segunda-feira, 26 de outubro de 2020

E as Lives? - Vão continuar? (Notícias da pandemia).

 

Olá pessoal.
Esse ano de 2020 já acabou para quem trabalha com eventos.
Na realidade, nem começou direito.
E eu que imaginava que tinha passado por tudo na profissão...
Quebrei a cara, né? Eu e muitos!
Ninguém poderia imaginar tal situação, independente da profissão, não é?
Desde março sem eventos e shows, e ainda aguardando um cachê de um artista que se apresentou no carnaval de Olinda em fevereiro!!!!
Fiz poucos trabalhos desde março. Pouquíssimos trabalhos, pra ser mais exato.
Não consegui o auxílio do governo, e estou aguardando ainda o auxílio da Cultura (Lei Aldir Blanc), que provavelmente recebo nessa primeira quinzena de novembro.
As notícias boas desse auxílio da Cultura é que vão ser 5 (estava previsto 3) parcelas de 600 reais, e vai ser pago de uma só vez!
Também solicitei um auxílio internacional. Isso mesmo!
Crew Nation.
Falei aqui sobre esse auxílio em uma postagem anterior.
Mas se essa solicitação do Crew Nation for aprovada, só devo receber em dezembro.
A notícia boa desse auxílio é o valor. Mil dólares. Bom, né? Já daria pra respirar até o final do ano, pois estou quase morrendo afogado.
Minha conta corrente que abri em 1990 foi para o espaço, junto com um cartão de crédito.
Fiz de tudo para não entrar no SERASA, mas não teve jeito. Matemática.
Mais na frente resolvo isso.
Tava passando muito tempo em casa, sem muito o que fazer, e resolvi ajudar um amigo que está abrindo uma lanchonete aqui na avenida perto de casa, enquanto os trabalhos com áudio não voltam à normalidade.
Estava quase tudo certo para eu fechar um trabalho na política, para editar os programas de rádio de um candidato à Prefeitura do Recife, mas aos 45 minutos do segundo tempo, o "job" não foi fechado. Não estava nos meus planos não fazer nada nessa campanha política.

Minha House Mix nessa pandemia.

Ainda devo editar e finalizar alguns Podcasts esse ano, mas nada que possa preencher todo o tempo aqui em casa.
Pode ser também que aconteçam alguns eventos em dezembro que normalmente eu faço, mas nada ainda confirmado, e por isso não estou nem contando com isso. Se vier é lucro!
E assim vou tentando chegar ao final do ano.
Pra variar, rejeitei dois trabalhos em "lives" que aconteceram nesse final de semana que passou.
Mais uma vez o prazer pelo trabalho falou mais alto que o dinheiro.
Só eu mesmo, nessa atual situação financeira, pra rejeitar dois trabalhos por achar que seria uma "dor de cabeça".
Sempre lembro da frase de Mário Jorge, técnico de Elba: --- Titio, a gente é contratado exatamente para resolver possíveis problemas que podem aparecer.
Adoro essa frase, mas uso muito pouco na prática. Mas Mário tem razão.
Tenho que mudar isso!
Falando em lives...
Vamos entrar no tema principal do título dessa postagem.
As lives começaram como "quem não quer nada", e se transformaram, em alguns casos, em mega produções!
A intenção foi até boa no começo, com artistas fazendo pequenas filmagens em suas casas pelo celular, tocando e cantando para seu público, usando o microfone e câmera do próprio celular.
Um clima bem despojado, para dar uma animada no ânimo das pessoas confinadas em suas casas por causa da pandemia.
Foi um sucesso!
Aí começaram a inventar.
Colocaram mais um instrumento para tocar, depois entrou um músico com mais um instrumento para colaborar, depois mais outro músico foi participando, e já não dava pra fazer direito só com o celular, aí colocaram uma placa de áudio... E mais músicos foram entrando, aí colocaram uma pequena mesa de som... Por que não colocar uma câmera externa (ou duas)  pra melhorar a imagem? Colocaram mais câmeras...
Na sala não dá mais pra filmar, vamos colocar todo mundo na área externa da casa, no jardim.
Mas sem mostrar todo mundo no vídeo, para não assustar o pessoal que está vendo a live, por causa da aglomeração...
E assim foram aparecendo os diversos formatos de lives.
Onde o ápice do exagero, para mim, foi a live do Skank, onde montaram uma grande estrutura no estádio de futebol Mineirão em Belo Horizonte.
Falei dessa live numa postagem de junho aqui no Blog, que nem cheguei a ver toda, só vi alguns poucos pedaços.
Pois bem...
Eu sempre brincava com meus amigos, falando: --- Eu odeio lives!!!!
Era brincadeira mesmo, mas só 50%. Não chego a odiar, só não gosto.
Realmente não sou fã de lives. Acho sem graça. Fica um show "engessado", duro, onde até os próprios artistas demonstraram essa dureza e/ou frieza em várias lives, principalmente pela falta do público.
Vi poucas lives até hoje, e muitas nem vi tudo, só uma parte.
Em algumas, vi só para ajudar amigos técnicos que estavam mixando, onde eu aconselhava algumas coisas na mixagem. Duas eu vi, que mesmo não lembrando se vi desde o começo, fiquei até o final.
Uma bem simples, a de AnaVitória, no dia 12 de junho, onde o cenário era apenas um cubículo monocromático. Nada mais. Nem uma mesinha tinha para colocar as canecas que elas usavam em cena. Colocaram no chão mesmo.


Achei muito legal o cenário (ou a falta dele), mas parei no vídeo primeiro por causa do som das vozes das meninas, que estava muito bom! Dos instrumentos também, mas as vozes chamaram a minha atenção.
Mesmo solteiro e no dia dos namorados, vendo sozinho, fiquei até o final da transmissão curtindo o som doce das meninas, acompanhado por uma garrafa de vinho, logicamente.
A segunda live que vi toda, foi a de Lulu Santos, no Copacabana Palace.
Fui ver o que ele tinha inventado, pois Lulu é muito exigente (alguns usam o termo CHATO), e eu sabia que não seria uma live "normal".
E não foi.
Na realidade, já tinha visto uma anterior dele, onde ele já tinha dado um toque especial, que deixou muita gente em dúvida se ele estava tocando mesmo ao vivo.
Estava sim. Ele estava ao vivo.
A banda não.
Ele gravou todos (áudio e vídeo) em suas casas anteriormente, e na hora da live Lulu Santos tocou sua guitarra e cantou em cima desses vídeos da banda gravados.
Lulu não podia inventar, improvisar, pois todo o instrumental já estava gravado.
Até as improvisações foram pensadas anteriormente, onde existia a "deixa" na gravação para ele fazer alguma coisa.
Teve um momento, logo no começo da transmissão, que ele teve que falar a hora, pra o pessoal acreditar que ele estava realmente ao vivo!
Foi muito interessante esse formato que ele levou ao público.
Na segunda live, ele fez quase a mesma coisa, só que todos estavam realmente tocando ao mesmo tempo em ambientes diferentes. Era o mesmo local, mas em ambientes diferentes.
As 5 janelas usadas no Copacabana Palace.

Ele usou o Hotel Copacabana Palace como cenário, colocou cada músico num quarto, onde as janelas davam para a frente do hotel, e ele ficou num quarto (ou era um hall) onde a janela era a que ficava exatamente no meio.
Sensacional a ideia.
Lulu Santos na janela central

Deixou a live mais "leve" de se ver, e me fez ir até o final da transmissão também.
Teve ainda a participação de Gabriel O Pensador, que foi colocado num quarto abaixo da linha de quartos de Lulu e Banda.
Gabriel O Pensador, na janela de um dos quartos do hotel.

Essa live, se não me engano, foi no dia 13 de junho, um dia após eu ver AnaVitória.
Um dia desses, estava num grupo de áudio comentando sobre essas lives.
As lives vão continuar?
Esse foi o tema de várias conversas nesse grupo de áudio.
Eu tenho meu ponto de vista.
Mesmo eu não gostando delas, que é muito diferente de um show transmitido ao vivo pela TV, com público, bastidores, entrevistas, etc, acredito que esse formato de shows pela internet vai continuar depois da pandemia, mesmo com os shows voltando ao normal.
Acho que vai ser mais uma ferramenta de divulgação e de monetização (de se ganhar dinheiro) para os artistas, e espero que para todos da cadeia do entretenimento, como minha classe de técnicos.
Alguns colegas de profissão já opinaram falando que essa monetização não vai chegar nunca aos técnicos. Aguardar pra ver. Só o que nos resta.
A monetização já está acontecendo, né? Já vi várias propagandas de lives de peças de teatro cobrando ingressos virtuais. A pessoa paga, e recebe uma chave para ter acesso à transmissão.
Eu acho que os artistas vão aproveitar um show normal em algum lugar, público ou privado, para fazer também uma transmissão pela internet.
O cantor Belo já fez isso recentemente, aproveitando um show privado que ele fez no sistema drive-in (carros na plateia).
Pagava para ver o show no drive-in, mas pela internet era de graça.
Acho que mais na frente, vão cobrar pelos dois.
Um exemplo:
Show de Beto Das Laranjas no Teatro Limonada, na cidade de Laranjais, em algum local do país ou do mundo.
Para ver no teatro, o ingresso custa 50 reais. Normal.
A pessoa mora na China e quer ver esse show? Sem problema.
Só comprar o ingresso virtual (espero que bem mais barato que o do teatro!) e ver normalmente a live pela internet no mesmo horário, ao vivo.
Ou até ver depois, ficando disponível para esse público virtual por alguns dias ainda, até ser deletado.
Lembram do DVD?
Para mim, a live pode se tornar o novo DVD, com a diferença de você ver o show na hora que está acontecendo, e não poder guardar em casa.
Eu não acredito que o velho DVD vai voltar...
Nem acabou a pandemia, e a audiência das lives já caiu muito, não é?
Não acho que foi por acaso. Cansa.
Repito, acho cansativo e frio o formato de lives sem público.
Mas uma live com público é uma outra conversa. Principalmente porque a banda não vai ficar dentro de uma sala, né?
A diferença básica é que a transmissão/recepção pela internet não é tão estável quanto a transmissão feita pelas TVs.
Mas a live tem uma grande vantagem para compensar!
Não depender da grade de programação das TVs!!!
Já pensou em não ter que esperar acabar a novela para poder ver um show ao vivo, ou um festival de música, ou qualquer outro evento (música, teatro, esporte, etc)?
Vantagem grande, não acham?
Ainda no "achismo", só não acredito nessas futuras lives (provavelmente pagas), se cobrarem um valor alto para o público. De graça, vai ter sempre muitas pessoas querendo ver.
Espero também que com a demanda, surja mais uma especialidade na minha profissão.
Já tem o técnico que mixa o show para o público (PA), tem o que faz a mixagem para os músicos no palco (Monitor), e tem o de Broadcast, que mixa o show para a TV.
Quem sabe não aparece o técnico de Live, para mixar o show para a internet, né?
Aguardar para ver, pois neste texto aqui tem muitas SUPOSIÇÕES.
Só o tempo dirá.
E enquanto os eventos não voltam ao normal, amanhã volto a fazer caldo de cana e suco de frutas, ajudando meu amigo Túlio na lanchonete dele.
Esse amigo trabalhava com Turismo.
Imaginaram a situação, não é? Foi demitido.
Sorte de quem trabalhava com Mercadinhos de bairro... O faturamento, no mínimo, triplicou!!!
Em toda calamidade, tem sempre gente que vai se dar bem.
Lembram da cólera????
Quem trabalhava com água mineral ficou rico!!!!!!
E ainda estão ganhando muito dinheiro até hoje.
E a turma que fabricava filtros de barro faliu.
C'est la vie, mon ami.
É a vida, meu amigo.
Usei o tradutor do Google para escrever a frase, que eu só sabia pronunciar!
Um abraço a todos.

2 comentários:

Mario Jorge Andrade disse...

Muito bom, Titio!
Muito obrigado pela citação!
Sempre bom ler seus textos.
Espero voltar a trabalhar logo!

Titio disse...

Obrigado Mário.
Sobre a citação, não lembrei da frase exata que você falou um dia para mim, mas acho que consegui passar seu ponto de vista.
Mais uma vez, obrigado por participar do Blog.
Um abraço.