terça-feira, 19 de dezembro de 2023

Monitor da Del Rey no Clube Atlântico - Foi na raça! Mas não era pra ser assim.

Olá pessoal.
Eu falei na postagem sobre o trabalho no Aldeia Festival que era bem provável eu falar sobre os dois trabalhos posteriores que eu fiz.
O Papo de Música e o Natal Para Sempre.
Depois desses dois, ainda operei o som do PA do show de Siba no Crato.
Hoje eu resolvi pular esses três trabalhos, para falar desse show da banda Del Rey no Clube Atlântico de Olinda.
Por que?
Porque se juntar as dificuldades dos três trabalhos, não chega nem perto do aperreio que passei nesse show em Olinda!
Posso adiantar que o Papo de Música foi muito tranquilo.
Foram dois dias de "bate-papo" sobre música.
Papo de Música.

Uma mesa XR18 da Behringer com 5 canais de microfones (sem fio) e um canal com o áudio do vídeo que era exibido de vez em quando.
E só.
Aproveitei as quatro caixinhas JBL da sala multimídia da Caixa Cultural Recife para fazer a sonorização.
Ah... Gravei todas as conversas em multitrack no meu laptop via USB, usando meu Cubase7.
Ao todo foram oito canais de gravação.
Os cinco microfones, o áudio do vídeo e o LR da mesa de som.
O L da mesa ia para o PA e o R ia para meu gravador portátil DR-40 da Tascam.
Papo de Música.

Todos esses áudios foram enviados para o Rio de Janeiro, onde seriam montados os Podcasts.
Tudo absurdamente dentro da normalidade!
O Natal Para Sempre, não teve a mesma tranquilidade do Papo, mas nada parecido com o que encontrei em Olinda com a banda Del Rey nesse sábado que passou.
Foi tudo muito corrido no Natal, porque a montagem e checagem de todo o equipamento de som, luz e cenário foi feita no dia do evento!!
Natal Para Sempre.

Mesmo formato dos anos anteriores. Esse ano foi o décimo!
Só não participei do primeiro.
É uma peça infantil falando sobre o Natal.
Só que numa área aberta, com um público que girou em torno de 3000/4000 pessoas!
São dez canais de microfones para os atores, dois canais para as trilhas e efeitos que eu disparo do meu Cubase7, e mais quatro canais para o áudio do vídeo e CDJ.
Mudou um pouco o texto, mas eu ajustei isso com o diretor da peça no dia, pois sigo um roteiro para disparar as trilhas e efeitos.
Natal Para Sempre.

Como as mudanças não foram grandes, deu para ajustar as anotações no meu roteiro "velho de guerra" enquanto os equipamentos eram montados.
Tudo dentro de uma certa normalidade.
Mas em Olinda...
Nem sei por onde começo!
Vou até dar uma pausa no texto, para desopilar um pouco...
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Eita!!!
Falta eu fazer um resumo do show de Siba no Crato!!!
Estou com esse trabalho em Olinda na cabeça! (Risos)
Esse de Siba também não foi tão tranquilo feito o Papo de Música, mas não tem como comparar esses três eventos que estou pulando com o bate-papo na Caixa Cultural, né?
O Papo de Música, posso afirmar, que foram dois dias de férias remuneradas! (Risos)
E muito bem remuneradas!! (Ahhh se tivesse dois desses por mês...)
Siba.

No show de Siba no Crato eu fui sozinho.
Por isso eu teria que fazer o PA e monitor ao mesmo tempo, como já fiz uma vez para esse mesmo show do artista.
Já sabia que seria apenas uma mesa no evento, a CL5 da Yamaha.
No começo eu iria duplicar apenas alguns canais, como as vozes e o bumbo da bateria, para ter equalizações diferentes para o PA e monitor.
Mas depois que João (técnico do evento) me falou que ele poderia fazer o monitor usando o iPad no palco, eu dupliquei todos os canais.
Do canal 1 ao 32 eu usava no PA, e do 33 ao 64 ele usaria para o monitor.
Mas eram poucos canais nesse show de Siba... Deixa eu ver aqui... Apenas 17 canais.
Eu só dupliquei até o canal 24.
Aí ficou mais tranquilo a operação, com João me ajudando.
A única "agoniazinha" foi no começo do show, nas primeiras músicas, quando o proprietário do som foi lá na house mix me avisar que estava muito alto o som.
Confiei nele e baixei o máster, mesmo eu achando que não estava alto para mim, de onde eu estava na house mix, que ficava um pouco acima do nível do público.
Siba.

Depois disso, fui averiguar lá embaixo e realmente ainda estava alto, mesmo com a aliviada que eu dei.
Eram dois lines para frente e um cluster central, mais dois lines no fundo do palco virados para arquibancadas laterais.
Realmente tudo estava soando bem alto.
Voltei na mesa e baixei mais ainda o máster geral.
Fora isso, o resto foi bem tranquilo.
Agora, em Olinda...
Já no primeiro contato com o diretor de palco do evento em Olinda eu vi que não estava normal.
Aguardando muito para saber a empresa de som e quais seriam os equipamentos...
Difícil saber os modelos dos monitores, dos microfones sem fio...
Fui recebendo as informações em doses "homeopáticas", ou seja, um pouco de cada vez!
E mesmo assim fui para o soundcheck sem saber as marcas e modelos dos monitores, do side, dos microfones, das caixas do PA... 
Só sabia que era uma LS9 da Yamaha e uma X32 no monitor.
E qual seria o amplificador do baixo.
Os amplificadores das guitarras consegui ajustar direitinho com o diretor.
As peças da bateria também.
Quando cheguei no local do evento, que já era pra ser o soundcheck de uma das bandas da noite, nem AC (energia) tinha no palco.
Aguardando a ligação do gerador.
Enquanto aguardava, fui dar uma olhada nos equipamentos, e já imaginei que não seria um dia fácil.
Já bateu uma saudade grande dos eventos anteriores!
Enquanto isso a banda ia montando suas coisas no palco.
Aí deu aquele "click" no pensamento, e perguntei como estavam fazendo a ligação dos instrumentos.
E ninguém sabia direito explicar como seria essa ligação.
Oxe. Me lembrei do palco em Arcoverde onde o técnico sumiu. Lembram dessa postagem?
Pois bem...
Já que não tinha ninguém para decidir isso (infelizmente), eu resolvi assumir o posto, e como já tinham alguns canais ligados, combinei com os técnicos da banda que iria passar o som, que eu iria ligar meu input, e em cima desse input eles ligariam seus instrumentos.
Fui para a "medusa" e recomecei a ligar tudo com a ajuda dos roadies e técnicos das duas bandas (a minha e a que iria passar o som naquele momento).
Ainda teria outra banda, que iria passar o som depois da minha, mas eu nem sabia.
Eita, que esse texto vai ficar longo...
Dupliquei minha cena e coloquei o nome da banda que iria passar o som primeiro.
O técnico da banda foi renomeando os canais para seu show.
Os instrumentos extras que ele iria usar e que eu não tinha no show da Del Rey, a gente foi colocando no final, depois do meu último canal.
Quando meu colega foi dar uma geral nos monitores, eu já senti que os dois monitores centrais para o cantor estavam muito ruins!!!!
Um estava completamente pifado e o outro estava com o drive (médio/agudo) sem funcionar.
E eu pensando no Papo De Música... Cinco microfones legais funcionando perfeitamente...
Saudade batendo no peito!
E o tempo passando, e o tempo passando...
Deixei meu colega passar o som e aguardei minha hora pra subir no palco.
Pelo menos, eu já sabia o que me esperava.
O horário já estava absurdamente estourado.
Lembro que ainda decidi uma coisa antes de ser minha vez.
Com aqueles dois monitores centrais não dava pra fazer o serviço.
Como um dos meus músicos falou que não iria usar o monitor, tentei colocar essa caixa dele no centro, mas a mesma estava rachando!!!! (Vixe!)
Foi aí que o técnico de PA da empresa me falou que tinha uma caixa amplificada da Staner que ele estava usando para comunicação com o palco.
Ok, vamos testar.

Ele colocou no palco, falei no microfone, e decidi usá-la, pois estava bem melhor que as duas caixas que estavam no centro.
Aí deixei o colega passar o som dele.
Demorou ainda, viu?
A Del Rey já estava no local fazia um bom tempo, só vendo a "novela".
Chegou minha vez!
Puxei minha cena inicial que fiz em casa, e que já estava na mesa, e fui colocar as vias de monitor de acordo com essa cena.
Perguntei ao técnico da banda como estavam ligadas as caixas nas vias dele, e mudei os cabos fisicamente na traseira da mesa para deixar como eu queria.
Logicamente marquei nos cabos as vias dele e as minhas. 
E marquei os monitores. (Os poucos que funcionavam)
Como a Del Rey iria tocar antes da banda dele, eu mudaria só no final do meu show essas ligações, voltando para o que ele tinha deixado.
Fui dar uma geral nos monitores, começando logicamente pela via 1, do cantor, que era a bronca maior!!!!
Coloquei a caixa no centro, e fui ajustando.
Pelo menos tinha médio e agudo nessa caixa!!!! (Risos)
Mas uma caixa não resolveria, e eu teria que somar com o som do side.
Quando chegou num ponto que achei que daria pra começar o soundcheck, fui checar as outras vias, já endereçando o que o músico queria ouvir.
Eu estava usando meu iPad para controlar a mesa do palco.
Coloquei os teclados e a voz dele no seu monitor. E eu ia ajustando o timbre da caixa na hora, ouvindo o teclado e a voz dele.
Fiz isso também com um dos guitarristas, que só queria a voz dele no monitor.
Fui para a bateria, fiz a mesma coisa, colocando o que ele queria, como bumbo, caixa, voz principal e um pouco de teclado.
Mas já avisando que aquela caixa não suportaria muita "informação sonora".
Gostaram do termo?
Resumindo, quis dizer que se ele pedisse muita coisa ali, a caixa iria peidar! (Risos)
E começamos o soundcheck, eu me ajustando no palco e Buguinha lá no PA com o Line Array "made in home".
Ele não teve moleza também lá na frente.
Como falei antes aqui, me lembrou o sistema do palco em Arcoverde, quando fui fazer Mestre Ambrósio e no ano anterior fiz Banda de Pau e Corda. 
Não gosto nem de lembrar. Foi traumático.
Não tínhamos muito tempo para "procurar cabelo em ovo".
Já sabíamos do limite do sistema, e a banda ainda iria tocar antes desse show em outro local.
Quando chegamos no mínimo, decidimos parar.
Na hora do show a gente tenta ajustar o que for possível.
A banda foi embora, mas eu fiquei ainda no palco pensando em algo.
Ahhhh! Foi nessa hora que testei a caixa do guitarrista, e não antes como eu falei acima.
Vou lembrando das coisas enquanto escrevo.
Testei e ficou muito ruim porque ela distorcia.
Aí apelei, e resolvi testar a caixa que estava sem o drive, para ver se ajudaria mais do que atrapalharia.
Coloquei ela em uma via diferente, onde eu poderia equalizar ela independente da caixinha da Staner, e percebi que ela estava mais ajudando do que atrapalhando.
E deixei desse jeito.
Ajustei então o microfone dele e o da convidada para as duas caixas diferentes, onde uma não tinha médio e agudo, e dei por encerrado a primeira parte da batalha.
Só me restava aguardar pela parte final da guerra.
Fui lanchar na esquina, comendo um "X-Bacon" com uma Coca-Cola em lata.
Se é para se drogar, uso logo as pesadas!
Vou é dormir! Amanhã finalizo esse texto e faço a postagem.
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Eita, que o dia começou pesado...
Já era pra eu ter finalizado essa postagem logo pela manhã, mas acabei sendo acordado com novas missões na área pessoal. 
É a vida, não é?
Parei onde?
Ahhh... No lanche, esperando pela hora do show. Ok.
Quando a banda chegou, falei com China (vocalista) o que eu tinha feito nos monitores, pra ele não se assustar.
Na nossa hora, fui checar as coisas no palco, como posicionamento dos microfones e se estava tudo certo com as vias de monitor.
Pra completar, ainda tive um pequeno estresse com o diretor de palco, porque ele queria que eu checasse as coisas do jeito dele, porque estava incomodando o DJ.
Agora lascou...
Essa história de DJ em cima do palco enquanto a gente faz a mudança das coisas, é de um amadorismo absurdo.
Mas muito comum ainda aqui em Recife.
No Wehoo, a produção da banda Charles Brown Jr 30 Anos, exigiu que o DJ parasse e que a mesa onde estava o equipamento dele fosse colocada na lateral, sem interferir nas ligações e na checagem das coisas para o show da banda.
Exagero?
Eu não acho.
Vocês imaginam a gente ligando e testando as coisas, com um som ensurdecedor no palco?
Não existe.
Mas como eu já tinha checado todas as vias (do meu jeito, que é o normal), não me prolonguei na conversa com o diretor de palco.
O show começou, e eu fui me ajustando no palco, com Buguinha se ajustando na frente.
Mas nada desesperador.
Achei de onde vinha algumas realimentações, que era no monitor da bateria, e fui ajustando.
O vocalista não me pediu nada durante o show.
Não sei se porque estava dando para ele se ouvir, ou se por pena de mim, sabendo da situação que ele viu no soundcheck.
Não aumentei um centavo da voz dele nos monitores, só subi um pouco no side.
Só na van, quando estávamos voltando para casa, ele falou que não ouvia nada do teclado, mas não me pediu porque achava que não ia dar muito certo aumentar outros instrumentos na via dele.
Mas deveria ter pedido.
Todos na banda tocaram na raça e na coragem!
E isso refletiu no show!
Foi absurdamente bom.
Todos notaram isso em cima do palco.
A agonia maior foi no soundcheck, e não no show!
Foi uma bela recompensa por tudo que fizemos ou tentamos fazer até o final do soundcheck.
E essa cumplicidade com a banda, que entendeu o problema, ajudou muito no resultado do show.
Absolutamente ninguém na plateia imaginava o que aconteceu antes e o que estava acontecendo na hora do show!
Foi na raça!!!!!
Mas não deveria ser assim.
Banda Del Rey no Clube Atlântico em Olinda.

Muita coisa mudou por causa da pandemia, inclusive nos shows.
Acho até que já vinha mudando antes da pandemia.
O nível de exigência caiu muito por parte dos artistas e técnicos.
Muitos shows que presenciei ou até trabalhei não eram para ter acontecido, por falta de estrutura mínima!
Esse caso em Olinda foi um desses shows.
Não sei quem produziu o evento, mas deixo aqui meu ponto de vista.
Ficou bem aquém do mínimo.
Se serve de consolo, não foi o primeiro que eu presenciei, e infelizmente eu acho que muitos virão ainda pela frente.
Por mim, voltava pra casa antes de começar o soundcheck.
Mesmo liso, dispensaria o cachê.
Mas as coisas não funcionam assim, não é mesmo?
E como falou Mário Jorge uma vez pra mim: --- Titio, a gente tá sendo pago exatamente pra resolver essas broncas!
Sempre lembro dessa frase de Mário quando estou no meio de uma bronca grande num evento.
Mas... Se a produção do artista me perguntasse se era pra fazer o show...
Não tenho dúvida da minha resposta.
Vou almoçar, e preparar as coisas para mais um show com a Del Rey que vou fazer nessa quinta-feira.
Feliz da vida porque já sei qual vai ser a empresa de som!
Não deve ser a mesma produção do evento no Clube Atlântico!!!!!
Tenho quase certeza que o show de quinta-feira em nada vai lembrar esse show em Olinda!
Não falo certeza absoluta, porque em shows, tudo é possível.
Esse show em Olinda é a prova viva dessa afirmação.
Um abraço a todos.

PS: Notaram que não coloquei muitas fotos e vídeos desse show em Olinda? Foi tanta agonia que nem deu tempo para fazer isso! Só fiz esse único filme curto do show, de onde tirei as duas fotos.

2 comentários:

Mario Jorge Andrade disse...

Muito bom!
Muito obrigado pela lembrança!

Titio disse...

Oi Mário.
Sempre lembro da sua frase em momentos difíceis.
Mas está cada dia mais difícil seguir o que ela diz.
Obrigado mais uma vez por participar do Blog, deixando sua opinião.
Um abraço.