segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Programação do Carnaval de Pernambuco 2011 - Minha opinião.

Olá pessoal.
O assunto da semana aqui em Recife foi a programação do Carnaval de Pernambuco. Muita gente reclamando. Quando falo muita gente, esta maioria é formada pela classe artística da cidade (músicos, cantores e técnicos).
Sempre tive uma opinião formada sobre este assunto há vários anos.
Acho que o “buraco” é mais embaixo!
Esta reclamação da classe artística daqui é muito antiga, mas ainda acho que estão reclamando pela coisa errada. É dar murro em ponta de faca.
Porque falo isso?
Acho que não vai adiantar a classe exigir que menos artistas rotulados de “populares” ou “de fora” façam parte da programação de qualquer festa popular de uma cidade e muito menos de um estado. A festa é popular, ou seja, do povo ou para o povo.
E o que o povo gosta é exatamente o que ele ouve com mais frequência!
É quase uma questão de matemática. Não tem como um povo gostar de uma música que ele nunca ouviu. Quando falo em cidade e estado, entendam como Recife e Pernambuco, pois é a região onde resido. Mas acredito que na maioria dos estados e cidades do Brasil a coisa seja bem parecida.
Acho que a mistura deve sempre existir. Não vou entrar na questão da proporção desta mistura.
Quem tentar fazer uma festa popular só com artistas ditos “locais” ou “não populares” vai ter o mesmo resultado do pessoal de Caruaru, que tentou isso uma vez no São João e teve tanta reclamação do povo que no outro ano voltou atrás.
Não adianta agradar a classe artística e desagradar a grande maioria do povo. E isso para um político tem um peso elevado à décima potência, pois quem elege a galera é a maioria de um povo e não a minoria de uma classe.
Acredito que uma das saídas (ou talvez a única) para este impasse é tentar fazer com que os nossos artistas “locais” se transformem em artistas  “populares”, mesmo se a música que eles fazem não tenha este perfil. Como fazer isso?
Só fazendo com que suas músicas toquem nos nossos meios de comunicação!
Rádios, TVs, rádios comunitárias, som ambiente de shoppings, som ambiente de aeroportos, som ambiente de rodoviárias, som ambiente de supermercados, etc.
Em todas as vezes que desci no aeroporto de Salvador, independente da época do ano, a lojinha de CDs estava tocando as músicas de lá!
Uma Spok Frevo Orquestra nunca vai ser popular como uma Ivete Sangalo. São músicas diferentes.
Um Silvério Pessoa nunca vai ser popular como uma Cláudia Leitte. São músicas diferentes.
Uma Ylana nunca vai ser popular como um Gustavo Lins. São músicas diferentes.
Esses são alguns exemplos.
Temos também exemplos de artistas locais com um trabalho mais popular, mas ficam quase na mesma situação dos três artistas que citei acima, e que acho que não fazem uma música direcionada para o popular, mas também quase não são tocados por nossos meios de comunicação.
Para vocês terem uma idéia, a Spok Frevo Orquestra adiciona cantores para as apresentações em eventos denominados populares. Em apresentações normais em teatros ou em festivais, a música é exclusivamente instrumental.
Para diminuir esta diferença entre os nossos artistas e os “outros”, só fazendo com que o nosso povo escute as músicas dos nossos artistas diariamente, em vários lugares e independente de época.
Acho que nossa classe artística deveria primeiramente brigar por isso antes de reclamar sobre qualquer programação de evento popular.
Com o nosso povo ouvindo as nossas músicas, é muito mais fácil agradar a todos.
Um abraço a todos.

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