quarta-feira, 9 de outubro de 2019

Cantata da Caixa e/ou Caixa Cultural - Resolvi censurar também.

Olá pessoal.
Esta semana vi uma notícia muito triste, e acima de tudo, preocupante.

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Censura é uma palavra que me mete medo.
E ela está aparecendo muito ultimamente nas conversas e noticiários.
Em Recife tivemos um caso recente, onde esta palavra foi usada.
Uma peça de teatro que estava sendo encenada no Teatro da Caixa, no Marco Zero.

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Sobre este caso específico, o diretor da caixa (tudo minúsculo mesmo, por causa da situação) comentou: "Não é para fazer posicionamento político no meio de uma peça".
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Tá... Eu até concordo que isso não deve ser feito mesmo, inclusive se houver uma cláusula no contrato falando sobre isso.
Levo até mais além... Posicionamento religioso também não combina.
A não ser que faça parte do texto do espetáculo.
Se existe uma cláusula no contrato que fala disso, ok.
E eu não duvido que exista isso.
Mas do jeito que aconteceu, onde foi determinado que não haveria a segunda apresentação no mesmo dia (foi isso que entendi), ficou mais explícito uma censura do que simplesmente uma quebra de contrato.
O mais "normal" seria resolver isso depois do encerramento da peça, cobrando multa, mostrando ao público pelos meios de comunicação que houve realmente uma quebra de contrato, mostrando inclusive a cláusula deste contrato, e por esta razão a peça não poderia mais ser encenada no tal teatro.
Mas não foi isso que aconteceu, né? 
Se toda quebra de contato fosse resolvida assim, o jogo do Flamengo onde Gabi Gol levantou uma placa falando dele, depois de fazer um gol, a partida era pra acabar ali naquele momento! Nem batia mais o centro o outro time. 
Fora isso, artista que eu tenho contato me falou recentemente: --- Titio, vou fazer caixa cultural, pediram pra gente repertório, pediram pra gente tudo...Pra ver tudo...
Não sei se isso já era feito anteriormente, ok?
Pois bem...
Cantata da Caixa - Recife - PE.

Por causa dessa atitude tomada pela caixa econômica federal, que para mim está muito mais para ser considerada CENSURA do que uma cláusula contratual quebrada, resolvi censurar também!
Na realidade, vou ME CENSURAR.
Já trabalhei com vários artistas em projetos pela caixa cultural. Belos projetos, diga-se de passagem.
E um desses projetos é a Cantata da Caixa, onde opero o monitor dos músicos e artistas convidados desde sua criação, que foi com o cantor/compositor Ivan Lins.
Espetáculo grandioso e muito bem cuidado. Me orgulho muito em fazer parte desta Cantata.
Mas este ano resolvi não aceitar o trabalho, por não concordar com a atitude (temerosa) da direção da caixa.
Uma pena. Mas "tomei abuso" pela atitude da caixa.
Também não vou divulgar os espetáculos da caixa cultural.
Ano que vem revejo este "meu abuso".
Fica aqui registrado no Blog esta "mancha" no currículo da caixa cultural, e torço para que isso não se torne comum.
Ahhh. Antes que alguém fale aqui, vou adiantando...
"Você é uma gota no oceano", "Temos contas para pagar", "Quando mexe no bolso, fica difícil se posicionar", "Uma andorinha só não faz verão", "Se eu não faço, outros fazem"...
Já ouvi todas estas e várias outras frases explicativas, ok?
Pra falar a verdade, ouço-as durante grande parte da minha vida.
Quem me conhece, sabe que já ouvi muito isso.
E vou repetir uma frase de uma conhecida minha, que inclusive coloquei aqui no Blog anos atrás.
Um repórter perguntou para Laurimar se ela não achava que aquilo que ela estava fazendo era "uma gota no oceano".
E Ela respondeu:
--- Acredito que podemos fazer um oceano com milhares de gotinhas!
Obrigado Laurimar pela frase. Vou usá-la em toda a minha vida, pode ter certeza.
Decidi não fazer a Cantata no começo desta semana.
E hoje me chega este aviso pelo SMS:



Só doido mesmo, né?
Um abraço a todos.

PS: Você que é técnico ou artista, e gostaria muito de tomar esta atitude também, mas por causa de alguma frase explicativa, como as lá de cima,  resolveu não se posicionar sobre o assunto, e quer deixar aqui sua opinião, sem ser reconhecido, é só deixar um comentário aqui abaixo como "Anônimo".
Me preocupa também não ter visto um artista comentando sobre o caso. Só vi um falando, que se não me engano, era o diretor da peça Abrazo.
É estranho um operador de áudio, que apenas opera o som do espetáculo, comentar sobre isso abertamente, enquanto o artista, que pode ter sua obra esquartejada, ou sua voz abafada, e por isso seria o verdadeiro censurado, não falar absolutamente nada.
Atitude tão temerosa quanto a censura em si.
Eu acho. 
Ou tou vendo cabelo em ovo? 

2 comentários:

Júlio Graef disse...

A polarização política tem dessas, infelizmente.

AbrasSom!

Titio disse...

Olá Júlio.
Tomei abuso. E quando tomo abuso, sou uma mula!
Tem muito discurso e pouca ação no meio artístico aqui.
Mas ano que vem revejo essa autocensura.
Um abraço.