 |
Final do espetáculo. Clique na imagem para ampliar. |
Olá pessoal.
Estou voltando aos
poucos à escrever aqui sobre os meus trabalhos.
Bom sinal.
Isso quer dizer que os
trabalhos ainda existem!
Deixei até de falar
sobre alguns anteriores, que tinha até assunto para o Blog, mas acabei não
fazendo.
Vou falar deste último
trabalho que aconteceu nos dias 17, 18, 19 e 20 de outubro, no Teatro Valdemar
de Oliveira, aqui em Recife.
Fui chamado por
Carlinhos Borges, do Estúdio Carranca/Onomatopeia para operar o sistema que ele
alugou para a Escola Waldorf.
Nunca tinha ouvido
falar da Waldorf.
Acho que agora não vou é esquecer mais.
Miguel e Neto foram meus assistentes neste trabalho.
Já sabia que eu não iria ter problemas com a montagem. Os dois estão sempre nesses trabalhos do Carranca Live, e conhecem o material como ninguém!
Sistema simples.
Trabalho nem tão simples assim.
Duas caixas
amplificadas EON da JBL, uma X32 Core da Behringer, junto com o stagebox Midas
DL251. Totalizando 32 canais. Mas não usei todos esses canais, viu?
No total,
contando com o microfone bastão sem fio que só serviria para falas no começo
e final do espetáculo, liguei vinte canais, mas os dois primeiros da percussão nem
abri, pois não precisou.
Mais na frente explico.
O sistema X32 Core com o iPad mais roteador Airport foi 100% estável. Não perdi o sinal um única vez! Contando até com os ensaios.
À princípio, iria ser apenas
dois monitores no palco, mas acabei usando três.
Os monitores foram da
Turbosound, modelos iQ8 e iQ10.
Um iQ8 para o violino
e cello, e o outro iQ8 para o violão e sanfona/escaleta/flautim.
Um terceiro (iQ10) eu
coloquei no meio do palco, enviando o som da pequena banda para os
alunos/atores.
 |
X32 Core, Midas DL251. O iPad e meu laptop conectados à X32 Core via wireless. |
Era uma peça que seria
encenada pelos alunos do oitavo ano da escola, como uma comemoração pelo final
do ano, que está chegando.
Os ingressos foram
vendidos para os familiares dos alunos, que serviria para pagar os custos da
montagem do espetáculo.
Fui um dia antes para
um ensaio geral, pra ver o que me esperava.
E me encontrei com
Carlinhos, onde ele me passou como seria a sonorização.
A escola não tinha
orçamento para colocar microfone em todos os atores, principalmente porque
tinha muita coisa cantada em coro.
A solução (custo/benefício)
encontrada foi usar microfones tipo "shotgun" para captar o som como
um todo no palco.
Seriam três microfones
para cobrir a frente, um para o centro, e três para o fundo, onde tinha uma
única cena que três jovens falavam bem no fundo do palco, em três pontos
espaçados.
Foram seis microfones
Audio-Technica AT897, e um RODE, que não lembro o modelo.
Achei poucos
microfones, principalmente para o meio do palco.
 |
Clique na imagem para ampliar. |
Solicitei mais dois
microfones para frente e dois para o meio.
Não estava no
orçamento isso, mas Carlinhos deu um jeito.
Pelo que ele me falou,
era o ex-colégio do filho dele, e estava tentando dar uma melhorada sem o
pessoal gastar muito.
Como falei antes, a
peça era amadora, e acho que eles queriam fazer somente na garganta e com o
violão e sanfona saindo apenas num amplificador de guitarra, e o cello e
violino saindo numa caixinha de propriedade do violoncelista. E que todas as
peças da percussão ficariam só no som acústico dos instrumentos.
Estas peças ficaram só
no acústico mesmo!!!
No desenrolar do único
ensaio geral com o som, que foi no mesmo dia da primeira apresentação, decidi
que não era preciso amplificar zabumba, tambor, pandeiro, etc.
Notei que eu teria que
usar mais uma vez o método MENOS É MAIS.
E acho que foi isso
que me salvou!!!
Ahhh. Os quatro
microfones shotgun extras não estavam legais, ou eram muito ruins!!!
Descartei-os, e o
jeito foi colocar quatro microfones "a condensador" normais no lugar deles.
Não era o apropriado,
mas era o que poderíamos fazer. Seria pior sem eles!
 |
Meu laptop Dell com o X32 Edit, conectado via wireless com a X32 Core. |
Passei a banda
primeiro.
Abria o canal do
instrumento, fazia os ajustes que eu achava necessário, e cortava o som dele
para o PA.
Depois disso, sem o
som do instrumento no PA, colocava o som para o monitor do músico.
Ok, banda passada.
Fui para os
microfones.
Eu já tinha feito uma
cena em casa, onde já determinei algumas configurações.
Eu tinha um DCA para
controlar o som geral da banda, três DCAs, um para cada linha de microfones (frente,
meio e fundo), e mais um DCA que controlava o volume das três linhas de
microfone.
E todos os microfones
iam para um grupo estéreo, onde eu poderia processar todos os canais ao mesmo
tempo com equalização compressão, filtros, etc.
Logicamente os canais
individuais não iam para o L/R da mesa. Quem ia era o grupo.
Fiz um grupo estéreo,
para eu poder usar o PAN dos microfones, caso eu quisesse, mas achei
desnecessário.
Não usei o PAN em
nada!!
Mas usei todas as
outras configurações o tempo todo durante os quatro dias de espetáculo.
DCA banda, DCAs
microfones por linha, DCA geral de microfones, e o grupo dos microfones. Tudo
dependia da cena da peça.
Sobe o DCA da banda,
baixa o canal do violão, fecha DCA do fundo, equaliza todos microfones ao mesmo
tempo, sobe só o microfone da ponta do palco, etc....
E para dar mais uma
"complicadinha", os atores se revezavam nos personagens!!!!!!!!!!!
Um dia era um que
falava mais forte, e no outro dia era outro aluno, que falava como se estivesse contando um
segredo, de tão baixo que saía a voz. (risos)
Nem dava tempo para eu
beber água durante a peça.
Lembrei do DVD de
Silvério Pessoa, década atrás, onde fiz o som do PA, que foi do mesmo jeito.
Não tinha pausas, e
era cheio de detalhes.
Neste caso aqui do
teatro, sentei na penúltima fila de poltronas com meu iPad, e fui abrindo os
microfones, até eu escutar o que eles falavam. Fui ajustando as linhas de
cobertura dos microfones.
Já com o som acústico
dos instrumento da banda vindo do palco, junto com som dos monitores dos
músicos, fui acrescentando o som dos instrumentos no som do PA.
Pra que colocar o som
da zabumba no PA, se eu já escutava muito bem o som acústico vindo do palco?
O tambor a mesma
coisa. Não precisava.
O violino tinha o som
acústico, mais o som do monitor. O cello idem.
O violão não dava pra
escutar o som acústico, a sanfona quase nada. Mas tinha o som deles no monitor.
Aí foi só ir juntando os
sons.
Com os atores a mesma coisa.
Dependendo da emissão
das vozes no palco, eu aumentava ou baixava o som no PA.
Num teatro pequeno
como o Valdemar de Oliveira, e sem ter microfones individuais para os atores,
foi o jeito que eu encontrei para deixar tudo mais uniforme. E fique sempre
perto da microfonia.
Mas achei muito bom o
resultado final nos quatro dias de espetáculo!!!!
Num teatro muito grande, como o
Guararapes aqui de Recife, já não serviria este método que usei aqui.
Não tirei fotos desse
trabalho.
Achava que nem iria
escrever sobre isso.
Mesmo querendo, seria
difícil tirar foto durante a peça.
Vou caçar aqui algumas
fotos pela internet para ilustrar este texto.
Deixando agora a parte
técnica de lado...
Vou falar sobre o
espetáculo.
Já tomei vários sustos
BONS nos meu trabalhos. Falei isso em postagens no Facebook e Instagram.
E este aqui foi um
desses sustos, que acredito que todo profissional do áudio gosta de ter.
Mesmo sendo um
espetáculo amador, a atitude de todos os envolvidos na concepção e montagem da
peça foi de um profissionalismo que me assustou.
Eu disse todos!
Diretoria, produtores,
músicos, alunos...
Principalmente os
alunos!!!!
A gurizada estava
muito disposta a fazer bem feito!
Isso transbordava do
palco.
Contagiava.
E se isso já era
notado nos ensaios, eu não tinha dúvidas que durante o espetáculo todos iriam
notar.
Não deu outra!
Fazia um tempinho que
eu não via tanta gente "naturalmente" alegre num evento. Felizes.
Fiquei impressionado
também com a segurança dos alunos com o texto, que não era simples.
Suassuna - O Auto do
Reino do Sol.
Texto de Bráulio
Tavares.
Que inclusive liberou
a obra para ser encenada pela Escola Waldorf sem cobrar nada.
Foram quatro dias de teatro
lotado.
E tinha muitas partes
cantadas, que ficaram bem legais também.
Um solo "a
capella" da personagem principal foi de arrepiar.
Muitos pais chorando
durante o espetáculo.
Normal.
Eu teria chorado
também vendo o meu Filho participando daquele belo espetáculo.
Pelo que vi, muitos
alunos ali podem até seguir a carreira de ator/atriz, se quiserem.
No domingo, último dia
do espetáculo, passaram um vídeo no final da peça, onde mostrava o "making
of" do evento, com depoimentos de diretores e alunos.
Quando o vídeo acabou,
eu só ouvia o "som de choro".
Muitas vezes desviei a
vista do vídeo, pois sou mole demais pra chorar.
Já chorei até com peça
de bonecos!!! Fazendo o SESI Bonecos.
E o pior... No outro
ano, fazendo o som da mesma peça de bonecos, já sabendo do texto, chorei de
novo!!! (risos)
Quando fui para o
palco para desmontar as minhas coisas, tinha mais gente chorando lá do que na
plateia.
Era muito aluno
chorando copiosamente.
Acho que um choro pelo
belo trabalho que fizeram, e pela proximidade da separação da turma.
Realmente, uma turma
daquela não era pra ser separada nunca!
Obrigado Carlinhos
Borges por mais um trabalho legal pela empresa.
E muito obrigado
Escola Waldorf, muito obrigado mesmo, pela aula de coletividade e alegria!
Este trabalho daria para ser mostrado para os colégios daqui de Recife e/ou interior.
Seria uma aula para os pais e alunos de outras escolas.
Um abraço a todos.