terça-feira, 24 de outubro de 2023

Operando o monitor no Coquetel Molotov - Muitos acham que é só um dia de Festival.

 
Olá pessoal.
Participei mais uma vez do Festival No Ar Coquetel Molotov, que aconteceu no sábado passado, dia 21/10, no Campus da UFPE.
Essa foi a vigésima edição!
Não fiz muitos, mas lembro que participei de um bem no começo, que aconteceu no Teatro da UFPE, mas eu estava pela empresa de som PA Áudio e fiquei no PA.
No desse ano, cuidei do monitor do Palco Natura, instalado na Concha Acústica, onde a acústica não ajudou no trabalho de sonorização.
Comigo estavam: Normando (Diretor de Palco), Marcão (PA), Natalie (Luz), Raynnara e Nichole (Roadies), Thaís (Patch), Roberta e Elza (Camarins).
A Turma do Palco Natura.
Vou usar uma frase que normalmente uso aqui: "Vou tentar ser breve no texto". (Risos)
Vou tentar...
Diferentemente da maioria dos meus textos, onde sempre tento explicar o porquê do título no final, nesse de hoje já vou explicando no começo.
Para a grande maioria dos leigos que perdem um tempinho da vida para ler o que escrevo sobre áudio (shows e eventos), foi só um dia de Festival.
Para quem foi ver os shows, realmente foi só um dia.
Mas para a técnica, foram três dias de evento.
E para quem monta tudo desde o começo, pode contar com meses.
Pois bem...
Comecei o  trabalho na quinta-feira, onde fui participar da montagem dos equipamentos do meu palco.
Cheguei no local às 16h, pois o gerador seria ligado uma hora depois.
Fui andando, porque moro ao lado da UFPE.


Mesmo sabendo do risco que corremos hoje em dia (a qualquer hora) ao sair andando com uma mochila nas costas, levando laptop, iPad, fones, e outros equipamentos e ferramentas que uso nos meus trabalhos.
Por incrível que pareça, continuo "virgem" no quesito assalto.
A mesa de monitor eu já sabia que seria uma CL5 da Yamaha.
Essa mesa só possui oito entradas e oito saídas físicas.
Todas as outras entradas e saídas ficam nos Stages Box, que são ligados à mesa via cabo de rede, que no caso da CL, usa o protocolo DANTE.
Nesse meu caso eram dois Stages, um com 32ins/16outs, e outro com 16ins/8outs, totalizando 48 canais de entrada e 24 saídas!
Muito mais do que eu precisaria para o evento.
E se for contar com as entradas e saídas nativas da mesa, ficam 56ins/32outs!
A banda que usaria mais canais não chegava ao número 24.
Com as saídas também esse número não chegou perto das vinte e quatro saídas que eu tinha.
Por causa dessa folga, resolvi deixar ligado direto os 4 microfones sem fio e os 4 sistemas estéreos de in-ear.
Esse cabos não seriam desconectados durante todo o evento.
Eu imaginei que ninguém iria levar técnico de monitor, e eu iria operar para todas as bandas, então eu mesmo escolheria essas entradas e saídas.
Eu só teria que comunicar ao técnico de PA da banda para fazer o "patch" digital dos microfones sem fio, caso ele fosse usar em alguma voz, pois as entradas fixas dos microfones (31, 32, 33 e 34) não iriam bater com os canais das vozes que estariam na cena dele, que ele trouxe de outro show.
Vou dar uma exemplo (para os leigos!): Na cena do show dele, tem duas vozes com microfone sem fio. Uma no canal 26 e outra no canal 29.
Para eu não desconectar os cabos dos sem fio e conectar nos canais que ele usa na cena dele, eu só pedia para ele fazer essa mudança lá na frente digitalmente, como eu também iria fazer na minha mesa, pois montei o input da banda exatamente como estava no documento enviado pela produção do artista. O chamado Rider Técnico.


Numa mesa digital a gente tem essa facilidade de fazer mudanças nas entradas e saídas digitalmente, sem ter que trocar cabos de lugar.
Só era informar digitalmente que o canal 26 e 29 iriam controlar respectivamente os sinais que estavam nas entradas físicas 31 e 32.
Pronto. Tudo certo.
No caso do monitor, como falei, eu fazia também essa mudança digital, pra ficar tudo no lugarzinho certo.
No caso dos in-ears, eu só iria mexer no patch digital se aparecesse algum técnico da banda para operar o monitor, por causa da cena que ele deveria trazer de algum show anterior.
E isso aconteceu duas vezes.
Nesse caso as mudanças eram maiores, por causa das vias de monitoração que não iriam coincidir nunca com meu patch de saída.
Mas tudo foi resolvido rapidamente, só precisando saber quais eram as vias da cena dele e onde ficariam, que eu fazia todas as mudanças digitalmente.
Agilizou muito o trabalho no palco.
Uso geralmente essa metodologia nos trabalhos que faço em festivais, operando o monitor.
Pra que mudar se está dando certo, né?
Normalmente o pessoal desconecta tudo (microfones sem fio e vias), para conectar no lugar correspondente ao que está na cena do técnico.
O único aperreio que eu tive foi na quinta-feira, com a questão do patch DANTE e as conexões dos Stages com a mesa, pois não domino esse assunto ainda.
Quem me salvou foi meu amigo Monteiro (Teatro RioMar Recife), que foi me dando as dicas via telefone!
Como ele trabalha muito com as mesas da Yamaha que possuem DANTE, eu já vinha conversando com ele dias antes para tirar algumas dúvidas.
E essas conversas foram de suma importância para o resultado geral do meu trabalho no Palco Natura.
Obrigado pela ajuda Monteiro!!
Ah! Fiz uma mudança no meu método de trabalho nesse festival.
Geralmente eu fazia uma cena inicial em casa para passar todas as vias de monitores, e depois de finalizado esse trabalho no palco, ia montando a cena das bandas em cima dessa cena inicial, onde já estavam as equalizações das caixas de monitores e do side.
Conversando dias antes com um outro amigo (Adriano), ele me convenceu a montar todas as cenas das bandas em casa.
Adriano operou o monitor do palco 1 do festival, chamado Palco Coquetel.
Gostei muito dessa forma, pois eu levava um tempinho para montar as cenas das bandas na hora.
Era (e foi!) muito mais prático e rápido salvar as equalizações das vias na biblioteca da mesa, chamar a cena da próxima banda, e colar as equalizações nas respectivas vias!!!
Show de bola!
Vou fazer assim agora, por causa de Adriano.
Mais um ajudando no trabalho.
Ahhhh. Passei por outro "aperreiozinho" numa mudança de banda.
Toda vez que eu puxava pela primeira vez as cenas que fiz em casa das banda, eu tinha que ajustar o patch das entradas dos microfones e das saídas da vias.
Só precisava fazer isso uma vez.
Esqueci de fazer isso numa cena, numa única mudança de patch.
Fiz todas as mudanças e esqueci dessa que estava no auxiliar 8.
Já tinha usado esse auxiliar para outra banda, e já deixei o cabo conectado na mesa, caso eu precisasse para outras bandas.
Precisei. Só que esqueci de fazer o patch dessa saída 8 para essa nova banda.
Aí foi rolo! (Risos)
Depois de uns 10 minutos (relógio do Diretor de Palco) tentando achar o problema para o sinal enviado não chegar no DJ, eu crente que era algum problema com as entradas do DJ, ou o cabo que tinha quebrado, foi quando Normando gritou: O patch!!!
Eu nem estava pensando nele, pois já tinha usado essa saída com o mesmo cabo para uma banda anterior...
Mas quando levantei a vista para o local que indicava por onde aquele auxiliar estava saindo, vi que a merda foi minha!
(E tem gente ainda que fala que eu me considero o dono da razão!)
Levantei o braço na hora e falei no microfone: --- Desculpa. A merda foi minha aqui!
Ainda falei no microfone. Exagero às vezes! (Risos)
A turma tirou onda da minha cara e seguimos em frente.
Isso tudo foi durante o evento, com os shows rolando, mas pelo que lembro não prejudicou no cumprimento dos horários.
Checando RF dos sistemas de in-ears.
Vixe!!!
Comecei explicando lá em cima porque não era apenas um dia de festival, e acabei pulando para os trabalhos no palco.
Vou voltar para quinta-feira, bem antes de fazer essa merda no patch no sábado!
Como falei, cheguei às 16h no local.
E fui testar e ajustar as coisas no palco.
Foi quando apareceu o probleminha no DANTE.
Tudo resolvido, testado e ajustado, vamos para casa descansar, né?
Passava um pouco das 21h.
Peguei uma carona com Normando, e ainda paramos na lanchonete de um amigo que fica no começo da minha rua, para comer um hambúrguer artesanal.
Muito bom o hambúrguer!!!
Quem quiser experimentar, o Grillé Burguer está no iFood.
Por coincidência, tirei uma foto do letreiro ontem, quando ajustavam a luminária.
Estava marcado para chegar no palco no outro dia às 8h30, para passar o som de seis bandas.
Mas ainda deu tempo de beber duas taças de vinho com um pedaço do sanduíche de queijo do reino com tomate seco, que sobrou da quarta-feira.
Fui deitar perto da meia-noite, mas demorei um pouco para dormir, ainda pensando no palco...
Mas dormi bem e acordei bem.
Fui passar o som das bandas.
E passei o dia todo lá com minha turma, fazendo o soundcheck.
Tudo dentro do horário previsto, ficando até com sobras no relógio.
Voltei para casa andando, mas não levei a mochila comigo, pois já era tarde, e eu iria voltar mais cedo ainda (8h) para o palco no outro dia, onde passaria o som de mais duas bandas e aguardaria pelo início do festival, marcado para às 16h30.
Cheguei em casa um pouco depois das 22h, e não teve vinho, sanduíche de queijo do reino... Nada!
Nem lembro o que comi... Estava morto!
Ahhh! Acho que fiz uma vitamina de banana com aveia e Toddy.
Tomei um banho, bebi a vitamina e cama!!!!
As pernas estavam ardendo de tanto ficar em pé.
Dormi feito uma pedra.
Fiz o mesmo ritual do dia anterior quando acordei.
Banho, vitamina e fui andando até o local do evento.
Tudo dentro do combinado.
Morto, mas dentro do combinado.
Passamos o som das duas bandas restantes tranquilamente, e aguardamos pelo início dos shows.
Que transcorreram muito bem, mesmo com a minha cagada no patch.
A única coisa que incomodou bastante foi a acústica do lugar!
Falei dela logo no início do texto.
Pois é... A acústica não ajudou.
O espaço não é mais aberto. Colocaram uma cobertura de lona por cima de todo o espaço.
E por causa disso o som voltava muiiiiito para o palco!!!
Ainda teve outro agravante.
As caixas do PA não eram suspensas, estavam na posição STACK, e praticamente ficaram dentro do palco.

Aí... Tudo ficava muito alto dentro do palco, complicando bastante o trabalho de monitoração.
Nem sei direito se foi pior para quem usou caixas de som na monitoração ou para quem usou fones...
Com as caixas, ficava difícil o som delas cobrir o som do ambiente, e com os fones, mesmo escutando bem melhor, muitos pedidos para baixar determinados canais não era possível fazer, porque o som voltava muito e entrava nos microfones. E mesmo baixando todo o sinal do canal no fone, o músico continuava a escutar alto no fone por causa da captação do som do ambiente pelos microfones.
Todo mundo teve que se adaptar ao som do ambiente.
Para terem uma ideia, o som voltava tanto, que apareceram algumas realimentações em alguns shows causadas pela captação dessa volta pelo microfone e/ou captador do violão, onde esses sinais não estavam indo para as caixas de monitor no palco, só para os fones.
E quando todos no palco usam fones na monitoração, se aparecer microfonias (realimentações) durante o show, o rapaz do PA é quem tem que ajustar as coisas!!!!
Tivemos uma breve conversa sobre esse assunto no final do último show no palco, que vai para o relatório, para um futuro ajuste.
Ahhh! Lembrei das marcações no chão que ajudam os roadies com as voltas dos equipamentos e monitores para a posição que usaram no soundcheck.
Normalmente essas marcações são feitas com fitas adesivas coloridas, onde cada cor representa uma banda.
Só que o piso não tinha revestimento, como carpete ou linóleo, era cimento puro, e logicamente com alguma poeira por cima, impossibilitando o uso das fitas, que não colavam no piso.
Ainda tentaram giz, mas não deu muito certo.
Como disse uma das roadies, lápis de cera poderia ter ajudado mais.
Mas, não tínhamos esses lápis, e a turma teve que "se virar" pra voltar com as coisas para o lugar inicial.
Vai pro relatório também!!!!
No final, deu tudo certo. (Risos)
E foi assim meu trabalho no Palco Natura.
Obrigado Marcílio pelo convite.
Minha turma mandou muito bem no serviço, e foram poucos atropelos. 
E mesmo com tudo isso que falei dos três dias aqui nesse texto, para todos que estavam ali na Concha (nada) Acústica vendo os shows, foi apenas "um dia" de Festival!
Ledo engano...
Mateus Fazeno Rock no Palco Natura.

Essa sempre foi a principal intenção do Blog.
Mostrar os bastidores para o público.
Um abraço a todos.

PS: Difícil eu ser breve nos textos, né?

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