terça-feira, 18 de junho de 2024

Filipe Catto no Teatro do Parque - Fazia tempo que eu não via isso.

 
Olá pessoal.
No dia 11 de maio fui operar o monitor do show da cantora Filipe Catto no Teatro do Parque, que fica aqui em Recife.
(Não estou errando na escrita. A Filipe, é como ela prefere ser chamada.)
Banda enxuta, com bateria, baixo e guitarra.
Normalmente chamamos essa formação de "Power Trio".
Mais uma vez seria a mesa DL32R da Mackie no monitor.
E mais uma vez eu iria ficar na minha cadeira na lateral, segurando meu iPad.

Controlando a DL32R pelo iPad no Teatro do Parque.
Sempre pego essa cadeira no camarim, porque ficar sentado num banquinho de madeira é bastante desconfortável.
A cadeira tem encosto e o assento é acolchoado! (Risos)
Como eu já sabia que seria a DL no monitor, aproveitei a cena do show de Flaira Ferro que fiz no teatro no mês anterior, e montei a cena do show de Filipe.

Usei o mesmo método que já falei aqui em textos anteriores, já enviando os canais dos instrumentos e vozes para todos os monitores, com níveis diferentes.
Também zerei o ganho de todos os canais.
Acho que esqueci de falar uma coisa nos textos anteriores...
A primeira coisa que eu faço no monitor, depois de checar todos os monitores e in-ears, é colocar a voz do cantor no seu monitor, seja fone ou caixa.
No caso desse show, coloquei a voz no fone da cantora.
Como eu não conhecia o trabalho da Filipe Catto, fui ouvir o disco no Deezer.
Notei que tinha muitos efeitos na voz em quase todas as músicas.
Ambiências longas, com delays...
Por causa disso, fui conversar com Adriano Duprat se ele iria reproduzir o que estava no disco no som do PA.
Ele disse que sim.
Montagem dos equipamentos no Teatro do Parque.
Então solicitei que ele me enviasse lá da frente esses efeitos por dois canais (estéreo), que eu enviaria para o fone da cantora.
E assim foi feito.
Peguei esses efeitos no palco e coloquei em dois canais da mesa de monitor.
Tem outra coisa interessante na parte técnica desse show.
Filipe toca guitarra em duas ou três músicas...
Essa guitarra é distorcida.
Mas Filipe não usa pedal de distorção, e não tem amplificador de guitarra no palco para ela.
O que fizemos?
Montagem dos equipamentos no Teatro do Parque.
Adriano processou o sinal da guitarra lá na frente num plug-in simulador de distorção, e enviou esse sinal processado para mais uma saída do "Stage Box" que estava no palco. Como ele fez com os efeitos da voz.
Peguei então essa saída e liguei no canal da guitarra.
Pronto. Perfeito.
Todo mundo no palco escutava a guitarra distorcida, que vinha lá da mesa do PA.
O soundcheck foi bem tranquilo.
Só Filipe usou in-ear.
Esse mesmo show aconteceu em Natal no outro dia, onde também operei o monitor.
Caixas amplificadas foram usadas nos monitores de todos os músicos.
Coloquei dois monitores de chão para Filipe, mas só seriam usados caso eu tivesse algum problema com o sistema de in-ear.
Não me recordo se deixei um pouquinho da voz nessas caixas ou desliguei geral.
Mas com certeza, elas só seriam usadas pra valer em caso de emergência.

Tudo ok com todos no palco (e lá na frente também), encerramos a passada de som.
O legal dos shows no Teatro do Parque é que dificilmente tem um cabo, DI ou microfone com defeito, o que agiliza muito o serviço.
Me faz lembrar dos shows nos SESC de São Paulo...
Meu sonho de consumo profissional...
Fazer só trabalhos em locais como o SESC SP, com material bom e bem cuidado, sem desmontar o palco, com atendimento super profissional, com tudo funcionando, inclusive o ar-condicionado... (Ai, ai...)
Vamos voltar para a realidade. (Risos)
Tá chegando num ponto aqui na região, que o técnico tem que andar com seus microfones e DIs.
Muitos artistas "grandes" já fazem isso a décadas!
Certo eles!
E o show? Como foi?
Problema zero!
Foi mais tranquilo que o soundcheck, para vocês terem uma ideia.
O lance de usar os efeitos do PA no monitor da Filipe foi massa!
Só enviei esses efeitos para o fone dela.
A guitarra distorcida também foi muito legal. 
O plug-in simulador que Adriano usou lá na frente fez um serviço perfeito.
Menos um amplificador e um pedal de efeito no palco.
Não conhecia Filipe, e muito menos esse trabalho com as músicas de Gal Costa.

Montagem dos equipamentos no Teatro do Parque.
Quem me conhece sabe que não sou muito fã do "Fulano Canta Sicrano".
Prefiro sempre o cantor original.
Não tenho discos desse tipo na minha lista no Deezer, para eu ouvir na minha caixinha Flip4 da JBL.
Mas isso é meu gosto musical pessoal, que separo muito bem do profissional, onde passeio por vários estilos musicais nos meus trabalhos.
Wanderléa, Siba e a Fuloresta.
Alceu Valença, Flaira Ferro.
Banda Versão Brasileira, André Memari.
Naná Vasconcelos, SESI Bonecos.
Jorge de Altinho, Chucho Valdés.
Nação Zumbi, Geraldo Maia.
Elba Ramalho, Palhaça Baju.
Banda Zé do Estado, Ira!.
Silvério Pessoa, Vincent Ségal.
Baile do Menino Deus, Abril Pro Rock.
E por aí vai...
Não tenho gosto profissional.
Para mim, tudo é música, tudo é trabalho, é profissão.
Ratificando o que já falei antes: Quem tem que gostar do show é o público!!!
Minha única preocupação é fazer meu trabalho o mais perfeito possível, para que a banda ou artista passe a mensagem dos seus trabalhos com mais "clareza".
Fiquei bastante satisfeito com esse meu trabalho no Teatro do Parque com Filipe Catto.
Achei perfeito no palco.
Muito legal conhecer Filipe e um de seus trabalhos.
Teve um detalhe que me chamou a atenção no show.
Não reconheci algumas músicas que estavam no roteiro.
Oxe! Gal Costa já cantou essa? Conversei com meus botões durante o show...
Filipe explicou (em algum lugar que eu vi) que além de ser uma homenagem à cantora que ele tanto admira, as músicas foram escolhidas por terem alguma ligação com sua vida pessoal, e não por serem famosas na voz de Gal.
Ahhh... Tá explicado por que me chamou a atenção.
E tá explicado também a reação do público.
Filipe Catto já foi aplaudida de pé no MEIO do show!!!
Fazia tempo que eu não via isso.
Mas ela mereceu.
O show foi muito bonito (e competente!).
Filipe Catto entrou para minha lista de favoritos no Deezer.
Um abraço a todos.

PS (1): Fui convidado para fazer o monitor desse mesmo show no Espírito Santo, que acontecerá no dia 27 de julho. Adorei o convite.

PS (2): O show em Natal no outro dia (12/05) também foi muito bom!!!!!
O vídeo abaixo mostra um pouco desse show no Teatro Riachuelo.


sexta-feira, 14 de junho de 2024

Monitor de Wanderléa na Praça do Arsenal - Eu fingi ser uma coisa normal.

 
Olá pessoal.
Por indicação de Adriano Duprat, que iria fazer o som do PA do show, eu recebi o convite de Jadde, produtora (e filha) de Wanderléa, para operar o monitor do show.
Esse show aconteceu no dia 09 de maio, dentro da programação do Festival Nacional da Seresta, num palco armado na Praça do Arsenal, aqui em Recife.
Esse festival é bem antigo, e essa foi a vigésima oitava edição!
Para quem acha que eu estou falando de uma outra Wanderléa, não custa nada eu falar que essa aqui da postagem é a original, muitas vezes chamada até hoje de "A Ternurinha".
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Vixe! Nem sei quando comecei a escrever sobre esse trabalho de monitor no show de Wanderléa na Praça do Arsenal...
Ainda falta eu falar sobre os trabalhos com Filipe Catto...
E já viajei para Caruaru na semana passada, onde fiz quatro trabalhos.
Ontem fiz o monitor do show Almério e Martins no Teatro do Parque aqui em Recife.
Tá começando a acumular o que eu acho que tenho que escrever...
Vou ser breve nesse texto, mas tenho que comentar sobre ele.

Tive vários problemas com a mesa de monitor, que estava com muitos defeitos e foi bastante difícil trabalhar com ela.
Pra começar, não consegui conectar meu iPad nela, o que já me ajudaria bastante no serviço.
Muitos faders estavam com problemas, e tinha que ter muito cuidado no que eu iria fazer, pois poderia (por exemplo) cortar quase todo o som do monitor da cantora!
Imaginaram?
Por causa disso, fiz de tudo para não mudar de página de fader, usando os botões para fazer grande parte do serviço, o que tornou tudo mais lento.
Mas consegui ir até o final, sem reclamações da banda ou de Wanderléa.
A banda é muito comportada no palco, deixando muito espaço para a voz da cantora.
E esse comportamento foi muito importante para o resultado.
Mostrei todos os defeitos da mesa para meu colega da empresa de som, para ilustrar a grande dificuldade que eu estava passando para manuseá-la, e para ele ver o risco que eu correria se fosse usar os faders.
Feito isso, segui com o show até o final sem problemas.
Não poderia deixar de falar de duas coisas dos Bastidores desse show.
O público gritando na frente para Wanderléa: "Minha sogra, minha sogra, minha sogra!"
Depois que a cantora apresentou a vocalista Jadde como sua filha.
Muito bom!!!!!
E a segunda coisa que eu poderia comentar, foi eu disfarçando na mesa de monitor que era só mais um trabalho em um show.
Com certeza, não foi mais um trabalho de monitor.
Não tem como falar que foi uma coisa normal, vendo e ouvindo Wanderléa passear por grandes sucessos da nossa música na sua voz, que ainda tocam até hoje.
Eu apenas fingi ser normal. Só disfarcei.

Sou muito ruim para fingir e/ou disfarçar.
Por isso resolvi falar sobre esse meu fingimento...
Não foi nada normal para mim, fazer parte de um show de Wanderléa!
Fica então registrado aqui meu comentário sincero.
Um abraço a todos.

segunda-feira, 3 de junho de 2024

Martins no Plaza Shopping - Tenho que eliminar uma mania feia.

 
Martins - Showtime. (Foto by @sheyla.akemi)
Olá pessoal.
Pensei em "pular" também esse trabalho aqui nas postagens.
Mas como falei na postagem anterior, tem um assunto interessante para falar.
Na realidade, nesse trabalho tem vários assuntos.
Ia dar um salto também no trabalho com Wanderléa, mas como deixar passar, né?
E logo depois teve os dois shows de Filipe Catto...
Ficou complicado. Devo falar de todos mesmo.
Esse show de Martins aconteceu no dia 28 de abril, numa área externa muito legal do Plaza Shopping.
Eu já operei o som de Nena Queiroga (com banda!) tempos atrás nesse local.
Foi massa!
É muito legal o espaço.
Aconchegante, coberto, equipamento legal, comidinhas, drinks...
Só que tem um grave problema com relação ao volume do som, onde a marcação cerrada com o decibelímetro (que nem sempre é aferido corretamente) lembra muito o Sítio da Trindade, onde só o ruído do público mais o som que vem do palco passa do nível que eles querem.

Decibelímetro.
O pessoal teima em aferir o nível sonoro no local do evento e não no local do "reclamante".
Certo... Uma casa de shows pode ter uma regulamentação de nível sonoro independente de ter reclamantes ou não na vizinhança. Tou ligado.
Mas pelo que sei, esse não é o caso no Plaza, e esse controle é feito porque o shopping tem problemas com a vizinhança (ou seria 1 vizinho?).
O assunto que eu queria falar nem é esse, mas tinha que tocar nessa questão do volume do som nesse espaço do Plaza Shopping.
No Sítio da trindade, quando eu estava operando o PA do show de Maria da Paz, o "fiscal" apareceu ao meu lado e solicitou que eu baixasse o som. Baixei. Pediu para baixar mais. Baixei. No terceiro pedido que ele fez para baixar, eu cortei o som do PA. Só ficou o som do palco funcionando.
Ele fez cara de assustado, e eu perguntei:
É para ficar em quanto no decibelímetro? Ele falou (não recordo o número exato) 90 dB.
Tá marcando quanto? Perguntei novamente. E ele respondeu 93.
Aí eu ri e finalizei: --- Como você quer que eu consiga deixar em 90 dB?
Ok, disse ele. Tenta deixar em 95... (Risos)
Nem recordo o nível exato que eu fiquei até o fim do show.
Só quis mostrar para ele que era impossível o que ele estava querendo!
Mas vamos voltar para Martins...
Vou deixar para falar do show em si mais na frente, pois vai ser "chover no molhado".
Queria falar sobre uma mania feia que eu tenho, e que de vez em quando acabo fazendo, mesmo achando bem errada.
Martins - Final do show. (Foto by @sheyla.akemi)

Essa mania apareceu nesse show de Martins, que no começo seria só voz, violão e guitarra.
Depois entrou um segundo violão, e no finalzinho da prorrogação entrou um baixo.
Eu sabia que seria a Ui24R da Soundcraft para fazer PA e monitor.
Muitos acham que não tem como fazer antecipadamente uma cena inicial para essa mesa digital, mas tem como fazer.
De um jeito "mambembe", mas tem.
No site da Soundcraft, tem um local onde você pode ter acesso ao aplicativo DEMO da mesa.
Clique AQUI para ir direto para a página do DEMO da Ui24R.
Demo de demonstração, viu? Não é de Diabo. (Risos)
Agora vão entender porque falei que era uma gambiarra...
Esse demo tem a intenção de mostrar como funciona a mesa, e realmente ele faz bem esse trabalho, pois o usuário pode navegar em todas as funções, que são idênticas ao que vai encontrar no iPad, quando for operar o som do show ou evento.
O problema começa pelo fato da gente não poder dar um "reset" em toda a mesa, mesmo tendo  a função MIXER RESET, como mostra a seta amarela da foto abaixo.


Para chegar nessa página, clicar na figura da engrenagem, como mostra a seta vermelha.
Quando você clica no mixer reset, aparece o aviso que é uma DEMO VERSION.

Clique na imagem para ampliar.
Notei agora que tem outra função logo abaixo chamada OFFLINE MIXER RESET (seta branca), e fiquei todo animado achando que agora tinha como zerar a mesa, mas quando cliquei, nada aconteceu, e todos os ajustes iniciais que eu fiz continuaram do jeito que estavam.

Clique na imagem para ampliar.
Então para dar uma zerada na mesa, só ajustando manualmente todos os canais de entrada e saída, para só depois começar a fazer seus ajustes para o seu show.
Segunda bronca... Não podemos salvar ou chamar nada nesse DEMO.
Shows, Snapshots e Cues. Nada pode ser acessado.

Clique na imagem para ampliar.
Mas... Podemos EXPORTAR essa FILE com os ajustes que fizemos.
Então, depois de todos os ajustes feitos, como nomes nos canais e nos auxiliares, equalizações iniciais nos canais, como ligar o HPF ou colocar alguma equalização que você sempre usa, depois de tudo feito, é só ir nessa mesma página SHOWS e lá embaixo tem a opção EXPORT OFFLINE FILE.


Vai aparecer uma janela para colocar o nome da FILE, e quando você dá o OK, esse arquivo vai para o local onde você determinou no seu laptop onde são salvos os arquivos baixados pela internet.
No meu caso, todos os arquivos baixados vão para a pasta DOWNLOADS.
Pronto. O arquivo está lá.
Só colocar num pendrive e levar para seu show ou evento.

Martins - Agradecimentos finais. (Foto by @sheyla.akemi)
E aí fica o caminho normal... Espeta teu pendrive na mesa de som e no mesmo local onde você exportou a file, vai agora escolher IMPORT OFFLINE FILE.
Mas só faça isso com o técnico da empresa de som orientando, pois não usei ainda essa ferramenta.
Como eram poucos canais, resolvi fazer tudo na hora do soundcheck, e foi aí que caí na besteira de colocar em prática minha mania FEIA.
Com certeza, seria bem melhor se eu tivesse levado MINHA cena inicial do show.
Mas não levei.
Vou dar uma parada pra almoçar, ou pensar se vou almoçar, porque tem a final da Champions hoje às 16h, e se eu almoçar pra valer, não vou beber meu vinho com camarão ao alho e óleo durante o jogo.
E estou com mais vontade do vinho com camarão do que com o almoço que minha Irmã está fazendo ao lado do meu apartamento.
Mais tarde eu volto com o texto.
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Vixe... Hoje já é segunda-feira.
Tenho que terminar esse texto e postar hoje, pra não "congestionar" o fluxo.
Deixa eu ver acima onde parei...
Ahhh, já mostrei como exportar a FILE com os ajustes que fizemos no Editor Offline Demo da Ui24R.
Ok, mas eu não fiz isso, e montei tudo no local, chegando um pouco mais cedo do combinado.
Como eram poucos canais, seria tranquilo montar a cena.
Só que, como falei acima, caí na besteira de fazer uma coisa que eu não recomendo a ninguém.
Que é montar a cena em cima dos ajustes de um show que não foi você quem fez, e muito menos não foi você que "alinhou" os monitores e o PA.
E foi exatamente isso que eu fiz, para ganhar tempo.
O problema é que eu tinha tempo!!!!!!

Vídeo by @dealeiros

Mas a gente tá convivendo tanto com uma correria por parte das produções, onde cada vez mais a gente tem que aprontar as coisas no palco num tempo cada vez menor, que eu tive a péssima ideia de montar a cena do show de Martins com os ajustes de um show anterior que aconteceu uns dias atrás no mesmo local, com os mesmos equipamentos.
Achei que soou bem os monitores e o PA quando falei no microfone, e segui em frente.
Mas antes dos músicos chegarem, eu ainda consegui zerar tudo que eu tinha feito, por não ter muito costume com a Ui24R... Apertei o botão errado!
Agora que eu não tinha mais tempo para zerar as coisas.
Para ninguém apertar o botão errado como eu fiz, aconselho que usem sempre esse local da foto abaixo para criar e salvar os SHOWS, SNAPSHOTS E CUES.
Clique na imagem para ampliar.

Principalmente porque esse é o único local para se fazer isso! (Risos)
A outra opção para acessar shows, snapshots e cues, que é na janela em cima, só serve (pelo que entendi) para dar o LOAD. (Foto abaixo)
Clique na imagem para ampliar.

Acho que foi lá que cliquei em alguma coisa e chamei a cena inicial onde eu estava editando as coisas mas não tinha salvado ainda estas mudanças.
Perdi tudo.
Lasquei-me, mas segui em frente.
Fiz o soundcheck, onde achei que estava até bem lá na frente.
Mas o monitor de um dos músicos não ficou ainda como ele queria, e acredito que isso aconteceu porque provavelmente a equalização da via dele estava muito "mexida", pois aproveitei os ajustes do show que aconteceu antes, lembram?
Vídeo by @sheyla.akemi

Todos deram por satisfeitos (ou quase), e encerramos a passada de som.
Não voltei para casa, fiquei no shopping aguardando pelo horário do show.
Enquanto aguardava, fiquei conversando com Will, proprietário da empresa de som.
E enquanto conversávamos, fui dar uma olhada na cena do show, inclusive nos equalizadores do PA e das vias.
Foi quando tomei o susto com a equalização das caixas do PA.
Estava tão mexido, que o técnico teve que colocar o fader do máster no máximo!
Como ele tirou muito de muita coisa, podemos dizer que ele baixou o geral da saída.
Foi aí que decidi zerar essa equalização, mesmo depois de ter passado o som com a banda.
Logicamente, voltei o fader do máster para a posição de 0 dB.
Deixa eu ver onde é o máximo aqui no editor...
Como podem ver na foto abaixo, vai até +10 dB!!!!!!!!!!!

Clique na imagem para ampliar.

Voltei pro zero, falei no microfone de Martins, e já deu para notar, mesmo eu estando em cima do palco, que melhorou bastante.
Tirei um pouco de algumas frequências, mas posso garantir que essa mexida foi mínima.
Nos monitores não mexi em nada.
Seria aumentar muito o risco de dar errado.
No PA, eu iria começar o show com o máster em 0 dB.
Se tudo viesse muito alto, eu baixaria mais ainda o máster.
Depois eu iria ajustando os volumes e equalizações dos canais, e também algum ajuste de equalização no PA.
Só me restava aguardar a hora do show.
Vídeo by @sheyla.akemi

Não teria banda antes de Martins, só uma DJ.
E mesmo assim, ainda tive problema no show por causa do posicionamento da DJ, que ainda insistem em colocar no meio do palco!
Já dei minha opinião sobre o DJ no meio do palco em postagens anteriores.
Nem vou mais falar aqui.
Nesse caso no Shopping Plaza, para a DJ ficar no meio do palco, alguns monitores saíram do lugar, o pedestal com o microfone de Martins saiu do lugar, e um dos monitores de Martins foi mudado de posição para a DJ poder escutar.
Na hora de Martins, tudo foi reajustado no palco, no olho, porque não falaram que iriam mudar as coisas do lugar em cima do palco.
Quando isso vai acontecer, marcamos o posicionamento de tudo usando fitas adesivas coloridas.
Pois bem...
O show começou, e começou muito melhor do que eu achava que iria começar!
Meu dedo já estava em cima do fader do máster, mas não precisei baixar ou subir.
Alívio total!
Mas não demorou muito para Martins avisar que tinha alguma coisa errada com os monitores dele.
Não estava escutando normal, como foi no soundcheck.
Ele mesmo notou que um dos monitores tinha parado de funcionar.
Por causa das mexidas nos monitores para o posicionamento da DJ no palco, o cabo de AC (energia) desse monitor ficou folgado e desconectou durante o show, fazendo com que a caixa parasse de funcionar.
Martins ainda me chamou para eu tentar consertar o problema, mas levei um bom tempo para chegar no palco, porque o espaço estava completamente tomado pelo púbico.
Não esqueçam que eu estava operando o som do show lá na frente, usando o iPad.
Era muita gente na minha frente.
E na frente das únicas duas caixas que formavam o PA.
Ainda tinha um reforço com duas caixas amplificadas no ambiente.
Para sonorizar espaços laterais, onde a cobertura sonora do PA não chegava tão bem, e também para não precisar colocar muita energia nas caixas do PA.
Lá na frente, ainda consegui entender que um músico estava querendo que baixasse o volume do violão de Martins na via dele.
Fora isso, não teve mais solicitações por parte dos músicos e do cantor durante todo o show.
O único pedido que chegou até mim foi feito pelo diretor técnico do evento, meu amigo Marcílio, que chegou ao meu lado com carinha de "veja bem...".
Esqueceram que tem problema com o nível sonoro no ambiente por causa da vizinhança???
Foi exatamente esse o pedido.
Falou que o responsável do shopping estava solicitando que baixasse o volume.
Com metade daquele público, não seria preciso baixar nada, porque nem naquele volume estaria o som.
O nível que eu estava usando era de acordo com a multidão que estava no espaço.
Por isso, sempre fico num local que não é o final do público, mas nem tão pouco é perto do palco.
Uso uma média.
Se o som chegar bem onde estou, deve ficar legal para a maioria do público.
Mas mesmo usando essa média como referência, ficou alto nas medições do rapaz do shopping.
Baixei um pouco o volume, para ver se Marcílio ficava com uma carinha melhor.
Não lembro quantas vezes ele me pediu isso, seguindo a orientação do rapaz que estava com o decibelímetro. Acho que foram duas vezes, e na terceira falei pra baixar as caixas da lateral, que não dava mais pra baixar o PA, com a quantidade de gente no local.
Pedi para ele entrar num acordo com o menino do shopping.
Acho que ele fez um acordo com o rapaz, pois não voltou mais onde eu estava.
E segui até o final do show, no mesmo nível sonoro. (Será?)
Acabei falando mais dos bastidores do que do show, né?
Mas acho que é a cara do Blog!
Falar do show nunca foi (e nunca será) a principal função do Blog.
Aí eu precisaria mudar de profissão, passando a ser crítico musical.
O que estou bem longe disso!
Quem tem que comentar ou achar alguma coisa do show é o público!!!!
Como operador de áudio ou técnico de som (como queiram chamar), tenho que me esforçar ao máximo para que o recado passado pelos que estão no palco chegue da melhor forma possível ao público.
É isso que eu sempre tento quando opero o som do PA.
Quando estou no monitor, a minha plateia, o meu público, são os músicos e cantores que estão no palco!!!
Eu, particularmente, acho que falar de um show de Martins hoje em dia é chover no molhado.
Como poderão notar nos vários vídeos e fotos que coloquei para ilustrar essa postagem.
                                                        Vídeo by @sheyla.akemi

Quem foi ver esse show, entende o que estou falando.
Desde meus primeiros trabalhos com o artista, sempre o achei muito competente no que faz.
E não me assusto com a ascensão da sua carreira.
Em momento algum me assustei com isso.
Acho que sempre esteve no caminho certo, e está começando a colher os frutos.
Em momento algum me assustei com a reação calorosa do público durante todo o show no Plaza.
Essa reação aconteceu em todos os trabalhos dele onde eu estava participando, seja no monitor ou no PA.
Me assustei mesmo foi com a besteira que eu fiz, colocando em prática uma mania feia que ainda tenho.
Aí sim eu me assustei.
Poderia ter me complicado nesse trabalho.
Mas acho que consegui dar o "drible da vaca".
Mas... Uma coisa eu tenho certeza...
Tenho que acabar com essa mania feia de uma vez por todas!!!!
Um abraço a todos.

PS: Olhando direitinho a postagem, acabei falando muito da Ui24R, né? (Risos)