segunda-feira, 9 de julho de 2018

Alceu Valença na Casa de Cumpade - Salvo pelo iPad e por um pedaço de fita crepe!

 
Olá pessoal.
Vou pular um trabalho que fiz antes deste show aqui em Campina Grande.
Teve um show de Lula Queiroga em Caruaru antes, mas não achei assunto para escrever aqui.
Deu tudo certo lá, e não teve nenhuma curiosidade para comentar.
A única coisa que falei no dia foi que o line array estava muito alto. Suspenderam muito as caixas, aumentando o buraco sem som para quem estava muito próximo ao palco.
Com um front fill modesto, formado por duas caixinhas amplificadas tipo EON, acho que ficou faltando som para quem estava próximo ao palco.
O show foi muito bom. E é o que interessa.
Quando dá tudo certo no show, eu também escrevo para o Blog, mas tenho que ter algo para contar que possa ajudar alguém, ou que tenha acontecido algum fato curioso. Ok?
Vamos para o próximo show...
Mesas de PA, monitor e iluminação ao lado do palco.

Este aqui de Alceu Valença, aconteceu no dia 30 de junho, num local chamado Casa de Cumpade, que fica no Distrito de Galante, Sítio Massapê, em Campina Grande - PB.
E tem muito assunto pra contar.
Foi o único trabalho que fiz para Alceu nesta turnê dele de São João.
Fui para substituir Aurélio, que já tinha marcado outro compromisso bem antes do São João.
Rogério, que iria fazer o PA deste show, já entrou em contato comigo para falar que não teríamos tempo para passar o som.
Tinha um show de Alceu no dia anterior em Caruaru, e lá na Casa de Cumpade o evento começava cedo.
Só poderíamos dar uma geral no som entre 8 e 10h da manhã.
Sem a banda, logicamente.
Ele me falou quais seriam as duas mesas, e decidimos que a X32 da Behringer ficaria para o monitor e a M32 da Midas ficaria para ele fazer o PA.
Fiz logo uma cena inicial no editor offline da mesa aqui em casa no laptop e passei-a para o pendrive.
Já não perderia tempo para nomear canais, ativar equalizadores, insertar EQ gráfico nas vias de monitor, etc.
Montando a cena inicial do show em casa.
Passei a cena para meus dois pendrives e esperei pelo dia.
Já coloquei meu roteador e iPad na mochila porque sabia que iria precisar.
Avisei Rogério que seria bom ele levar o iPad e roteador dele também, pois achava que muito provavelmente as duas mesas estariam ao lado do palco.
E foi isso que aconteceu mesmo.
Eu tinha que ir para Caruaru, me encontrar com todos, pois como falei, tinha um show de Alceu em Caruaru um dia antes deste show em Campina Grande.
Fui dois dias antes com meu carro, porque combinaram uma festinha no Triplex de André Julião e Fabiana que moram em Caruaru, com todos da equipe de Alceu Valença, inclusive o cantor e sua esposa Yanê.
Era day off (dia de folga) para todos.
E é na casa de André e Fabiana que sempre fico quando vou à cidade de Vitalino.
Nem vou falar da festa. Só digo que até tanajura eu experimentei.
Agora já posso dizer que não curto comer as formiguinhas.
Dá pra comer, achava que nem conseguiria mastigar e engolir, como aconteceu com alguns lá, mas prefiro um camarão ao alho e óleo! Tranquilamente.
Garrafas de vinho?
Não quis contar. 
Pra que, né? Ia ficar com um peso na consciência.
No outro dia ainda acompanhei a equipe no soundcheck à tarde e fui para o show no Pátio de Eventos, mas desta vez vi o show da frente, coisa que nunca acontece, pois sempre faço o monitor.
Achei que seria bem diferente do que estou acostumado no palco, mas não tem esta diferença toda não, principalmente porque no palco não usamos fones em ninguém, é tudo caixa de monitor, então temos uma massa sonora razoável no palco.
Quem já viu um show no palco, onde todos usam fones, sem nenhuma caixa de monitor, sabe que é bem estranho a coisa.
Ficou marcado a equipe sair do hotel às 6h da manhã para chegar no local do show em Campina Grande em torno das 8h. 
Por isso dormi no hotel com o resto da equipe depois do show.
Nunca mais falei nada da minha vida pessoal aqui, não é?
Assunto até tem de sobra, mas muitas vezes não acho brecha para falar.
Hoje vou continuar sem falar. (Acho)
Chegamos no local um pouco depois das 8h30 da manhã.
Já não gostei. Menos tempo para eu ver minhas coisas no palco.
Enquanto Rogério foi vendo com Pingo (responsável pelo som) onde seriam armados nossos equipamentos, já fui adiantar minhas coisas na mesa de som.
Perguntei se precisaria salvar a mesa antes de passar minha cena, e como a resposta foi não, "espetei" meu pendrive e passei a cena para a mesa.
Tudo normal.



Liguei meu roteador na mesa e conectei meu iPad.
Para isso, tive que modificar o endereço da mesa, pois agora toda mesa que eu for conectar ao meu iPad tem que ter o endereço 192.168.1.xxx.
Meu sistema roteador/iPad está configurado agora para se conectar usando DHCP com este endereço base, onde os três xis no endereço da mesa equivalem a um número entre 1 e 128.
Coloco qualquer número lá no final, por exemplo: 66.
É só ligar meu iPad, conectar com a minha rede Titio Show 2 em DHCP, que cada um escolhe um endereço diferente no final para não haver conflito.
Tudo funcionando, fui ligar o microfone sem fio que levamos para Alceu, e fui ligando as vias com Pingo e mais dois da equipe dele que não me recordo dos nomes, me desculpem.
Todos eles foram muito atenciosos e dava para notar que queriam fazer todo o possível para que tudo saísse bem.
Quando fui fazer uns ajustes na mesa, notei que alguns faders estavam com defeito, subindo sozinho.
Um perigo!
O colega da empresa de som me falou que realmente tinha uns dois faders com este problema.
Só agora ele fala isso? Pensei eu. Fiquei triste.
Ele falou que se estivesse "lincado" os faders, o defeito aparecia mais, então separei dois canais que fazia o L/R de um dos teclados. Aproveitei e separei o outro par do segundo teclado, para não correr riscos tambbém. Fui para o palco checar o monitores.
Tomei um susto grande quando fui ouvir as duas caixas de monitor de Alceu.
Racharam com o minha voz falando "oi, ssssom, á, é, sisisi, ó, ã...".
Tenho esta mania, de imitar sons para ver se tem muito grave, médio-grave, agudo, etc nas caixas.
E já na primeira via de monitor rachou?
Na do cantor? Comecei bem, né?
Solução? Tentar amenizar na equalização para diminuir e frequência que está causando esta "rachada"?
Prefiro trocar logo.
Foi o que eu fiz.

E torci muito, pois fora estas duas que estavam na via de Alceu, só tinha mais duas caixas disponíveis do mesmo modelo.
E graças ao meu anjo da guarda (não acredito em anjos), as outras duas caixas soaram infinitamente melhor! E sem rachar!
Ufa. Via 1 resolvida.
Coloquei a "menos ruim" para a Paulo Rafael (guitarra), onde normalmente tenho que colocar bumbo e baixo, e a pior para meu Grande Amigo do Coração, o baixista Nando Barreto!!! (risos)
Ele é muito relax nesta questão de monitor. 
Normalmente coloco o pior monitor para ele, quando não tem monitores reservas, né?
Logicamente, avisei aos dois músicos da situação antes de começar o show. 
Na agonia, mas avisei.
Continuei dando a geral nos monitores e no side.
Ajustei como eu queria (ou perto do que eu queria).
Vai rolar. Pensei.
Deixa eu ver como vai soar a bateria.
Enquanto Sapula (roadie) ia passando a bateria para Rogério, que ia adiantando o som da mesma no PA, eu ia dando uma geral no palco com o iPad.
Quando coloquei o bumbo no side, vi que iria rolar mesmo. (risos)
Com o bumbo soando bem, dá para fazer com que tudo que vá para o side soe bem.
Tenho esta mania. Ou seria superstição?
Pra mim funciona (ou acho que funciona).
Ainda fui na bateria e coloquei as peças no monitor, como sei que Cássio gosta de ouvir.
Já enderecei para ele o baixo, a sanfona, mesmo sem ter os instrumento no palco, e um pouco da voz de Alceu.
No monitor da guitarra já coloquei o bumbo e um pouco do baixo.
Para Alceu só a voz dele mesmo. O palco era muito pequeno.
Para o sanfoneiro André, fiz uma mixagem "de olho" em casa, colocando a sanfona dele em primeiro plano e o resto mais abaixo.
Para Nando, coloquei a voz dele, e um pouco do teclado, que é o que ele normalmente pede em palcos pequenos.
Para Tovinho, o tecladista, coloquei a voz dele já num bom nível, e enderecei os teclados no olho. 
Fora a bateria, não tinha regulado o ganho de nenhum instrumento, por isso coloquei pouco para todo mundo.
Iria ajustar tudo com a banda.
Acabou nosso tempo!

Já tinha gente na casa quando paramos. Não dava para estender mais.
Só nos restava aguardar pela banda.
Já que vamos aguardar aqui... Vamos falar de amenidades.
Amanhã tem um jogão pela Copa, né?
França e Bélgica.
Não tenho a menor ideia quem vai ganhar.
Acertei vários outros palpites.
Falei que a Argentina e Portugal iriam sair.
E logo no começo do torneio, achei que o nosso time não chegaria na semifinal.
Apostei uma garrafa de Casillero Del Diablo com um Amigo.
Mas não torci contra não, viu?
Não ficaria chateado se eu perdesse a aposta. Só mais liso.
Mas continuei achando que ganharia a aposta.
Só no jogo com o México, onde o nosso time deu uma melhorada, achei que a possibilidade de eu perder aumentou, pois fiquei em dúvida se a gente iria perder da Bélgica.
Ainda achava difícil ir para a final, mas a aposta foi que não chegaríamos na semi, né?
E passando dos Belgas, era seminal. Eu perderia.
Mas ganhei, e o pessoal não ficou tão triste, como foi nos 7x1.
Gato escaldado, né?
Já sou faz tempo!!!!!!!!!!
Torço, mesmo sabendo que vou perder uma aposta.
Mas se torcida ganhasse algo, os times da Índia e da China não perderiam nada, não é verdade?
A organização, com a determinação e a vontade de ganhar vale mais do que qualquer torcida.
Eu acho.
Por isso apostei.

Estava apostando que daria tudo certo com este show, mesmo não passando o som com a banda.
Não tínhamos sinal de celular e nem de internet no local.
E perto da nossa hora, a banda de abertura parou o show, e fui checar tudo no palco.
André Julião, o sanfoneiro, já tinha chegado, pois veio com seu carro de Caruaru.
Alceu também estava no local. Mas...
Por incrível que pareça, a banda ainda não tinha chegado!
Nunca tinha visto isso, até este dia.
Eles vinham num ônibus de Caruaru.
Estranho...
Mas não tinha tempo para achar nada estranho.
Aproveitei que André estava no local, e passei o som da sanfona dele para seu fone.
Fui checar o restante das vias.
Aí quando cheguei na bateria e bati no bumbo, me lembrei do jogo do México, e notei que poderia perder também a aposta que tinha feito comigo mesmo sobre este show.
O som do bumbo realimentou muito no palco! Sobra absurda!
Como pode? Não estava assim quando parei os ajustes no palco horas atrás.
Rogério estava no palco e falou que o bumbo estava absurdamente alto no side.
Olhei para o iPad, e vi pequenas linhas (traços) se mexendo pra cima como se fossem formigas.
Na parte de cima do Stage Mix, aplicativo que controla as mesas da Yamaha via iPad, ficam vários tracinhos que correspondem a todos os faders da mesa.
--- Tem vários faders se mexendo sozinho, Rogério!
Gritei e corri para a mesa.
Achei que poderia ser o fader do bumbo que aumentou sozinho o volume dele no side, mas quando dei uma olhada na mesa, vi que vários faders estavam se movendo. O susto foi grande!
Até os faders centrais, que controlam, entre outras coisas, o volume geral de todas as vias, não estavam ficando parados!
Lascou! 


Vou perder a aposta aqui neste dia, caso não pense em algo.
Pois do jeito que estava a mesa, não tinha como eu fazer um show.
O iPad seria a solução!
Como?
Estes defeitos dos faders são mecânicos.
O problema é no motor que controla este(s) fader(s), não é no software.
Então...
Se eu, na mesa, colocar uma página de faders, onde os faders desta página não correspondam a nada que possa mudar minha mixagem se eles subirem ou baixarem, posso usar normalmente o iPad para fazer todos os ajustes possíveis durante o show. Não toco mais na mesa. Só uso o iPad.
Não recordo agora se a página que escolhi na mesa não tinha nenhum fader que pudesse me atrapalhar, ou se ainda ficaram os dois faders responsáveis pela volta do único efeito que uso com Alceu.
Foi uma das duas coisas.
Se ficaram ainda os dois faders da volta do efeito, eu sabia que estes faders não estavam com problemas.
Mas ainda restava os faders centrais.
Resolvi fácil.
Deixei os faders em VCA e tirei meus canais de todos os VCAs.
Se estes faders subissem durante o show, em nada me afetariam.
Tudo resolvido? Não.
Esqueci do fader do L/R. 
Ou seja... O máster do side!!!!!
E ele estava subindo também.
Dancei. Não consigo esconder este fader!!!! Ele só tem esta função.
Pelo menos é o que sei, pelo pouco conhecimento que tenho da mesa.
Quando eu estava já ficando triste, Rogério veio com a solução ultra tecnológica!
Prende o fader com uma fita crepe!!!!!!
Ahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahaha.
E vocês acham que encontrei outra solução? Nem tempo eu tinha para procurar.
Como ele só subia, rasquei um pedaço da minha fita crepe e colei ela exatamente onde fica o zero.
Subi o fader até a posição zero e fui organizar o resto das coisas.
O danado do fader não me deu mais trabalho, acreditam?
Não saiu do zero! (risos)
Quando a banda chegou, o público já estava um pouco (muito?) impaciente.
Todos estavam nos seus respectivos lugares, e quando eu estava indo para junto do tecladista ajustar seus monitores, o locutor anunciou:
--- E com vocês, Alceu Valençaaaaaaaaaaaaaaaaaaa!
O tecladista ainda estava ligando o laptop, pois tudo está dentro dele.
Ele só usa os dois teclados como controladores.
Não teve jeito. O show começou sem teclados.
E ainda bem que nunca começa com a música Como Dois Animais!!!!
Ia ser uma catástrofe! Escutem a música para entender o que falo.
Fui ajustando tudo durante a primeira música. A voz dele já estava lá, mas faltavam os teclados, onde tive que ajustar os ganhos e depois ajustar o volume deles nos monitores.
Na segunda música, Alceu fazia sinal para aumentar a voz dele nos monitores.
Aumentei.
Alguns segundos, pediu mais. 
Aumentei de novo.
--- Mais um pouco.
Pediu ele novamente.
Tem coisa errada. Corri para seus monitores.
Um estava parado!


Tinha um monte de gente em cima dos monitores, o palco era baixinho.
E os monitores ficavam num "puxadinho" que fizeram para ganhar mais espaço no palco.
Vejam na foto abaixo, o público debruçado sobres os monitores, que ficavam abaixo da linha do palco.
Mexi no cabo do monitor parado e ele ressuscitou!

Público em cima dos monitores.

Voltei para minha posição no palco ao lado do tecladista, e baixei no iPad a voz de Alceu na sua via, deixando-a como estava no começo.
Fui ajustando as coisas para o resto da banda, mas foram poucos pedidos, por incrível que pareça.
O sanfoneiro só pediu para aumentar sua sanfona, e colocar um pouco dos vocais. Só.
Parecia um show "normal" depois da terceira música, que foi quando Alceu colocou a mão para trás, fazendo o sinal de positivo para mim.
Mas fiquei quase todo o show no fundo do pequeno palco, ao lado do tecladista.
Paulinho (Rafael) me olhou no meu do show, e falou:
--- Não toque em mais nada!
Ehehehehehe.
Aí eu relaxei total.
A mesa de monitor, e a de PA, ficaram no chão, mais ou menos um metro abaixo do nível do palco.
Ninguém iria me ver lá embaixo, principalmente o compositor de Tropicana (e de tantas outras, né?).
O show era para acabar às 17h.
Mas já estava bem escuro quando o show acabou, com Alceu cantando as últimas frases de Tropicana.
O público do final do show, nem de longe se parecia com o público de minutos antes do show começar. Eram outros semblantes!!!!
Tudo bem que no texto anterior eu falei que estava com saudade da "correria".
Mas não precisava vir assim, com velocidade de Fórmula 1, né?
Ainda jantamos no local, onde comi um excelente "arroz de festa".
Ele é feito com caldo de carne. 
Show!!!!!!
Arroz de festa com carne assada. Muito bom!!!
Só não foi bom a volta, onde tive que ir dirigindo o carro do sanfoneiro para Caruaru, pois o casal tomou umas cervejas na Casa de Cumpade.
Duas horas na estrada.
Mas quando chegamos, nem tomei banho.
Fui na geladeira, peguei uma garrafa de vinho Chileno TT, e fui para a laje do Triplex deles, que virou um bar.
Enquanto eles foram tomar banho, eu degustava meu vinho, ainda pensando no poder de um pedaço minúsculo de fita crepe!!!
Ideia nada tecnológica, mas muito funcional!
Pode ter até outra solução, que eu vou pesquisar, mas na hora, o iPad junto com um pedaço de fita crepe me salvaram.
E quem quiser deixar uma solução mais tecnológica para este problema aqui, é só deixar nos comentários.
Se quiserem copiar a ideia de Rogério, pode também, viu?
Um abraço a todos.

2 comentários:

Unknown disse...

A GRANDE fita crepe!
Parabéns meu amigo, me divirto muito lendo suas experiências.
Abraço e bons sons!

Titio disse...

Oi Eduardo.
Pois é...
Viu como um pedacinho de fita crepe pode te salvar?
Sempre tento falar dos meus casos puxando para o lado divertido, para não deixar o texto muito duro e chato.
Mas na maioria das vezes, na hora que aconteceu, não foi nada engraçado, viu?
Obrigado por sempre participar do Blog.
Um abraço.