Olá pessoal.
Já abri a pasta com as fotos deste dia para ir refrescando a memória, que não anda bem já faz um tempinho.
O sound check estava marcado para 4 da tarde. Quando passei perto das 15h com meu carro na frente da house mix e não vi nem a mesa de som no lugar, imaginei que o horário “era lenda”! E foi isso que aconteceu. Quase nada do som estava armado. Disseram para voltar as 19h que provavelmente tudo estaria no lugar. O problema é que já tinha gente da nossa banda no local. Avisaram-nos tarde. Fui para o galpão da empresa de Normando (operador de monitor de Silvério) aguardar a hora para retornar. Quando retornei às 19h, todo o palco já estava ligado e nossos equipamentos estavam montados, mas... Apareceu um problema na amplificação do som da frente e o proprietário estava tentando resolver. Não pude aproveitar a sessão da mesa digital do sound check que fiz no sábado de carnaval, pois a mesa foi trocada por outro modelo. Fiz outra sessão em casa para esta outra mesa digital só com os ajustes preliminares. No palco colocaram a mesma mesa digital do dia do carnaval. Normando e Mário Jorge não começariam do zero na regulagem dos monitores, pois a mesa já tinha a cena do primeiro sound check. Mário Jorge, operador de P.A. de Elba, foi contratado para nos ajudar neste show, como aconteceu no do ano passado. Mais uma vez ele ficou no palco com Normando, pois a monitoração é a parte mais complexa num show desses (sempre achei isso). Sou do tempo em que o técnico que fazia o som da frente (P.A.) ganhava mais do que o técnico que fazia o som do palco (monitor). E eu comecei minha carreira (se é que eu tenho uma) fazendo o monitor. E isso me deixava chateado, pois sempre achei injusto. Hoje a coisa mudou, e (normalmente) é o mesmo cachê para os dois. Em minha opinião, se fosse para alguém ganhar mais, seria o cara do monitor. Tudo bem... O som da frente pode parecer mais importante, pois é o som que todos escutam num show, mas reflitam comigo... Se a monitoração for muito ruim, com muita realimentação (apitos), acabou-se o show, viu? Mesmo que o operador de Madonna esteja fazendo o som da frente, ele não vai conseguir fazer nada!Já ouvi falar de casos aonde os técnicos de P.A. e monitor de um artista não se falavam. Achei um absurdo isso. Um depende do outro. Até hoje sempre tive grandes parceiros no meu trabalho, tanto na época em que fazia monitor e agora que estou fazendo mais o som da frente. Conversamos sempre após o show (de preferência no quarto do hotel tomando vinho e comendo queijo) para ver aonde foi o erro (se houve) e de quem foi, com o único intuito de aprimorar o nosso trabalho.
Mas... Voltando ao show...
O tempo foi passando e nada de resolver o problema da amplificação. Cogitou-se até em fazer o sound check normalmente, pois o palco estava todo ligado e eu passaria o som usando fones. Falei que se não houvesse jeito, eu faria isso, mas só se não houvesse jeito. Já estávamos entrando na hora do começo do sound check de Elba Ramalho. Recebi um telefonema de Silvério Pessoa me perguntando se eu havia concordado em fazer o sound check usando meu fone na frente, sem abrir o som do P.A., pois o mesmo ainda não estava pronto. Essa foi a informação que chegou pra ele. Perguntei se ele estava me desconhecendo, e ele falou que já imaginava que era uma informação truncada que tinha chegado até ele. Quando vi que estava ficando tarde demais e os cabos para as ligações dos amplificadores ainda não haviam chegado, conversei com Mário Jorge e Normando e decidimos falar para nossa produção que o melhor seria a gente fazer este sound check no outro dia pela manhã, com tudo funcionando normalmente. Achávamos que mesmo com os cabos chegando naquela hora, ainda levaria um bom tempo para fazer os ajustes. E ficou decidido isso.Marcou-se então para chegar de 10 da manhã lá novamente. Fui pra casa. Recebi outro telefonema perto das 22h, agora de Mário Jorge, falando que ao contrário do que achávamos que iria acontecer, não houve muita demora nos ajustes depois que os cabos chegaram e ele resolveu fazer o sound check de Elba naquela hora mesmo. Ok. Ainda pensei em voltar lá para ver se adiantava alguma coisa do meu trabalho, mas resolvi dormir e chegar cedinho no local, pois passaria a minha nova sessão para a mesa M7CL que ficou no lugar da PM5D.
Quando cheguei, todo nosso equipamento já estava no lugar. Fui na frente para passar minha sessão do laptop para mesa, mas... Não consegui sincronizar meu laptop com a mesa, pois a mesma estava com o “firmware” desatualizado. Para quem não sabe o que é um firmware, peguei esta boa definição (nome do autor > Lord_Dracon) na internet : “Firmware é um programinha que fica dentro de um chipset, que dá instruções de funcionamento e operação a um determinado dispositivo eletrônico”. Quem quiser mais detalhes, é só ir neste endereço: (http://www.forumpcs.com.br/viewtopic.php?t=173566 ).Sem mais ter o que fazer para resolver este problema de sincronismo, decidi usar a cena de Elba Ramalho que Mário Jorge deixou gravada lá como ponto de partida. Comecei o sound check, e fui ajustando a cena ao meu show. O som da bateria já estava muito bom, mesmo sendo outra bateria. Fiz só alguns ajustes ao meu gosto, porque não era a mesma bateria e nem o mesmo baterista.
Foi até um dos assuntos comentados nos bastidores, que o som de bateria tava muito bom, mas eu tenho uma dificuldade séria para mentir e falei que aproveitei a cena de meu amigo Mário Jorge. (risos)
A mesa estava com alguns problemas em alguns canais, devido à água que tomou nas chuvas no carnaval. Lembram da Lei de Murphy que já comentei aqui no Blog (eu acho)? Mais detalhes é só ir nestes endereços: (http://pt.wikipedia.org/wiki/Lei_de_Murphy) ou
(http://www.humornaciencia.com.br/miscelanea/murphy.htm). Adivinhem qual foi o canal que estava com problemas entre os 43 que eu tinha na mesa? O da voz principal, lógico! O canal do acordeom também estava ruim. Para resolver isso, como a mesa era digital, transferi internamente o som destes canais para outros canais que estavam bons e livres na mesa. Vou tentar explicar para os leigos. O canal da voz principal é o 30. Vem um cabo do palco com o sinal desta voz e este cabo é conectado a uma entrada física que existe atrás da mesa correspondente ao canal 30. O sinal que entra está perfeito, mas os controles na mesa do canal 30 estão com problemas. Eu posso (em mesas digitais) ir no canal 45, que está livre e com os controles perfeitos, e internamente informo que ele vai controlar o sinal da entrada física 30 e não mais a entrada física 45. Sem mexer em nenhum cabo, eu transfiro internamente o som que está chegando em uma entrada para outro canal. Chamamos isso de modificar o “patch” (pétiche), ou modificar o endereçamento. Se me enviarem algum sinal do palco pelo cabo do canal 45, não vou “ver” este sinal na mesa, pois o canal 45 está enxergando o sinal da entrada do canal 30!Segui com o sound check tranquilamente, até me informarem (eu já sabia) que estava perto da hora que não poderíamos mais abrir o som da frente por causa do comércio. Eu entendo, mas não concordo. Já vão dizer que sou radical de novo! Sempre fico chateado (pra não falar puto!) quando fazem um evento em que a atração principal é um show de música ao vivo, mas não dão a importância necessária ao som!! Porra (não tenho palavra mais apropriada)! Coloca uma exposição de obras de arte no local então, que não precisa de som, só a imagem resolve! Mesmo sem sair muito hoje em dia, sei de casas noturnas que tem como atração principal a música ao vivo, mas o sistema de som é uma nojeira! Como pode?
Voltando (mais uma vez) ao show... Os convidados (Fernanda Abreu, Fábio Trummer e Renata Rosa) não vieram passar o som. Separamos um microfone sem fio para cada um e eu faria os ajustes finais na hora do show mesmo. O pessoal do palco fez um pré-endereçamento para os monitores. Ajustariam o resto também na hora do show. Não deu também para passar o som de todos os metais. Não estavam todos neste quarto sound check do show. Faria os ajustes na hora do show também. Salvei minha sessão no laptop, salvei a cena na mesa e fui pra casa.O som do show...
Não me senti confortável durante o show. O som batia nos prédios do Marco Zero e voltava, dificultando a inteligibilidade para mim dentro da house mix. Gosto muito de usar a palavra “confortável” para expressar meu controle sobre o som do show. Não achei que estava com este controle 100%. Não tive muito trabalho com as vozes dos convidados, foi só ajustar na hora que eles entravam em cena. Rogério, técnico amigo meu, achou que eu poderia dar mais “gás” no som (aumentar), mas eu estava achando legal o volume, pelo menos onde eu estava. Será que estou infectado pelo vírus Europeu de volume? Sempre pergunto para todos o que acharam, pois tento absorver todas as opiniões para uma melhora do meu trabalho.O baterista de Elba, Tostão (Queiroga a a a a a), irmão de Nena (Queiroga a a a a a), achou que eu pequei em algumas peças da percussão. Ouvindo a gravação do show, deu para notar que ele tinha razão. Fiquei muito preocupado com o som dos metais que me desliguei de alguns detalhes na percussão. Ricardinho, baterista de Silvério Pessoa, ouviu muitos elogios, mas comentou também que teve gente que achou nosso som um pouco mais baixo que o de Elba. (risos)
Será que a pessoa que falou isso estava no mesmo lugar onde estava meu amigo Rogério? Ou eu tenho que rever meus conceitos de volume de som aqui no Brasil? (risos)
Com elogios e críticas, eu sigo trilhando meu caminho.
Como os convidados não passaram o som, aconteceram algumas realimentações (apitos) no palco quando alguns destes convidados entraram em cena. Os velhos monitores de chão de novo!
O show foi bom pelo meu ponto de vista (e pelo meu perfeccionismo), aonde entra a parte técnica que a maioria do público não consegue notar, e foi muito bom pelo que pude notar pela reação do público.
Um abraço a todos.
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