quarta-feira, 13 de abril de 2022

Operando o som do PA do Ira! - Como é bom ter QI.

Ira!. (Foto by Fabíola Oliveira)

Olá pessoal.
Não tive coragem de colocar o primeiro pensamento que veio à minha mente para o subtítulo: "Foi Irado!".
Mas foi mesmo, viu?
Sou ruim demais nesses trocadilhos.
Pezão fazia isso à todo momento, e fazia muito bem!
Vou fazer uma "salada de frutas" aqui nesse texto, falando sobre vários assuntos.
Vou começar pelo começo, e que é um dos pontos principais desse texto.
Como fui parar na mesa de PA do show do Ira!?
(O nome da banda é com a exclamação no final, ok? - Ira!)
Estava em casa, quando recebo uma mensagem de voz pelo WhatsApp.
Era Rogério, técnico de Alceu Valença, avisando que me indicou para fazer o PA do Ira!.
E que iriam entrar em contato.
Como assim?
Vejam como são as coisas...

Visão do técnico de monitor, Fernando Stuart.

Pelicano (roadie do Ira!), pediu para Cezinha (roadie Recifense que mora em São Paulo), a indicação de um técnico para operar o som do PA da banda num show em Recife.
Cezinha falou primeiramente com Rogério, mas ele não poderia fazer porque já tinha um trabalho agendado.
Aí Rogério me indicou para Cezinha, que me indicou para Pelicano, e ele entrou em contato logo depois.
Podem acreditar... Muitos trabalhos nessa área de shows acontecem desse jeito. Por causa do "QI".
Quem Indique!
Não preciso dizer que se o profissional faz muita besteira, essas indicações vão se tornando raras!
E não preciso dizer também, que nós só indicamos quando confiamos em quem estamos indicando.
Pois bem...
Pelicano me passou o contato de Fernando Stuart, técnico do Ira!, e começamos a conversar duas semanas antes do dia do show.
Essa conversa (bem) antecipada ajudou muito no trabalho.
Ele me enviou o rider técnico, e uma cena da CL5 de um show recente onde ele operou o PA e monitor ao mesmo tempo.
Com essa cena aberta no editor offline da CL5 no meu laptop, fui tirando as dúvidas com ele.
Quase todo dia eu perguntava algo. (risos)

No dia do evento, aguardando para passar o som do Ira!.

Fernando foi super paciente com essas perguntas.
Passei um tempinho para decidir se eu usaria essa cena dele para esse show, fazendo meus ajustes logicamente, ou se criaria uma cena do zero.
Enquanto eu pensava sobre isso, um amigo entrou em contato quando soube que eu estaria no Downtown Aldeia Festival operando o som do Ira!, e me pediu para fazer o som da banda dele, a Iron Maiden Cover.
Ok, eu faço.
Aí fiquei sabendo que o soundcheck da Iron Cover seria no dia anterior. Ok, eu faço.
Amigo é para essas coisas.
Foi quando Fernando me falou que o Ira! não iria passar o som!
Mas os roadies passariam os instrumentos no nosso soundcheck, que seria no dia do evento, logo cedo.
Foi nessa hora que eu decidi usar a cena de Fernando.
Nesse show do Ira!, só bateria, baixo, guitarra e um back vocal. Mais as duas vozes principais de Nasi e Edgard Scandurra, logicamente.
Sem teclados, samplers, percussões etc.
Iron Maiden Cover, também seria bateria, baixo, duas guitarras e um back vocal.
Oxe...

Ira! no palco. (Foto by Fernando Stuart)

Não pensei duas vezes, e liguei para o técnico de monitor da empresa de som (Neto), e falei que iria colocar os canais da Iron Cover nos mesmos canais do Ira!.
O que tivesse de diferente nos canais da Iron, a gente colocaria lá para frente, em canais que não seriam usados pelo Ira!.
Resumindo... Só precisei fazer isso em dois canais.
A bateria do Ira! tem três tons (tambores), e na Iron são cinco.
Mas todos os outros canais estavam no mesmo lugar.
Faço muito isso quando estou trabalhando em festivais, tanto no PA quanto no monitor, e a banda não vem com os técnicos.
Ligamos sempre nos mesmos canais, e a cena vai servindo para todas as bandas.
Na sexta-feira, no soundcheck da Iron, puxei a cena do Ira!, renomeei alguns canais, acrescentei os dois canais dos tons da bateria, e salvei a cena como IRON.
Passei o som normalmente, com toda banda tocando, e salvei a cena final.
No outro dia, enquanto o pessoal do Ira! ainda nem tinha chegado, fui na mesa de PA, puxei a cena da Iron Cover, renomeei os canais novamente, eliminei os que não iria usar, e salvei a cena novamente como IRA!.
Mesmo a bateria sendo outra, alguns microfones também, e logicamente os músicos sendo outros, o "plano" funcionou como eu queria!
Como já tinha adiantado muita coisa no dia anterior com o soundcheck da Iron, pulei várias etapas no soundcheck do Ira!!
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Já fui em Natal (RN) e voltei, para fazer o monitor da banda Academia da Berlinda.
Tou numa ressaca de noite mal dormida aqui, que nem sei se acabo hoje esse texto.
Muita gente acha que faço esses textos de uma vez só. Mero engano...
Normalmente dou pausas de dias, e tenho que reler desde o começo, para ver o que foi que eu falei.
Como foi nesse caso aqui desse texto.
Comecei a escrever na sexta, e estou na segunda-feira.
Nesse show da Berlinda, também comecei de uma cena de monitor que o técnico da banda me enviou. Mas isso é um assunto para outro texto...
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Ira!. (Foto by Fabíola Oliveira)






Vamos para o soundcheck do Ira!.
Pelo que lembro, nem mexi muito na equalização do sistema line array, pois achei que estava soando muito bem!
Uma série nova da JBL, chamada VTX A12.
Muito legal!
Só fiz atrasar um pouco o front e sub, que estavam à frente da linha das caixas do PA.
Como vocês lembram, eu estava começando a passar o som do Ira! com as regulagens que eu fiz para a Iron Cover no dia anterior.
Por essa razão, em todos os canais eu baixava o fader, ajustava o ganho novamente, pois eram outros instrumentos e microfones, e só depois disso levantava o fader. 
E fui passando todos os canais, com os roadies Paulo Budega e Phelippe Reis (PH) me ajudando.
Enquanto eu passava o som do PA, Fernando Stuart passava os monitores.
E foi tudo tranquilo nessa etapa.
Mesmo sem ter passado uma única música com todos os instrumentos e vozes ao mesmo tempo, com certeza eu sabia que seria bem melhor do que fazer na hora sem ter feito nada antes!
Vai começar o show do Ira!.
Não tremi como no show de Lula Queiroga, viu? (risos)
Sinal que estamos voltando à normalidade...
Mas a responsabilidade era tão grande quanto o show de Lula, ou até maior por ser uma banda conhecida nacionalmente.
Mas nada passou pela minha cabeça. Só concentrado no início do show, que seria muito importante, porque não passei com a banda.
Para premiar a decisão de usar a mesma cena para as duas bandas, não tive complicações em ajustar o som quando o Ira! começou o show.
Antes do término da primeira música, já estava muito perto do que eu estava querendo.
E aí foi só diversão! Um "ajustezinho" aqui, outro ali...


Nunca imaginei na vida em operar o som para Alceu Valença, Elba Ramalho, Naná Vasconcelos, Silvério Pessoa, Lula Queiroga, Jorge de Altinho, Otto, Nação Zumbi, Mundo Livre etc...
Muito menos em operar o som de festivais como Abril Pro Rock, SESI Bonecos, MIMO, Porto Musical, Coquetel Molotov, Baile do Menino Deus, Cantata da Caixa etc...
Nunca isso passou pela minha cabeça, até mesmo quando comecei a operar o som de alguns artistas na Boite Over Point, no final dos anos 80... Não imaginei um dia trabalhar com esses artistas ou esses festivais de grande porte. Nunca!
Mas...
As oportunidades foram aparecendo.
E eu fui pegando.
Ira! no palco 2. (Foto by Fabíola OLiveira)

E desde o começo, o QI já funcionava. Isso já era assim até antes do meu começo na profissão.
Alguém indicava para outro alguém.
E assim fui me tornando um operador de áudio.
Faz tempo, viu??? Mais de 30 anos!
Já faz um bom tempo também que reflito sobre esse tempo passando, eu chegando nos 60 anos, uma nova geração de operadores de áudio surgindo na cidade... E surgindo com força total!
Dominando as novas tecnologias que estão surgindo.
E fico pensando se vou ter fôlego para acompanhar isso, ou quanto tempo vou ter fôlego para não ficar "defasado".
Ou poderia até dizer "ficar muito defasado", pois um pouco eu acredito que já estou.
Não tenho mais o fôlego dos vinte e poucos anos... Nem o corpo! (risos)
Mas ainda me sinto muito feliz. Por uma simples razão.
Meu nome ainda é lembrado! O QI ainda funciona até hoje para mim!
E isso é muito gratificante.


Operar o som do Ira! no Downtown Aldeia Festival, e no final receber elogios de um monte de gente que eu respeito, gera uma felicidade profissional absurda!
E com a Iron Maiden Cover recebi os mesmos elogios!
Nunca escutei Iron Maiden. Meu nível de rock chegou só até Supertramp, que eu adoro até hoje.
E ser elogiado por fazer um som que eu praticamente nunca escutei, foi de uma felicidade tão grande quanto a que tive com o Ira!. 
No vídeo abaixo, um trecho do show da Iron Maiden Cover Recife, que aconteceu após o show do Ira!, e encerrou o Downtown Aldeia Festival.


Não existe essa diferença quando estou operando o som. Pode ser banda nacional, cover, teatro de bonecos, pop rock em festas de casamento. Vou sempre querer fazer muito bem feito!
Esses elogios vão me dando mais fôlego.
A idade vai pesando menos.
É isso que eu sinto, não quer dizer que outros colegas e amigos da profissão sintam a mesma coisa.
Outra felicidade que tenho atualmente, é ser indicado para trabalhos pela nova geração.
Até para substituí-los em trabalhos que eles não vão poder fazer.
É muito bom!!!


Como falei bem antes aqui, só indicamos quando confiamos em quem estamos indicando.
E isso não tem preço!!!!
De indicação em indicação, do nome lembrado aqui e ali, vou obtendo fôlego.
E sem oxigênio, não conseguimos sobreviver, não é verdade?
Obrigado a todos que me indicaram ou lembraram do meu nome para algum trabalho.
E como esse texto fala do show do Ira!, vou agradecer diretamente Rogério Andrade e Cezinha pela indicação, e agradecer Pelicano e Fernando Stuart por darem a oportunidade.
Espero não ter decepcionado vocês.
Um abraço a todos.

3 comentários:

Mario Jorge Andrade disse...

Muito bom, Titio!
A gente só indica profissionais em quem confiamos plenamente, e você é um desses!

Tomsx disse...

Post massa, titio... Queria ter ido pra essa festa aí! Abraço!

Titio disse...

Olá Mário.
Você é uma das pessoas que sempre estão oxigenando meu trabalho.
Obrigado por tudo!!
Olá Tomsx.
A festa foi massa!
Fiquei impressionado com a estrutura e organização.
Tinha até vinho Português, que logicamente eu bebi para comemorar o trabalho com o Ira!.
Depois que acabei o texto, notei que não falei nada sobre o evento, sobre o local, sobre ver famílias completas participando do evento.
Tou até pensando em escrever sobre o evento em si. Vou ver...
Um abraço, e obrigado por participarem aqui.