Olá
pessoal.
Aproveitei
o título da postagem anterior e colei aqui nesta nova postagem, pois tem tudo a
ver.
Os
tempos mudam sempre, né?
E
ainda bem que mudam.
Fui
convidado pelo Estúdio Carranca para participar de uma gravação externa.
Era
um DVD, ou uma gravação audiovisual, como queiram chamar.
Resumindo,
era imagem e som.
Um
projeto que juntava Henrique Albino e banda com a Banda de Pífano de Caruaru, capitaneada
por Sebastião Biano, com seus quase 100 anos!
Lembra
de uma música de Gilberto Gil chamada "Forrozear"?
Ele
falou:
(abre
aspas)
No apertar da hora
Periferia de Caruaru
Onde moravam os Beatles
Os Beatles de Caruaru
Sebastião Biano
Banda de Pífano agreste azul...
(fecha aspas)
Pois é... Este Sebastião
que Gil falou na música era o mesmo que estava nesta gravação da qual
participei.
A
gravação aconteceu num salão amplo de um prédio muito antigo no Marco Zero,
aqui em Recife.
O
salão era muito bonito, como vocês vão poder notar nas fotos.
Só
não era acusticamente legal, pois tinha um pé direito muito alto, e ao redor
deste salão principal tinha outros pequenos salões...
A
reverberação "corria" solta!
Já
deu para notar isso logo quando chegamos.
Seriam
dois dias de gravações. Não esqueça que um dos artistas estava perto dos 100
anos! Se não me falha a memória, 99 anos. E ficaria muito puxado fazer tudo num dia só.
Quatro
pessoas formavam a equipe do Carranca.
Júnior
Evangelista, Vinícius, Bruno e eu.
Fora
eu, os outros são todos do Carranca. Fui de enxerido.
E
o que me chamou a atenção neste trabalho, que virou até o título da postagem?
Todo
o material, que incluía microfonação, monitorização da banda e gravação, foi
dentro de um carro. Um Zafira da Chevrolet.
Eu
disse tudo!
|
Deu tudo aqui dentro. |
Pedestais,
microfones, cabos de microfone, cabos de instrumentos, multicabos, cabo de AC
para o gerador, mesa de som, monitores, gravadores...
Ainda
colocamos vários abafadores na mala, caso a gente precisasse usar na sala onde
iriam ficar os dois "gravadores".
Para
ser mais exato, Foi um Zafira levando todo o equipamento mais um técnico, e um
Uber levando o restante dos técnicos.
E
como deu todo equipamento dentro de um carro?
Vou
explicar a razão. Mas sem ser muito detalhista, ok? (Vou tentar)
Dois
LAPTOPs (Macbook Pro) da Apple eram os gravadores.
Nem
entraram na mala, foram nas mochilas!
Isso
mesmo. Todos os canais foram gravados nestes dois laptops, usando seus HDs internos.
Um
principal rodando o Cubase 7, e o outro como backup rodando o Tracks Live, um
software gratuito da Waves, que funciona muito bem também para fazer o
soundcheck virtual em shows.
Ele é bem simples. Feito somente para gravar e
reproduzir.
Acabei
de baixar ele aqui na internet, que roda tanto em Mac como em PC.
Quer
baixar? Segue o LINK.
Tem
que se cadastrar na Waves, ok? Mas é simples também.
Fiquei
responsável pela monitorização desta gravação nos dois laptops.
E
como estes canais entravam nos laptops?
Foram
uns 40 canais de gravação.
Todos
os canais iam para os laptops via cabo de rede!
Isso
mesmo, um cabinho igual ao que usamos para ligar a internet.
Todos
os canais iam por estes cabos usando o protocolo DANTE.
E
qual a mesa de som foi usada?
Ahhh.
A mesa nem faders tinha!
X32 Core.
Ver
foto abaixo.
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X32 Core. |
Primeiro
os cabos de todos os instrumentos e vozes entravam na I/O Interface Midas DL251.
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DL251 (Frente). |
Ela
possui 48 entradas e 16 saídas.
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DL251 (Fundo). |
Aí
começava o caminho (curto) até os dois laptops.
Da
Midas, os canais seguiam para a X32 Core via cabo de rede, só que usando o
protocolo comum aos dois equipamentos, o AES50.
Outro
cabo saía também da Midas via AES50 e entrava num conversor (Multiverter MVR-64), onde era transformado
em DANTE.
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Multiverter MVR-64 (Appsys). |
Na foto abaixo, a parte de trás do Multiverter, cabo azul entra AES50, e cabo cinza sai DANTE.
À
princípio, este sinal DANTE sairia do conversor e iria para um SWITCH.
E
deste sairiam dois sinais idênticos, onde cada cabo iria para um laptop.
Mas
apareceu um conflito no sistema, e Júnior resolveu eliminar o switch.
Como
a X32 estava com uma placa de expansão DANTE, um sinal então saiu dela para um laptop
e o outro sinal DANTE saiu do conversor para o segundo laptop.
Foi
assim que o áudio de todos os canais chegaram nos dois computadores.
E
como os ganhos destes canais eram controlados, já que eu disse que a mesa não
tinha nem faders?
Logo
acima eu falei que os sinais iam da Midas para a X32, correto?
Pois
bem... A X32 Core é para ser controlada por um iPad. Não possui faders, entradas
de canais, nada!
Para
entrar com os instrumentos nela, tem que usar um stage box como este da Midas
ou outro qualquer, que tenha conexão AES50.
Comprando a placa de expansão DANTE para a X32, pode-se usar também este protocolo para a conexão.
Aí
controlamos tudo pelo iPad.
E isso inclui os ganhos!
Existe
uma saída atrás dela chamada ETHERNET. Por esta conexão, fizemos a ligação com
um roteador wireless e abrimos o aplicativo da mesa no iPad.
Vinícius
usava um iPad para controlar os ganhos dos canais, e operava também os
monitores das duas bandas, onde quase todos os músicos usaram fones, e só tinha
uma via com monitores de chão.
Não
tinha público no local. Não existiu som de PA.
Como os sinais caminhavam para os laptops
digitalmente, o ganho que Vinícius estava vendo no iPad era o mesmo nível que
eu via nos laptops. Foi simples ajustar os ganhos.
E nada do que Vini fizesse em termos de equalização, compressão, etc, ia para a gravação. Só o ganho. O sinal ia cru, do jeito que estava sendo captado.
Pela
conexão DANTE, também enviamos separadamente as saídas L/R dos dois laptops
para quatro auxiliares da X32.
Eu tinha outro iPad conectado com a X32 Core.
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Meu setup de gravação. |
Eu
via a mesma coisa que Vinícius.
Quando
eu queria ouvir o que estava sendo gravado no laptop 1, eu dava solo nos
auxiliares 1 e 2 da X32.
E
solava os auxiliares 3 e 4 para ouvir o L/R do laptop 2, o de backup.
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Monitorando o laptop 1 (Solo nos auxiliares 1 e 2) |
Usei
fones para monitorar o que estava sendo gravado.
Parava
a gravação nos dois laptops toda vez que a diretora gritava CORTA!
Foram vários
takes.
E
não tive nenhum problema de clicks, pops ou travadas nos dois computadores.
Tudo
limpinho... Mas com reverberação, logicamente.
Júnior
Evangelista coordenou o trabalho, principalmente as conexões AES50 / DANTE.
E
Bruno ficou mais na parte de microfonação e cabeamento.
Na foto acima, está o rack com todo o sistema usado na gravação.
O stage box da Midas, com as entradas dos instrumentos (cabos coloridos), saídas para os monitores (cabos brancos), amplificadores de fones, o conversor, a mesa X32 Core.
Ao lado do rack, ficavam os dois laptops, como mostra a foto abaixo.
Não
vou entrar em mais detalhes, pois estou começando neste lance de conexões
DANTE, AES50, MADI, etc.
Vou
tomar mais umas aulas no Estúdio Carranca ou lá na Bizasom.
Nem
vou dizer que isso vai ser o futuro, pois ele já faz parte do presente.
A
facilidade de conectar vários dispositivos de áudio profissional usando um cabo
de rede é muito prático e funcional.
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Laptop 1 (Cubase 7). |
|
Muitos
equipamentos para show ao vivo já estão vindo com estas conexões. Mesas,
amplificadores, microfones sem fio, etc.
E
os estúdios de gravação vão seguir por este mesmo caminho, como foi o caso
deste trabalho aqui.
Por
causa desta praticidade, deu tudo dentro de um carro!
É
assustador, né? Assustador para o bem!
Lembram
quando a internet era discada? (Muitos nem sabem disso)
E
era mais lenta do que o ataque de muitos times de futebol daqui do Brasil?
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Laptop 2 (Tracks Live). |
Pois
é...
No
caso da internet e do cabo de rede Cat5, tudo mudou!
Já
no ataque dos nossos times... Humm... Já não posso falar a mesma coisa!
Um
abraço a todos.
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