segunda-feira, 28 de abril de 2014

Show de Naná e Lui em Vitória (ES) – Um dia da caça...



Olá pessoal. 
Este mês não tive boas notícias.
Mais um amigo que se vai...
Mesmo sabendo que ele já lutava bravamente há um bom tempo contra vários problemas de saúde, isso não fez com que eu me sentisse “menos ruim”.
Mas não se tem o que fazer, não é?
Apenas respirar fundo e seguir em frente, que vai dar sempre no mesmo lugar.
Velório nunca foi o meu forte.
Nunca achei que resolvia.
Não vi minha Mãe e nem meu Pai sendo velados ou sepultados.
Egoísmo? Não sei. Talvez.
No caso da minha mãe, era bem novo, tinha apenas sete anos, nem sei se fui eu quem decidiu não participar da despedida ou se não me deixaram ir.
No caso do meu Pai, sei que fui eu quem decidiu não ir ao velório e nem ao sepultamento.
Não queria ver Eles naquele estado inerte.
E com este pensamento, deixei de ir a vários velórios de parentes, colegas, amigos e Amigos.
Mudei um pouco de uns tempos pra cá.
Mas continuo achando que mais importante do que ir a velórios e sepultamentos, é você ter sido legal com a pessoa enquanto viva!
Falei sobre a morte deste meu amigo no facebook.
Para quem não leu minha opinião, vou colar aqui neste texto, e quem já leu no facebook é só pular o texto demarcado.

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Nem ia comentar nada sobre a morte de Pezão. 
Mas depois de uma conversa com um amigo que trabalha na Bizasom, resolvi deixar aqui minha "homenagem" ao Big Foot.
Neto me perguntou se eu iria ao velório...
Respondi: Não sei Neto.... Sabe o que eu acho que Pezão ia falar se fosse eu que tivesse morrido?
Chato do jeito que era, conseguia ser mais chato que eu, não seria difícil ele falar:
"Acho que Titio ia preferir que os que estão fazendo homenagem hoje, tivessem ligado pelo menos de 15 em 15 dias pra saber como ele estava, as novidades, fofocar, etc... Marcar uns encontros... Ver um jogo ruim na TV..."
De vez em quando ligava pra ele pra tirar onda e saber das novidades, mas foi pouco. Nunca fui na casa dele, e isso me incomoda mais do que ir ou não ir no velório...
Só amigo na hora que morre é fácil demais.
Acho que isso tá faltando nas nossas vidas faz um bom tempo. Só encontros virtuais.
Duas semana atrás, apelei para uns amigos do tempo de juventude.
Sabe o que falei?
Que não queria me encontrar com eles apenas em velórios.
Coincidência, né? Mas é o que está acontecendo com muitos aqui.
Depois desta apelação, marcamos um encontro num clube na outra semana e a farra foi espetacular e nunca o facebook poderia e vai fazer isso!
Nada substitui o som da fala, o cheiro e o toque...
Gosto de chamar amigos para ver o jogo do Santa mesmo eles torcendo contra.
Me importo com a presença deles e não por um resultado de jogo.
Ligo para algumas pessoas quase todos os dias.
Gosto de encher a minha casa de amigos para conversar besteiras.
Vamos fazer mais isso.
Não é, Pezão?

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Pezão.

Um abraço, Pezão.
No dia 17 deste mês, segui viagem com Naná Vasconcelos para Vitória, no Espírito Santo.
O show seria no dia 18, e no outro dia seguiríamos para São Paulo para mais dois shows.
Vamos começar por este show do dia 18, que aconteceu exatamente na Praia de Manguinhos, um balneário que fica na região metropolitana de Vitória.
O palco ficava na beira-mar.
Neste show, seria Naná Vasconcelos com o violoncelista (que também toca rabeca e violão) Lui Coimba.
Já fiz este show dezenas de vezes, principalmente em teatros.
Mas em palco à beira mar, eu só fiz uma única vez antes em João Pessoa.
Chegamos ao local um bom tempo antes da nossa hora para o sound check.
Iríamos almoçar num restaurante atrás da house mix.
Só que o almoço demorou muito para ser servido, e eu tive que engolir rápido a comida porque vi quando acabou o sound check da banda anterior e o pessoal estava aguardando a gente, seguindo o horário.
Desci para a house mix, me apresentei, e passei uma cena antiga que eu tinha deste show.
Como era um festival e não tínhamos técnico de monitor, combinei com o técnico de monitor da empresa para ele ligar os meus canais onde ele achasse melhor, para facilitar a mudança das bandas.
Era só ele me falar onde estava cada canal que eu faria um patch digital na minha mesa de PA.
E assim foi feito.


Coloquei Lisa Stansfield para cantar no meu iPad, e dei meus ajustes no equalizador insertado no L/R.
A mesa não estava bem centralizada, fazendo com que eu sentisse o som pendendo para um lado.
Se não me falha a memória, o line array era fabricado por uma loja nacional que vende equipamentos de som, mas não tenho certeza se vi o nome direito na lateral das caixas, por isso não vou afirmar.
Só posso afirmar que nunca havia trabalhado com aquele line array.
No monitor uma M7CL da Yamaha e no PA uma Venue MixRack.
Lui Coimbra usa um setup onde todos os instrumentos que ele toca neste show (violoncelo, rabeca e violão) entram no laptop, são processados com equalização e efeitos, e depois enviados por saídas independentes para o sistema de som.
Passamos o som, mas não gostei do som do violoncelo.
Não consegui achar o som do violoncelo de Lui que eu estava acostumado de jeito nenhum!
Fui para o hotel pensando sobre isso e sobre o sound check em geral.


Dei uma geral aqui em casa hoje.
Lavei os pratos e estou lavando na máquina todas as roupas sujas por etapas.
Já foram duas etapas, e vai ter mais uma ainda.
Falta lavar o garrafão de água mineral para colocá-lo no suporte.
A terceira etapa das roupas vai ter que ser amanhã porque não tenho mais espaço para estendê-las para secar.
Acordei tarde hoje porque fui dormir tarde “hoje”.
Ontem fiz o monitor de Alceu Valença no interior de Pernambuco e cheguei tarde em casa.
Depois conto como foi.
Ainda tomei meia garrafa de vinho vendo TV antes de deitar.
Nem deu tempo de deitar no hotel depois do sound check de Naná e Lui.
Só um banho, e esticar as pernas na cama aguardando a hora para voltar, que não demorou.
Naná seria o segundo show da noite.
Ainda estava com aquele som do violoncelo na cabeça.
Diferentemente dos outros shows, o som do vídeo de abertura não saiu do laptop do meu Amigo iluminador Roberto Rigert, que faz a luz e as projeções dos shows de Naná Vasconcelos.
No sound check Roberto ficou sabendo que não seria possível controlar a projeção da house mix, por isso ele converteu alguns vídeos, inclusive o vídeo da abertura (que tem áudio), para o técnico de luz da empresa fazer isso do palco.
Eu iria pedir ao técnico de monitor da empresa que ligasse estes dois canais de áudio do laptop do colega dele no palco.
Quando chegamos ao local, o técnico da empresa falou para Roberto que ele agora poderia controlar as projeções na house mix, mas Roberto já tinha modificado tudo para que isso fosse feito pelo computador do técnico como foi combinado antes.
Liguei estes dois canais de áudio do laptop do técnico da empresa na minha mesa de som.
Hora do show.


Play no vídeo da abertura com a trilha de áudio.
Quando este vídeo acaba, Naná entra no palco tocando o seu berimbau acusticamente e vai se aproximando do microfone.
Neste começo de show, só deixo aberto o microfone do berimbau e da voz de Naná.
Vou abrindo e fechando os canais de acordo com o show.
Depois de pouco mais de um minuto com Naná tocando junto ao microfone, eu ouço uma música tocando no som do PA, e atordoado tento entender o que era aquilo.
No começo achava que era o som de algum carro parado com aquele equipamento de som “extra-hiper-distorcido-alto-grave” nas imediações...
Mas antes de entender de onde vinha, o som da música foi interrompido por um ruído de cabo sendo desconectado.
Logicamente Naná já tinha parado o show, pediu desculpas e iniciou novamente.
Enquanto ele se desculpava, eu notei que tinha deixado aberto o canal do áudio do laptop que passou a abertura, e o técnico foi mostrar algum vídeo para Roberto, e este vídeo tinha áudio.
E antes de eu achar que poderia ser o áudio do laptop, o técnico (não lembro se foi Roberto) puxou o plug de áudio do laptop causando o ruído.
O show continuou, e ainda deu umas realimentações no começo, que fui tentando corrigir junto com o colega do monitor.
Ao contrário do show em João Pessoa, neste aqui em Manguinhos não tinha muita cadeira para o público.
Ou seja, a grande parte do público no local estava em pé.
Muita gente jovem bebendo na beira do mar. Logicamente bebendo e conversando.
E tinha gente, viu?
Eu tentando me achar.


A maioria dos shows de Naná é bem delicado, com instrumentos que não emitem um som alto, e quanto mais barulho na plateia, mais difícil é amplificar estes sons.
Se eu aumentar muito o ganho dos microfones e/ou do PA, os microfones no palco começam a captar este som da frente e a realimentação aparece.
Tive este problema aqui neste show, que eu não tive no show em João Pessoa.
Passei o show todo tentando ajustar o som que vinha dos canais do sistema de Lui e tentando ajustar o nível do som em relação ao nível de ruído da plateia.
Não consegui esquecer o meu erro no começo do show, e isso me deixou um pouco desanimado.


Com certeza o resultado sonoro foi bem aquém do que normalmente consigo com este show.
Como muitos aqui me conhecem, fiquei desanimado por um bom tempo.
No outro dia pela manhã, enquanto aguardávamos para seguir com a van para o aeroporto, falei para Naná, mesmo sem ele ter me perguntado, que o ocorrido no começo do show foi erro meu e não defeito do sistema de som.
Achei que ele ficou com aquela cara de quem não está acostumado a ouvir tais declarações, disse ok, e seguimos para São Paulo para mais dois shows.
No avião, as lembranças da moqueca capixaba, das mulheres bonitas, e do meu trabalho não tão legal, segundo minha autocrítica.
Com certeza não acertei a mão naquele som do PA.


Não estou confiando mais somente no áudio de Lisa Stansfield para fazer o alinhamento.
Decidi depois deste show, que vou pedir um microfone para usar como mais uma ferramenta de conferência, como faço quando estou no monitor.
Pra mim, aquela noite foi, como diz o ditado, “um dia da caça”.
Um abraço a todos.

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