3 trabalhos, mesmo com esses problemas no show de Chico Chico.
O próximo show seria o da banda Del Rey, e mais uma vez eu iria fazer o monitor.
Com uma grande diferença.
Todos na banda usam caixas no monitor.
Ninguém usa fone!!!!
Del Rey. Soundcheck.
Aí o trabalho foi maior, pra organizar a sonoridade das caixas, onde cada uma falava de um jeito.
Até então eu só tinha "ouvido" as duas caixas da frente, o side e uma caixa que usei para o baterista de Almério.
A equalização das caixas da frente e a equalização do side, eu sempre copiava para meus outros shows, e até fazia mais alguns ajustes, dependendo do que acontecia, mas sempre começava com a EQ que fiz no primeiro dia!
Nesse dia da Del Rey, dei uma conferida a mais nas caixas.
E foi tudo tranquilo tanto no soundcheck quanto durante o show.
Nenhum ruído apareceu, e eu estava evitando usar microfone ou DI (Direct Box) ativos, pois o risco de aparecer ruído é bem maior por causa da necessidade de enviar 48 volts nos cabos para o microfone ou DI funcionar.
Mais um trabalho legal e um show legal!
Todos felizes, aguardar o próximo show no outro dia com Tássia Reis.
Del Rey.
Nunca tinha trabalhado com ela até esse dia.
Eu já tinha feito também a cena da mesa antecipadamente, e sabia que todos usariam fones, inclusive a cantora.
Ahhh. Outro detalhe que posso falar.
Algumas cenas eu fiz em casa, e outras eu montei num dos dias que estava sem shows, lá na sala da casa onde aluguei o meu quartinho.
Quando eu estava já entrando na noite, e já tinha almoçado usando o iFood, resolvi agitar um pouco este meu isolamento na sala.
Liguei para o Zé Delivery e pedi uma vinho!!!
Logo depois, peguei novamente o iFood e solicitei "esfihas", sem ser do Habib's.
Acertei em cheio nas esfirras!!! Deixa eu ver o nome aqui da loja, pra quem quiser pedir quando estiver em Garanhuns...
Malik Esfiha's.
Podem pedir sem medo!
Logicamente, não consegui comer sete esfirras, e o proprietário da casa onde eu estava hospedado me ajudou na degustação.
Nesse dia, fiz todas as cenas das mesas de todos os trabalhos que restavam, inclusive a cena do show de Otto, que seria o último, e o subtítulo da postagem é por causa desse show.
Não montei todas as cenas em casa antes de viajar porque não sabia ainda como seriam as ligações dos canais no palco pop, e não tinha certeza absoluta ainda qual seria a mesa no show de Otto.
Sabia que seria apenas uma, mas não sabia ainda qual era a marca e modelo.
Depois de degustar meu vinho Chileno com as esfirras, fui dormir já pensando no próximo trabalho com Tássia Reis.
Tipo... Será que os músicos e a artista são "gente boa"?
Eram!!!
Mais uma coisa legal nesses trabalhos no FIG.
Todos os músicos e cantores que eu nunca tinha trabalhado, eram relax demais!!!!
Parar um pouco aqui para tomar uma sopa!
Requentada, mas ainda é boa.
Divido para dois dias a sopa (500ml) que compro no mercadinho da esquina.
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Enquanto tomava minha sopinha de carne com legumes requentada, vejo na TV um casal chorando no hospital aqui em Recife, implorando por doações, onde o filho deles de 17 anos espera na fila por um coração...
Não tem como não lembrar de Faustão, infelizmente.
Na primeira internação do apresentador de TV famoso, eu falei com um amigo, que perdeu um filho (acho que no ano passado) por causa de problemas no pulmão, mas não sei se ele entrou em alguma fila de espera por doação de órgão, e nem sei se tem transplante de pulmão.
Esse amigo acha que não existe "esquema" nessa fila de espera, e eu falei perguntando: --- Você acha que temos todo tipo de esquema em todos os setores possíveis no nosso país "véi de guerra", só não tem nessa fila de espera de órgãos?
Infelizmente, eu não acredito.
Tem gente também que acredita que pessoas com alto grau de relacionamentos (e/ou $$$$) podem conseguir esses órgãos em outros países pelo mundo!
Bem... Não tenho a menor ideia. Só achei tudo muito rápido para UM, enquanto para o resto não é tão rápido, mesmo sabendo que existe a compatibilidade nesses casos.
Podemos concluir então também que Fausto tem um nível alto de compatibilidade, né?
Não queria falar sobre isso, mas apareceu aqui a reportagem na minha cara, e eu passei essa situação com meu amigo que perdeu o filho (talvez) aguardando na fila.
Essa dúvida não é só minha, pelo que tenho visto em comentários pela internet.
Mas vamos voltar para o que eu acredito.
Acredito que esse texto vai ficar mais longo do que eu queria, mas...
Foi tudo tranquilo no soundcheck de Tássia Reis, e deixei o side bem baixinho no palco.
Mas antes de começar o show, não vi motivos para deixar o side ligado, e desliguei-o.
Pra que? Se todos estavam de fones, e estavam confortáveis.
Oxe. Zerei o side.
Mais um dia legal de trabalho, com um show bem legal também!
Tássia Reis.
Teve músico que me chamou de "faixa preta", o que me deixou muito feliz.
Que venha outra oportunidade. Foi massa!
No outro dia seria Juzé, e sem passar o som, pois seria no Palco Forró.
Cheguei cedo no palco, mesmo sabendo que o show só aconteceria depois da meia-noite.
Como fiquei sabendo antecipadamente que o pessoal no palco seguiria o input do artista mesmo sendo no Palco Forró, me animei, e já passei minha cena para a mesa de PA no intervalo do almoço.
Isso mesmo...
Nesse, e nos próximos dois shows, eu iria operar o som do PA, mas iria passar o som dos outros dois porque eram considerados artistas Pop.
A equipe do artista Paraibano (considerado Forró) era bem grande, e a banda também.
Levaram até a mesa de monitor, onde todos usariam fones, incluindo o Juzé.
Com certeza, o show poderia ter acontecido no horário do Pop, tranquilamente.
Não conhecia o trabalho de Juzé, e tomei um susto (bom) no show.
Banda impecável, tudo bem justo.
Juzé.
Como falei antes, uma pena um show como esse para um público quase inexistente.
Num dia que fiquei para ver alguns shows do forró, teve um show com público quase inexistente também, onde tinha até um carro da polícia ao lado da house mix, com as luzes vermelhas piscando.
Fiquei imaginando o que o cantor estava pensando na hora, cantando para pouquíssimas pessoas e ainda olhando para as luzes de um carro de polícia piscando na sua frente...
Surreal.
Mostrei o absurdo para Manu, diretora de palco, que resolveu ligar imediatamente para alguém da organização do festival, e deu certo!
Os policiais desligaram as luzes, mas o carro ficou ao lado da mesa de som.
Menos constrangedor, né?
Não vão colocar um carro de polícia com luzes piscando ao lado da mesa de som do palco principal na Praça Dominguinhos, não acham???
Cheguei cedinho no outro dia para passar o som de Lirinha, e logo depois passaria o som de Alessandra Leão.
Mas acabo este texto amanhã...
Não aguento escrever mais hoje.
Ver alguma coisa na TV, Netflix ou YouTube.
Comer pipoca e chupar laranjas.
----
Onde eu estava mesmo no texto...?
Ahhh, no trabalho duplo com Alessandra e Lirinha, ok.
Quem estava comigo nesses dois trabalhos foi Bruno no monitor.
E ele veio me perguntar se poderia colocar os dois inputs na mesma cena, pois eram poucos canais de input nos dois shows.
Para mim lá na frente tudo é bem mais simples, e fui perguntar para Thaís se tinha algum problema em ligar os canais desse jeito, onde de 1 à 24 ficaria com Alessandra Leão e de 25 à 48 ligariam os canais de Lirinha.
Thaís me deu o sinal verde, e eu passei a cena para a PM5D com os dois shows.
Eu já tinha feito as 3 cenas de monitor para esses shows.
Um de cada artista separado e essa como os dois artistas juntos.
Fui passar via USB e, acreditem, não consegui mais conectar meu laptop via USB com a mesa, coisa que eu vinha fazendo em todos os meus trabalhos lá no palco.
Sem ter tempo para procurar o problema, passei a cena para meu cartão PCMCIA e transferi para a mesa.
Alessandra Leão.
No meu caso, lá no PA, resolvi fazer cenas separadas, principalmente porque alguns faders depois do canal 32 estavam com problemas.
Na M7CL da Yamaha são 48 faders fixos, onde não temos o mesmo fader para vários canais.
Não existe página de faders.
Depois de passar o som de Alessandra Leão, renomeei os canais para Lirinha, começando do fader 1, mas o input teria que ser do 25 em diante.
Então meu canal 2 receberia o input 26, o 3 seria o 27...
Fiz isso até o último canal do input do show de Lirinha.
Perfeito.
Isso é o que chamamos de patch digital.
Na era analógica, tínhamos que desplugar todos os cabos da traseira da mesa e ligar na sequência que queríamos manualmente!
Não tenho saudade desse tempo.
Deu tudo certo no soundcheck dos dois artistas e durante os shows também.
Lirinha.
Achei bem legal o PA compacto da LS Áudio, modelo Slinpec 206y, da empresa Opção Eventos.
Cobriu muito bem o espaço, sem necessidade de torre de delay.
Isso eu já tinha notado quando fui fazer o PA de Juzé.
Mas poderiam ter colocado um front, que ficaria perfeito.
E não custava nada também ter deixado a house mix no centro.
Ela ficou na frente do line array esquerdo.
Mas isso não é a empresa de som quem decide, e sim a organização do festival.
Fiquei muito feliz com o trabalho que fiz lá frente nos três shows!!
Vou repetir mais uma vez porque sou chato: --- É muito mais suave o trabalho no PA.
Técnico de monitor deveria ganhar mais.
Muitos podem até falar: --- Mas o som do PA é mais importante.
Tudo depende do ponto de vista, como diz sabiamente meu amigo Silvério Pessoa na sua música "Um Café".
Um monitor muito ruim, acaba com o show, mesmo com um som lindo na frente.
E dependendo do problema no palco, tem que parar o show.
Iza que o diga!!!
Só começou o show quando o problema no palco foi resolvido, né?
Mas meu problema agora era o show de Otto no outro dia!
Eu já sabia o que me esperava, só não sabia o teor da gravidade.
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Palco Estação. |
Para melhorar mais a situação, fiquei sabendo que a banda chegaria bem mais tarde do que foi combinado, diminuindo (e muito!) o tempo para passar o som.
O local desses shows no Palco Estação foi mudado de última hora.
Esse shows sempre aconteciam no teatro que fica na antiga estação de trem, bem próximo ao palco da Praça Dominguinhos.
Tão próximo, que não dá pra passar o som do teatro com a turma passando o som no palco principal da praça!
Já fiz vários trabalhos nesse palco do teatro, onde tinha até mesa de PA e de monitor!
E acreditem... Já teve torre de delay nesse teatro!!!
Lindo!
Saudade de Gera...
Não precisava dar muito volume no PA para o som chegar nas últimas poltronas.
Bons tempos, onde se preocupavam com a qualidade técnica do(s) show(s).
Pois bem...
A acústica do teatro não era 100%, mas...
Nada comparável ao novo lugar escolhido para os shows acontecerem neste ano de 2025.
Auditório da Rádio Difusora.
Pode até ser que 100 anos atrás, esse espaço da foto acima serviu para apresentações musicais, mas a amplificação dos instrumentos e vozes daquela época era bem diferente do que precisamos atualmente.
Como mostra a foto, um corredor pintado (nas pressas) de branco, um vão que parece uma sala de velório gigante...
Só faltou ter azulejos nas paredes!
O único lugar onde tinha um tratamento acústico era no palco.
Realmente, em cima do palco a reverberação estava mais controlada (amenizada), mas no salão... Era inacreditável!!!
Qualquer som que saía do palco era refletido nas paredes lisas de cimento cru pintado de branco.
Teve gente que falou que era o palco Assembleia de Deus, como esse da foto abaixo.
Muito parecido o ambiente, né?
Não me recordo de ter feito outro trabalho num ambiente parecido.
O tempo de reverberação dava pra ser medido em minutos! (Risos amarelos)
O som da banda deve estar lá rodando no ambiente até hoje!
Vamos ser justos...
À princípio, o que chegou para mim pela produção do artista foi que seria um show acústico, mais intimista, sem bateria, etc.
E pode ser que isso estava previsto também pela produção do festival.
Mas... Até um show acústico ali dentro é complicado.
Imaginem agora com banda quase completa, onde só não teve a segunda guitarra e teclados (samplers).
O resto tinha!!!!
Cheguei na hora marcada, mesmo sabendo que a banda não chegaria nesse horário.
E fui ajustando com o técnico da empresa de som, como seria o posicionamento dos músicos no palco e como seria a monitoração.
Caixas de monitor? Apenas três.
Monitoração para voz e violão.
Ok, deixo duas para Otto, e coloco a outra para o guitarrista.
Vou colocar fone no baixo, bateria e percussão.
Ao dar o primeiro "alô" na via de Otto, noto que um dos monitores estava ruim, ficava rachando.
Não tinha outro, então decidi deixar só um mesmo na frente para o cantor, pois seria melhor do que ficar ouvindo o som rachando de um lado.
Ligamos e testamos todos os canais que iríamos usar.
E fui lá pra frente com o microfone sem fio para dar uma ouvida no som.
Foi aí que a tristeza veio, e com força!!!
Até que não fiquei absurdamente triste quando coloquei Lisa Stansfield para tocar, mas quando dei um alô no microfone, aí pensei em chorar.
Não tinha como a voz ficar inteligível por causa da reverberação absurda da sala!
Era só a voz, viu?
Imagina juntar essa voz com o som dos instrumentos e amplificadores vindo do palco, mais esses instrumentos sendo amplificados no som do PA.
Fui até duro com a coordenadora do Palco Estação, que me perguntou "E aí Titio?" enquanto eu tentava achar uma saída para o problema e falava no microfone.
E aí o que, Roberta?!?!
Falei no microfone isso, enquanto as palavras ecoavam no espaço, umas sobre as outras, fazendo um bolo sonoro confuso.
E continuei no microfone: --- Meeee digaaaaa como omomom faaaaazer ummmmsss show a a a quiiiii deennnnntro onde só aaaaaaaa voz fica desse esse esse esse esseeeeee jeitoooooo???
E completei sem usar o microfone: --- A pessoa que decidiu trazer esses shows para cá, tinha que ser presa!!!
É um crime.
E finalizei a conversa: --- Uma total falta de respeito com os artistas, músicos, técnicos, produtores e principalmente com o público!!!!
Lógico que exagerei, principalmente morando num país onde crimes absurdos acontecem e os envolvidos não são presos.
Foi um modo "figurativo" de mostrar como achei um absurdo aquele local para um show de música.
Pensei então no caos que poderia ser na hora do soundcheck.
E foi exatamente isso que aconteceu.
Não tinha como deixar a voz inteligível, e foi até pior com a banda tocando e com o pessoal da produção do local arrastando as cadeiras de metal para fora do ambiente, pois decidiram que não iria ter cadeiras, só algumas para os idosos, mas a grande totalidade foi retirada do salão.
Aí foi uma grande ideia, uma boa decisão.
Não tinha sentido um show de Otto com o público sentadinho, principalmente com a banda quase completa!
Não demoramos muito no soundcheck, porque não tinha muito o que fazer!
Otto.
O som ficou ruim, mesmo eu baixando consideravelmente toda a banda, para tentar deixar a voz de Otto mais inteligível.
Mas não ficou bom.
E olhe que eu não coloquei muitas peças de bateria e percussão no som do PA.
Tentei somar com o som natural que vinha do palco.
Mas ficou uma bosta.
Só me restava aguardar e torcer para dar muita gente, porque os corpos iriam ajudar na absorção da ondas sonoras, diminuindo as reflexões nas paredes, chão e teto de cimento.
Eu estava (triste) na mesa de som no palco aguardando, e até perguntei para o técnico da empresa de som como o pessoal tinha feito shows ali antes de mim.
Ele respondeu que todos foram com um volume bem baixo.
Ahhh, tá. Ok.
Me lasquei então, e falei (com um sorriso amarelo) que não tinha como fazer um show de Otto com banda com um volume bem baixo.
Só me animei quando a locutora falou algumas palavras antes do início do show.
O salão já estava lotado, e a reverberação que escutei do palco soou como um canto dos pássaros numa floresta silenciosa, com um lago cheio de patinhos nadando...
Um sonho.
Já achei absurdamente melhor do que estava no soundcheck, mesmo eu ouvindo o som do palco.
Lógico que eu sabia que na hora do show não seria tão ruim como foi no soundcheck, a não ser que ninguém fosse ver o show. Aí a bronca seria igualzinha.
Mas lotaram o lugar!!!
Nem sei se os idosos sentados ficaram até o final do show, pois não foi nada silencioso.
Eu estava com o iPad no meio do público quando o show começou.
E fiquei lá até o final.
Quando a banda começou a tocar e Otto cantou as primeiras frases no microfone, fiquei emocionado.
Me salvei!!!! (Pensei com meus botões)
Fui ajustando as coisas, inclusive coloquei o DCA que controlava toda a banda em zero!
Acho que deixei em MENOS 8 ou 10 durante o soundcheck.
Fora isso, coloquei as peças da bateria e percussão que eu tinha eliminado durante a passagem de som, onde até os pratos da bateria entraram no som do PA.
Resumindo...
Tudo foi para o som do PA!!!
Ainda tinha mais reverberação do que o normal, mas já estava aceitável.
Repito... Isso só aconteceu porque o local estava LOTADO, e com as pessoas em pé!
Se estivessem sentadas, não acredito que eu teria feito os mesmo ajustes.
Segundo Otto, conversando no camarim após o show, ele falou que foi o melhor show dele nesses últimos meses.
O show foi muito bom mesmo, e ele demonstrou isso durante o show, sempre conversando com o público, e chegou até a elogiar o espaço.
Realmente o local é aconchegante para quem está no palco, pois o público está bem perto, e quem vai para lá, quer realmente ver o show do artista, não está de passagem pela rua.
Diferente do que achou Zeca Baleiro no palco principal do festival, com relação a famosa passarela tipo "curral", que afasta o público da frente do palco.
Eu estava ao lado da irmã de Otto no meio do público na hora do elogio, e até falei pra ela: --- Não elogia o espaço não Otto, não elogia não... (Risos)
Mas entendi a empolgação dele.
Quando o produtor de Otto (que é irmão do cantor) me viu todo satisfeito no meio do público com a irmã deles, falou pra mim: --- Titio, além de bonito, você é bom!
Achei massa o comentário, mesmo sabendo que ele mentiu duas vezes!!! (Risos)
Mas pulamos uma fogueira.
Ele sabia disso também.
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Foto By Henrich. |
Depois do show, que começou às 18h, passei no MEU Palco Pop para comemorar o final dos meus trabalhos com a turma da técnica, onde acabei o resto da garrafa de vinho que estava no camarim de Otto.
Agradeci pelo profissionalismo, empenho e dedicação de todos, que ajudaram (e muito!) nos resultados dos 8 shows que fiz lá.
Manu, Miguel, Thaís, Hévilla, Roberval e Gustavo.
Foi muito massa a semana que passei aí com vocês, viu?
Mesmo com os problemas que apareceram, contornamos tudo.
Que o FIG melhore sempre!
Que nossos eventos melhorem sempre!
Essa é (sempre) minha intenção quando escrevo sobre meus trabalhos aqui no Blog.
Mas a turma que cria e organiza esses eventos tem que colaborar também, né?
Eu estou sempre tentando melhorar meu serviço.
Um abraço a todos.
PS: Dias depois, já em Recife, conversei com Roberta no WhatsApp pedindo desculpas pela forma COMO falei com ela no salão da "igreja", mas que não mudava uma vírgula do QUE falei.
Inclusive, se ela quisesse dar meu contato para a pessoa responsável pela ideia não muito feliz de ter shows naquele local, poderia dar, que eu trocaria umas ideias com essa pessoa.
E ainda falei que dificilmente eu volto ali para um trabalho sem um tratamento acústico no local.