Olá pessoal.
Como vocês já leram no texto anterior,
trabalhei neste carnaval com a mesa Venue S3L da Avid.
Nem falei muito nela no texto sobre o trabalho
no carnaval, por isso resolvi fazer este novo texto aqui comentando sobre este
primeiro contato que eu tive com a mesa.
Baixei o manual (em inglês) pela internet
semanas antes do trabalho para ter ideia do seu funcionamento.
Não consegui ler tudo, mas deu para ter uma
ideia.
O sistema consiste na Controladora S3 + Engine
E3 + Stage 16.
A grande vantagem é que o software é idêntico
às outras versões da Venue.
Quem trabalhou com as outras mesas Venue vai
ser fácil usar esta.
Só entrou uma nova “aba” chamada MEDIA, que é
onde você gerencia a gravação e o playback no pendrive.
É... Agora podemos fazer isso neste sistema.
Tentei uma vez gravar na correria e não
consegui.
Como não tinha tempo para tentar ver isso e nem
era importante esta gravação, deixei para ver isso posteriormente.
Deve ter sido um erro besta, mas mesmo depois
de fazer o patch do L/R para o USB, não consegui ver o sinal modulando no meter
da gravação mesmo apertando o botão “listen”.
Como falei, vou ver isso por estes dias procurando
no manual.
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Já fui ver no manual aqui e achei o erro.
Depois de fazer o patch, tem que selecionar o
fader do L/R e ativar o DIRECT OUT na tela!
Mais uma pegadinha da Venue!
Para o playback é só fazer o patch também,
informando onde você quer que o áudio saia. Pelo que pude notar aqui no manual,
podemos usar as voltas dos efeitos para isso, o que seria legal porque não
perderíamos dois canais físicos para ouvir este áudio.
Outra diferença importante com relação às outras
mesas Venue é que nesta S3L você dispõe de compressor e equalizador de 4 bandas
nas saídas (Aux, Matrix, Grupo) e nas voltas dos efeitos tem equalizador 4
bandas mais compressor e gate.
Bem que poderiam ajustar os outros softwares
das outras versões, não é?
Com relação ao uso de plugins, a diferença
aqui foi para pior.
Você só pode usar dois pluins por canal, fora
o insert externo, e o usuário só pode ter 20 plugins ativados!
São os mesmos 4 racks das outras versões, só
que cada rack aceita somente 5 plugins.
Como é outra estrutura de plugins, chamada de
AAX, muitos plugins que normalmente usamos ainda não existem, e nem sei se vão
existir, pois depende das empresas reescreverem os famosos plugins para esta
nova linguagem.
L2, L3, TrueVerb, etc.
Vai ter que se contentar com plugins
“similiares”.
Não lembro mais de outras mudanças no software.
Vamos para a superfície de controle.
Portátil, isso a gente vê logo de cara.
Muito pequena e fácil de colocar em qualquer
lugar.
Eu tenho uma teoria.
Quanto menos faders, menos eu gosto. Odeio
ficar mudando de páginas de faders.
Por esta razão não tinha como eu gostar das
páginas de faders da S3L.
São somente 16 faders para tudo.
Input, output, VCAs, volta dos efeitos, etc.
Nem o master tem um fader dedicado, como a SD9
da DigiCo.
Quando se tem um input list que passa dos 32,
são 3 páginas (no mínimo) para ficar virando.
Para ir no fader do L/R ou nos faders das
voltas dos efeitos são mais páginas para se virar.
Tem até uma opção de se ajustar o volume do
L/R nos botões que ficam ao lado do botão de volume de monitor (em cima à
direita) , mas exatamente por estarem ao lado do botão de volume de monitor,
corremos o risco de, na correria, baixar ou aumentar o volume do L/R pensando
que estamos no volume do monitor. Achei muito perigoso.
Para evitar isso, é só dá um “push” no botão
de monitor que ele fica sozinho lá em cima, eliminando os outros dois controles
de volume do L/R.
Descobri isso na hora, e deixei assim o tempo
todo durante o trabalho.
Como eu estava muito mais familiarizado com o
software e não com a superfície de controle, fiz a maioria dos ajustes usando o
mouse.
Depois de um tempo fui me amigando com os
controles da superfície, testando quando tinha tempo para fazer o ajuste no
canal.
Outro detalhe que lembrei agora, e que não
achei legal. A função SOURCE.
Como as entradas são formadas por “stages” de
16 entradas cada, você vai ter que fazer conta para saber qual é o input físico
do canal.
Aquela teclinha “SOURCE" que eu uso muito nas
outras versões, perdeu um pouco de força nesta S3L.
A tecla continua nesta S3L, mas...
Se o input físico do canal for o 23, na tela
de monitor vai informar que é o Stage2Analg7 (16+7).
E no display do canal na mesa vai aparecer
S2A7.
Chatinho, não é?
A conexão da mesa com o engine e os stages é feita
através de cabos de rede.
Muito simples e prático.
Sai da mesa, entra no engine, sai do engine e
entra no stage, sai do stage para o próximo stage e no final volta para o
engine, fechando a ligação.
Atrás da pequena controladora existem quatro
entradas e quatro saídas (1e2 XLR – 3e4 P10), o que facilita o trabalho quando
se precisa ligar alguma coisa ou enviar algum sinal.
No “engine” existem 4 entradas e 4 saídas
analógicas (XLR), mais 4 entradas e 4 saídas digitais (AES – XLR). Legal, gostei.
Fora isso, cada stage tem 8 saídas analógicas
e 4 saídas digitais (AES).
Entradas e saídas à vontade!
Uma outra grande vantagem é a gravação direta
no Pro Tools 11, usando um simples cabo de rede!
E da mesma forma, pode-se tocar estes canais separados
na mesa.
O famoso Sound Check virtual.
Seria fantástico se pudesse fazer isso usando
qualquer software de gravação (como meu Cubase 7), mas aí seria pedir muito
para a Avid (antiga Digidesign)!
Uma das grandes vantagens que vi neste
sistema! Para gravação de shows ao vivo!
Sistema compacto e funcional.
Sessenta e quatro canais simultâneos.
Como nunca usei, não sei se podemos escolher
para gravar PRE ou POS.
Passei por um apuro durante o trabalho.
Num dia o meu mouse sem fio deixou de
funcionar.
Exatamente na troca de palco. Não consegui
chamar a cena da próxima banda.
Corri pelo backstage atrás de um mouse com
fio, achando que o problema era com meu mouse.
Arranjei um com fio, mas ele também não
respondeu.
Existem duas entradas USB na controladora que
devem ser usadas para ligar o mouse e o teclado. Testei nas duas entradas e o
mouse não funcionou.
No engine temos mais 3 entradas USB (2 atrás e
1 na frente), que segundo o manual, servem para descarregar cenas de um
pendrive, para colocar o pendrive com as autorizações dos plugins (iLoks), e
para gravar e/ou tocar o áudio no pendrive.
Mas olhando com mais calma aqui o manual, ele
fala que a porta USB frontal do engine pode ser também utilizada para outro
dispositivo compatível com USB.
Eu achava que não podia, mas no desespero eu
pluguei o mouse nesta porta frontal e o mouse foi reconhecido.
Consegui dar “load” na cena aos 45 minutos do
segundo tempo!
Fica aqui minha dúvida, que já deixei em um
fórum no Gigplace para Kalunga responder.
Podemos salvar ou chamar uma cena usando
somente as teclas da controladora?
Não encontrei isso no manual, e nem sei se
podemos fazer isso nas outras versões da Venue.
Boa questão.
Ficamos refém do mouse?
O que posso falar mais sobre a S3L depois
deste primeiro contato?
Deixe-me ver...
Faria tranquilamente outro trabalho destes do
carnaval usando a S3L.
Gostei. Não preciso de muitos plugins, pois
são várias bandas por dia, e não posso ficar tentando achar o som por muito
tempo. Tudo tem que ser bem rápido, pois meu sound check acaba quando o técnico
da banda acaba o sound check dele.
É bem compacto o sistema e cabe em qualquer
cantinho.
É muito rápido fazer o patch e nomear os
canais, como todas da marca Venue.
Muito útil quando o espaço e o transporte são
fatores importantes.
Sinto falta de mais faders.
Sempre vou sentir falta disso nas mesas
digitais.
Deve ser muito legal para uma banda andar com este
sistema no monitor, já que são sempre os mesmos canais e as mesmas vias de
monitor, o que facilita.
No PA, já não sei tanto... A quantidade
reduzida de plugins pode prejudicar um pouco no resultado final de alguns
técnicos que usam muito o recurso dos plugins.
Não podemos também comparar uma S3L com uma
MixRack.
São sistemas diferentes para usos diferentes.
Para gravação, como falei antes, acho
excelente, resta saber se existe a possibilidade de escolher entre PRE e POS.
Tudo depende de “PRA QUE VOCÊ QUER”, e de
quanto você tem para gastar, não é mesmo?
Muitos devem perguntar por que nunca falo do
SOM da mesa...
Primeiro porque normalmente não posso fazer o
teste A/B para comentar sobre uma comparação, e segundo porque normalmente eu
vou fazer o trabalho independente da mesa, então vou ter que tentar acertar no
som de todo jeito.
Mas já deixei de fazer um trabalho por causa
de uma mesa...
As ferramentas estão em todas as mesas, umas
possuem mais, outras menos, umas ferramentas são melhores que outras e soam
melhores, mas as ferramentas são basicamente as mesmas. Equalização,
compressão, gate...
Ainda acho que os plugins vieram para ficar, e
são ferramentas poderosas.
Mas nem sempre preciso de plugins para fazer
um trabalho, como este do carnaval.
Só senti falta de um L3 no master, só isso.
Quase que este trabalho seria feito numa LS9
da Yamaha.
Ainda bem que não foi.
Com certeza, para este trabalho a S3L é “mais
mesa”.
Alguém duvida?
Bem, esta foi minha primeira impressão da S3L.
Um abraço a todos.
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