quinta-feira, 5 de julho de 2018

Shows de Lula Queiroga no Sudeste - Eu estava com saudade da estrada.

Teatro Ipanema (Participação de Lenine).

Olá pessoal.
Vou falar hoje aqui dos cinco shows de Lula Queiroga no sudeste do país, que aconteceram entre 9 e 13 de maio.
Já tendo uma ideia do som dele por causa dos shows no carnaval, seguimos para o Sudeste, onde seria um show no Rio de Janeiro, outro em Belo Horizonte e três no SESC Santana em São Paulo.
Um atrás do outro, sem pausa para respirar.
Tudo foi combinado antecipadamente com os responsáveis pelos locais dos shows.
Não tive nenhuma surpresa. Tudo o que foi combinado, foi feito.
O primeiro show foi no tradicional Teatro Ipanema, no Rio de Janeiro.
Pelo que soube, o teatro foi reformado, e a quantidade de lugares foi reduzida.
Reduzido também era o equipamento de som.
Pela tradição, merecia um equipamento melhor.
Só tinha uma mesa para fazer PA e monitor.
A Qu-32 da Allen & Heath.
Qu-32.

Legal a mesa, não tive problemas na operação, principalmente porque o técnico do teatro me deu uma boa assistência, e conhecia bem a mesa.
Esta mesa tem 10 saídas de Mix, 8 saídas de Grupos, 4 saídas de Matrix e 2 saídas Main, mas para o palco só existia um multicabo com 6 vias para os monitores!!!
Muito pouco, né?
Ahhh. Estas 10 saídas de Mix, são 4 mono e 3 estéreo, onde não se pode separar estas vias estéreo.
Ver foto abaixo.
Clique na imagem para ampliar.

Como não tinha mesa de monitor, tive que levar um cabo Y, para dividir o sinal da voz de Lula, que deveria entrar em processadores de efeitos no palco.
E mesmo não tendo esta mesa de monitor, decidimos contratar um outro técnico para operar o monitor com um iPad no palco.
Meu Amigo Mário Jorge, que faz o PA de Elba Ramalho, foi convidado para este serviço.
Luxuosa participação.
Eu tinha dado uma olhada no manual da Qu-32 pela internet e falava que ela suportava até dois iPads ao mesmo tempo. Testamos isso lá, com os dois iPads.
Muito simples a conexão.
Tivemos que alugar algumas coisas, como cabos de microfone, cabos de instrumento, DIs e extensões de AC, pois era tudo bem no limite no teatro, e é melhor sobrar do que faltar.

Neste pacote de locação, coloquei também um Beta 52 da Shure para garantir o som do bumbo da bateria, e um in-ear para o cantor.
Acabamos não usando o in-ear porque teria convidados neste show, e não poderíamos tirar os dois monitores da frente.
Lenine foi uma das participações.
Rafael, filho mais velho de Lula Queiroga, participou também.
O sistema de PA era formado por apenas duas caixas Attack por lado, e não recordo quantas caixas e qual o modelo do subgrave.
Mesmo o espaço sendo para menos de 200 pessoas, acho que merecia um equipamento maior e melhor, principalmente por causa dos shows ao vivo com bandas que acontecem no local.
Para peças de teatro tá de bom tamanho.
O simplório sistema de baixo, formado por uma caixa com apenas um falante, não aguentou o trabalho durante o show, mesmo depois de um tratamento que o nosso roadie deu no soundcheck.
O baterista e o tecladista usaram fones, e fora as duas caixas de monitor para Lula e convidados, tinha um monitor para o guitarrista, outro para o baixista e mais uma caixa de monitor para outro filho de Lula, que processa a voz do cantor num Kaos Pad e reverb.
Não tinha side.
Mesmo com a limitação dos equipamentos, o show foi muito bom, e ninguém no público deve ter notado tudo isso que eu falei aqui, que é o que interessa, não é mesmo?
Esta é a magia do trabalho.
Ahhh! Lembrei de uma...
Cinco minutos antes do show começar, o técnico de som que estava me atendendo veio se despedir de mim.
--- Estou indo. 
Falou meu colega de trabalho.
--- E é? Oxe. E eu falo com quem se aparecer algum problema no som?
--- Ah, é só falar com o iluminador.
Respondeu ele apontando para o colega que estava na mesa de luz.
Estranho, né?
Mas não é a primeira vez que me assusto em trabalhos no Rio de Janeiro. E acho que não vai ser a última.
Por causa da correria, não tirei nenhuma foto deste show. As que coloquei aqui, peguei emprestado de alguém.
A grande maioria da nossa equipe ainda foi comemorar depois do show em algum bar, mas resolvi voltar para o hotel, pois no outro dia cedinho já partiríamos para BH.
Este segundo show foi num mercado.
Mercado Distrital do Cruzeiro.
Mercado Distrital do Cruzeiro.

Isso mesmo. De dia é um mercado normal, com várias lojinhas, vendendo várias iguarias, e funciona também um restaurante com comida regional.
À noite, as mesas deste restaurante dão lugar a mesinhas de bar e um salão para o publico.

Espaço já pronto para o show.
Aqui já tínhamos duas mesas de som, e meu amigo Kiko Klaus, que conheci aqui em Recife décadas atrás como cantor, e que já mora faz um bom tempo em Belo Horizonte, ficou responsável pelos monitores do show.

Como no teatro no Rio de Janeiro, aqui também achei que poderia ser um pouco melhor o sistema, mas já era bem melhor do que o do Ipanema.
Trabalhei com o subgrave no limite, durante todo show.
E o timbre do PA, que nem recordo qual era a marca e modelo, não era muito legal, mas Kiko já tinha me alertado sobre isso, e tive que mexer no EQ gráfico para diminuir um excesso de médias frequências.
Mesmo a mesa de PA ficando na frente de um dos lados do line, foi tranquilo o trabalho.
Ainda usei o iPad para andar pelo salão.
A proposta inicial da produção do Distrital era apenas uma mesa, mas conseguimos reverter isso, e ficou uma LS9 para o monitor e outra para o PA.
Conseguimos um sistema de in-ear para Lula Queiroga e outro para Pedro Luís, artista que participaria como convidado.
O primeiro in-ear funcionou perfeitamente, mas o segundo deu "tilt", e Kiko não conseguiu destravá-lo para fazer umas mudanças.
Acho que tinha que colocar uma senha, e como o equipamento não fazia parte dos equipamentos da empresa de som do local, não teve jeito.
Pedro teve que usar os monitores de chão mesmo.
O show, mais uma vez, foi muito legal!
E Pedro Luís arrebentou na sua participação.
Deu um "plus" ao show.
Ele iria participar também em um dos 3 shows no SESC Santana, em São Paulo.
Seguimos para a última cidade da turnê.
E não teria final melhor!
Falar sobre o atendimento e equipamento de SESC que fica em São Paulo, é ser repetitivo.
Como já fui em vários textos aqui no Blog.
Teatro do SESC Santana (São Paulo).
E mais uma vez, tudo lá foi como eu já sabia que seria!
Neste SESC Santana eu nunca tinha ido. Fui em vários. E sempre foi igual.
Atendimento perfeito, ótimos equipamentos, e sempre bem cuidados.
E o fornecedor de uvas deve ser o mesmo para todas as unidades da cidade de São Paulo.
Como adoro uvas, logicamente provei em todas as vezes que fui a um SESC das bandas de lá.
Mel.
Cabine do Teatro (PM5D da Yamaha).
Uma PM5D no PA, uma M7CL no monitor.
Line D&B, monitores EAW. Tudo original, logicamente.
Quem me atendeu no som foi Jocélio.
Que sempre estava lá quando eu chegava, e sempre estava lá quando eu ia embora.
Foram 3 dias de "glamour".
Até trabalhar sentado, eu trabalhei, coisa incomum nos meus trabalhos. Tudo bem, não fiquei todo tempo sentado nos três shows, mas foi um bom tempo, viu?
Como foi nos shows anteriores no Rio e BH, aqui neste também tudo estava do jeito que foi combinado antecipadamente.

Fiz uma cena inicial em casa, passei para a mesa e seguimos tranquilamente com o soundchek.
Tinha dois sistemas de in-ear disponíveis.
Um para Lula e outro para os convidados, que seria um por dia.
Pedro Luís, Marcelo Jeneci e Roberta Sá.
Nem lembro da ordem que eles participaram, mas não esqueço que eles arrebentaram!
Nunca tive a oportunidade de operar o som para eles antes destas participações no show de Lula.
Pedro eu já tomei o susto no contato em BH, e já sabia o que iria ouvir em São Paulo.
Por isso só levei dois sustos no SESC.
No total, três sustos gratificantes.
O hotel ficava a 50 metros do SESC.
Melhor que isso, impossível, né?
Só se o show fosse no hotel.
Participação de Pedro Luís.
Passamos o som tranquilamente no primeiro dia com o primeiro convidado, e nos outros dias era só encaixar os novos convidados no som da banda que já estava pronto.
Para terem uma ideia, só salvei UMA cena máster.
A do primeiro dia.
Durante o show, eu fazia a "pilotagem" dos faders como é comum nos shows, mas eu não salvava no final. Pois não mexia nos outros ajustes.
Nos outros dias, abria esta cena e encaixava a voz (e instrumento) do novo convidado no soundcheck, e dava "save" na mesa só para deixar gravado os ajustes nos canais do convidado.
O resto estava pronto.
Participação de Marcelo Jeneci.

No meu cartão PCMCIA, só tinha a cena do primeiro dia.
Para quem quiser saber, o sub e o front estavam pelo AUX (auxiliar).
No front, só coloquei as vozes de Lula e dos convidados.
Perfeito. 


Merecia uma comemoração com um vinho tinto Chileno, com uma tábua de frios, mas só consegui umas "caipifrutas" de kiwi (quiuí) num barzinho na mesma rua do SESC, acompanhado por um sanduíche de picanha no pão tipo francês.
O sanduíche estava ótimo!!
Mas só tomei duas caipiroscas de kiwi e ainda tive dor de cabeça no outro dia.
Sabe deus, qual vodka usaram na mistura!
Dever ter sido álcool de posto de gasolina.

Nossos equipamentos ficaram armados durante dois dias.
No último é que teve que ser parcialmente desmontado, pois teria uma peça infantil logo cedo no domingo.
Mas isso não mudou em nada o resultado final. Tudo como no primeiro dia.
Muito bom fazer vários shows seguidos no mesmo local, com o mesmo equipamento.
Na primeira turnê internacional que eu fiz com Silvério Pessoa em 2005, cheguei a fazer 5 dias seguidos em Berlim com uma mesa analógica.
Sensacional.
Lembrei deste dia aqui nestes shows no SESC.

Estava com saudade desta correria.
Estava com saudade da estrada.
Pode ser em Berlim, no Rio, em Garanhuns, Caruaru ou em São Paulo. 
O prazer é o mesmo.
A diferença é que tomo muito mais vinho tinto do outro lado do oceano!
Um abraço a todos.

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