segunda-feira, 8 de setembro de 2008

M.I.M.O. - Mostra Internacional de Música em Olinda – Duas mixagens diferentes ao mesmo tempo. (O difícil não é errar, mas sim admitir que errou!)

Olá pessoal. Trabalhei mais uma vez este ano na MIMO ( http://www.mimo.art.br/2008/index.php ). Foram cinco dias (3 a 7 de Setembro) operando o som de shows que aconteciam dentro das igrejas de Olinda. Só no primeiro dia, na quarta-feira, no show do percussionista Ramiro Mussoto na Igreja de São Pedro, que eu não operei o som porque o artista trouxe seu operador. Nos quatro dias seguintes em que fiquei na Igreja do Seminário ninguém trouxe técnico. A proposta inicial deste evento é trazer música (clássica e/ou instrumental) para dentro das igrejas de Olinda. A princípio pensamos em nem usar amplificação para dentro da igreja, só enviando o sinal dos instrumentos para as caixas de som que ficam fora da igreja para o pessoal que não consegue entrar por falta de espaço. Mas já estão aparecendo shows com canto e com muitos instrumentos percussivos e eletrônicos, dificultando mais ainda o serviço, pois as igrejas não têm nenhum tipo de tratamento acústico e por causa disso temos um tempo de reverberação muito alto. Isso interfere, e muito, na inteligibilidade do som. Visão geral da parte interna da Igreja do Seminário. A falta de tratamento acústico, dificulta a inteligibilidade do som. Dia 03/09 No show de Ramiro Mussoto, o seu operador (que usou quase 32 canais!) teve problemas com o volume do som, pois o percussionista estava querendo uma monitoração igual à de shows normais, coisa que fica inviável dentro de uma igreja. Ao contrário do que aconteceu com os demais shows que operei na Igreja do Seminário em que não usei nenhuma caixa de retorno, neste show de Ramiro existiam 6 caixas no palco saindo som para monitoração. Isso já deixou o nível alto do som e quando o operador somou com o som da frente, tudo ficou muito alto e confuso! A produção do evento veio me cobrar um ajuste no volume. Expliquei que não era comigo que eles tinham que falar, e sim com o técnico do artista, pois era ele que estava operando o som. Eu só estava lá para ajudá-lo em algum pedido e mostrar como funcionava o sistema de som e a mesa. O operador de Ramiro alegou (com razão) para a produção que não tinha como ele diminuir o volume geral se o volume dos monitores não fosse também atenuado, pois grande parte da massa sonora já estava vindo do palco. Este volume alto no palco era escolha do artista. Agora era uma questão de acordo entre a produção e o artista! Depois de alguma conversa, o artista foi convencido que não dava pra usar os monitores com aquele volume e o sound check acabou. O sistema de som era formado por uma mesa M7CL da Yamaha (que controlava o P.A. e monitor), quatro caixas amplificadas (eram só duas, mas o técnico de Mussoto pediu mais duas), e duas caixas de sub pra reforçar um grave se necessário. Esse mesmo sistema seguiria comigo para os outros dias na Igreja do Seminário. Vista panorâmica do pátio da Igreja do Seminário na Sé, em Olinda. Lá no fundo, Recife.

O show foi muito bom e o volume estava, por incrível que pareça, mais baixo do que no sound check. Não tivemos qualquer problema durante todo o show. Um dos pontos altos (pra mim) foi uma música com 5 berimbaus afinados em tons diferentes. Nunca tinha visto. Muito legal. Ramiro Mussoto toca de vez em quando em cima de bases gravadas no laptop e este áudio estava sincronizado com o vídeo. Muito bom também.

Quando estava desarmando o equipamento no final do show, tive a má notícia de que a mesa de som não seguiria comigo para a outra igreja como estava combinado. Os shows lá seriam menores, provavelmente nem precisaria de monitoração, e com uma mesa menor daria pra fazer o serviço. Até aí, tudo bem... Mas quando eu soube que a mesa que seria colocada era a mesma que “apagou” em Fernando de Noronha, eu gelei! Mas me garantiram que ela estava completamente consertada! Nada mais me restava a não ser acreditar. Mesas de som e luz posicionadas e escondidas na lateral do palco na Igreja do Seminário.

Dia 04/09

Cheguei cedo à Igreja do Seminário para montar e ligar o equipamento. As caixas já estavam posicionadas e eu fiquei esperando a mesa de som chegar. A atração deste dia seria Zabé da Loca, uma senhora de 84 anos tocando pífano. Na formação ainda teria mais um pífano, uma caixa, uma zabumba e pratos. No sound check foi decidido que não seria necessário o uso de monitores. Foram pedidos pela banda dois microfones headset, que encaixam na cabeça e o músico fica com as mãos livres. Eles seriam usados, logicamente, por quem tocaria os pífanos. Depois de tudo ligado, pedi para tocarem alguma coisa e eu fui me sentar nas cadeiras para ouvir o que precisaria ser colocado no som da frente e o que não seria necessário, pois já dava para ouvir legal só com o som acústico do instrumento. Minha mesa estava ao lado do palco, como foi no ano anterior, mas caso eu participe no próximo ano do evento, vou pedir encarecidamente que a mesa seja posicionada no seu devido lugar, que é de frente para o palco.

Mais adiante eu conto qual o problema que eu tive e que poderia ter sido evitado caso a mesa estivesse no lugar certo.

No ano anterior, tudo que saía no som dentro da igreja saía com a mesma proporção no som que estava fora. Era o mesmo sinal. Este ano decidi (Mário Jorge fez a mesma coisa na Igreja da Sé) fazer duas vias separadas, pois notei no ano anterior que precisava de volumes diferentes dos instrumentos nos dois locais. Às vezes nem é necessário colocar o instrumento no som de dentro, pois tudo soa alto por causa da acústica, mas preciso do som de todos os instrumentos no som que está fora da igreja. Foi o caso dos pratos, que quase não coloquei no som de dentro, mas para o som de fora foi preciso mais sinal.

Depois de passarem algumas músicas, ajustei o som de dentro e pedi para tocarem mais umas duas para eu ajustar o som de fora. Nessa hora, Zabé da Loca já tinha decidido parar de tocar, e eu continuei com o resto da banda. Sound check de Zabé da Loca.

O som das caixas de fora estava muito ruim e eu não consegui melhorar. Acreditava ferrenhamente que era culpa da qualidade dos pré-amplificadores de entrada e da equalização da mesinha “safadinha” da empresa de vídeo que estava lá fora para receber meu sinal que vinha de dentro mais o sinal do DVD, pois antes das apresentações passavam documentários e filmes na parte exterior. Nem pensei em outra causa. Lembram que eu falei que um dos pontos positivos de trabalhar com empresas de som é que temos mais tempo de contato com os equipamentos, entendendo-os melhor? Pois bem... Cometi um erro grosseiro aqui, que tenho até vergonha de falar, pois é uma coisa quase inadmissível para uma pessoa que trabalha com áudio já faz um tempinho, mas este Blog foi feito pra contar os bastidores, e é isso que continuarei a fazer, mesmo eu fazendo uma grande merda! Aqui vou comentar uma parte técnica, que os leigos não vão entender direito, mas eu tenho que falar. Vou tentar achar as palavras mais simples pra facilitar o entendimento de quem não é do ramo.

Por eu não ter muita experiência com as ligações dos equipamentos, o pessoal da empresa de som coloca sempre comigo no evento uma pessoa da firma que sabe tudo sobre as ligações e eu fico mais na parte de operação do equipamento. Qualquer dúvida sobre as ligações era só perguntar pra este colega. Como neste evento não existiam ligações complexas, fiquei com Mano, um funcionário da empresa de som, que começou como carregador e se interessou em aprender a ligar os equipamentos e está querendo aprender também a operar o som. Da mesa para as caixas de som que ficavam dentro da igreja não tinha o que errar, pois as caixas eram amplificadas e era só enviar o sinal do meu máster para elas. Para que as caixas de fora funcionassem, era preciso enviar meu outro sinal para um rack de amplificadores e destes amplificadores saiam os cabos para as caixas. Até aí ele fez tudo certinho. O problema foi que ele esqueceu (e eu nem sabia que existia naquelas caixas) que aquelas duas caixas foram feitas para serem usadas tanto em modo passivo como ativo. Calma! Não tem nenhuma relação com sexo!

No modo passivo, apenas um sinal do amplificador alimenta as duas partes da caixa: a parte responsável pelo grave/médio-grave e a parte responsável pelo médio/agudo. No modo ativo, é preciso dois sinais distintos de amplificação, um para cada parte da caixa. E existe atrás da caixa uma chave para escolher qual modo vai ser usado. E logicamente, esta chave não tem nenhuma marcação de posição e é bem escondidinha. Quando ela está na posição para passivo, é só ligar o sinal que vem do amplificador na entrada de baixo que o sinal também vai pra parte de cima. Agora... Quando a chave está para ativo, o sinal que entra na parte de baixo não é enviado para a parte de cima, que fica esperando o outro sinal de amplificação entrar no seu conector de entrada. Resumindo... O som estava muito diferente do som de dentro porque simplesmente as duas caixas estavam com as partes responsáveis pelo médio e agudo desligadas. Como a parte da caixa responsável pelo grave e médio-grave falava um pouquinho de médio, achei que o problema estava nos componentes dos pré-amplificadores e dos equalizadores da mesa que não estavam respondendo direito nos agudos. Erro grosseiro, pois várias vezes passando o monitor ou P.A., notei com o primeiro “alô som” que tinha coisa parada. Fazer o que? Aconteceu. Paciência. Não notei desta vez.

O show foi muito aplaudido, e o som estava muito bom dentro da igreja. Só complicava mais quando o músico batia com muita força na caixa, pois reverberava muito e embaralhava um pouco o som, mas ele fez isso poucas vezes. Conversando com o músico que tocava um dos pífanos, e quem realmente puxava toda banda, ele me falou que se arrependeu de não ter usado monitor, pois em certas horas ficava difícil escutar direito o que tocava, por causa da reverberação do local.

Fui dormir pensando e acordei pensando naquele som da parte externa. Foi quando deu o estalo e me lembrei dos monitores de palco que tem esta mesma chave. Liguei na mesma hora para Arnaldo (lembram dele?) e já perguntei afirmando: Arnaldo, aquelas caixas externas da igreja tem a mesma chave dos monitores de chão, não é? Ele riu e disse que sim. Fiquei puto! Caralh#%@+#!!!!

Dia 05/09

Vejam o que dizia o programa do festival para este dia: Haim Isaacs, voz, piano, água, saco plástico e pedra, Izidor Leitinger, trompete, berrante, concha, voz, piano, percussão, vassoura e dijiridoo.

Que danado é dijiridoo??? Vassoura, saco plástico e pedra eu sabia o que era.

Imaginaram o que estava por vir?

Haim veio falar comigo no dia anterior depois de acabar o sound check de Zabé da Loca. Me perguntou se poderia cantar alguns minutos no local, e eu ingenuamente falei que não tinha microfone ligado para voz e os que estavam ligados eu não poderia mexer, pois estavam regulados para o show de Zabé. Ele me explicou que seria sem microfone, era só pra sentir como iria soar a voz dele no ambiente. Depois de passear pelo palco ouvindo como soava sua voz em cada canto, ele se despediu e me informou que não queria nada microfonado no show da dupla. Tudo seria feito acusticamente. Falei que eu teria que colocar alguns microfones, pois precisava mandar o áudio para fora da igreja, pois existiria público lá fora. Ele assustado, perguntou: Verdade? Nãoooo! E eu pensando que estava na França, respondi: Ouiiii!(risos)

Sound check da dupla Haim Isaacs (no piano) e Izidor Leitinger (na vassoura). Um dos microfones perto do piano e na estrutura de ferro atrás do pianista, está um dos microfones shotgun preso na estrutura. Para visualizar melhor, click na foto que ela é ampliada.

Consegui entender ainda com meu inglês chulo, que se não fosse pra colocar o som dentro da igreja, eu poderia usar os microfones. Ele realmente não queria nada amplificado dentro do recinto. Para complicar mais um pouquinho, pediu para a produção do evento para retirar minha mesa que estava na lateral do palco. Colocaram-me quase dentro dos vestiários dos religiosos! Agora, além de não escutar quase nada, eu não via absolutamente nada do palco!

Esperei eles espalharem seus “instrumentos” musicais no palco pra ver o que faria na microfonação. Pensei em espalhar microfones “à condensador” para captar o ambiente como um todo, pois são mais indicados para este tipo de captação por serem muito mais sensíveis do que os “dinâmicos”. O problema é que eu só dispunha de 3 desses microfones naquele dia, pois o restante estava espalhado pelas outras igrejas fazendo os outros shows. Então só me restava escolher aonde colocar estes três microfones. Coloquei um perto do piano apontado para o fundo do palco, pois ele era um microfone de cápsula grande com captação cardióide. Conseguiria captar o piano e uma boa parte da frente. Os outros dois, tipo “shotgun”, por serem mais direcionais, eu posicionei mais afastados um em cada lado no fundo do palco apontados para o meio, para tentar captar os músicos em movimento. Se eu tivesse mais uns dois do tipo que coloquei perto do piano, teria um resultado bem melhor, mas já ficou satisfatório com estes três. Até o som da vassoura varrendo o chão saiu perfeitamente lá na área externa!

Descobri neste dia que daria para eu escutar pela mesa o sinal que eu estava mandando para a área externa, se este sinal fosse enviado pelos auxiliares 5 ou 6. Não perdi tempo e modifiquei minha ligação anterior. Agora era só ficar com o fone de ouvido administrando o volume dos microfones. Foi tudo tranquilo com o show. O público gostou, mesmo não sendo um show comum. Vai ver que gostaram exatamente por causa disso! Achei algumas partes chatas, mas achei também partes belíssimas. Estava curioso pra ver como ele tocaria a “pedra”, mas só o vi uma vez, nas poucas saídas que dei do meu posto, colocando-a na nuca com a cabeça baixa enquanto falava frases. Muito bonito a parte vocal do show. Acho que era em hebraico que eles cantavam. Combinou muito bem com o ambiente religioso, mesmo eu não sendo nada religioso! Gravei este show. Vou ouvir com mais calma.

Não posso falar do visual do show, pois na maior parte do tempo eu estava lá atrás sozinho, esquecido e sem ver nada! (risos)

Dia 06/09

A princípio eu achava que seria a orquestra MIMO com Egberto Gismonti no piano, mas não foi bem assim.

Seriam várias apresentações do pessoal que participou das oficinas. Cada turma (cordas, percussão, madeiras, metais, dedilhados, friccionados) entrava e tocava duas peças curtas. No final seria realmente a Orquestra MIMO com Egberto Gismonti ao piano.

Mais uma vez o som não seria amplificado para dentro da igreja. As caixas só eram ligadas por causa da locutora que fazia a apresentação da atração da noite.

Aproveitei os 3 microfones que eu tinha usado na noite anterior e peguei dois excelentes microfones (Neumman KM 184) que não seriam usados nas outras igrejas. Estes KM 184 são microfones excepcionais. Os dois que usei foram exatamente os que comprei na Europa para esta empresa de som, quando eu estava em turnê com Silvério Pessoa. O preço do par? 1.110,00 euros! Valem cada centavo! Nem sei quanto custa dois destes aqui no Brasil.

Depois que eu soube que haveria mudanças de posicionamento durante as apresentações, decidi pegar o microfone que eu uso no estúdio (AKG C414), pois ele tem uma opção de captação chamada OMNI que capta tudo ao redor dele (360 graus).

Deixei os dois shotguns no mesmo lugar do dia anterior, nas estruturas de ferro. O de cápsula grande eu deixei só para o piano. Os dois KM eu posicionei atrás do maestro, na altura da cabeça, como se fossem os seus ouvidos.

Usei uma técnica de captação chamada XY (http://audiolist.org/forum/kb.php?mode=article&k=74). Ficou muito legal. E o microfone AKG eu posicionava no meio do grupo que ficasse mais afastado dos outros microfones ou que não tivesse uma massa sonora forte, como era o caso dos violões. Eu ficava com o fone de ouvido escutando o sinal que estava sendo enviado para a área externa, e ia dosando os volumes dos 6 microfones. Estava legal. Nem deu tempo de ir à área externa pra conferir como estava, pois foi um corre-corre. Só na última apresentação, que era a Orquestra com Egberto (tinha que ser!), não deu pra colocar os dois KM na posição correta, pois o piano ficou colado com o tablado do maestro, e a qualidade da captação caiu, mas nada pra se desesperar. Achei que o resultado final foi muito bom. Esta minha convicção mudou depois do encontro com o pianista André Mehmari no outro dia!

Dia 07/09

Depois da tempestade... A calmaria. Seria só um piano neste dia!

André Mehmari era o nome dele.

Já sabia com certeza como microfonaria o piano. Quem arrisca um palpite?

Lógico que seriam os dois Neumman KM 184, e mais nada!

O André até falou que tinha dois microfones com ele, mas quando eu falei que usaria o 184, ele disse ok.

Enquanto ele testava o piano, eu fui preparando os pedestais, microfones e fui ligando o equipamento. Foi aí que minha convicção do dia anterior foi pro espaço! Ao ligar uma das caixas amplificadas, apareceu um ruído constante, e na mesma hora o pianista comentou: este ruído estava ontem no som durante toda a apresentação! Pela maneira como ele falou, tinha certeza que ele estava falando a verdade! Parecia que tinham jogado um balde com água gelada na minha cabeça. O som do dia anterior estava muito bom na parte externa e dentro aquela caixa ficou com aquele ruído durante o show? Inacreditável! Fiquei muito chateado.

Parte do bom trabalho do dia anterior comprometido por causa de uma mania besta que certas produções, de certos eventos, ainda têm. Teimam em achar que não influencia em nada a mesa de som do P.A. ficar ao lado do palco, ou até atrás do palco como fiquei nos 3 dias na Igreja do Seminário. Não tinha como escutar aquele ruído do lugar onde estava!

Já teve um caso de eu me negar a operar o som de um show de Silvério Pessoa numa casa de festas aqui em Recife, pois os donos da casa se negavam a colocar a mesa na frente. Não abri mão. Depois de muita negociação, resolveram colocar a mesa onde eu queria (e onde é o correto!).

Detalhe do local onde a mesa de som ficou na maioria dos dias do evento. Não se via nada do palco e não se ouvia nada do som das caixas!

Como eu sabia que o ruído não vinha da mesa ou de qualquer microfone, pois nenhum deles estava ligado naquela hora, o problema estava no caminho da mesa até a caixa, ou seja, nos cabos que faziam esta conexão. Normalmente esta ligação é feita com apenas um cabo, mas as caixas estavam longe da mesa e foi preciso emendar vários cabos para chegar até a caixa. Fui checando, balançando cada um dos cabos e emendas até achar o tal cabo com problema. Dependendo da posição que ele estava, entrava em curto, provocando o ruído. Por isso, quando liguei no dia anterior não tinha nenhum ruído e com a movimentação e mudanças nas posições dos músicos, alguém deve ter pisado ou batido e o ruído apareceu. Troquei o cabo com defeito e fui microfonar o piano de André Mehmari.

Ele ficou tocando e fui novamente me sentar no fundo da igreja para ouvir. Ele tinha me falado que achava que nem precisaria colocar o som do piano nas caixas de dentro. Mas eu fiz um teste e enviei um pouquinho do som para as caixas de dentro que estavam posicionadas no meio ainda, por causa do show do dia anterior, e ficou muito bom o resultado. Parecia que todo som vinha do piano. Muito bom. Ele falou que por ele tudo bem, se eu estava achando melhor. Gravei uma parte do sound check e coloquei pra ele escutar o som gravado. Ele disse que estava muito bom. Coloquei o sem fio ao lado do piano para ele falar quando quisesse. Como o microfone fazia um barulho quando era desligado, combinei com ele que deixaria ligado sempre mas fechado na mesa e ao final de cada música eu abriria. Ao ouvir a primeira nota do piano eu o fecharia novamente. Ok? Ok. Encerramos o sound check.

Foi tudo tranquilo. O som do piano estava muito bonito. Fui uma vez lá fora para conferir como estava, quando ele anunciou que tocaria três músicas seguidas. Muito bom, mas um pouco alto para um concerto de piano. Baixei a mandada na minha mesa e relaxei.

No final do show, transferi o áudio da gravação para o pendrive do pianista. Depois passei para um DVD o áudio das gravações que eu tinha feito de 3 das 4 apresentações naquela igreja para a galera que estava responsável em gravar o evento! Não achei muito justo isso. Uma empresa que está ganhando para registrar o evento, usar meu áudio... Acho certo não. Falaram que as gravações que fizeram não ficaram boas. E não ficaria nunca! Simplesmente apontar um microfone qualquer para o meio de um palco numa igreja e achar que vai gravar bem... O buraco é mais embaixo.

Fui pra casa satisfeito com o resultado geral do meu trabalho, e pensando se eu iria lembrar de tudo para escrever sobre os cinco dias! Estava com tanta vontade de estar com meu filho, que nem a tapioca “Romeu e Julieta” eu comi novamente.

Um abraço a todos.

3 comentários:

Unknown disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Júlio Graef disse...

Sensacional teu blog.
Fico lendo e visualizando as cenas, inclusive que aconteceram comigo.
Esta de colocar a mesa ao lado e/ou longe do palco, por aqui é muito comum.
Sobre admitir que errou, PARABÉNS!!! É muito difícil algum operador admitir isso.
Agora, se tem mais de uma pessoa contigo como dissestes e que é responsável pela ligação do equipamento, coloca essa pessoa para "passear" pelo local e verificar como está o som ou pede pra ela ficar na mesa um pouco e vai tu dar uma volta. Eu fazia isso, principalmente quando a mesa estava ao lado do palco. Ou mandava alguém dar uma volta e ouvir ou pedia para essa pessoa ficar na mesa de som para eu poder sair e ouvir como estava.
Meu nome é Júlio Graef e sou de Santa Cruz do Sul, RS.
Parabéns novamente e como diz um amigo: ABRASSOM.

Titio disse...

Olá Júlio. Obrigado pelas palavras. É por causa de elogios como esse (e ainda vindo de longe), que mesmo não gostando do compromisso de ter que escrever, eu continuo sempre atualizando o Blog.
Com relação a outra pessoa que estava comigo, não dava pra ele averiguar como estava o som, pois o meu parceiro era um ex-carregador que está começando a ligar os equipamentos e querendo aprender a operar... Até para ficar na mesa era complicado. Ele está começando. Era mais um roadie neste evento, entende? Mas quando posso, sempre dou um passeio, mas fico chateado (e cansado) porque isto pode ser evitado colocando a mesa no local certo. Na época que comecei como operador de monitor e fazia muito trio elétrico, eu ficava embaixo com um rádio passando minhas observações para o meu amigo que era o operador de P.A.. Odeio trio elétrico!
Como você ficou sabendo do meu Blog?
Qualquer coisa, meu email é titioaudiomidi@gmail.com
Um abraço.