segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Show de Alceu Valença em Viçosa, Alagoas – Marinheiro de primeira viagem na estrada... Perdi-me!

Olá pessoal.

Fui contratado para fazer o monitor de Alceu Valença num show na cidade de Viçosa, em Alagoas. O show seria no sábado, dia 11 de Outubro.

Na realidade, Rogério (que geralmente faz o monitor de Alceu) me indicou para este trabalho, pois ele estaria viajando com a Spok Frevo Orquestra nesta data.

O produtor de Alceu me ligou e combinamos que eu iria com meu carro para Viçosa e eles pagariam as despesas com o combustível. Mesmo eu não tendo nenhuma experiência em viajar de carro para cidades desconhecidas, como era o caso de Viçosa, achei que não seria tão difícil assim chegar lá. Peguei umas dicas com amigos experientes em viagens de carro, fui à internet e baixei o mapa do translado. Tudo certo. Pelo mapa, o tempo de viagem seria de 3 horas e 43 minutos. Calculei que daria para almoçar em casa e seguir viagem antes das 12:30h do sábado. Sabia que o pessoal de Alceu chegaria a Maceió por volta de 16:30h e só seguiriam para Viçosa por volta das 19h.

Consegui sair de casa por volta de 12:15h, e pelos meus cálculos eu estaria chegando em Viçosa por volta de no máximo 16:30h. Enchi meu pendrive de músicas e fui para a estrada. Senti-me num rally durante as primeiras horas, pois tinham obras de duplicação durante um bom trecho da rodovia. Cheguei a ficar parado durante uns 10 minutos num trecho em que só estava funcionando uma faixa da pista. Percebi que meus cálculos não seriam mais tão precisos.

Mesmo assim, eu estava até indo bem, certo que estava no caminho certo. Foi quando decidi parar num posto da polícia rodoviária só para confirmar. Quando o policial me falou que eu estava indo para Caruaru por aquela estrada, meu desânimo foi total! Ele falou que eu teria que voltar 40 km e pegar a rodovia da qual eu não deveria ter saído. Ou seja, rodei em vão 80 km!! Meus cálculos foram para o espaço! Ainda dei uma acelerada no meu carrinho 1.0, mas não demorei muito pra decidir que não valeria à pena. Melhor chegar atrasado do que NÃO chegar, não é mesmo? Muito educadamente, amassei o mapa e joguei-o no banco de trás. Decidi seguir as placas e perguntar qual era o caminho. Se eu dependesse de ter que ver uma placa com o nome Viçosa, eu estaria rodando até agora nas BRs da vida! Pense numa cidadezinha escondida! Ainda fiquei um certo trecho me sentindo um cego num tiroteio, meio que perdido, mas acabei depois de muito tempo rodando, vendo uma indicação do caminho de Viçosa. Ainda cheguei a parar uma vez nesta estrada pra perguntar se eu estava no caminho certo, pois já estava demorando muito e eu não via nada além do que as plantações de cana-de-açúcar. Lembrei-me das plantações de uva da França. Bigode (todo de preto) - Roadie de Alceu Valença há muitos anos e Flamengo doente. Não estava muito feliz com a derrota de 3x0 no Maracanã. Quando cheguei atrás do palco, o relógio marcava 17:30h. Foram mais de 5 horas de viagem. Fiquei surpreso ao ver que o som era de Pernambuco. Já tinha feito dois trabalhos com este som. Mas em ambos eu estava fazendo o P.A. e não tinha idéia do que eu iria pegar nos monitores. Como sei que existe uma grande possibilidade hoje em dia de se pegar uma digital M7CL no monitor, eu fiz uma sessão básica seguindo o input list que tinha recebido da produção de Alceu. Realmente, a mesa de monitor era uma M7CL, e a do P.A. também.

Falei com o proprietário do som e ele me falou que não tinha recebido os documentos relacionados ao show. Impressionante como ainda hoje não recebem estes documentos com a facilidade da internet. Eu tinha recebido. Passei uma cópia para ele e começamos a armar o palco, pois o show de Alceu seria o primeiro naquele palco e começaria às 23h.

Fiquei sabendo que só tinham um amplificador de guitarra, e neste show são dois guitarristas. Liguei para produção avisando, para ver se conseguiriam outro amplificador. Depois de algum tempo, fiquei sabendo que não conseguiram e eu teria que usar o sinal da outra guitarra direto na mesa, mandando este sinal de volta para o monitor do guitarrista. Não é muito recomendável... Mas não tinha outro jeito.

Enquanto o pessoal da equipe de som ia arrumando o palco e ligando os cabos, eu fui alinhar os monitores. Não tive grandes problemas com isso. Só o monitor da bateria e o side estavam estranhos, mas com alguns ajustes de equalização cheguei num ponto em que fiquei satisfeito. Enquanto fazia o alinhamento, o pessoal da empresa de som foi jantar. Após acabar o alinhamento, fiquei aguardando a galera do som chegar para já ir adiantando as ligações dos microfones, mas o pessoal só chegou quando o equipamento de Alceu chegou. Já se passava das 20h. Começamos a montar e ligar os instrumentos, e quase no final do trabalho, o rack de luz simplesmente pegou fogo! Problemas com a energia que vinha do gerador. Sem energia no palco, só restava esperar o problema ser solucionado para poder fazer alguma coisa. O problema só foi resolvido perto do horário de início do show. E mais uma vez, me perguntaram o que sempre me perguntam nestes casos: Quanto tempo você leva pra ajustar tudo e começar o show? (risos)

Se depender das pessoas que perguntam, era pra eu fazer isso em 5 minutos!

Falei que na agonia dava pra fazer em 30 minutos.

Combinei com Marcos (operador do P.A.) que iríamos passar juntos, mas por causa da agonia que foi na hora e da falha na comunicação entre o P.A. e monitor, acabei correndo no palco sem saber como ele estava se saindo na frente. Pedi desculpas depois do show por causa disso, e ele me pediu desculpas por ter insistido com o técnico da empresa de som para ele tentar consertar a comunicação entre a gente. Ele nem precisava ter me pedido desculpas por causa disso, pois tenho certeza que eu faria a mesma coisa se estivesse no lugar dele.

Ao tentar consertar a comunicação, o técnico selecionava o canal por onde estava vindo a voz de Marcos lá da frente. Numa mesa digital, quando se seleciona um canal, você não faz nenhum ajuste nos outros canais. E isso estava fazendo com que eu perdesse tempo. Falei com o técnico da empresa que esquecesse esta comunicação, pois a pressão era grande para começar o show.

Marcos é um profissional tarimbado. Tanto em estúdio como na estrada. Já fez vários trabalhos para artistas nacionais, como o monitor de Maria Betânia por exemplo, e trabalhou muitos anos num grande estúdio de gravação do Sudeste do país. Dava pra sentir no palco, depois de umas duas músicas, que ele tinha se achado lá na frente.

No palco, eu estava sendo ajudado por Rissashi Honda. Guitarrista, ele já trabalhou um bom tempo com áudio para peças teatrais, e está sendo treinado para fazer o monitor de Alceu. Fiz o que pude pra dar algumas dicas do que sabia sobre a mesa digital e a forma como eu trabalho. E ele resolveu um grande problema no palco, pois a antena do in-ear do sanfoneiro quebrou, e como ele tinha muita experiência com in-ears por causa do teatro, fez um arranjo que funcionou perfeitamente. Muito legal esta interação.

A agonia maior foi realmente antes do começo do show, aonde eu fazia os ajustes rápidos nos canais e os distribuía nas vias de monitor de acordo com o gosto de cada músico. Foi preciso também consertar dois canais que não chegavam na mesa.

Depois do show, perguntei a Rissashi quanto tempo levamos para iniciar o show, e ele falou que foi menos de 30 minutos. Perco completamente a noção do tempo nestas horas. Enquanto o locutor, usando o microfone sem fio principal, anunciava o começo do show, Alceu afirmou ao lado da mesa de monitor que o som do microfone estava muito agudo. Pedi pra ele começar o show e se realmente ele continuasse a achar que estava agudo, era só olhar pra mim que eu ajustaria. Eu acreditava que poderia ser muito diferente o que ele estava escutando ao meu lado e o que ele escutaria na frente dos monitores. Como ele não olhou pra mim durante o começo do show, suponho que estava tudo certo neste sentido. Durante o show, ele me pediu para baixar o volume geral da via dele, e solicitou que enviasse mais o violão dele para a via da percussão.

Pela agonia que foi o line check e sound check, achei que foi tudo nos conformes o show.

Se não tivesse acontecido o problema na energia, teríamos feito o line check e sound check tranquilamente, deixando o palco bem mais confortável, mas nem tudo é como queremos num show ao vivo. Como a banda e a produção elogiaram meu trabalho no final do show, e Alceu não me “esculhambou” enquanto conversávamos no café da manhã do hotel, acredito que me saí bem. (rsrsrsrsrsr) Da esquerda para direita: Marcos (P.A.), Cássio (bateria), Eu, Paulinho Rafael (guitarra) e Juno (guitarra).

O retorno pra casa foi muito tranqüilo. Voltei pela via costeira e quase parei em Maragogi (praia do litoral Alagoano) para comer um caranguejo. Mas como estava sozinho, não vi muita graça e segui direto para o Recife.

Um abraço a todos.

3 comentários:

Anônimo disse...

Espero que tenha gostado da cidade. O show foi decepcionante. O grande público presente acabou com o show que aconteceu sem ânimo algum.Um artista como Alceu implorando para ser aplaudido. interatividade nula. muito barulho ao entorno do palco. muito ruim. Som muito bom.

Anônimo disse...

ESTAVA NO SHOW, "MEXI" COM SOM DURANTE ALGUM TEMPO (MONITOR E P.A.), SOU LICENCIADO EM MÚSICA PELA U.F.A.L., E FIQUEI DECEPCIONADO COM O SHOW DAQUELA NOITE. ESPERO QUE TENHA GOSTADO DA CIDADE , MAS O PÚBLICO PRESENTE DERRUBOU O SHOW DE TAL MANEIRA QUE ME SENTI MAL. MUITO BARULHO AO ENTORNO DO PALCO,INTERATIVIDADE DO PÚBLICO QUASE NULA, SHOW CURTO SEM ENTUSIASMO.

Titio disse...

Oi Wagner.
Não deu tempo de ver nada na cidade de Viçosa. Cheguei, depois de algumas horas perdido, fiz o sound check, fiz o show e voltei com a banda para Maceió. No outro dia voltei à Recife.
Você achou o show decepcionante com um som muito bom... Imagine se o som estivesse muito ruim, não é? Que bom que você achou o som muito bom, pois mesmo estando no som do palco, sei que contribuo para este resultado final. Você, que já mexeu com som sabe muito bem disso. Fico chateado comigo quando o show é espetacular do ponto de vista de resposta de público, mas o som tá um caos, e todos estão reclamando no palco ou depois do show. O ideal é quando acontece as duas coisas, mas nem sempre é assim. Já vi casos, que comentei até no Blog, de um show de um grande artista nacional ser muito ruim do ponto de vista do público, pois o mesmo estava querendo ver um show de banda baiana. Colocaram o cara numa roubada.
Um abraço.