Olá
pessoal.
Gosto
muito do trabalho do pessoal do Estúdio Carranca, aqui de Recife.
Júnior
Evangelista, Gera e Carlinhos Borges.
O
"zelo" que eles tem com o áudio, e a vontade de fazer a coisa bem
feita é grande.
Num
destes trabalhos que eles fizeram, eu fui dar uma olhada.
Era
a gravação do áudio de um espetáculo que iria passar na TV.
Isso
aconteceu no final de 2016, no Teatro de Santa Isabel.
Faz
tempo que estou tentando escrever sobre este trabalho que eu tive a oportunidade
de ver.
E
a intenção era só mostrar e falar sobre o iPad Grudi, mas acabei me empolgando
aqui com Evangelista e vou dar mais detalhes sobre o "caso".
Infelizmente,
eu só cheguei quando estava tudo ligado e funcionando, queria ter ido desde as
primeiras ligações no teatro.
Oitenta
canais foram gravados.
Mas
o que me chamou a atenção nem foram os canais, e sim como eles fizeram a coisa
acontecer.
Além
de gravar, tinha som de PA e monitor, viu?
Era
um espetáculo com plateia.
Pois
bem...
Como,
para variar, o orçamento é sempre curto, principalmente para o som, eles
tiveram que inventar para a "coisa rolar".
O
que fizeram?
Criaram
o iPad Grudi!
Nome
dado por Carlinhos Borges, que achei perfeito!
Vou
tentar explicar a "ginástica" que fizeram...
Primeiro,
as mesas sumiram. Não tinha mesa de PA e/ou monitor.
Não
tinha fader físico, só virtual.
Eles
usaram uma X32 Rack e uma X32 Core (Behringer), mais uma DL32R
(Mackie).
Vamos
lá...
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X32 Rack (Behringer). |
A
X32 Rack só tem 16 ins e 8 outs e a Core não tem nada! Para não dizer que não
tem nada, a Core tem duas saídas P10 (monitor).
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X32 Core (Behringer). |
Para
deixar a Rack e a Core com 32 ins e 16 outs, eles tiveram que usar um equipamento
extra chamado S16 (Behringer).
Cada
S16 tem 16 ins e 8 outs.
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S16 (Behringer). |
Então,
na Rack ligaram um S16 e na Core ligaram dois S16.
Ahhh!
A conexão dos S16 com as X32 é feita através de cabo de rede (conector RJ45)
usando o protocolo AES50 da Behringer, que é também o protocolo usado pela
Midas.
Agora,
as duas mesas ficaram com 32 ins e 16 outs.
A
DL32R, pelo que pude ver na foto, tem 32 ins e 14 outs.
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DL32R (Mackie). |
Somando
as entradas (ins), o total fica em 96 ins. Sobrou canal de entrada!!!
E
somando as saídas, o total fica em 46 outs.
Oxe!
Como
enviaram os 80 canais para a gravação, se só tinham 46 outs?
Agora
lascou...
Vou
explicar.
Numa
sala afastada ficou Carlinhos com um Pro Tools (PT) gravando 64 canais.
Os
outros 16, que eram os microfones separados do coral, foram gravados num laptop
no palco rodando PT, que estava conectado à DL32R via cabo USB!!!
Dos
64 canais que Carlinhos estava recebendo, 4 canais eram duas pré-mix estéreo do
coral.
Neste
coral foram usados 8 microfones (mics)
dinâmicos e 8 mics condensadores.
Então
Júnior fez uma pré-mix para cada grupo de mics.
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X32 Rack (Parte traseira). |
Caso
precisassem na mixagem, todos os 16 canais separados do coro estavam sendo
gravados no laptop do palco.
Sim...
Ok... Só iam 64 canais para Carlinhos e não 80... Mas mesmo assim, como estavam
indo, se só tinham 46 outs??
Perguntei
a Júnior, logicamente.
Ele
explicou que existia um SPLITER (divisor) no palco de 64 vias.
Ahhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh.
Agora
bateu.
Agora
nós temos 64 vias para mandar os sinais para o PT de Carlinhos, e também para as entradas das mesas rack no palco.
Então...
Sem perguntar para Júnior agora, vou deduzir que:
Os
16 canais do coral entraram direto na DL32R, onde fizeram as duas pré-mix
estéreo no PT e enviaram estes 4 canais para o SPLITER, de onde seguiam para o PT de Carlinhos.
As saídas analógicas das mesas rack (46) iriam servir somente para a monitoração ou envio dos sinais entre as mesas no palco e o envio de dois sinais para o som do PA.
Ainda
tiveram os canais da plateia, que pela lógica, eles gravaram também diretos
na DL32R.
Uma
ginástica, não foi??
Tá
explicado como gravaram, né?
Com
relação ao monitoramento, não vou dar detalhes agora, pois nem era minha
intenção dar tantos detalhes de como fizeram a gravação... Muito menos a monitoração!!!
Eu
queria falar do iPad Grudi!
Vou
ver com Júnior depois se valeria a pena falar sobre a monitoração.
Quero
falar do iPad Grudi!!!
Depois
de resolvido a gravação e monitoração, agora vamos para o som do PA.
Logicamente,
teria que ter uma "mesa máster" para enviar o sinal geral (L/R) para o
PA.
Fui
perguntar para Júnior e ele explicou.
A
X32 Core era a mesa máster.
A
mixagem geral ( o máster) da Rack seguia para dois canais da Core também pelo
cabo de rede (AES50), e para não perder 2 canais, Júnior usou uma entrada
auxiliar estéreo para receber o L/R da Rack!!!
Da
Mackie (DL32R) saíam os 4 canais com as duas pré-mix estéreo do coral e entravam na Core
via cabo analógico.
Cada
rack (mesa virtual) foi ligado a um roteador sem fio (Airport da Apple), e cada
roteador enviava o sinal para seu respectivo Ipad, que na realidade eram iPads Mini.
Então...
Júnior teria que controlar 3 iPads ao mesmo tempo.
Foi
aí que pensaram em prender (colar, fixar, grudar)
os 3 numa placa de madeira, usando fitas adesivas!!!
E
foi então criado o iPad Grudi!!!
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iPad Grudi (Clique na imagem para ampliar). |
Os
dois da X32 embaixo e o da Mackie no centro, em cima.
Visual
não tão interessante por causa dos arranjos das fitas adesivas, mas com uma
funcionalidade absurda!!!
Júnior
controlou as 3 mesas com o iPad Grudi no camarote central onde normalmente são
colocados os controles de som e luz dos shows no Teatro de Santa Isabel.
Algumas
vezes ele perdeu o sinal wireless, mas nada que interferisse no trabalho, pois
a volta da conexão não é tão lenta como normalmente é no sistema StageMix da
Yamaha.
E
fora toda esta ginástica... O resultado sonoro do espetáculo foi perfeito!
Parecia
que nem som amplificado tinha.
Show!
Parabéns
ao Estúdio Carranca pelo trabalho.
Parabéns
Júnior pelo zelo, pela vontade de fazer a coisa funcionar e sobretudo pela sabedoria
para solucionar os problemas que aparecem pelo caminho.
Gera,
eu nem vi lá.
Devia estar nos EUA, contando o dinheiro recebido por este trabalho aqui.
Eheheheheheh
Então,
para finalizar, está lançado aqui oficialmente o iPad Grudi!
Um
abraço a todos.
3 comentários:
Isso é engenharia de som!!!muito bom mesmo
Qual era o espetáculo em questão?
Oi Giulian.
Realmente, foi uma engenharia mesmo.
Olá Anônimo.
O espetáculo foi Bandeira do Divino.
Passou na Rede Globo em dezembro, se eu não me engano.
Obrigado por participarem do Blog.
Um abraço a todos.
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