quarta-feira, 24 de janeiro de 2024

E o Réveillon? - Como foi?

 

Olá pessoal.
Réveillon?
Oxe. Faz é tempo que passou, né?
É que o trabalho que fiz em Natal com Almério & Martins foi tão legal, que não aguentei esperar para falar sobre esse belo show na minha cidade natal, e passei na frente.
Exato. Nasci em Natal no dia 19 de janeiro de 1966.
Na sexta-feira passada, completei 58 anos de idade!
Vou novamente quebrar a cronologia dos textos, falando de uma coisa que aconteceu antes da última postagem.
E nem vou falar muito sobre o show da Banda Eddie em Maracaípe, porque já passei e falei aqui de muitas dificuldades em shows, mas nunca tinha passado a virada de ano onde passei agora.
Vamos lá...
Fiz o Réveillon com a Banda Eddie em Maracaípe, onde operei o som do PA.
No final dos anos 80, quando eu era DJ da boate Over Point, passei o réveillon na rua, correndo do bairro da Encruzilhada até o bairro das Graças.
Rompi a ano literalmente correndo!
Como era na Corrida Internacional de São Silvestre, muiiiiiitos anos atrás!
Para quem é novinho, até 1988 essa corrida era realizada à noite, começando às 23h30.
Os competidores "viravam" o ano correndo.
Foi o que aconteceu comigo nesse réveillon no final dos anos 80.
Lembro que era final dos anos 80 porque a boate ainda era pequena, sem a grande reforma que aconteceu no início dos anos 90.
Tenho até hoje na memória, as imagens de quando eu cheguei completamente encharcado de suor, subindo na pequena cabine de som para trocar o fusível do amplificador responsável pelos agudos das caixas de som.
Meu amigo Tavares (maître) não sabia que existia esse problema no amplificador, que às vezes queimava o fusível na hora de ligar.
Ensinamos ele a ligar os equipamentos, mostrando como colocar o som do K7 para as caixas de som da boate.
Mas esquecemos de falar sobre o problema com o amplificador.
Foi ele quem me recebeu na recepção com cara de assustado, porque já tinha cliente na casa, e o som estava completamente abafado!
Por saber que esse problema existia e era intermitente, já tínhamos vários fusíveis guardados para reposição! (Risos)
Nesse réveillon atual, eu não estava correndo.
Vou fazer um breve resumo da situação, para vocês entenderem como fui parar no lugar.
O show da Eddie foi na praia de Maracaípe, que fica a 65 km de distância de Recife.
Uma hora e meia de carro aproximadamente.
O combinado seria ir de van para passar o som pela manhã, voltando pra Recife logo após o soundcheck.
Todo mundo "rompia" o ano em casa, e retornaríamos um pouco depois da meia-noite para fazer o show na praia, que estava marcado para às 3h da madrugada, se não me falha a memória!
Não tenho mais carro.
Uso Uber, 99 ou InDrive.
E por causa disso, lembrando ainda do meu réveillon no final dos anos 80, onde tive que ir correndo para a boate porque não consegui táxi, falei para a produção da banda que seria bom a van me pegar em casa para ir pro show.
Mas isso não aconteceu.
Ou seja... Eu teria que ir ao encontro da van, que sairia de Olinda, e é muito longe da minha casa.
A opção que encontrei foi aguardar a van no trajeto de Olinda para Maracaípe, e o ponto que escolhi foi a Praça do Derby, um local mais central entre Olinda e Boa Viagem, que seria por onde a van sairia de Recife.
Para ir e voltar do soundcheck foi muito tranquilo.
Fui de Uber para a praça, e voltei da praça para casa.
Mas o soundcheck não foi nada tranquilo.
Tudo muito atrasado!
Para não entrar muito nos detalhes (que foram muitos!), e para vocês terem uma ideia, começamos a passar o som na hora que estava marcada para acabar!
Foi uma correria absurda.
E não foi nada interessante.
Só deu tempo de checar os canais, levantar o fader, fazendo pequenos e rápidos ajustes, e só!
No monitor foi a mesma coisa, mas ainda é pior, porque são várias vias para enviar vários sinais, e no meu caso só tem duas vias, que são os canais esquerdo e direito do PA.
E não levamos um técnico de monitor, o que dificultou mais ainda.
Foi isso.
Foi "na tora", como falamos aqui em Recife.
De qualquer jeito! Do jeito que dá!
Não ficou legal, inclusive na hora do show, mas...
Mas eu estava sentado num ponto de táxi na esquina da Praça do Derby, conversando com alguns motoristas, e torcendo que eles não saíssem daquele local até que a van que me levaria para Maracaípe com a Banda Eddie chegasse.
Minha irmã me deu uma carona no carro dela, e me deixou na praça 30 minutos antes da meia-noite.
Sentei no ponto de táxi e aguardei.
Consegui a imagem do ponto de táxi no Google Maps!!!!!!
Clique na imagem para ampliar.
Foi assim que eu "virei" o ano!
Mais uma vez na rua, mas não correndo.
Num ponto de táxi.
Ouvindo "as conversas" dos motoristas para combinar se cobrariam 80, 100 ou até mais do que isso pelas corridas.
Desanimador ouvir.
Para mim, é um décimo terceiro salário à mão armada!
Mais desanimador é ver os motoristas de aplicativos (Uber, 99 e InDrive), que seriam a solução para o tratamento extorsivo dos taxistas, fazendo exatamente a mesma coisa!
Ou seja... Acho que tem jeito mais não...
Bem depois da meia-noite, quando eu já estava vendo o que iria fazer ali sozinho, porque só tinha um carro parado no ponto, a van chegou.
Confirmei mais uma vez que não ligo absolutamente nada para o réveillon.
Poderia tranquilamente trabalhar como motorista de aplicativo, ou ser um taxista.
E como me conheço, não iria extorquir ninguém!
Liso mas feliz e com a consciência limpa.
Quando só um carro estava na parada, e eu estava torcendo para ele não sair para extorquir os passageiros, comecei a procurar um outro lugar para esperar a van, porque ficar ali naquela esquina não era uma boa opção.
Já sabendo que poderia acontecer isso, levei o básico na mochila, para o prejuízo ser menor num assalto, onde o risco seria grande.
Muito ruim a sensação de abandono, de insegurança que senti, e que muitos brasileiros sentem!
Por essas e outras tenho uma verdadeira aversão e/ou ojeriza a políticos, pois eles tiram muita onda com a gente!
Discursos vazios e mentirosos para se elegerem...
E fazem bem menos ou nem fazem nada do que falam, depois que entram.
Já entram pensando em como vai ser para se reelegerem!!!
E esse meu sentimento pela classe política só cresce, numa progressão geométrica!
Porque as merdas que eles fazem seguem a mesma progressão geométrica no crescimento.
É outra coisa que começo a achar que não tem jeito mais não...
São eles que fazem as leis, né?
E o povo não exige firmemente uma mudança, independente do seu partido ou político do coração...
Aí lascou de vez!
Enquanto torcia no ponto de táxi para não ficar só, lembrei de Naná Vasconcelos, quando eu estava com ele numa turnê pela Europa.
Caminhávamos pela rua em alguma cidade de Portugal, voltando tarde da noite de um restaurante onde tive o prazer de experimentar a "carne de porco à alentejana", prato típico da culinária de Portugal, que eu não tinha a menor ideia dos ingredientes, além do porco, né?
Pois bem...
O outro ingrediente principal é um tipo de molusco chamado "almêijoa", como mostra a foto abaixo.

Eita Naná! Falei.
Carne de porco com mariscos? Isso não deve prestar! Mas vou experimentar, né?
Nem sei quando volto aqui.
Pois é, Titio... Pois é... Respondeu Juvenal.
E pedimos o prato.
Quando o prato chegou, achei que as conchinhas eram enfeites!!!!!
Depois do susto, veio a alegria.
Achei o sabor simplesmente fantástico!!!
Se tiverem oportunidade, experimentem.
Nunca me esqueci dessa noite.
Boas lembranças...
Estávamos voltando desse restaurante, eu rodando nos dedos uma máquina fotográfica digital pelo cordão...
E Naná notou que eu estava rindo.
Perguntou: --- Titio, tá rindo de que no meio da rua nesse frio?
Respondi: --- Naná... É indescritível a sensação de ter a certeza que ninguém vai apontar uma arma para minha cabeça (ou atirar antes) para tomar essa máquina fotográfica da minha mão!
É uma sensação extraordinária!
É por isso que estou rindo, Naná.
De felicidade!
É mesmo, né? Respondeu ele numa pergunta.
E seguimos conversando tranquilamente pelas ruas na madrugada.
Esperando pelo início do soundcheck.
Voltei para minha situação na Praça do Derby, nada parecida com a Europa, e quando já tinha escolhido o novo local para aguardar a van, que seria uma pequena lanchonete praticamente vazia com uma luzinha acesa, distante uns 50 metros (100?) de onde eu estava, a van chegou!!!
Era pertinho de 1h da madrugada quando segui com a van para o show em Maracaípe...
Aí vocês já sabem mais ou menos como foi.
Achei mais legal falar sobre a situação de passar o réveillon numa parada de táxi, numa praça deserta em Recife.
Situação com cara de BASTIDORES.
Muita gente que não é do meio acha que é só "glamour" na minha profissão.
Não é não, viu?
Logicamente, que pelo sufoco que foi o soundcheck e o show, não consegui registrar nada!
Apenas duas fotos enquanto aguardávamos por várias horas pelo início do soundcheck.
Um abraço a todos.

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