Olá pessoal.
Eu já tinha trabalhado com O Teatro Mágico (OTM), mas fazia um tempinho e foi uma única vez.
Operei o som do PA no FIG (Festival de Inverno de Garanhuns) em julho de 2023.
Então eu já conhecia o trabalho do grupo.
Dessa vez recebi o convite para fazer o monitor do show.
Nesse show, Nardão fez a produção técnica, acertando os detalhes com a produção local e com a empresa de som contratada.
Eu só escolhi a mesa de monitor, numa relação que me passaram.
Optei pela M32 da Behringer.
O input era bem enxuto, com menos de 32 canais, e todos iriam usar fones.
Nenhum monitor de chão, nem caixa de subgraves para a bateria.
Só o side, que seria usado em alguma emergência.
Como falei no final da postagem anterior, combinei com Nardão (produtor e técnico do OTM), que chegaríamos às 10h na Concha Acústica da UFPE, que fica bem pertinho da minha casa.
Mas eu resolvi pegar um carro de aplicativo porque estava levando muita coisa, e não seria uma boa ideia sair puxando meu case pelas ruas, mesmo ele possuindo rodinhas.
Além de dificultar a caminhada, tinha o risco de ser assaltado.
Como não fiz farra grande de comemoração na noite anterior, após o trabalho no show de Otto, acordei tranquilo, tomei um banho morno, fiz uma vitamina de banana com aveia e Toddy, e segui sem agonia para o local do evento.
Nardão já estava no palco organizando os praticáveis.
Tínhamos tempo de sobra para ajustar as coisas, porque só era o show do OTM, sem banda de abertura ou DJs antes ou depois do show.
Passei minha cena inicial que montei em casa, e fui ligar os equipamentos.
O Fernando Anitelli, voz principal do OTM, iria usar um in-ear sem fio, que seria fornecido pela empresa de som.
A banda anda com um sistema de in-ear sem fio, mais simples, e seria usado no violinista.
Baixo, bateria e teclado usariam sistema de in-ear com fio.
Dois sistemas sem fio para instrumentos também seria fornecido pela empresa de som, e seriam usados no violão de Anitelli e no violino.
Quando eu cheguei no local, esses sistemas ainda não tinham chegado, então eu fui ligando as vias dos sistemas com fio e fui conferir o side.
Deixei também os cabos prontos para ligar o in-ear de Anitelli.
Quando eu fui testar o side, não consegui enviar o sinal de jeito nenhum...
Nem modulava o meter (medidor de volume do sinal) do side quando eu levantava o fader do microfone que eu estava usando para testar as coisas.
Oxe. Não entendi.
Tentamos de tudo e não achamos onde estava o problema.
Quando a gente chamava a cena inicial da empresa de som, funcionava normalmente.
Ou seja... O problema estava na minha cena! Deduzi na hora.
Conferimos várias vezes o output patch da minha cena, e nada!
Achando que poderia ser alguma coisa errada nas saídas físicas 15/16.
Depois de várias tentativas sem êxito, resolvi usar os auxiliares 11/12 que estavam usando as saídas físicas 11/12 da mesa.
Funcionou perfeitamente, e eu segui em frente.
O problema não poderia ser nas saídas 15/16 porque na cena da empresa funcionava normalmente.
Hoje, escrevendo o texto, abri a cena que usei lá, e fui procurar o erro.
Tinha que ser na minha cena!
E achei.
Não era problema no patch, estava tudo correto.
Tinha um insert ativado no LR, que não era para estar ali. (Foto abaixo)
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| Clique na imagem para ampliar. |
O fader do máster está abaixado porque nessa hora eu já tinha desistido de usar o L/R e já estava com o side pelos auxiliares 11/12.
Vou até ligar para os técnicos da empresa de som para falar onde estava o problema. (Liguei)
Com o side nos auxiliares, fui seguindo em frente.
Uma das caixas de subgrave de um dos lados do side não estava funcionando, e não tinha caixa reserva.
Como eu não usaria o side "pra valer", só numa emergência, pedi para desligar uma das caixas do outro lado, que daria para eu fazer o trabalho tranquilamente.
Usei o EQ gráfico para dar uma ajustada na sonoridade do side, e finalizei essa etapa.
Deu tempo de almoçar ainda.
Como falei, tínhamos tempo de sobra.
Quando voltei do almoço, fui ligar os sistemas sem fio que tinham acabado de chegar.
Liguei também meu in-ear de pobre, o sistema M-Vave, para eu poder me locomover no palco com o iPad na hora do soundcheck, ajustando os monitores dos músicos ao lado deles.
Resolve que é uma maravilha, principalmente quando o palco não é gigantesco.
Num palco de grandes proporções, falha muito.
Mas se não tem sistema de in-ear disponível para o técnico, é melhor usar o M-Vave.
O soundcheck foi bem tranquilo.
Eu já tinha feito em casa uma distribuição dos sinais para os músicos, e na hora eu faço os ajustes finos.
Por exemplo... Quando fui fazer o monitor do tecladista, a primeira coisa que ele me pediu foi para cortar todas as peças da bateria, deixando bem evidente seu teclado, e o resto poderia ficar bem abaixo, que ele iria ajustar os volumes durante o soundcheck.
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| Via do tecladista. Clique na imagem para ampliar. |
Segui normalmente com o serviço, até todos falarem que estava tudo certo.
Na realidade, quase que normalmente, pois apareceu um probleminha no monitor da bateria, e como não tínhamos mais muito tempo sobrando, resolvemos deixar a via mono, mesmo eu ouvindo perfeitamente o estéreo dessa via no meu sistema de escuta.
Ainda vou falar com Rapha para ver se deu o mesmo problema em outros shows.
Dei uma olhada aqui também na cena, mas o problema era lá mesmo.
Ou nos cabos, ou no plugue adaptador do fone dele, ou no sistema que ele leva para ligar seu fone, onde enviamos o L/R da via dele por dois cabos XLR.
Fora isso, não tinha mais o que fazer no soundcheck, e encerramos.
Iria ter duas participações durante o show.
Silvério Pessoa iria cantar duas músicas, sendo que na primeira usaria violão, e Flaira Ferro cantaria uma música.
Ainda passamos o som de Silvério, onde usei o side para ele poder escutar sua voz e violão, porque não tinha mais nenhum monitor no palco.
Coloquei um pouco da banda também no side para ajudar Silvério e Flaira na hora deles.
Mas eu só usaria nessas horas o side, deixando fechado no restante do show.
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| Marcação onde eu deveria abrir o side. |
Nem precisei abrir na hora de Flaira, porque ela cantou lá na frente com Anitelli no violão, fora do palco e perto do público.
Ela teve que se guiar pelo som do PA, mas deu certo.
Na hora de Silvério, o som do violão teimou em chegar, e foi algum problema no encaixe do cabo, no violão dele ou no DI.
No soundcheck não tivemos problema com isso, mas o violão não ficou ligado direto.
O cabo ficou lá no chão e foi plugado novamente no violão na hora que ele entrou no palco para se apresentar.
Coisas do "ao vivo".
Ainda aconteceram algumas coisinhas fora do roteiro, como a corda do violão que quebrou, e o sistema sem fio do violão se auto-desligou algumas vezes, onde nosso roadie Neto tinha que ir lá para ressuscitar o transmissor.
Nada disso conseguiu diminuir a animação do show, e do público.
Foi uma verdadeira festa!
Como falei, eu já tinha participado de um show do OTM, mas esse foi diferente!
Mesmo eu estando no monitor, foi bem diferente do que presenciei e senti no Festival de Inverno de Garanhuns.
Quais as diferenças?
Vou falar só de uma...
No FIG era um festival aberto e gratuito, onde seriam vários shows diferentes no mesmo dia.
Na UFPE era um show fechado com pagamento de ingresso.
Ou seja...
Quem foi para esse show na Concha Acústica da UFPE, foi para ver o show do OTM.
Ou queria muito conhecer o show, ou já conhecia e já gostava, e tinha ainda a turma que era fã nível máximo!
Além disso, aqui em Recife o público ficou praticamente dentro do palco.
Lá em Garanhuns a coisa foi mais fria, mais distante.
Muitos ali naquela praça foram para lá por hábito, e nem sabiam quem era OTM, e muito menos Lula Queiroga, que se apresentou antes.
Nesse show na UFPE, Fernando Anitelli tocou violão e cantou no meio do público, e fazer isso lá em Garanhuns era bastante complicado, e acredito que nem pensaram nisso.
Nesse aqui ninguém sentiu falta de bandas de abertura ou DJs.
Foram para ver o show.
E isso pode fazer uma diferença absurda.
E fez!!!!!!
É uma mistura de show musical, teatro e circo.
Como foi também lá no FIG, mas aqui o clima foi outro!
Só teve um pedido do baterista para aumentar alguma coisa que nem lembro o que foi, e teve aqueles "probleminhas" no violão de Anitelli e Silvério.
Fora isso, não toquei mais na mesa de som.
Tomei vários sustos com a reação do público, e acabei me tornando um espectador, como o pessoal que estava na plateia.
Aquilo ali estava mais para uma festa de confraternização do que um show propriamente dito, por causa do nível elevado de interação entre público e artistas.
Esqueci completamente por várias vezes, que eu estava ali trabalhando.
E o final, como vocês vão poder conferir no vídeo, foi uma verdadeira adoração!
Uma seita?
Pode ser...
Uma seita do bem, como acontece também com Los Hermanos, Codel do Fogo Encantado...
Dessas seitas eu gosto.
Quando o show acabou, ainda inebriado com o que vi e senti, fui desligar, desmontar e guardar nosso equipamento.
Ainda cantarolava nos meus pensamentos um pedaço da última música do show, O Anjo Mais Velho.
Tenho várias frases de músicas que levo comigo na vida, como por exemplo:
* Estava mais angustiado do que um goleiro na hora do gol. * Comparo sua chegada com a fuga de uma ilha, tanto engorda quanto mata, feito desgosto de filha. * Foi assim como ver o mar, a primeira vez que meus olhos se viram no seu olhar. * Nem o sol, nem o mar, nem o brilho das estrelas... Tudo isso não tem valor sem ter você. * Eu queria tanto estar, no escuro do meu quarto. À meia-noite, à meia luz. Sonhando. Daria tudo, por meu mundo e nada mais!
Essas acima são algumas que sempre me pego cantarolando...
E mais uma frase entrou para essa minha lista.
* Só enquanto eu respirar, vou me lembrar de você. Só enquanto eu respirar...
Falar o que dessa frase?
Nada, só curtir, admirar.
Como todos que estavam ali dentro da concha acústica fizeram.
Em alto e bom som!!!!!!!!!!
Muito bom participar de momentos como esse.
Que venham outros!
E... Enquanto eu respirar, vou me lembrar de você... (Risos)
Nem demorei muito no local depois que guardei todo o equipamento.
Tinha muita gente ainda querendo tirar foto com "A Trupe".
Nem falei com o pessoal... Chamei um Uber e fui para casa descansar, que no outro dia eu iria fazer o monitor de duas bandas no mesmo palco, no centro de Recife.
Academia da Berlinda e Cordel do Fogo Encantado.
Acho que nem uma taça de vinho eu bebi para comemorar o show do OTM.
A idade vai chegando, e o cansaço aparece mais fácil.
Nem sei se vou escrever sobre esses outros dois trabalhos. Assunto tem, mas...
Falta é coragem para escrever!
Vou finalizar aqui com uma frase de uma propaganda bem antiga da moto Honda que está nessa minha lista de frases que levarei na minha vida:
"Viva para ter o que lembrar... Pois vai chegar o dia, em que a sua maior riqueza serão as lembranças. E são elas que te manterão vivo."
Um abraço a todos.
PS: Vou "arrumar as coisinhas" para o próximo trabalho que vai ser nesse sábado. Monitor do show de Lucy Alves em Porto de Galinhas. Não divulguei nada porque o show vai ser numa festa privada.











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