segunda-feira, 13 de novembro de 2023

Operando o monitor de dois shows de Lirinha - Mixagem quase idêntica para todos.

 
Teatro do Parque. (Foto by Raynnara)
Olá pessoal.
Por causa de uma indicação do meu amigo Adriano Duprat, recebi o convite da produção de Lirinha para operar o monitor do show mais recente dele chamado "Mêike Rás Fân".
Vou usar a abreviação MRF nas próximas vezes que falar o nome do show, ok?
Seriam dois shows.
Um no dia 04/11 aqui em Recife no Teatro do Parque e outro no dia 11/11 num palco na rua armado pelo SESC em Arcoverde, também em Pernambuco.
Festival SESC de Economia Criativa.
Fiz alguns trabalhos de monitor com o Cordel do Fogo Encantado, onde Lirinha era o vocalista, e por causa disso, achei que esse novo trabalho dele poderia ter alguma coisa a ver com o que vi no Cordel.
Mas ao receber o rider técnico, pude notar que esse novo trabalho é totalmente diferente (sonoramente) do que eu vi com a banda de Arcoverde.
Soundcheck no Teatro do Parque. (Foto by Raynnara)
Eu poderia falar que tem duas coisas em comum nos dois trabalhos: POESIA e TEATRO. 
Lirinha deixa bem claro nesse novo trabalho que a poesia é uma parte muito importante do show.

São apenas 2 músicos que o acompanham no MRF.

Dizin. Show em Arcoverde. (Foto by Thaís Taverna)
Seu filho Dizin, que toca guitarra, baixo, sintetizadores, percussões eletrônicas e faz vocal, e Dan, que toca baixo, guitarra, sintetizadores, acordeom e também faz vocal.
Dan. Show em Arcoverde. (Foto by Thaís Taverna)
Muitos canais são de equipamentos eletrônicos.
Muita base eletrônica, sintetizadores (Synth) e alguns vocais pré-gravados.
Tudo gerenciado por um laptop.
O "click" guia os três durante todo o show, indicando até qual vai ser a próxima música.
Todos os três escutam esse guia durante todo o show.
E todos, logicamente, usam in-ears sem fio.
Para os leigos, vou explicar.
Show em Arcoverde. (Foto by Thaís Taverna)

Com caixas de som na monitoração dos músicos, não podemos enviar esse guia (click ou outras informações internas) para essas caixas, pois os microfones vão captar esse som e todos na plateia vão escutar.
Por isso é imprescindível o uso de fones para os músicos que vão ter que escutar esse guia.
Tanto pode ser com fio ou sem fio, mas tem que usar fones de ouvido.
Nesse caso aqui eles usam sistemas sem fio porque ficam trocando de posições durante todo o show.
Pelo que me recordo, no Cordel do Fogo Encantado não tinha elementos eletrônicos...
Era muita percussão junto com os violões de Clayton.
Fui conferir isso aqui no rider técnico do último show do Cordel que trabalhei...
Quatro canais de eletrônicos.
Nesse show de Lirinha são nove canais.
No Cordel são muitos instrumentos percussivos.
No MRF não tem sequer um instrumento de percussão.
Show em Arcoverde. (Foto by Thaís Taverna)
No palco, só dá para escutar acusticamente o som do acordeom e das vozes (quase nada) dos três.
Até o som da guitarra sai direto do pedal eletrônico para a mesa de som.
Não tem amplificadores de guitarra e de baixo no palco!
Os sinas vão direto para a mesa de som.
Show no Teatro do Parque. (Foto by Raynnara)
Isso causou um problema no show em Arcoverde, que eu só fiquei sabendo depois.
A mesa de luz ficou no palco (infelizmente), e minha amiga Natalie (iluminadora) me falou depois que não conseguia escutar bem a voz de Lirinha porque não tinha som dessa voz no palco, ela escutava o que voltava do som da frente (PA) que era para a plateia.
Se ela tivesse me falado antes, eu colocaria um in-ear reserva que eu tinha, e ela escolhia o que queria escutar no fone.
Mas ela só me falou disso no outro dia!!!!!!!
"Tadinha"...
Mas vamos para o primeiro show, que aconteceu no Teatro do Parque.
A produção alugou o sistema de in-ear sem fio.
Foi um PSM900 da Shure.
A mesa de monitor seria a do teatro, uma DL32 da Mackie. (Foto abaixo)
Muito legal a mesa, mas tem que ter um iPad para utilizá-la.
Nem tem editor offline para laptop.
Temos que montar uma cena inicial no aplicativo feito para iPad.
E foi isso que eu fiz.
Só que fiz errado!!!
No vídeo abaixo, mostro um pouco do aplicativo Master Fader 5, usado com a mesa DL32 da Mackie.
Vídeo caseiro, com cachorro latindo e gente falando no prédio.
Existem dois modelos de DL32.
DL32R e DL32S.
Montei a cena usando o editor da 32S e no teatro era uma 32R.
Mas não acho que foi isso que causou o problema lá, onde meu iPad não conectou com a mesa.
Todos os outros dois iPads dos amigos conectaram normalmente.
Então não era problema com meu roteador, e sim alguma configuração no meu iPad...
Como não tinha muito tempo para procurar a causa, e tinha outros iPads disponíveis, peguei o de Adriano, que iria fazer o som do PA, e montei novamente a cena inicial.
Enquanto o pessoal ia ligando as coisas no palco, fui ajustar os sistemas de in-ear com Adriano.
Dan me falou que era praticamente a mesma mixagem para os três.
Então comecei fazendo a mix para o fone dele e copiei essa mixagem para os outros dois in-ears.
A DL32 tem uma função muito prática para copiar a mixagem em outras vias.
Show de bola!
Depois de fazer as cópias, fiz só pequenos ajustes nos fones dos músicos.
Pequenos ajustes mesmo!
Um pouquinho a mais ou a menos do guia (click) para um, ou mais voz ou menos voz de Lirinha para outro. Coisas simples...
Soundcheck no Teatro do Parque.

Enquanto a gente ia fazendo o soundcheck, meu amigo Bruno, técnico de som do teatro foi ver se achava qual seria o problema para meu iPad não conectar com a mesa, e quando ele foi fazer um teste já perto do final, apareceu uma mensagem, que poderia ter sido o motivo do bloqueio da conexão, onde perguntava se o usuário permitia o acesso à rede sem fio.
Mesmo não lembrando de ter visto essa mensagem na primeira tentativa de conexão, a gente deu OK no aviso e meu iPad conectou normalmente.
Como estava tudo controlado no iPad de Adriano, fiz o show com ele, não troquei pelo meu.
Uns dias antes falei para Adriano que seria legal a produção alugar uma DL32 que eu sabia que um amigo nosso tinha, para levar no segundo show, mas depois do soundcheck desisti da ideia, porque seria bem tranquilo fazer esse monitor, independente da mesa que estivesse no show em Arcoverde.
O mais importante seria alugar o sistema de in-ear, que eu tinha certeza que não teríamos esse equipamento no evento do SESC, e que é muito necessário nesse show.
E foi isso que a produção fez, depois de confirmar que realmente não teria sistema sem fio lá.
Nesse show do teatro, foi tudo tranquilo do início ao final.
Mêike Rás Fân no Teatro do Parque.

Só um contratempo na saída de fones da mesa, que estava com um atraso, e no soundcheck não tive tempo de tentar achar onde estava essa configuração.
Sabíamos que tinha isso nas configurações da mesa, mas ninguém sabia onde era.
Durante o show, como estava tudo controlado, fui atrás da solução do problema e achei onde se fazia essa configuração.
Resolvido.
Show em Arcoverde. (Foto by Thaís Taverna)

No rider pede duas caixas de monitores e também o side, mas conversando com Dan e Lirinha, fiquei sabendo que essas caixas só seriam usadas numa emergência, por causa de alguma falha nos in-ears.
Como não tive surpresas durante o soundcheck e também no show, essas caixas não foram utilizadas.
No final do show, tive a certeza absoluta que não seria necessário alugar a DL32 pra usar no outro show!
Levamos o mesmo sistema de in-ears para Arcoverde.
Eu já sabia que a qualidade do equipamento era bem abaixo do que usamos no teatro.
Não tinha nem os DIs necessários para o show, mas resolvi isso conversando com o diretor de palco, e o equipamento foi providenciado.
Nem o teatro tinha a quantidade necessária para o show. (Risos)
Adriano levou 4, se não me falha a memória.

Show em Arcoverde. (Foto by Thaís Taverna)

A mesa de monitor era uma M7CL da Yamaha, e eu montei uma cena inicial em casa, antes de seguir para a cidade no interior de Pernambuco.
O nosso grande problema foi o horário do soundcheck, onde o sol entrava forte pela frente do palco, superaquecendo o laptop, causando falhas no seu funcionamento.
Perdemos um bom tempo com isso, mas quando o laptop estabilizou, foi tudo bem rápido, como eu imaginava que seria.
Fiz exatamente como no teatro.
Mixando tudo para Dan, e depois copiando essa mixagem para Dizin e Lirinha.
Mesmo perdendo muito tempo com o aquecimento do laptop, não passamos muito do horário reservado para nosso soundcheck.
Meu amigo Júnior Evangelista estava fazendo o som do PA, substituindo Adriano.
Lá na frente foi mais complicado, porque a mesa de som estava com problemas em vários faders, dificultando a operação.
Só tive um problema com a mesa de monitor.
Não consegui conectar com meu iPad, e Evangelista me falou que isso está acontecendo muito com ele e as mesas M7CL.
Diferente de como fiz no teatro, liguei um microfone ao lado da mesa de som e coordenei o soundcheck falando com os músicos sem sair da mesa.
No teatro, eu fazia isso ao lado do músico, principalmente porque nem mesa tinha lá, tudo era feito no iPad mesmo.
E foi até melhor fazer com o microfone, onde o músico não precisava tirar o fone para me escutar.
Todos satisfeitos no palco e lá na frente, encerramos a passagem de som.
Aguardar pela hora do show.
Show em Arcoverde. (Foto by Thaís Taverna)

Eu estava curioso para ver a reação do público com o show.
Por que?
Como falei bem no começo do texto, o show tem um clima bem "teatral", e um show num palco aberto na rua, o clima é bem diferente de um teatro.
Todos em pé, bebidas alcoólicas, churrasquinho, cachorro quente, e ainda pode ter o "boyzinho" com o carro estacionado na esquina com o som nas alturas!!!!
Nesse show só não teve o boyzinho com o som alto do carro.
O resto teve.
E eu, particularmente, não sabia qual seria a reação do público, mesmo sendo a cidade onde Lirinha nasceu e viveu por vários anos.
Como tínhamos bastante tempo para montar e ligar nossos equipamentos, foi tudo tranquilo para começar o show.
Festival SESC de Economia Criativa. (Foto by Thaís Taverna)

Essa era minha segunda dúvida nesse trabalho.
Como tem muita conexão "melindrosa", onde até se usa o Bluetooth para disparar sons, não é muito legal fazer isso na correria.
Mas deu tempo para montar, ligar e testar tudo!
Principalmente porque o laptop não sofreu mais com o sol escaldante.
Sobrou tempo!
Ficamos esperando o aviso para começar.
Acho que quem sofreu um pouco nesse show foi Natalie, nossa iluminadora, pois acredito que o material era bem aquém do normal para esse trabalho, e ainda ela operou a luz do show no palco!
E sem ouvir direito as coisas!
Como disse antes, esse problema eu teria resolvido para ela.
Mas não adianta agora chorar o vinho derramado!
Adoro esse ditado popular (adaptado por mim).
Eu até bebo mais leite do que vinho, mas se for pra chorar, vou chorar pelo vinho.
Pago entre 25/30 reais por 750ml.
Tem que chorar mesmo quando derrama!
Né?
Mêike Rás Fân no Festival SESC de Economia Criativa.

Foi massa!
O público reagiu muito bem com o show, não teve ninguém na frente do palco pedindo para tocar forró ou "pisêro"...
E nem apareceu o "bebinho" com a garrafa de cana na mão gritando TOCA RAUL!!!!!
Durante o show, mostrei para o técnico de monitor da empresa de som, apontando para os marcadores de nível das vias, como era praticamente a mesma mixagem para as três vias.
Os oito indicadores se moviam quase idênticos, como se fosse o mesmo sinal.
Oito?
Sim. Quatro vias estéreo.
Fora as vias dos músicos, eu tinha uma de reserva para alguma emergência.
Essa via reserva estava recebendo o mesmo sinal da via de Lirinha.
Mas eu mudaria isso rapidamente, caso a emergência acontecesse nas outras vias.
No vídeo abaixo, que fiz durante o show, aparece a mesa de som com os marcadores de nível das vias modulando.
Mêike Rás Fân no Festival SESC de Economia Criativa.

Ahhh! Falando em via...
Inaugurei meu M-Vave nesses dois shows.
Com o equipamento eu fico monitorando as coisas sem ficar preso à mesa.
Posso dizer que é um in-ear sem fio de pobre!
Mas funciona muito bem para o que eu queria!


Sei de muitos casos onde esse equipamento barato é usado como monitor para músicos e/ou cantores!
O equipamento é bem frágil, não é profissional, mas tá salvando muita gente!
Perfeito para o que eu queria.
E é o que importa!
Mais perfeito ainda foi a mensagem de elogio da produtora no grupo de WhatsApp para a equipe técnica depois dos dois shows!
Jathyles e Natalie (luz), Adriano e Evangelista (PA), Raynnara (roadie).
Acho que a gente mereceu mesmo.
E acho também que Jathyles, Raynnara e Natalie vão soletrar os nomes até o final da vida!
Ildemar é mais fácil. (Risos)
Um abraço a todos.

5 comentários:

666 disse...

Levei 10 directboxes pro teatro!

Lá só tinha 6... Levei mais 10 pro caso de surpresas...

Daniel disse...

Titio tava passando aperto e a gente nem percebeu, o cabra é bom, viu

Titio disse...

Olá 666 (vixe!).
Ahahahahah.
Para quem não sabe, 666 é Adriano.
Adriano, quando eu não lembro direito como foi que aconteceu, eu coloco a frase "se não me falha a memória" ou outra frase parecida.
Não gosto de perguntar antes para escrever, gosto de tentar passar o que lembro ou vi.
Se alguém que participou do evento me avisa que tem um erro no que escrevi, se for grave eu ajusto o texto depois. Caso não seja grave, como esse aqui dos DIs, deixo a correção aqui nos comentários. Não gosto de mexer no texto depois.
Dan... De vez em quando a gente passa por apertos, mas esse do Teatro do Parque foi leve.
Seria grave se os iPads não conectassem com a mesa, mas mesmo se isso acontecesse, dava para fazer o monitor usando a mesa do PA.
Se nem os músicos perceberam que tinha um "probleminha" nos bastidores, imagine o pessoal que foi ver o show...
O Blog surgiu com essa finalidade.
"O que acontece em um show que quase ninguém fica sabendo."
O que importa é a vontade para que tudo saia perfeito, né?
Obrigado aos dois por participarem do Blog.
Esses comentários enriquecem o texto.
Um abraço.

Daniel disse...

Muito bom o blog, Titio.
E seu som então (e de Adriano e Júnior), sensacional!
Abração, que possamos repetir em breve.

Titio disse...

Oi Dan.
Obrigado pelas palavras.
Tenho certeza que vamos nos encontrar em outros trabalhos.
E obrigado por participar do Blog.
Tenho o maior carinho por ele, mesmo já pensando em parar de escrever várias vezes.
Mas comentário como esse seu, me animam para continuar escrevendo.
Um abraço.