quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Feira Música Brasil 2009 – Muitas bandas e saldo positivo no monitor.

Olá pessoal. Uma amiga minha advogada me falou que fazia um “preço de amiga” para fazer meu divórcio. Mil reais. Mil reais??!! Ai, ai, ai... Doeu. Não aguento mais explicar minha situação numa entrevista para algum cadastro. Estado civil? Veja bem... No papel eu ainda sou casado, mas estou separado há uns dois anos... Solteiro, se eu não me engano, eu não serei mais nunca perante a lei! O casamento agora me lembrou uma empresa de telefonia móvel. É muito fácil entrar, mas para sair é uma novela! Engraçado é que quando me casei, não foi preciso advogado nenhum! Mas o Blog aqui não é sobre casamento... É porque não resisti em fazer este comentário para mostrar como é que funciona a coisa. Vamos aos shows! Falta comentar a Feira Música Brasil, o Baile do Menino Deus, o réveillon com Silvério Pessoa e um show de Alceu Valença que apareceu de última hora no dia 9 de janeiro. Vamos voltar trinta dias no tempo...
-->Trabalhei do dia 09 ao dia 13 de dezembro no evento Feira Música Brasil, que aconteceu aqui em Recife. Operei o monitor de um dos palcos. Eram dois, um ao lado do outro. A mesa usada foi (mais uma vez) a digital M7CL da Yamaha. -->
Nem lembro direito dos acontecimentos, pois já faz um tempinho que o evento aconteceu e minha memória, como vocês já sabem, não é lá essas coisas. Vou mais uma vez apelar para as fotos, que consegui com os amigos, porque mais uma vez não consegui levar minha (minha?) Lumix que está com meu filho Raian. Ah! Se for comprar máquina fotográfica, pode pegar esta Lumix. Eu recomendo. É da Panasonic e é excelente! Compre sem medo.

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No meu palco, se apresentaram 17 atrações durante os cinco dias de evento. Dessas 17 atrações, somente 3 trouxeram operador de monitor. Pitty, Strike e o Tributo a Luiz Gonzaga que era uma banda formada por músicos de diferentes artistas e que iria acompanhar vários cantores como Seu Jorge, Arnaldo Antunes, Otto, etc.

-->Operei o monitor para 14 bandas! E destas, duas não conseguiram chegar no horário para o sound check (André Abujamra e Anna Ratto), e arrumamos tudo na hora do show mesmo, enquanto outra atração se apresentava no outro palco. Não tive nenhum problema com estas duas atrações que não passaram o som. Na realidade, só tive um problema durante todo o evento. Foi com o violonista Murillo da Rós. Não consegui colocar o violão dele no volume que ele queria no palco. Realimentava! O violão não tinha uma “tapadeira” que usamos na boca do violão geralmente em shows ao vivo quando estamos usando monitores de chão. Poderia até ter solicitado um in-ear pra ele, mas o estresse foi tão grande no sound check e o tempo acabou antes de eu tentar tal técnica. Nem sei também se ele iria aceitar usar o fone. Foi uma pena... Geralmente tenho 100% de satisfação dos artistas que se apresentam nos palcos onde estou trabalhando, mas aqui eu não consegui esta marca. Desculpe-me Murillo. Não foi intencional, ok? Simplesmente não consegui. -->
Tive até outro violão no palco com outra banda, mas este tinha a “tapadeira” na boca e foi super tranquilo. O bandolim desta mesma atração deu sinais que iria realimentar e o violonista da banda deu a idéia de colocar uma flanela dentro do bojo do instrumento. Uma solução genérica para quem não tinha a proteção de borracha que chamei aqui de tapadeira, mas a flanela resolveu perfeitamente o problema. Aprendi mais uma!
Vou esperar Mário Jorge lê aqui este texto para ele me falar como é o nome científico do tampão que colocamos na boca do violão ou em instrumento semelhante.
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O primeiro dia do evento foi “mamão com açúcar” (fácil) no meu palco porque eram só 2 bandas para passar o som. Depois a coisa foi se complicando... O segundo dia foram 4, o terceiro e o quarto dia foram 5 bandas para passar som! No último dia era só o Tributo a Luiz Gonzaga no meu palco.
É muita banda, principalmente porque no outro palco tinha mais um monte de bandas também para passar o som. Minha mesa estava cheia de fita crepe com os nomes dos canais de cada banda. A M7CL não tem o visor em cada fader para ver o nome do instrumento que está naquele canal. Tem que ser na velha fita crepe!
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Teve dia, se não me falha a memória, que lendo a grade de horário de sound check, simplesmente não tinha pausa para o almoço. Só assim dou uma diminuída no peso!
Ainda estou pensando aqui nos mil reais do divórcio!
Falando em mil... Comprei os livros do meu filho! R$ 1.191,90 !!!!!! Só os livros!!!! Falta ainda farda, material pessoal, etc, etc, etc... Dividi em dez vezes sem juros no cartão. Vou passar quase um ano pagando os livros, mas ele merece. Nunca me deu trabalho. Eu é que dei (dou) trabalho pra ele! (risos)
Uma pausa para fritar uns nuggets ali na cozinha...
Meu filho me falou uma vez que viu em algum lugar como são feitos estes pedaços de frango e parou de comer nuggets durante um tempinho. Como eu nunca vi esta reportagem, vou fritar uns cinco (acabei comendo oito!).
Pensei até em não comentar que coloquei uma dose de vodka com sprite aqui para acompanhar estes pedacinhos de frango empanado, pois vai ter gente que vai me chamar de alcoólatra, mas eu sou uma merda para mentir (e para omitir!). Mas sei também que muita gente iria achar muito estranho eu simplesmente comer nuggets com água ou suco!
Sobre o Feira Música Brasil 2009, o que poderia mais comentar? Deixe-me ver...
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Continuo achando o cachê aquém do merecido. A responsabilidade é muito grande, o evento é muito grande, mas o cachê não acompanha. Por quê? O que fazer para mudar isso? O trabalho físico é muito maior também. Chego às 9 horas da manhã de um dia, saio na madrugada do outro dia e tenho que chegar novamente às 9 horas da manhã neste dia para recomeçar o sound check! Será que aguento isso com 50, 55, 60 anos? Penso nisso constantemente, pois estou bem pertinho do primeiro número citado.
Outra coisa que poderia comentar aqui é o número de bandas para se apresentar. Eu achei muita banda para um dia só. Por ter muita banda, as primeiras (e são logicamente as desconhecidas) se apresentaram muito cedo, pois começava às 19 horas. Não tem ninguém no local nesta hora.
-->Neste evento (e na grande maioria dos eventos com formato de festival aqui no Brasil) tinha muitos medalhões como Pitty, Fresno, Sepultura, Marcelo D2, etc, para chamar o público, pois sem eles, ninguém aqui em Recife saía de casa para ver Nina Becker, Milocovick, Fabiana Cozza, Murillo Rós, Kassin... Principalmente num Marco Zero, que precisa de muita gente para ficar legal. A grande maioria do público ia para ver os medalhões, deixando os outros artistas, que muitas vezes nem tinham o mesmo perfil dos medalhões da noite, numa saia justíssima! Infelizmente não vejo o clima dos festivais da Europa por aqui. Já devo ter comentado isso em texto anterior. A cultura é outra mesmo. Lá, mesmo com medalhões da música pop mundial se apresentando no palco principal, um artista sem renome internacional pode apresentar seu trabalho para um público decente em quantidade e interessado em ouvir outras sonoridades.
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Artistas desconhecidos do grande público local também são colocados em palcos principais, como foi o caso de Silvério Pessoa na Bélgica (http://www.dailymotion.com/video/x4a0gb_silverio-pessoa-esperanzah-07-part1_music ).
O pessoal aqui no Brasil vai pré-disposto a ouvir seu artista famoso. Ouvi da minha mesa de monitor artista no meu palco ser chamado de veado pelo público enquanto se apresentava, ouvi o público gritar pelo nome do artista famoso que iria se apresentar posteriormente toda vez que o artista do meu palco parava entre uma música e outra... E isso acaba com o clima de um show. Tem que ter um sangue de barata para ouvir isso e não interferir no show.
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Vi artista também no meu palco dar a volta por cima e conquistar o público. Mas foram raros. A maioria dos “não famosos” passava meio que despercebida. Tipo: quem é esse mesmo? Ah, tá... EU QUERO PITTY, EU QUERO PITTY! Foi isso que notei.
Diga-se de passagem, o show da baianinha foi super competente! Bem tocado, bem cantado... Competente. Gosto do show, independente do meu gosto musical. A única ressalva foi ela ter entrado e saído do palco com uma taça de bebida na mão. Eu bebo, mas não estimulo ninguém a fazer isso. Não vejo muita diferença entre o álcool e a maconha.
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Para finalizar, gostaria apenas de agradecer a todos os artistas que passaram pelo meu palco:
Black Rio, Móveis Coloniais de Acaju, Nina Becker, Milocovick, André Abujamra, Mundo Livre, Daniel Migliavacca, Murillo da Rós (sinto não ter correspondido, desculpe-me novamente), Kassin, Orquestra Contemporânea de Olinda, Pitty, China, Josildo Sá, Anna Ratto, Silvia Machete, Strike e Tributo a Luiz Gonzaga.
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Quando eu ia assinar aqui, me veio uma coisa na cabeça. O evento Feira Música Brasil é um festival de música? Revendo os nomes que passaram pelo meu palco, acredito que sim, pela diversidade de estilos, o Feira Música poderia ser considerado um festival de música. Pelo que pude entender conversando numa farrinha pós-evento com Karina, que trabalha na produção do evento, não é para ser um festival, mas sim uma feira mesmo, para vender o produto, a música, o artista.
Só acho que o público que compareceu ao local nos cinco dias de evento não estava com nenhum destes dois pensamentos!
Um abraço a todos.

5 comentários:

leo tecnico disse...

olá titio!!!como vai vc? ano novo dejeso muito trabalho,saude e paz pra vc que e o que enteresa.como sempre seus textos são muito bons e eu seu o q e trabalhar em festival,e canseira mesmo aki em palmas trabalho no P.A de cinco festivais.mas mudando de asunto cara acho que li seu texto primeiro que mario jorge, e o nome do (tapadeira)que vc se refere e no feed back. sei disso porque tambem trabalho em uma loja do segmento de audio e intrumentos musicais.

um grande abraço e tudo de bom!!!

Mario Jorge Andrade disse...

Boa reportagem, Titio.
Realmente, ralamos muito nesse evento, mas foi bom.
Você pede desculpas para o Murilo Da Ros por ser um cara educado, mas não precisava, você não fez nada errado, ele é que deu um piti, por várias razões, poucas relativas ao som e, desse jeito que ele queria, violão acústico, com monitores de chão, alto, sem realimentar e com som bom, era uma tarefa quase impossível.
Não sei o "nome científico" daquele tampão, que é muito útil. Chamo de "cala boca", pois o Jailton, roadie muito experiente que já trabalhou com o Djavan, Marina Lima e muitos outros,chamava assim. Na loja virtual Sweetwater, encontrei dois fabricantes. Um deles é descrito como redutor de feedback. Acho um bom nome. Talvez tampão...
Abraços,
MJ

Mario Jorge Andrade disse...

Obrigado, Leo!
Abração,
MJ

Thiaguinho Roadie PE disse...

Titio. Parabéns!
Está muito bom este texto.
Eu fico lendo aqui em casa, imaginando tu falar todas estas coisas.
O tempo está muito direcionado para o trabalho semanal no projeto de especialização em instrumentos de cordas e fauna acompnhante. E durante os finais de semana, o trabalho como roadie, desta maneira lendo-o em menor número de vezes. Todavia sempre o farei.
Bom 2010 a todos os leitores do Blog.
Fica com Deus.

Marcelo disse...

Baixei o show do Silverio Pessoa em Goiana.VALEU!!!!!!!!!!!!!!!!,o som tá legal e o repertorio também.