quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Show de Alceu Valença em São José da Coroa Grande – Passei despercebido mais uma vez. Ainda bem!

Olá pessoal.

Logo depois do show do réveillon fui convidado mais uma vez para fazer o monitor de um show de Alceu Valença. Na realidade, o convite foi feito até antes do show do dia 31. Eu estava em Serrambi com uns amigos numas férias não programadas, quando Rogério me ligou para perguntar se eu poderia fazer. Ok. Combinado.

Fui avisado que neste show não teria metais e nem acordeom. Mais simples.

Enquanto escrevo, coloquei para tocar aqui no meu fone um áudio de uma festa em que o DJ JR tocou. Ele gravou o áudio enquanto fazia o povo dançar num casamento. Só músicas dos anos 80/90.

Júnior é meu sobrinho. Ele é quase um ano mais velho que eu. Andamos juntos durante uma boa parte da nossa adolescência e quando ele me apresentava aos seus amigos, ninguém acreditava que eu era o tio dele. E começaram a brincar com isso. Assim nasceu meu apelido, que carrego comigo até hoje!

Minha vida profissional nasceu com ele, com a ajuda dele. Ele me ensinou os primeiros passos na discotecagem. Isso mesmo. Antigamente DJ era chamado de discotecário! (risos)

1986... 1987... Passei quase um ano observando ele trabalhar. Só observando. O máximo que eu fazia era ligar o som quando a casa abria e colocava uma fita K7 de música lenta (este termo é velhinho) para aguardar os clientes. Quando já tinha gente suficiente e o pessoal começava a dançar agarradinho, eu assumia os toca-discos e fazia um set de música lenta até chegar a hora oficial com as músicas dançantes de boite. Esta hora era sempre 1h da manhã! Passei quase um ano fazendo isso... Mas sempre observando. Ouvindo as músicas da gravação de JR aqui no meu fone, tudo vem à mente.

Nunca mais esqueço o primeiro dia que assumi o som na hora das músicas mais agitadas. Pense num sufoco! Meu sobrinho sempre chegava perto de 01:00h para assumir o som da cabine e abrir a noite com as músicas dançantes. Antes disso ele saía com as namoradas para curtir outros ambientes, outros bares, porque depois de começar a noite, só saíamos pela manhã de lá, com o sol na cara!

Pois bem... Numa noite dessas, depois de um ano fazendo o pessoal dançar só música lenta, perto de uma hora da manhã ele me liga e fala (nunca vou me esquecer disso!):

--- Tio, te vira hoje aí. Não vou não.

E eu: --- Como você não vem???!!! Eu não estou pronto para assumir a cabine, você sabe disso.

E ele: --- Certo. Mas eu não vou. Faz você.

Nem lembro se ele fez isso para dar o empurrão que faltava em mim, ou porque a noitada com a namorada não poderia parar.

Foi um desastre! Tremia feito “vara verde”. Tremia mesmo. De medo!

O som parou uma ou duas vezes (não recordo com certeza a quantidade, mas parou). Isso para um DJ era (e continua sendo) um erro absurdo. Mas não tive como evitar. Não consegui achar uma música para se encaixar na que estava tocando, e a música que estava tocando acabou! Foi horrível! Não tinha a agilidade necessária ainda. Com o tempo, sabemos onde está cada disco, pois nunca o trocamos do lugar. E cada disco tinha apenas UMA música! Levantamos uma parte da capa entre as centenas de discos enfileirados, tiramos o disco de dentro, mas a capa fica no mesmo local. Depois recolocamos o disco dentro da capa que está somente um pouco levantada e empurramos a capa com o disco para o mesmo espaço físico que estava ocupando.

Mesmo com a tremedeira e os erros, consegui levar a noite até o final. E segui em frente.

Muito estranho o que vou dizer agora, mas... Nunca gostei de dançar. Porque nunca tive “molejo” para isso. Nunca me senti bem dançando. Achava feio. Hoje, pior ainda!!!

Mas sentia um prazer muito grande em ver aquele pessoal todo dançando com as músicas que eu havia escolhido. Hoje sinto o mesmo prazer num som de PA bem feito que eu faço, na reação eufórica do público num show em que estou trabalhando. Recebi recentemente uma ligação da produtora de uma cantora chamada Fabiana Cozza ( http://www.fabianacozza.com.br ), de São Paulo. Perguntando-me qual minha disponibilidade para o carnaval, pois Fabiana tinha shows no carnaval de Recife. Alguém (que não entendi quem era, pois estava dirigindo) tinha me indicado. Agradeci a lembrança do meu nome, mas não tinha como eu fazer os shows, pois já estava comprometido com os shows de Silvério Pessoa. A Spok Frevo Orquestra me procurou, Renata Rosa me ligou também, mas não marco dois shows de artistas diferentes no mesmo dia porque tenho medo de deixar alguém na mão. Por isso quase sempre estou no meu limite ou no vermelho na minha conta bancária.

Fabiana Cozza participou do evento Feira Música Brasil aqui em Recife, mas não foi no meu palco. Nem vi quem era. Sinto o mesmo prazer com estes convites!

Não pensem que estou escrevendo isso tudo de uma só vez!

Já parei. Montei uns áudios para televisão da General Motors, já saí ontem e fui parar num aniversário de um gay que nunca tinha visto. Não sou gay, muito pelo contrário! Diverti-me, ri muito. Misturei uma tangisrosca (tangerina com vodka) com uma garrafa de vinho chileno. Já menti para minha “amiga desconhecida” falando que tinha ido nesta noite para uma reunião fechar dois trabalhos neste fim de semana que vem. Já tinha fechado estes dois trabalhos por telefone anteriormente. Nas raríssimas vezes que eu minto (ou omito?), me arrependo! Não me sinto bem nem quando minto escrevendo!!! E acabo falando a verdade. Tenho que mudar isso também!!!!!! Ser normal!!!!!!!! A mentira faz parte. A maioria diz isso, ou pensa assim, ou faz assim. Mas vou continuar sendo uma exceção. Para um ateu, isso é um sofrimento mínimo.

Segundo Charles Chaplin, e eu assino embaixo:

“...não suporto falsidade e mentira, a verdade pode machucar, mas é sempre mais digna.”

Enquanto isso... Billy Paul canta “Your Song” no meu ouvido. Se ele soubesse quantas vezes eu toquei esta música na boite na minha época de DJ, ele me dava metade do cachê dos seus shows!

Já parei novamente e saí com meu filho para colocar créditos no seu cartão para andar de ônibus. Já ajudei na feira dos meus (ex) sogro/sogra. E já estou aqui no vinho, para variar. Já pedi uma pausa no MSN (muito a contragosto) a minha “amiga desconhecida”. Joguei-a aos lobos! Temos que fazer alguns sacrifícios nesta vida! Espero que ela me perdoe pela mentira. Foi mentirinha. Não foi uma grande!

Humm... Estou falando muito desta “desconhecida”. Vou acabar me apaixonando. A merda é que ela é cativante mesmo! (risos)

Já operei várias vezes o monitor de Alceu Valença. Ele não participa do sound check. Normalmente fazemos o sound check só com a banda. Quem faz normalmente o monitor de Alceu é Rogério, amigo meu daqui de Recife. Quando o operador de PA, que mora no Rio de Janeiro, não pode fazer os shows aqui no nordeste, Rogério vai para o PA e chama alguém para fazer o monitor. Eu sou um desses que é chamado para este trabalho.

Chegamos cedo ao local do show e começamos a armar nossas coisas no palco. Não teria nenhuma atração antes do show de Alceu. Boa notícia. Aconselhado por Rogério, tiramos duas das quatro caixas reservadas para o cantor e colocamos uma para o guitarrista Paulo Rafael e outra para o baixista Maurício. O monitor disponibilizado para o baterista era legal, o tecladista (meu irmão Tovinho) usaria um sistema próprio de monitor com fone, o mesmo que coloquei na banda de Silvério Pessoa. O único problema que eu teria era com as caixas de monitor da percussão, pois eram fraquinhas. Mas não foi estas caixas meu maior problema. O sistema de caixas do “side” estava com um timbre muito ruim. Quem ainda não sabe o que é um SIDE num palco, escreva a palavra na janela “pesquisar este blog” que se encontra na lateral direita da página, que já comentei isso em textos anteriores. Esta ferramenta de busca funciona extraordinariamente bem.

Demorei um tempinho para deixar o side soando bem, ou aceitável. Tinha um lado falando diferente do outro nas frequências altas. Mas cheguei num ponto aceitável. Rogério me ajudou a passar o som da bateria no palco. Quando você deixa o som da bateria legal no palco, já é quase meio caminho andado. E quando você deixa a voz do cantor bem equilibrada no palco, já é quase a outra metade do caminho restante. Agora é só ajustar os monitores individuais dos músicos. Cada banda e/ou artista tem uma mixagem própria de monitor. Não existem regras. Existem coisas básicas, mas não existem regras para um monitor, pois cada banda e/ou artista tem um gosto.

São três horas da manhã e eu não consigo acabar este texto! Porque será?

Depois de adiantar o serviço no palco comigo, Rogério foi para house mix dar uma geral no som do PA. Passamos mais algumas coisas pra ele, e esperamos a banda chegar para dar uma geral.

Quando a banda chegou, fizemos os ajustes finos necessários. Mas já estávamos bem adiantados por causa dos nossos pré-ajustes. Paulo Rafael, guitarrista que acompanha Alceu há muitos anos, sempre coordena o sound check final, ou seja, os ajustes finos. Fizemos estes ajustes sem muitos atropelos e ficamos aguardando o início do show.

Tinha umas anotações feitas, pois tem hora que Paulinho Rafael precisa ouvir o violão de Alceu e tem horas que ele não precisa ouvir isso. Fiz mais algumas anotações à respeito do show, e fui seguindo estas anotações. Fui seguindo o roteiro. Sempre faço um roteiro para me guiar. Até nos shows de Silvério Pessoa, com quem estou desde 2004, mas sempre faço umas anotações, principalmente porque ele tem diversos tipos de show.

O show de Alceu começou. Normal. Era pra ser. Mas nunca é pra mim. O nome pesa muito ainda. Eu estou fazendo o monitor do cara que explodiu no Brasil com a música Tropicana (entre outras)! Está no monitor o ex-DJ que tremeu nas bases quando deixaram ele só na boite Over Point naquela noite inesquecível no final dos anos 80. Vem tudo isso na cabeça!

Alceu entra e fico na expectativa de saber se está tudo bem. Não esqueçam que ele não participa do sound check. Passo o microfone dele com minha voz, supondo que está bom. Paulinho Rafael normalmente fala neste microfone para conferir, mas neste dia nem isso ele fez. Já tem alguns instrumentos direcionados ao monitor de Alceu. Faço isso previamente com ajuda de Paulo Rafael no sound check.

Aí, meus caros amigos e amigas. Não tenho mais o que fazer. É sempre prestar atenção no que está acontecendo no palco, sempre olhar para os músicos, e ficar ouvindo os monitores de cada um pelo fone e ir fazendo mais ajustes durante o show.

Ainda tive duas pequenas microfonias na via de Alceu, mas consegui sanar o problema.

Do mesmo jeito que ele entrou no palco, ele saiu. Acho que nem sabia quem estava na mesa de monitor.

A produção dele sabia.

Passar despercebido fazendo o monitor de Alceu Valença é com certeza uma grande vitória. Geralmente notam sua presença quando a coisa está ruim!

Duvido que passei despercebido naquela noite no final dos anos 80 na Over Point!!!!!

Obs: Acabei de digitar este texto às 4:11h da madruga. Vocês não podem reclamar que eu não me esforço para atualizar o Blog.

E ainda estou com uma vontade absurda de comer Talharim!

Desejo estranho... Quase 5 horas da manhã...

Um abraço a todos.

4 comentários:

Thiaguinho Roadie PE disse...

Titio.
Agora sabemos o motivo do seu "Nome".
Eu percebi que você estava no monitor.
E a sua foto da introdução do blog também está atualizada.

Parabéns.
Um excelente Carnaval 2010.
Nos encontraremos no palco de Casa Amarela.

Fiquem com Deus.

Unknown disse...

Parabéns pelo texto Titio!
Sabendo que você curte 80´s... vai para A-Ha e Simply Red?

abracos!

iNterativo! disse...

Tio esse post foi revelador: agora sabemos a origem do seu apelido e, tbm, seu "mestre": Yoran, ou melhor, Dj JR! Apesar de conhecê-lo pessoalmente, nunca assisti uma apresentação dele (eu era um pirralha na época!). Mas ele é, sem dúvida, uma das grandes referências das noites de Recife nos anos 80.
Outra coisa legal foi a expressão "passar despercebido" quando se refere à sonoplastia. Tive um prof. de áudio que usava muito essa frase. Isso é o que sempre observo quando estou num ambiente sonorizado. Fiz até poesia desse aprendizado:
Os melhores não fazem barulho, eles emocionam...

Valeu tio! Inteh ;P

Titio disse...

Oi Thiaguinho.
Nos encontramos em Casa Amarela. Vamos ver se consigo repetir o som que tirei no ano passado. Foi muito bom.
Oi Felipe.
Não sei ainda se vou para estes shows. Tenho uma mania chata, não gosto muito de pagar para ver shows. Geralmente entro por conhecer o pessoal da firma de som. Não sei se nestes shows, o equipamento vai ser daqui de Recife.
Olá Wemmerson. Pensei que já tinha comentado sobre o início do meu apelido em outro texto, mas parece que nunca falei.
Obrigado a todos por participarem.
Um abraço.