terça-feira, 11 de março de 2025

Carnaval 2025 - "Vou rodar hoje! Os cachês vai demorar!"

 
Olá pessoal.
Ia até fazer um breve resumo, ou falar de alguns dos cinco trabalhos que fiz nos quatro dias de carnaval, mas antes de decidir o que falar, me apareceu essa frase de um Amigo numa conversa de WhatsApp.
Que para mim, resume bem a atual situação da minha "turma" de shows e eventos (técnicos e músicos).
Na realidade, essa situação não é novidade...
Mas depois volto ao assunto.
Queria falar também sobre os velhos problemas de estruturas dos palcos pela cidade.
Vi até que tiveram umas mudanças para melhor em alguns deles, como o de Brasília Teimosa e Poço da Panela, que nunca fiz trabalhos lá, mas o que eu escutava dos colegas e amigos técnicos que passaram pelos locais, era desanimador.
Que bom que deram uma melhorada.
Dá para notar que os problemas maiores são nos polos descentralizados, né?
Marco Zero e Arsenal sempre tiveram uma "atenção" diferenciada.
E tem razões pra isso, né?
Passei por dois polos completamente abandonados.
Alto José do Pinho e Pátio de São Pedro.
O Pátio eu já estou achando que é de propósito, virou marca registrada, e faz parte do carnaval do Recife daquele jeitinho.
Só pode.
Até nosso roadie foi atacado por cães de rua antes do show, quando foi pegar um material que estava na van, estacionada na rua ao lado do palco.
Foi parar no hospital, todo rasgado, tanto nas roupas como na carne.
Eu sinto pena do polo, se é que vocês me entendem.
Esse abandono, reflete no público.
Pouquíssima gente tanto no Pátio como no Alto Zé do Pinho.
Acho que o público diminuiu em vários polos.
Operando o PA do show de Siba e A Fuloresta no Palco Pernambuco Meu País.

Passei pela Várzea, e também estava bem reduzido de público.
E lembro que tempos atrás, dava bastante gente nesses três locais.
Teve amigo meu que achou isso até do Marco Zero!
Diminuição do público.
Não descarto a violência como um dos fatores para essa diminuição.
Bem... Nem passei perto do Marco Zero esse ano.
Eita, passei!
Fiz show no Palco Pernambuco Meu País, que era do governo e causou uma polêmica no meio artístico.
Como diz o ditado famoso: "Eles que são políticos que se entendam."
Adoro adaptar frases famosas.
Por exemplo, nunca gostei de chorar o vinho derramado!
Operando o monitor de Mestre Ambrósio no Pátio de São Pedro.

Esse ano, pelo que chegou pra mim, o sucesso (de rejeição) foi o polo Graças, dos shows instrumentais.
Músicos exigentes, onde querem escutar cada nota tocada, nem monitor tinha direito no palco...
Também não passei por lá, mas vários amigos passaram.
Legal a estrutura do Carmo, em Olinda!!!
Tanto dos equipamentos no palco como o sistema de PA.
Operando o PA da Banda Eddie na Praça do Carmo.

Já no polo Guadalupe eu não tenho a menor ideia de como estava.
Tinha até um show de Siba e A Fuloresta para eu fazer lá, mas já tinha fechado outros  trabalhos para esse dia.
No Pátio de São Pedro eu recebi a mensagem da diretora de palco, falando que a mesa seria outra, e a que iria ficar no lugar estava com problemas no bloco dos primeiros 8 faders.
Você receber uma notícia dessas em pleno 2025, desanima.
Mandei mensagens para meus amigos que trabalham na prefeitura, dizendo que eu estava pensando em mudar de profissão.
Como eles me conhecem, já sabem que eu gosto de "romancear" as situações.
Mas não esqueçam que as situações existem!
A mesa que estava com os problemas nos 8 canais iniciais, já travou no primeiro dia, trocaram por uma de menor porte, mas já avisaram que no meu dia com Otto seria uma Venue, que era a que eu sabia que seria desde o começo.
Ela não estava perfeita, como podem ver no vídeo abaixo, parecendo um vídeo game, mas não interferiu muito no trabalho e eu consegui entregar um som bem decente para o público.

Nesses casos, a gente se sente o "Tampa de Crush".
Me senti assim em vários trabalhos esse ano fazendo o PA.
No monitor, nem tanto.

E penso até em diminuir, ou não fazer mais monitor no Carnaval e/ou São João.
Cada ano complica mais fazer esse serviço nos palcos de datas festivas espalhados pelas cidades.
E estou chegando nos 60, sem aquela disposição dos 30, quando fazia Versão Brasileira.
Aqui não estou dramatizando muito não, viu?
Tou realmente pensando no assunto.
Operando o PA de Otto no Pátio de São Pedro.

Basicamente, esse foi meu resumo de carnaval, onde me senti bem melhor (e com mais saúde) fazendo o PA, e me desgastei muito no monitor, trocando caixas, cabos, microfones etc etc...
Depois disso tudo, ler uma mensagem pesada desse meu Amigo no WhatsApp foi desanimador, falando que iria rodar (de Uber) para poder entrar grana enquanto espera pelos cachês do carnaval, que como todos aqui já devem saber, não são como PIX que caem na hora.
Muitas vezes esperamos 30/60 ou até mais dias para receber!
Eu guardei dinheiro para pagar as contas desse mês, sabendo que seria assim mais um ano.
Infelizmente, essa é mais uma coisa "normalizada" no nosso país, onde jogo do bicho é contravenção, mas tem um drive-thru de apostas no bairro da Madalena, aqui em Recife!
Sempre tento guardar uma graninha, pois o normal é assim, mas nem sempre conseguimos fazer essa reserva, e aí a coisa complica...
Show de Otto no Pátio de São Pedro.

Por isso meu Amigo foi rodar com o carro dele como motorista de aplicativos.
Eu nem tenho carro, nem RODAR eu posso fazer!!!!
Pelo menos eu sei que posso vender coxinha com caldo de cana na lanchonete de um Amigo, que foi onde fiquei um bom tempo no caos da pandemia!
Enquanto esse dia não chega, vou me divertindo (nem sempre!) nos trabalhos com shows e eventos.
Tentando sempre me sentir o Tampa de Crush!
Mas... Como vocês sabem, lendo meus causos aqui, nem sempre consigo isso, né?
Um abraço a todos.