quarta-feira, 23 de março de 2022

Estesia na Galeria Joana D'arc - O público era dentro do palco. Ou era o contrário?

Estesia em ação. (Foto by Ananda Pedrosa)
Fiz esse trabalho no dia 10 de dezembro de 2021.
Não sei por que não falei dele aqui no Blog...
Pode ter sido eu guardando assunto, caso o projeto do Blog fosse contemplado pela LAB.
Tenho ainda algumas fotos do soundcheck desse show no celular, o que corrobora para meu pensamento acima.
Não poderia deixar de falar sobre esse trabalho, pois acho que foi a primeira vez que operei o som de um show nesse formato.
Já fiz até outro trabalho com o pessoal recentemente, no Teatro Luiz Mendonça, mas vou falar primeiro desse aqui na galeria. 
Fui até falar com a produtora Tainá, pra saber como devo chamar. É uma banda, ou é um grupo? Falo "Da" Estesia, ou "Do" Estesia.
Na dúvida, coloquei só Estesia no título da postagem! (risos)
Tainá me confirmou que é um grupo!
Então... Daqui pra frente, vou falar "O Estesia".
Vamos ao show.

Soundcheck com Miguel e Tomás.

Fui convidado por Vinícius Aquino para fazer esse trabalho. Ele é o técnico do grupo, e não ia poder fazer esse show. Fui como SUB de Vini.
Eu não conhecia o trabalho do Estesia.
Cheguei cedo na montagem dos equipamentos na Galeria Joana D'arc, que fica aqui em Recife, e deu para Vini chegar por lá cedo, para me passar como era o show.
Esse show aconteceu numa área externa, onde armaram um toldo enorme. Pelo que pude notar, este toldo já faz parte da galeria, para acontecer os shows ali.
Já tinha acontecido um show lá anteriormente do Estesia, mas nesse haveriam mudanças.
No primeiro show, o toldo ficou encostado numa parede, onde delimitava o final do palco, e Vini utilizou 4 caixas amplificadas iQ12 da Turbosound, mais uma caixa iQ15B de subgraves, também da Turbosound.
Faltou som, segundo ele me falou.
Por isso, nesse segundo show, Vini solicitou 6 caixas + 2 Subs.
Todo equipamento de som, tanto do primeiro show como nesse aqui, foi fornecido pelo Carranca Live, mais uma área de atuação do Estúdio Carranca.
A outra mudança, foi que o toldo não ficaria encostado na parede.
Colocaram ele no meio da área.
O Estesia ficaria no centro desse toldo, e tudo ao redor seriam as mesas e cadeiras com o público.
E eu lá sem entender direito ainda qual era o conceito...
Mas depois de alguns minutos conversando com Vini, entendi.
O público iria escutar a mesma coisa que a banda estaria escutando. Basicamente era isso.
Abaixo, um vídeo do início da montagem dos equipamentos, no centro da área do toldo.



Ahhhhh...
Enquanto o grupo ia armando seus equipamentos eu conversava com Vini para decidir onde iriam ficar as caixas de som!
O Estesia usa teclados e computadores nos shows. Não tem bateria, não tem baixista, não tem percussão, não tem guitarrista.
Miguel fica nos teclados e sintetizadores, Tomás fica com as batidas eletrônicas, também usa uma guitarra em algumas músicas e processa sua própria voz para fazer alguns vocais, Carlos Filho é a voz principal, e Cleison é o responsável pela iluminação (cênica) e faz também algumas performances com lasers.
Coloquei "cênica" entre parênteses porque o show tem muito a ver com teatro, inclusive Cleison opera a luz em cena, não fica fora do palco, como normalmente acontece com os iluminadores de shows.
Ele faz parte do grupo, não é um iluminador contratado.
Ahh... A voz de Carlos é enviada para Miguel, onde ele coloca efeitos no computador, e esses efeitos são controlados por Carlos, usando um dispositivo no braço, que muda alguns parâmetros e a intensidade desses efeitos de acordo com a posição do seu braço.
Carlos controlando os efeitos com a posição do braço direito. (Foto by Ananda Pedrosa)

Este dispositivo envia os sinais de controle via wireless para um roteador que está ligado com cabo no computador de Miguel.
Esse efeitos saem pelos canais do laptop de Miguel, e nem me preocupo com eles, pois sempre chegam na medida certa. Parece que sou eu que estou dosando com a voz. (risos)
Muito legal!!!!
Para mais detalhes desse sistema, quem tem MIDI, OSC, WiFi e Ableton Live no meio, é só ir na página de Miguel no Instagram e perguntar direto para ele (@miguelsbm). 
No vídeo abaixo, um pouco do que foi o soundcheck.

Estávamos aonde mesmo...?
Ah, conversando com Vini pra decidir onde colocar as caixas.
Duas foi fácil decidir, e colocamos perto da parede onde o toldo ficou encostado no show anterior. Entre essa parede e o toldo, já tinha público. Ok. Caixas apontadas para dentro do toldo, com o som passando pelo público, e indo de encontro aos músicos.
Como a intenção era que o público ouvisse a mesma coisa que os músicos estariam ouvindo, procuramos posicionar as outras caixas de fora pra dentro do toldo, como fizemos com as duas primeiras.
Encontramos um lugar legal para posicionar mais duas caixas nas laterais, que ficaram quase como um side para a banda, mas também tinha público entre elas e os músicos. Perfeito.
As outras duas, à principio, pensamos em colocar na parte da frente do toldo, onde também tinha público, viradas para o palco, como fizemos com as outras quatro.
Mas depois decidimos usar como um PA normal. Encostamos elas nas bases do toldo, uma de cada lado, e apontamos para o público. Essa base do toldo era formada por quatro suportes. Era um toldo quadrado.
Ficou massa.
E as caixas de subgraves?
Os 4 integrantes do Estesia. (Foto by Deborah Barros)

Foi até mais fácil escolher os lugares para elas, pois como muitos sabem aqui (ou não), quanto mais baixa a frequência, menos direcional ela é.
Colocamos as duas caixas, uma em cada base do toldo, formando uma diagonal, e ambas viradas para dentro do palco.
Cobriu perfeitamente toda a área do show, e como a banda fazia parte dessa área, ficou lindo para eles também!!!
O som do show foi estéreo (dois canais), por isso coloquei todas as caixas que estavam na fileira da esquerda no L (Left) e as caixas da fileira da direita no R (Right).
Monitores para os músicos, só tinham dois.
Um para Carlos (vocal), e outro que nem ia colocar, mas a caixa já estava lá, e resolvi colocar entre os outros dois músicos, para caso eles precisassem ouvir algum instrumento específico. Mas usei muito pouco, porque o som do PA já fazia essa função.
O soundcheck foi absurdamente tranquilo, e teve mais cara de um ensaio geral do que soundcheck.
Usamos a mesa XR18 Air da Behringer, onde é preciso um iPad ou um laptop para ser controlada.

Cleison usando os lasers. (Foto by Deborah Barros)

Usei meu iPad para o serviço, usando meu roteador, pois o que vem na mesa não é muito confiável.
Diferente do que eu achava que iria fazer, fiquei parado num ponto do ambiente controlando o som.
Eu achava que iria ficar rodando pelo local, mas tudo estava bem uniforme aos meus ouvidos, e descartei essa ideia do passeio pela área.
Achei também que poderia ter problemas com a voz principal, pelo fato de ter muito som direcionado para dentro do palco, mas isso não aconteceu e tudo fluiu "folgado".
Só na voz de Thaiis, cantora convidada pelo grupo, foi que eu tive que pilotar um pouco o fader, porque ficou querendo realimentar.
Mas deu para controlar tranquilamente.

Público e o Estesia juntos na mesma área. (Foto by Deborah Barros)

O lance de "tá todo mundo junto e misturado" me surpreendeu.
Público e grupo no mesmo palco. Combina muito com o trabalho deles.
Acho que todos gostaram do trabalho (eu adorei!), pois fui chamado para outro, agora num teatro, e mais uma vez substituindo Vini.
Esse show já aconteceu, como falei no início do texto, mas depois eu conto como foi.
Será que o público ficaria dentro do palco também no teatro? Ou seria o contrário?
Foi o primeiro pensamento que me veio à cabeça quando me chamaram para operar o som do grupo no Teatro Luiz Mendonça...
Mais na frente eu respondo.
No vídeo abaixo, um pouco do show na Galeria Joana D'arc com a participação do público, e eu controlando o som via iPad.

Um abraço a todos.

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