segunda-feira, 19 de maio de 2008

Show de André Rio em Lajedo – A união faz a força.

Olá pessoal.

Fui mais uma vez convidado para fazer o monitor de um show de André Rio. Normando, amigo meu, que sempre fez o monitor, ficaria responsável agora pelo P.A.. Mais uma vez o show aconteceu numa cidade do interior de Pernambuco. A notícia boa era que a cidade ficava mais perto do que a do show anterior que foi em Serra Talhada. A notícia ruim foi constatar que a viagem seria feita de van! Acredito que o tempo de viagem foi em torno de três horas, mas pelo desconforto parecia que tínhamos viajado umas cinco horas ou mais! Tudo se tornou longe demais.

Ao chegar à cidade, fomos direto para o palco montar o equipamento e fazer o sound check. Chegando ao local vi de longe que o P.A. “era em forma de line array”. Sabia que seria muitíssimo difícil, muitíssimo mesmo, que esse line array fosse realmente um line pra valer! E acertei (acertamos, pois Normando falou a mesma coisa). Cada caixa de um line array original (principalmente os importados) custa uma fortuna e até os nacionais não é nada barato. Por isso sabíamos que era improvável que uma empresa de sonorização do interior de Pernambuco pudesse ter tal equipamento. Não posso nem dizer que era um clone de algum line, pois os clones copiam até o design das caixas, o que não era o caso.

Quatro destas caixas estavam sendo usadas no side fill (caixas de retorno posicionadas nas laterais do palco), e não achei nada agradável o som delas. Fiquei com pena de Normando. Passei uns cinco minutos tentando deixar o som delas mais agradável, e como ainda tínhamos que ligar os fones e teoricamente eu não iria usar o side fill, pois só uso-o em caso de emergência, passei para tarefa seguinte.

Detalhe de Normando (camisa azul com mangas escuras) me ajudando na ligação dos equipamentos.
Ele operou o P.A. do show.



O equipamento era muito fraco e a equipe da empresa, mesmo sendo prestativa, era fraca também. Normando tinha me falado que alguns dos nossos amplificadores dos fones estavam com problemas e teríamos de usar alguns dos amplificadores da empresa de som. O problema começou quando descobrimos que os equipamentos da empresa estavam com problemas também. Quando o equipamento funcionava, os cabos das conexões falhavam.




Sistema para comunicação entre o P.A. e o palco (ao lado).
Funcionou (com uns barulhos estranhos)... mas...
Abaixo, detalhe da fiação dos equipamentos de vídeo da banda que tocaria no final do evento.






Enquanto Normando tentava arrumar estas conexões dos fones, eu ligava o equipamento próprio de voz e retorno de André Rio.Este equipamento é formado por um microfone sem fio, um pré-amplificador, um processador de efeitos e um sistema de in-ear sem fio. Fiz as ligações e coloquei a voz já com o efeito de ambiência nos fones de André. Depois disso voltei para a batalha com Normando para ligar os fones da banda. E foi realmente uma batalha! Perdemos muito tempo com isso. Trocamos equipamentos e cabos até chegar a um resultado satisfatório.
Aqui está a razão do título deste texto. Se Normando não tivesse ficado no palco me ajudando, iria demorar muito mais tempo para chegar ao resultado que chegamos e dependendo do tempo que me dessem, nem chegaria a este resultado. Já soube de casos de operadores de um mesmo artista que nem se falam! Ainda bem que nunca passei por isso. Sempre trabalhei com amigos na outra ponta, mas não me lembro de ter dado uma ajuda tão grande como a que Normando me deu. Minha forma de trabalhar mudou depois deste show. Valeu (ex)Gordo!






Detalhe dos equipamentos próprios de André Rio.







Depois de todos os fones ligados e funcionando, Normando foi para frente e começamos a passar o som. Peguei o microfone de André Rio e fui coordenando o sound check junto com Normando que ia passando o som dos instrumentos e vozes no P.A.. O cantor (que nunca participa) e mais dois músicos não participaram do sound check. Cada um dos roadies ficou com o fone dos músicos e eu fiquei com o in-ear do cantor. Quando os músicos falaram que estava tudo ok, pedi para tocarem duas músicas para eu mixar o in-ear de André Rio. Tudo certo, ou quase tudo... Pois o receptor sem fio do in-ear do cantor desligou sozinho logo após o término do sound check. Desencaixei a gaveta das pilhas, encaixei de novo, balancei, fiz promessas, e ele acabou ligando. Fomos ao hotel para tomar banho e jantar. Voltamos na hora marcada e esperamos um bom tempo para começar o show, pois teve os famosos falatórios dos políticos, pois o show era em comemoração a inauguração da Praça de Eventos da cidade.




André Rio e Banda.




Chegada a nossa hora, entreguei ao produtor o in-ear do cantor e o show começou. Em menos de 10 segundos, me avisam que não tem nada no in-ear do cantor! Tinha medo que acontecesse isso, pois se parou no final do sound check, poderia acontecer no show, mas eu não tinha equipamento reserva de in-ear. Enquanto a banda repetia a introdução do show, eu averiguava o receptor do in-ear. Fiz exatamente o que tinha feito na primeira vez que parou, e ele voltou novamente a funcionar. Não tinha mais nada o que fazer, a não ser torcer, pois não colocamos nenhum monitor de chão no show. E foi isso que fiz durante quase todo show. Mas relaxei na torcida e o mesmo parou quando faltavam apenas duas músicas para o final. Fui tentar fazer mais uma respiração boca-boca no receptor, mas o cantor falou que estava no final e faria sem in-ear mesmo. Voltei para a mesa e fiz uso do side para o cantor poder escutar sua voz e alguns instrumentos até o final do show.



Até achei estranho alguém pedir para tirar uma foto minha!








O resultado técnico final foi muito positivo. Tive até convite para novos shows no período junino, mas minha agenda de junho está preenchida pelos shows de Silvério Pessoa. Passei para a produção de André Rio minhas datas vagas até 30 de maio e depois do dia 24 de junho. Mais uma porta foi aberta. Nem lembrava mais que iríamos voltar naquela mesma noite para Recife na desconfortável van!!!

Um abraço a todos.

Um comentário:

Anônimo disse...

É fato, encontramos setups nada bons e equipe técnica à desejar. A saída é utilizar equipamentos próprios. Por isso algumas bandas possuem suas próprias mesas, mics, prés, etc. E algumas poucas possuem seu próprio PA. Vantagem, até na hora do sound check. Na estrada, você não sabe o que vai encontrar lá no palco, daí precisa rebolar e suar! Abração Titio, é você ensinando e eu aprendendo.