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Olá pessoal.
Pois é...
Morreu mais um técnico eletrocutado no serviço.
Não foi o primeiro, e pelo que vejo nos palcos "da vida" por onde eu passo, tá longe de ser o último.
Acho muito difícil que Rodrigo Henrique Ferreira da Silva seja o início do fim de um comportamento muito aquém do exigido profissionalmente na montagem dos nossos palcos.
Já falei de alguns casos absurdos que presenciei aqui no Blog enquanto participava de shows.
Como falei acima, não foi o primeiro, não será o último, e ainda teve caso que nem saiu nos noticiários de Recife!!!!
Um amigo meu falou ontem: --- Titio, se eu fotografasse os absurdos nos palcos por onde passei, eu seria "cancelado".
Não tenho dúvida alguma quanto a isso!
Cancelado seria o mínimo! Se a gente fotografar os absurdos, a bronca é muito grande.
Morro de medo dos famosos "palcos descentralizados"!
Se a gente encontra broncas sérias em palcos centralizados, imagina os que não estão no centro das atenções, né?
Nem vou me estender muito aqui nesse assunto. Cansa.
Fiquei pensando se escreveria sobre isso, mesmo sem ter participado desse trabalho no centro do Recife, e acabei decidindo que era uma obrigação minha deixar registrado mais um caso de descaso na minha área de trabalho.
Vou falar uma frase que de tanto ser falada, e não mudar nada, fica até cansativa de ser falada: "Espero que a morte de Rodrigo não seja em vão."
Escutamos muito essa frase pelo país, né?
Exigir o óbvio, cansa.
Mas ainda tenho um "folegozinho" para continuar exigindo esse óbvio.
E não se assustem... Era pra morrer mais gente, viu?!?!?!
Num dos últimos trabalhos que eu fiz, antes de Rodrigo morrer, eu evitei tocar na mesa de som e na estrutura de ferro do palco, com receio de ficar "colado".
Sem contar que nem guarda-corpo tinha.
Se eu desse um passo grande para trás onde estava a mesa de monitor, cairia do palco.
Ainda tentei remover um carrinho usado para transportar caixas pesadas, com medo de cair sobre os seus braços puxadores de ferro que estavam apontados para cima, mas não consegui.
Então, empurrei a mesa de monitor mais para dentro do palco.
Agora, para eu cair do palco, eu teria que dar dois passos para trás!
Ganhei um passo de folga!
Grande folga, não acham???
Quem vai se importar com um técnico de som ou de luz eletrocutado, ou todo quebrado de uma queda num palco sem guarda-corpo, né?
Só a família e alguns amigos.
Como diz mais uma frase famosa: "O show deve (ou tem que) continuar!".
E continuou mesmo.
Fica aqui meu apelo aos produtores, idealizadores, organizadores, órgãos fiscalizadores etc etc etc, da área de shows e eventos.
Olhem com mais carinho para esse assunto tão sério!!!!!!
Não estão tratando do assunto com a seriedade devida!!
Podem acreditar!!!!
E isso vale para eventos particulares e/ou promovidos pela prefeitura e governo!
Um abraço a todos.
(Que ainda estão vivos.)
PS1: Realmente, era uma obrigação minha falar sobre isso. Espero que mais colegas e amigos que trabalham com shows e eventos comecem a achar a mesma coisa.
PS2: Ahhh. O palco onde eu estava ia caindo pra frente, quando estava sendo levantado o teto. Mas como o assunto hoje foi energia, nem falei.
Esse show de Filipe Catto, onde eu iria operar o monitor, já estava agendado para o dia 30/11, e depois recebi o convite para operar o som do PA do show de Flaira Ferro no dia 01/12 em Recife.
Até aí tudo bem... Só que eu esqueci que novembro só tem 30 dias!!!
E para complicar ainda mais, eu não sabia que a viagem para São Cristóvão (Sergipe!!) para o show de Catto seria por via terrestre!!
Quando fiquei sabendo que iria de ônibus para Sergipe, entrei em contato com a produtora de Flaira para avisar que muito provavelmente eu não iria poder fazer o show em Recife.
Falei que só aceitei o convite porque achei que teria o dia 31, e que eu iria para Aracaju de avião.
Aí teria tempo de sobra!!!!
Eu nem sabia direito quanto tempo levaria para chegar em Aracaju de ônibus, e muito menos qual era a distância entre Aracaju e São Cristóvão!!
E olhe que eu já fui fazer um show de Otto alguns anos atrás nesse mesmo festival, mas nem lembrava mais.
E nesse de Otto, eu fui de avião, o que seria o normal.
(Ahahahahahahahahahahah. Fui dar uma olhada na postagem dessa minha ida com Otto para São Cristóvão. Vi que foi em 2017, e fui de micro-ônibus!!!)
Bem...
Não sei se foi porque eu avisei à produtora de Catto que eu iria desistir do show de Flaira do dia 01/12, mas só sei que ela me falou que a ida para Aracaju seria no dia 29 às 23h50 e a volta seria logo após o show, no dia 30 às 22h30.
Eu iria chegar em Aracaju antes das 9h da manhã, e eu chegaria em Recife no dia 01/12 também antes das 9h da manhã.
Ahhh. Só assim eu descobri que São Cristóvão era bem perto de Aracaju, menos de 30 minutos de van.
Depois de receber essas informações, fui falar novamente com a produtora de Flaira Ferro, onde ela me disse: Tá vendo? Dá tempo!!!!
Pensei nos meus (quase) 59 anos, mas continuei a escutar.
Falou que muito provavelmente o soundcheck de Flaira no Parque da Macaxeira seria após o meio-dia.
Então falei que toparia fazer esse show, mesmo sabendo que eu chegaria "amassado" da viagem de Aracaju para Recife logo após o show de Filipe Catto.
Aproveitar que ainda estão me chamando para os trabalhos, né?!?! (Risos)
E foi realmente o que aconteceu.
Confirmamos todos os horários e eu fechei os dois trabalhos simultâneos.
Vi um filme com vinho tinto cedinho em casa e segui para a rodoviária com meu Amigo Adriano Duprat, que iria fazer o PA desse show.
Conversando no hotel em Aracaju, ele me falou que achava que eu estava falando muito dele nas postagens!
Oxe.
Expliquei que só escrevo o que estou passando, e ele está em muitos trabalhos onde eu estou, ou participou de alguma coisa que era assunto para o Blog.
Inclusive, ele me chama para vários trabalhos onde ele vai participar!!!
Não tem como excluir o nome dele nos textos.
Vai ter que aguentar.
O vinho foi um santo remédio para a viagem longa.
Dormi valendo!!!!!!!!!!!!!!!!
Tudo bem... Era um ônibus leito, poltrona espaçosa, ar-condicionado funcionando à pleno vapor...
E a poltrona era única!!! Não tinha outra poltrona ao meu lado!!!!
Do outro lado do corredor é que são duas poltronas juntas.
Decorei até o número da poltrona para futuras viagens, pois desse jeito é fácil eu aceitar novamente um convite parecido.
Poltrona nove!
Mas só se for de ônibus leito!!!
Rejeitei um convite esse ano para um trabalho, pois seria de ônibus até Fortaleza!!!
Não perguntei se seria leito, e eu tinha um show no dia anterior.
Não tivemos muito tempo de sobra quando chegamos em Aracaju.
A van estava marcada pra sair do hotel às 12h30.
Só deu tempo de "fazer as necessidades", tomar um banho e pedir um almoço no quarto.
A van atrasou!!!!!
Seguimos para São Cristóvão com quase 1h de atraso.
Ahhhhhhhhhh!
Aqui tem um detalhe importante.
Não iríamos voltar para o hotel após o soundcheck, só depois do show.
E eu não iria voltar para o hotel depois do show!!!
A van iria me deixar na rodoviária no caminho de volta para o hotel.
Ou seja...
O banho que tomei no hotel, muito provavelmente seria o único do dia.
E foi!!!!
Nem vou me aprofundar nos detalhes técnicos dos shows, tentar focar mais na logística para fazer os dois trabalhos.
Eu já sabia que seria uma CL3 da Yamaha nesse show em Sergipe.
Converti uma cena de PM5D de um show anterior de Catto que eu tinha feito no Espírito Santo, zerei os equalizadores das vias e zerei os ganhos.
Iria refazer estes ajustes durante o soundcheck.
Não mexi nas equalizações dos canais e nos envios dos sinais desses canais para as vias de monitores dos músicos.
Isso me ajudou, pois foi uma pequena correria o soundcheck, pra variar.
Só quem achou que estava 100% o soundcheck foi Filipe Catto, que sempre usa in-ear.
O resto ficou naquela de "tudo bem, na hora a gente ajusta mais isso".
Eu também fiquei com essa mesma impressão.
Aguardamos pela hora do show.
O pessoal foi para um convento, que seria o ponto de apoio próximo ao nosso palco, e eu fiquei no camarim, pensando ainda no soundcheck que não gostei.
A espera foi curta porque o show começaria cedo, antes das 20h.
Antes da nossa hora, pouquíssima gente na frente do palco.
Poxa... Será que não vai dar gente por causa do horário? Fiquei pensando...
Não sei de onde veio toda aquela gente, só sei que encheu o local!
O show foi espetacular!
(Nem deveria mais falar isso, pois está ficando repetitivo.)
Fiquei impressionado com o vazamento do microfone da Filipe, onde captava tudo do palco!
Num determinado momento, enquanto a banda tocava e ela não cantava, baixei o microfone no fone dela enquanto escutava essa via no meu fone.
TOMEI UM SUSTO GRANDE!
Simplesmente o som da banda praticamente SUMIA.
Ou seja... Muito do que ela estava ouvindo, vinha da captação do seu microfone!
E não tinha o que fazer.
A mixagem foi feita com a ambiência, não tinha como eu eliminar o som captado pelo microfone.
E foi assim durante todo o show.
Falei até para o produtor, que seria bem importante andar com um sistema de microfone sem fio, de preferência com a velha cápsula SM58.
Eu acho um trator! O timbre é bem legal e... Esses vazamentos diminuem absurdamente!!!!!
Não temos ideia de como está o estado dos microfones das empresas de som.
Se já caiu no chão, danificando a cápsula, por exemplo.
Falo isso para todas as produtoras dos artistas com quem trabalho.
Já no camarim após o belíssimo show, foi só comemorar!
Filipe veio me falar que estava tudo maravilhoso pra ela no fone.
Realmente, ela não me pediu absolutamente nada durante todo o show!
E é isso que importa. A ambiência que se lasque!!!
A banda achou que tudo no palco ficou bem melhor na hora do show.
Fiz alguns ajustes nas equalizações e no nível do envio de alguns canais na hora do show, e com certeza o público presente fez diminuir consideravelmente as reflexões do som no local, ajudando no monitor.
Foi massa!!!
Mas nem deu tempo de comemorar muito.
Depois que a van estava com todos os equipamentos, seguimos de volta para Aracaju, com a parada na rodoviária para eu descer.
Tudo dentro do cronograma.
Dormi muito bem de novo, mesmo sem ter bebido meu vinho tinto.
Cheguei com tempo de sobra, e o pior... O ônibus que estava marcado para sair às 22h30, só se mexeu às 23h19!!!!!!! Decorei até a hora exata!
Tudo bem... Fiquei um bom tempo dentro, já no ar-condicionado, mas achei um absurdo!
Mesmo com esse atraso, se não me falha a memória, desci no TIP em Recife antes das 8h da manhã.
Eu só teria que chegar no local do próximo show no Parque da Macaxeira às 13h.
Meu pensamento na hora que estava voltando para casa no Uber foi: TOMAR UM BANHO!
Tomei um banho, fiz meu leite com Nescafé, e peguei um pedaço de panetone para complementar o café da manhã.
Com tempo sobrando, resolvi ficar na cama com as pernas esticadas esperando pela hora do almoço, para compensar as duas noites no ônibus onde eu não pude fazer isso.
Ainda dei um cochilo de um pouco mais de 1h...
Almocei o resto da quentinha da sexta-feira que estava na geladeira e segui para o local do show de Flaira Ferro.
Todo animado porque iria usar uma mesa que só tive contato uma única vez, e foi ainda num show de Naná Vasconcelos no Marco Zero!!!
Logicamente, era pouca coisa que eu lembrava dela, mas eu estava muito disposto a ter esse novo contato com ela.
Consegui montar uma cena básica inicial em casa antes de viajar para Sergipe, olhando as dicas de Renato Carneiro em vídeos no YouTube.
Teve uns contratempos na hora do soundcheck, porque a outra mesa do PA deu problema, e poderia ser que eu tivesse que fazer nessa mesa que deu problema mas que ressuscitou.
Convenci meus amigos da empresa de som para me deixar na SD8 da DiGiCo, pois eu não conhecia nada da outra mesa, uma Midas Heritage-D HD96.
E assim foi feito.
A mesa que tinha ressuscitado, morreu de novo!
Aí todo mundo passou o som usando a SD8, e outra SD8 chegou lá para substituir a mesa com problema.
Nem sei direito qual foi o problema.
Tava focado na SD8, pra ver se a cena que eu montei em casa iria funcionar.
Funcionou, pelo menos meus ajustes básicos, mas Bruno (técnico da empresa) teve que fazer vários ajustes no patch e no setup da console para minha cena realmente "encaixar".
Pelo meu (des)conhecimento, eu não sairia do canto nesses ajustes que foi feito por Bruno.
Teria que pedir uma LS9 para eu fazer o show! (Risos)
Mas já estou marcando umas aulas com meu amigo Westinghouse para ele me explicar esses ajustes que são necessários para a cena funcionar perfeitamente. Se isso pode ser feito no editor ou só na mesa.
Pelo que eu entendi, só na mesa de som para fazer esses ajustes.
Cena bem ajustada, segui com o soundcheck.
Mesmo aparecendo algumas pedrinhas durante o soundcheck, chegou num ponto que já estava bom pra mim.
Não estava perfeito (pra mim), mas já dava pra encerrar, principalmente porque não tinha tanto tempo assim para dar ajustes finos.
Soundcheck encerrado.
O show seria o primeiro, e nada foi desligado no palco.
A espera foi mínima!
Só deu tempo de passar no camarim para comer um salgado e beber uma água.
Todos já estavam se arrumando para o show.
Para apenas um segundo contato com a SD8, achei até que fui bem.
Lento ainda nos comandos, procurando os caminhos.
O que acho normal.
Isso só vem com a prática.
A agilidade.
O show foi muito bom, como o de Filipe.
(Não coloquei espetacular para não acharem que estou exagerando.)
Mas não me assusto mais com esses dois shows.
Já sei o que vai vir do palco!
O susto que tomei com Filipe Catto no meu primeiro contato foi grande!
Eu no monitor, no show que aconteceu aqui em Recife no Teatro do Parque.
Falei desse show aqui no Blog.
Um dos que se assustaram com esse show de Flaira foi um amigo que estava como diretor de palco do evento, quando nos falamos pelo WhatsApp na segunda-feira.
Falou pra mim que foi lá na frente ver, e se assustou com a beleza do show.
Que ficou assombrado com a ascensão de Flaira como artista, principalmente cantando e como compositora, pois na dança e/ou presença de palco, todos aqui do ramo de eventos sabem como ela começou.
Dançando. Flaira era uma bailarina.
Ri com as declarações dele e falei pra ele o que falei acima.
Não me assusto mais. Já me assustei nos primeiros contatos que eu tive, tanto no monitor quanto no PA.
No PA o susto é maior, porque estamos de frente pra o espetáculo.
Ao lado do palco, vendo o show "de lado", sem ver direito a luz em ação, e com um som bem diferente do que o pessoal está ouvindo na frente, a referência é bem menor.
Mesmo assim, acho que a primeira vez que me assustei com Flaira Ferro foi fazendo o monitor do show.
Pois bem...
Eu achei, pra variar, que eu poderia ter feito muito melhor, mas isso já me persegue desde que me entendo por gente, e tento dar um desconto.
Me preocupa mais a opinião do público e dos artistas e músicos.
Eu já estava bem animado com o feedback de Filipe e da banda depois do show lá em São Cristóvão...
E nessa segunda-feira, quando mandei uma mensagem para Flaira agradecendo pela oportunidade, ela me responde como está na foto abaixo.
(Logicamente, pedi autorização para publicar nossa conversa.)
Não tinha como o título dessa postagem ser outro!
Dormi duas noites seguidas numa poltrona de um ônibus, mas...
VALEU MUITO A PENA!!!!!
Muito obrigado a todos de Filipe Catto e Flaira Ferro, por me fazer acreditar que meu trabalho ainda vale a pena!!!