terça-feira, 10 de janeiro de 2023

Natal Para Sempre 2022 - Uma besteira resolveu um problema grave!

Olá pessoal.
Participei mais uma vez do espetáculo Natal Para Sempre.
Nove temporadas, das quais só não participei da primeira.
Os primeiros espetáculos aconteceram no Parque Santana, depois passou a ser realizado no Parque da Macaxeira, e esse ano aconteceu no Cais da Alfândega, no mesmo local onde acontece o Rec-Beat, no centro da cidade.
Achei bem legal os três locais, mas tenho uma queda pelo Parque da Macaxeira, por estar localizado perto do "povão", e por ser dentro de um parque!
Mas não vim aqui hoje falar sobre minhas preferências.
Vou escrever sobre o problema grave que foi resolvido por uma atitude "teoricamente" besta (simples).
Falando pelo lado da sonorização, este espetáculo é bem simples.
Não tem banda tocando ao vivo, são trilhas e efeitos pré-gravados, que eu disparo lá da frente, usando meu Cubase 7.
São apenas 4 caixas amplificadas no palco, para os atores escutarem as trilhas e efeitos.
No total, são 32 pessoas no elenco do espetáculo (atores e bailarinos), onde apenas 10 falam, e por isso usamos microfones nesses atores.

O espetáculo é uma peça de teatro para o público infantil.
Já faz um bom tempo que eu tento colocar microfones DPA no elenco, mas por questões orçamentárias, eu ainda não consegui.
Mas não vou desistir.
Usei esses microfones DPA (Modelo 4061) no SESI Bonecos, e o resultado foi espetacular.
Até comentei sobre o uso desse microfone numa postagem de novembro de 2014!
Vixe! Faz é tempo! (risos)
Qual a principal diferença desse DPA para o microfone que uso (Headset da Shure)?
Com o microfone DPA eu não tenho problema com o "PUF".
Ruído de baixa frequência provocado pelo ar da respiração do ator batendo na cápsula do microfone.
Outra coisa... Esses microfones headset saem muito do lugar devido à grande movimentação dos atores durante as cenas, onde eles dançam, pulam, deitam no chão, se abraçam.
Com o DPA não tenho esses dois graves problemas, pois a cápsula do microfone fica colada na lateral do rosto (bochecha), longe da frente da boca.
E como eles são colados com fita, não mudam nunca de lugar!!!!!!!!!!!
Perfeito!
Vou tentar mais uma vez usar eles no final desse ano.
Por que estou falando dos microfones?
Porque o grave problema que apareceu na edição de 2022 foi exatamente nos microfones.
Equipamento essencial para ter o espetáculo.
Sem a amplificação das vozes, não tem espetáculo, porque os espaços onde são armados os palcos todos os anos são enormes, ao ar livre.
Todo o diálogo é ao vivo.
Eu apenas disparo as trilhas, músicas e efeitos.
Hoje fui fazer o último exame solicitado pelo cardiologista.
Estou fazendo um check-up.
Fui colocar o aparelho que fica medindo a pressão de 20 em 20 minutos, durante 24h.
A atendente colocou o aparelho, me deu as instruções básicas, e o aparelho mediu minha pressão assim que foi ligado.
A menina olhou para o visor digital do aparelho, olhou para mim e falou:
--- Eita! Tá muito alta. Vá direto para a emergência que fica a duas quadras daqui.
Fui andando para emergência... E o aparelhinho sempre fazendo o serviço dele.
Ele estava no meu bolso, e não tirei para ver se eu entenderia a marcação no visor.
Na emergência, a médica mediu novamente a pressão, falou que realmente estava alta, mas que ainda não era necessário eu tomar algum medicamento para baixar.
Anotou num papel dois números (180 x 120), onde me avisou que se eu visse no visor pelo menos uma numeração mais alta que 180 ou 120, que eu voltasse numa emergência.
Quando parei para tomar uma água de coco aqui perto de casa, retirei o aparelho do bolso e fui ver como ele mostrava a medição.
É bem simples, onde ele mostra as duas medições referentes aos números que a médica me passou, mais o batimento cardíaco.
Até agora não passou de 180 e/ou 120, mas... 120 e 80 (que seria o 12 por 8), não apareceu uma única vez!!!!!
Só acima.
Não sou médico, mas pelo jeito vou entrar no medicamento para controlar a pressão alta.
Ou seja... lasquei-me. (risos)
Natal Para Sempre 2022 - Paço Alfândega.

Quase me lasco mais ainda no Natal Para Sempre!!!!
Por que?
Como o local desse ano era no centro da cidade, era perto de muitas antenas de TV e rádio!
Para piorar, os sistemas sem fio dos microfones eram inferiores ao que a gente usou nas edições anteriores.
E para piorar mais ainda, não teria o sistema de SPLITTER para todos os microfones!
O que faz esse Splitter?
Vou tentar explicar.

Cada microfone sem fio tem seu receptor.
Quando o microfone sem fio é tipo bastão, o próprio microfone possui um transmissor embutido.
Nesse meu caso, onde usamos microfones Headset, temos que ligar cada microfone em uma caixinha alimentada por pilhas, que chamamos de "Bodypack", e essa caixinha fica presa no corpo do cantor e/ou ator.
O bodypack é o transmissor, que envia o sinal para o receptor, e ligamos a saída desse receptor na mesa de som.
Normalmente, cada receptor de microfone possui duas antenas, onde a antena que estiver recebendo o melhor sinal do transmissor assume o comando. Chamamos essa tecnologia de "Diversity".
Essas antenas ficam o show todo trocando o comando entre si.
Usando as antenas dos receptores, teríamos 20 antenas recebendo sinais de vários microfones, e quanto mais perto essas antenas ficam umas das outras, mais risco de termos interferência de RF (Rádio Frequência).
Num Splitter, normalmente podemos ligar 4 sistemas de receptores, e usamos apenas 2 e não 8 antenas para receber esses sinais.
Já deu um limpada boa no ambiente, né?
Tem outros fatores que geram essas interferências, como a intermodulação, que é basicamente o resultado da interação de dois ou mais sinais de RF, de forma que a proximidade ou distanciamento dos transmissores podem intensificar ou amenizar estas interações.
Ou seja... Quanto mais microfones sem fio juntos, mais intermodulações.
Não vou nem entrar muito nesse assunto porque não tenho conhecimento suficiente para falar.
Resumidamente, posso dizer que quanto mais transmissores e receptores juntos (próximos), mais riscos corremos com as interferências.
E isso nem estou ainda contando com os sinais de TVs e rádios, que quanto mais próximo o palco estiver dessas antenas, muito mais riscos de interferências, porque estes sinais são muito fortes.
Que foi o que aconteceu nesse espetáculo onde o palco foi armado no centro de Recife.
Atualmente, existe a profissão de gerenciador de RF, onde o técnico com a ajuda de ferramentas, e sabendo quais serão os equipamentos sem fio usados pelos artistas, organiza a frequência de cada equipamento para não haver interferências.
Eu só tinha 1 Splitter, e fiquei desesperado quando fui passar o quinto microfone.
Os 4 que estavam ligados no Splitter funcionaram perfeitamente, mas do quinto em diante não teve jeito!
Interferências constantes, com fuga de sinal.

Liguei até para amigos que estavam num outro evento bem perto do meu, que tinham ferramentas que poderiam amenizar o meu problema, mas eles estavam bem atarefados com isso também lá, porque iriam usar muitos sistemas sem fio.
Falei então para meu amigo da empresa de som e para Fabiana, a produtora do evento, que seria impossível fazer o trabalho sem mais um Splitter, e eles deram um jeito de conseguir mais um.
Massa!
Mas fiquei frustrado quando fui passar os microfones novamente, porque a interferência estava grande ainda. Não como estava antes, mas ainda iria interferir muito no espetáculo.
O risco da interferência era muito alto ainda.
Mas eu não tinha mais saída.
Avisei até a produtora do risco que iríamos correr nos dois dias de espetáculo, mas ela me falou que não tinha mais como mudar os equipamentos.
Subi triste no palco para falar com eu amigo da empresa de som, e aproveitei para ver as 4 antenas dos dois Splitter.
Foi aí que tudo mudou!!!!

Vi a primeira antena, ok.
Quando eu fui ver as outras 3, tomei o susto.
A segunda estava na frente, na mesma linha da primeira, mas as outras duas estavam atrás dessa segunda, e ainda uma bem perto da outra.
No nosso "Pernambuquês", a gente fala: 
--- Está uma antena encangada com a outra!
Aí perguntei pro meu amigo:
--- Oxe! Por que essas antenas estão nessas posições?
Ele me falou que era porque não tinha mais cabos longos para distanciar mais umas das outras.
(Lembrei na hora do Projeto da LAB do Estúdio Carranca que eu participei, onde esse assunto de RF fazia parte do conteúdo das aulas.)
Amigos, amigos... Negócios à parte!!!
Falei que não poderia ser daquele jeito, que ele se virasse para conseguir os cabos, que muito provavelmente os nossos problemas estavam sendo causados por esse motivo.
Pedi para ele ligar para o gerente, pro dono da empresa, pra qualquer pessoa que ele achasse que poderia resolver, mas a gente tinha que mudar esse posicionamento das antenas.
Ele sabia da gravidade também, de como as interferências que aconteceram quando a gente estava passando os microfones iriam prejudicar muito os dois dias de espetáculo.
E ele foi atrás para conseguir os cabos.
E conseguiu!

Posicionei as antenas com o espaçamento que eu queria, mudando até o posicionamento da primeira, colocando-a um pouco mais no fundo do palco.
E fui lá para frente passar todos os microfones novamente.
Os 8 que estavam ligados nos 2 Splitter funcionaram perfeitamente, sinais totalmente estabilizados!!!! Fuga de sinal igual a ZERO!
E eu falando no meu microfone de comunicação que enviava minha voz para o palco:
--- Tá vendo?? Não falei??!!!
Uma besteira resolveu um grave problema.
Falo besteira, porque foi simplesmente posicionar 4 antenas.
Não foi usado software, não foi preciso fazer varredura de frequências, não precisou mudar sistema sem fio... Nada!!!!
Só pegamos os pedestais com as antenas e mudamos de lugar.
Nem pesado era!!!!
Que alívio eu senti!!!!

Dois microfones não iriam passar pelo Splitter, que eu acho que sempre foi assim, mesmo esse amigo da empresa de som me falando que sempre foi só um microfone (Vovó) que não passava pelo equipamento.
Como tem um personagem (João) que só tem fala no meio da peça, e o Papai Noel só entra no final, colocamos o mesmo microfone para os dois personagens.
Mas os canais ficaram separados na minha mesa de som, pois eram vozes completamente diferentes.
Quando João acabava a fala dele no meio da história, Arnaldo retirava o microfone dele e colocava no Papai Noel.
Feito isso, ele ia atrás do receptor e trocava os cabos, desligando o cabo que enviava o sinal para o canal de João na mesa, e ligava o cabo que ia para o canal de Papai Noel, que estava em outro canal e com uma regulagem totalmente diferente.
Perfeito!
Ficou então só o microfone da Vovó sem usar o Splitter.
Não tive um problema sequer com fugas de sinais no primeiro dia.
No segundo, ainda tive duas fugas rápidas nos microfones, mas nada que interferisse no entendimento dos diálogos.
Com certeza, se não fosse pela besteira que fizemos com as antenas, dificilmente o público iria entender a "história" da Menina Amélie e seu sonho de Natal, porque o problema era grave!!!
Rayana Carvalho interpretando Amélie. Ela colocou o nome da personagem na sua filha, que nasceu em 2020.

Ahhhhhh!!!!
Lembram que eu tentei falar com uns amigos que estavam em outro evento bem próximo do meu, quando eu estava desesperado com meu problema de RF?
Um desses amigos estava ficando na minha casa, pois ele está morando em outra cidade, e veio operar o som desse evento no Marco Zero.
Ele estava também com problemas.
E quando acabou meu soundcheck e eu tinha resolvido o meu, passei lá para pegar uma carona com ele, que estava de carro.
Perguntei do problema dele.
Quando ele me falou que tinha resolvido, comemoramos!!
Passamos numa lanchonete perto de casa e compramos um beirute de carne (nada light!).
Abri uma das garrafas de vinho que eu tinha em casa, e comemoramos o êxito duplo!
Problemas resolvidos!!!!
Essa é uma das graças da minha profissão.
Um abraço a todos.

PS: Segue abaixo a explicação para eu ter destacado a palavra história. Antes eu usava estória nesse caso do texto de hoje, mas estou usando história para os dois sentidos.

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