terça-feira, 15 de julho de 2008

Show em Triunfo de Bonsucesso Samba Clube – Foi tudo tão rápido, que nem foto eu tirei!


Olá pessoal.


Estou em casa arrumando a mala para a viagem que farei amanhã para a Europa, tomando vinho chileno e ouvindo Supertramp, Silvério Pessoa, Christopher Cross, Jorge Vercilo, Lula Queiroga... Sou bem eclético no meu gosto musical. Gosto de coisas bem feitas e de músicas que são tocadas nos momentos certos, independentes do estilo.

Já fui DJ, e sempre achei que o importante é tocar as músicas certas, para as pessoas certas, no momento certo! Sempre, quando DJ, observava qual o perfil das pessoas que estavam na boite naquela noite. Sempre fiz isso, e sempre me dei bem! Não combina escutar Christopher Cross num churrasco! Não tenho preconceito com músicas. Gosto não se discute, respeito muito isso. Mesmo que tenha gente cantando (ou tentando) mais ou menos isso: “...virgindade não tá com nada, eu quero tirar o seu selinho...” ou ...”senta que é de menta...”, etc, etc.

Não gosto, nem consumo isso, mas respeito.

Nem ia escrever sobre o show que fiz em Triunfo no sábado passado com a banda Bonsucesso Samba Clube, pois foi tudo tão rápido que nem foto do evento eu tirei, mas fiquei com peso na consciência de não escrever sobre o show. Principalmente porque tem assunto pra falar!

Foi a primeira vez que fiz o P.A. para esta banda. Já conhecia o trabalho deles e gosto do som que eles fazem. Fui para um ensaio antes para ver como era o show, pois fazia muito tempo que não via a banda tocando. E fiz bem em ir, pois houve muitas mudanças desde a última vez que vi o show quando estava fazendo o monitor do Porto Musical e a banda se apresentou lá.

O que estava programado era que a banda seria a primeira atração, depois era o show de Lenine e para fechar a noite seria um artista que tinha nascido em Triunfo, mas morava no sudeste do país e cantava Hip-Hop.

Não tinha hotel para ficarmos. Existiria uma “casa de apoio” para a gente tomar banho e esperar a hora do show. Do programado, só a casa de apoio foi como haviam dito, pois o resto foi tudo ao contrário!

Passaram a gente para o final do evento, depois do show de Lenine. O artista da terra abriria a noite.

Sabia de quem era o som, mas ninguém tinha me avisado (e eu não entrei em contato!) que o proprietário tinha comprado duas mesas digitais (pra variar, duas M7CL), e eu não programei nenhuma sessão da Bonsucesso no meu laptop.




Alguns integrantes da banda Bonsucesso Samba Clube na "casa de apoio", esperando a hora do show.



Da equipe de Lenine, conheço os dois roldies que são de Recife, e conheço o operador de P.A. Denilson de quem sou um grande admirador, pra não dizer fã! Já tive oportunidade de ver (ouvir) vários shows de Lenine, e na grande maioria estava tudo perfeito! Cheguei a gravar um evento que no meio tinha um show de Lenine. Fui ouvir a gravação que fiz do L/R da mesa e pensei em desistir da profissão! Estava simplesmente perfeito. Era só colocar no mercado para vender como CD ao vivo! Tenho o áudio deste show até hoje guardado no meu HD. Serve como referência para mostrar pra mim mesmo aonde quero chegar.

Como eu faria só um line check, resolvi usar o máximo dos canais em comum. Começaria minha cena pela cena do show de Lenine. Esqueci meu input list e fui alocando os meus canais em comum nos mesmos de Lenine, para aproveitar o que Denilson tinha feito. Logicamente que eu falei pra ele isso. Os meus canais de bumbo, caixa, esteira, hihat, tom1, tom3, overall, baixo, guitarra, trombone e sampler estariam exatamente nos mesmos canais de Lenine. Sabia que a bateria, o baixo, a guitarra, etc, seriam outras, mas não começaria do zero.

O restante dos canais de Bonsucesso eu combinei com o pessoal da empresa de som aonde deveriam ser ligados. Depois de tudo anotado, fui para house mix ver o show de Lenine.

Teria que resolver agora se usaria o alinhamento do P.A. que Denilson fez ou se usaria o alinhamento feito pelo técnico da empresa de som. Como gosto muito do trabalho de Denilson, já estava na minha cabeça usar a sua regulagem. Conversamos sobre o que ele tinha achado do P.A. da Staner no seu sound check, e ele me mostrou o que tinha feito no equalizador insertado no máster da mesa. O responsável da empresa de som desativou a regulagem dele no processador externo. Depois de ouvir o show de Lenine, decidi (por incrível que pareça!) usar o alinhamento da empresa de som. Achei que Denilson matou muito as altas, deixando o geral muito “velado” (sem brilho, abafado). É muito difícil você não concordar com quem você admira muito, mas...

Depois de decidir isso, combinei com o técnico da empresa de som que iria desativar a regulagem do operador de Lenine no máster da mesa na hora do meu show e que usaria a regulagem externa. Se houvesse algum problema no começo do show, ativaria novamente a regulagem de Denilson e ele desativava a equalização externa.

Eu não poderia abrir o som do P.A. no meu line check, pois enquanto estávamos mudando o palco, tinha outro palco menor funcionando bem pertinho da gente. Teria que checar pelo fone. Mas não resisti e abri o som do bumbo da bateria e do baixo no som da frente. Foram alguns milissegundos, só pra sentir como estavam soando estas duas peças no P.A., que pra mim, são importantíssimas num som ao vivo. O resto (menos a voz do cantor!) a gente vai regulando durante o show, mas bumbo e baixo, se não começar direito, é uma dor de cabeça, pelo menos pra mim!

Mesmo abrindo por um tempo mínimo o som do P.A., recebi uma regulagem do diretor do evento (Pezão), que é um grande amigo meu, mas amigos, amigos, negócios à parte!

Começamos o show... Foi um terror! O som começou a realimentar e a apitar!

Será que eu tinha errado tanto na minha decisão? Antes de processar esta dúvida, o técnico da empresa de som gritou no meu ouvido: minha regulagem externa zerou! Resumindo... Estava trabalhando sem nenhum alinhamento naquela hora. A solução foi reativar a equalização feita por Denilson e reajustar de acordo com nosso gosto, ou seja, voltando com as altas que ele havia tirado, e umas coisinhas mais que o técnico da empresa de som achava! Foram alguns minutos que pareceram uma eternidade! Depois deste problema resolvido, levei mais umas duas músicas para mixar a banda do jeito que eu queria. Ufa!

Odeio estas surpresas, mas infelizmente fazem parte desta minha profissão (e de várias!). Com o tempo, aprendemos a conviver com isso. Meu consolo é saber que existem profissões em que existe risco de morte nas surpresas! Sou fã dos Bombeiros, por exemplo. Já chorei muito com a coragem deles. O vinho está começando a fazer efeito...(eheheh)


Arrumando minha bagagem, enquanto escrevia este texto (tomando vinho e escutando uma boa música).





Voltando ao show... Fiquei satisfeito com o resultado final do meu trabalho.

Se eu tivesse passado som, seria perfeito (suponho). Mas nem sempre posso fazer isso. E (às vezes) até gosto, pois é um exercício, um desafio, um aprendizado!
Esqueci de falar que a energia não agüentou e caiu quando estava perto do final. Quando o show acabou, já era quase 4 horas da madrugada. Desmontamos o nosso equipamento e fomos para outra “casa de apoio” esperar amanhecer, pois a estrada é muito perigosa à noite (não por causa de acidentes, mas por causa do risco de assalto!). Pegamos a estrada com a nossa van assim que amanheceu e foram mais 6 horas de viagem de volta. Nada confortável, diga-se de passagem.
Liguei para a produtora que havia me contratado para falar sobre quando seria pago o cachê (na realidade, quem me indicou foi Normando, meu parceiro que faz o monitor de Silvério Pessoa), e aproveitei para perguntar pra ela o que o pessoal da banda tinha achado do meu trabalho. Fui substituindo Marcílio, operador de áudio deles, e ela me falou que gostaram e quando Marcílio não puder ir e eu estiver disponível, trabalharemos juntos novamente. Ou seja, serviço cumprido.

Estou pensando agora nos shows da Europa. Mais exercícios, mais desafios, mais aprendizado! Espero que menos surpresas!

Até agora, na lista de compras dos amigos tem: microfone, chocolate, maquiagem, uísque e perfume.

Não sei como vai ser para me conectar na internet na Europa. Se der, atualizo o Blog, caso contrário, faço um resumo da turnê quando voltar, como fiz no São João.

Um abraço a todos.

Um comentário:

Chá de Chocalho disse...

E ae Titio...Epero que esteja bem ai...Tocamos no Festival de musica com spok...foi massa...em outro palco porem no mesmo dia e no mesmo parque...o tecnico arrasou...tava muito bom o som deles...legal...não conheço o técnico, só conheço o welington e zé da flauta...e conversei também com spok...legal depois eu te conto como foi detalhadamente.Abraço compadre até mais...Loof