segunda-feira, 27 de novembro de 2023

Banda Eddie em Arcoverde - Da moleza à dureza em pouquíssimo tempo.


Olá pessoal.
O último trabalho que eu comentei aqui foi o show de Lirinha no Festival SESC de Economia Criativa em Arcoverde, né?
Pois bem...
Depois do show de Lirinha, continuei no mesmo hotel aguardando a Banda Eddie, que iria fazer um show no mesmo Festival no outro dia (11 de novembro).
Mas dessa vez eu iria operar o som do PA.
Júnior Evangelista, que operou o som do PA do show de Lirinha me passou um resumo do que ele passou lá na frente, e o mais preocupante era a mesa de som, que estava com vários faders com problemas.
O timbre das caixas do PA também não ajudava, e já sabendo que eu iria no outro dia operar o som para a Banda Eddie, peguei a cena de Júnior do show de Lirinha e montei a cena da Eddie em cima, aproveitando os ajustes que ele deu no PA.
Já adiantaria meu serviço.
Mas pelo que me recordo, e não tenho ideia do que aconteceu, a cena não veio como eu tinha montado... Ou eu fiz alguma besteira no caminho!
Parti para o plano B.
Evangelista me avisou que não apagou a cena da mesa após o show de Lirinha.
Conferi, e ela realmente estava ainda lá.
Dei o "load" na cena de Lirinha e montei novamente em cima a cena da Banda Eddie enquanto o pessoal montava as coisas no palco.
Mas até hoje estou "encucado" sem saber o que aconteceu que não deu certo com a cena que montei no dia anterior no hotel.
Não vou perder tempo chorando o vinho derramado...
Deu tempo de montar novamente a cena enquanto os instrumentos da Eddie eram ligados no palco.
A produção não levou técnico de monitor, e eu já sabendo disso, no dia anterior com Lirinha, perguntei ao meu colega técnico da empresa de som se teria algum problema ele fazer esse serviço.
Falou que não teria problema algum, e assim foi.
Ele deve ter puxado uma cena dele e ajustou para a Banda Eddie.
Lembrando que eu não usei caixas de monitor no show de Lirinha no dia anterior, ok?
Nem chequei essas caixas, não tinha ideia de como estavam "falando".
Só me restava torcer para dar certo no palco.
Eu ia tentar fazer o melhor na frente.
Coloquei minha música para tocar, e fui escutar o som do PA.
Não mexi em quase nada nos ajustes que Júnior tinha feito, e fiquei aguardando para iniciar o soundcheck.
Eu estava em desvantagem no PA com relação ao show Lirinha, pois na Banda Eddie tem muitos instrumentos percussivos, que era preciso microfones para a captação.
No caso de Lirinha, só tinha os microfones das vozes! O resto era eletrônico.
Vou ali no mercadinho comprar um panetone para comer no meu café.
Pobre não janta, toma café!
Adoro panetone, mesmo sem ser no final de ano!
----
Estava falando de que mesmo?
Ahhh. Dos microfones.
Muita gente acha que os microfones não influenciam num show.
O que é um erro absurdo!
A captação é o primeiro passo para o show dar certo.
Sonoramente falando.
O sistema de PA pode ser excelente, mas se a captação for defeituosa, lascou tudo!
Vou dar um exemplo fácil.
Um microfone com uma cápsula ruim, que não consegue captar os graves, o técnico pode puxar todo o grave do mundo na equalização que o som não vem!!!!
Independente do sistema de Line Array custar mais de um milhão de reais!
Simples assim.
Lembro que pedi para trocar um microfone que estava na conga, pois o som que chegava para mim era muito estranho.
Trocaram o microfone e tudo mudou!
Não posso reclamar do atendimento da equipe da empresa de som.
Lutaram com a gente para deixar o melhor possível.
E foi isso que ajudou.
Encerramos o soundcheck quando achamos que estava minimamente controlado.
Não adiantava muito procurar "cabelo em ovo".
Voltamos para o hotel e aguardamos pela hora do show.
Na hora, tudo voltou no seu devido lugar, e fui me ajustando na mixagem.
Vi que o Line Array era bem limitado e respeitei esse limite.
Lutei durante todo o show com a mesa de som, para evitar que o fader de algum canal baixasse de vez.
E na "Lei de Murphy", se um canal parar, vai ser o da voz!
Tentei usar o mouse para fazer a mixagem na tela de monitor, para evitar mudar de página de fader, onde o risco era grande do fader "enganchar" com essas mudanças de páginas (Layers).
De vez em quando esquecia do problema nos faders e mudava de página, mas dei sorte.
Nada enganchou!
Sabendo das limitações, cheguei num ponto, inclusive de volume, que decidi parar de ajustar, achando que estava bom para mim e consequentemente(?) para o público.
Esse consequentemente nem sempre funciona, viu?
O técnico pode até achar que está bom, mas o público não. E vice-versa!
Bem... Não chegou ninguém na mesa de som para reclamar.
E era bem fácil ter acesso à este local, que ficava no mesmo nível do público, com uma proteção mínima.
Tinha como uma pessoa me dar um tapa e sair correndo! (Risos)
Mas isso ficou longe de acontecer.
Achei bem legal o resultado final, principalmente porque eu sabia das limitações dos equipamentos.
Mas o público não tem a menor noção dessas limitações.
Eles querem um som bom, e ponto final!
Durante o show da banda Eddie, chegou meu colega Elson, técnico de som que iria trabalhar no próximo show, do sanfoneiro Cezzinha.
Mas não passaram o som antes.
Iriam ligar os instrumentos na hora, checar e começar.
Falei para ele que eu iria deixar minha cena na mesa, caso ele quisesse ligar as coisas nos mesmos canais do meu show, o que poderia ajudar para quem não passou o som.
Voltei para o hotel pensando...
Que diferença para o dia anterior... Onde nem fiz força pra tudo dar certo no monitor de Lirinha, com todos usando fones, e com quase tudo sendo eletrônico!
Tudo pode mudar em menos de 24h num mesmo palco!
Não é?
Como não existe uma padronização nos equipamentos, variando muito de acordo com o poder ($$$) da empresa de som, o nível de dificuldade varia constantemente entre shows.
Já me dei muito bem em sistemas precários, e também me dei mal em sistemas "top de linha".
A probabilidade do profissional se dar bem no sistema melhor é grande.
Mas isso também não é uma verdade absoluta, é só uma questão de probabilidade.
E de probabilidade em probabilidade, vou seguindo nos trabalhos, como o que fiz nesse fim de semana, operando o som do Festival Papo de Música, que aconteceu na Caixa Cultural Recife.
Cinco microfones sem fio, para um bate-papo sobre música.
Todos ligados numa XR18 da Behringer. 
A probabilidade era grande do resultado ser perfeito.
Mas será que foi?
Aguardem, que vou falar sobre isso numa das próximas postagens.
Um abraço a todos.

PS: Dias depois, entrei em contato com Elson para saber se ele tinha usado minha cena (e de Evangelista também!) no show dele.
Respondeu que sim, e que tinha ajudado bastante na correria.

2 comentários:

Klenilton de Araujo (Raí_Luz) disse...

Tuas vivência é um bom parâmetro Titio.. para fazermos essas reflexões que a vida de shows e estrada proporciona... obg por compartilhar!

Titio disse...

Oi Raí.
Valeu.
A intenção do Blog principal sempre foi essa.
Mostrar o que está por trás de um show ou evento para um leigo.
Só que tá servindo até para quem é do ramo, pelo que estou vendo.
Obrigado por participar do Blog.
Um abraço.