quarta-feira, 16 de agosto de 2023

Seis trabalhos no FIG 2023 - Já ouviram falar da Síndrome do Impostor?

 
Olá pessoal.
Esse ano participei de seis shows no Festival de Inverno de Garanhuns (FIG).
Operei o som do monitor de quatro shows, e em dois fiz o som do PA.
Antes desses trabalhos no FIG, ainda operei o monitor da Academia da Berlinda num show em Taquaritinga do Norte no dia 08 de julho, mas vou pular esse trabalho por não ter muito do que falar.
Foi tudo dentro da normalidade.
Como a maioria desses do FIG, mas...
Os primeiros dois shows no FIG aconteceram no dia 22 de julho, e ambos aconteceram no palco principal na Praça Guadalajara Mestre Dominguinhos, e foi onde operei o som do PA.
Fui convidado primeiramente pela produção de Lula Queiroga (LQ), e alguns dias depois a produção do grupo O Teatro Mágico (OTM) entrou em contato, seguindo indicação da produção de LQ.
O Teatro Mágico.
Ultimamente venho fazendo o som do PA de LQ, mas nunca tinha tido contato com o som do OTM.
Já conhecia o grupo, por causa do cantor Fernando Anitelli ser muito amigo de Silvério Pessoa, artista aqui de Recife, onde operei o som dos shows dele durante 8 anos seguidos.
Silvério sempre me falava do OTM, mas eu nunca tinha ido dar uma olhada no trabalho deles.
Fiquei muito feliz pelo convite.
Por nunca ter contato com a música deles, solicitei à Fernando Anitelli que me enviasse o Set List com as músicas que seriam tocadas nesse show em Garanhuns.
Com a relação das músicas em mãos, montei um playlist no Deezer na ordem exata do show, coloquei uma garrafa para resfriar na geladeira, liguei minha caixinha JBL Flip 4, e fui ouvir as músicas.
Fiz anotações de algumas dúvidas, e quando estávamos indo de van para Garanhuns, elucidei tudo com Fernando.
E a síndrome do impostor?
Calma...
Vou resumir o texto, porque tou vendo que vai ficar longo.
Como eu iria fazer o PA dos dois shows (Lula e Teatro Mágico), e o técnico de monitor desses shows seria meu Amigo Carlinhos Borges, que não tinha cena desses shows, combinei com ele para usar a cena do OTM como base, e os canais de LQ a gente colocaria nos mesmos canais, para agilizar o processo.
Nem falei com ele depois para ver se deu certo pra ele como deu para mim!
Show de Lula Queiroga.

Depois de passar o som do OTM, dupliquei a cena e renomeei os canais para o show de LQ, mas a grande maioria dos canais estavam nos mesmos lugares. Baixo no baixo, guitarra na guitarra, bateria igual, sampler no sampler, voz principal na voz principal...
Já estava praticamente tudo pronto quando fui abrindo os canais!!
A bronca maior, logicamente fora a síndrome do impostor, foi antes e durante o soundcheck.
O FIG desse ano foi "meio truncado"...
Muita coisa decidida em cima da hora, e isso refletiu no decorrer do evento.
Muita coisa, pelo que fiquei sabendo, começou a ser feita bem depois dos prazos normais em comparação a festivais passados.
E isso deve ter atrapalhado várias fases do processo.
No meu caso, quando cheguei para passar o som, no segundo dia do festival, encontrei meu Amigo Gera tentando resolver uns ajustes nas caixas de subgraves.
O arranjo das caixas não tinha ficado legal no primeiro dia, segundo ele.
Imagino a correria que eles tiveram que dar pra poder começar o evento...
Ajustar isso na minha hora de soundcheck, já não era interessante...
E para piorar, quando eu cheguei no local, tinha um caminhão "munck" de um lado do PA, ajeitando ainda painéis da fachada do palco!
Como mostra a foto abaixo.
Clique na imagem para ampliar.
Não esqueçam que estou no segundo dia do evento!
Vou resumir mais ainda.
Eu passei o som das duas bandas, sem ter subgraves de um lado do PA, onde estava o caminhão, e ainda sem ter finalizado os ajustes nas caixas de subgraves do outro lado.
Esses ajustes nos subgraves seriam feitos durante o restante do dia.
Não tinha outro jeito!
Se tivessem começado a montagem num tempo hábil, isso tudo teria sido resolvido antes do primeiro dia do festival, né?
Gera fez um paliativo na hora para eu poder passar o som(?), e combinamos que no começo do show eu iria levantando o máster do sub até o ponto que ficasse confortável para os ouvidos.
Ele estava bem mais estressado do que eu, e entendo.
No início do meu primeiro show, com Lula Queiroga, já fiquei com a mão no máster do SUB e fui levantando até soar bem pra mim.
Gera não saiu do meu lado até eu falar que estava tudo OK. (Risos)
Westinghouse (West), "técnico/gerente geral/e quase dono da empresa de som", pra variar, sempre prestativo também, desde o soundcheck.
Aí tudo fica mais tranquilo.
Resumindo... Se o som não ficou legal nos shows, a culpa foi minha e não do subgrave ou do resto dos equipamentos.
Show d'O Teatro Mágico. (Vídeo by West)

Eu achei que ficou legal, principalmente o de LQ.
Não sei se por conhecer bem o show, mas o som ficou mais "justinho".
Tenho que "me dar" um desconto por ter sido a primeira vez que fiz o som do OTM.
Mas não achei o resultado tão bom quanto o de LQ.
Mas quem tem que achar algo é o público!
A síndrome já começa a aparecer... (Notaram?)
Dormi em Garanhuns, e no outro dia passei na praça pra falar com os amigos e ver o movimento, pois não tinha trabalho marcado nesse dia.
Acreditam que o caminhão ainda apareceu???
Pois é... Estava lá de novo ainda ajustando coisas na fachada do palco!!!!
No dia 24 voltei nesse palco da Guadalajara, agora para fazer o monitor do show de Otto, onde ele canta músicas de Reginaldo Rossi.
Show de Otto.

Nem vou falar muito sobre esse trabalho.
Mesmo com um pouquinho de correria (pra variar...), deu para passar tudo satisfatoriamente.
O equipamento era muito bom, e os monitores, que eram da mesma marca e modelo, falavam muito bem!!!
Não eram as velhas cópias do SM400 da EAW, que tem na maioria dos palcos por onde eu passo, onde dificilmente todos tem a mesma resposta de frequências.
Então, foi só copiar o pequeno ajuste que fiz nos monitores de Otto, e colei nos equalizadores das outras vias de monitores.
Os monitores eram da Acoustic, modelo M212.
Muito bom!!

E o que é melhor... É uma empresa Brasileira!!!
Os componentes da caixa não são da terrinha, são da B&C (Itália), mas o projeto e fabricação são!!!
À princípio eu iria colocar 4 caixas para Otto, mas eu acho que consegui dar uma escutada no dia anterior na hora que meu amigo Vini estava passando os monitores de Geraldo Azevedo, e resolvi então usar somente duas caixas na frente.
E deu tudo certo.
Não tive atropelos durante o soundcheck, nem na mudança do palco para Otto, e nem durante o show.
Deixa eu ver se lembro da equipe do palco, que é muito importante para evitar os atropelos...
Neto no patch, Eduardo como técnico da empresa de som, Jaílson, Wally, Raminho e Chapinha como roadies, e Júlio Maia na direção de palco.
Valeu pessoal.
Mas nem deu para comemorar no final com um vinho, porque no outro dia cedo eu já tinha serviço.
Dormi novamente em Garanhuns, e cedinho eu segui para outro palco, para passar o som de Héloa e Mestre Ambrósio.
Eu iria fazer o monitor dos dois shows.
Era a inauguração do Palco Pop, que nesse ano chamaram de Palco Zé da Macuca.
Vou tentar não me estender no assunto.
Lembram das cópias do SM400 que falei acima?
Pois bem... Esses monitores estavam nesse palco, e eles não falavam igual, como também avisei acima.
Mas com o velho "jeitinho" no equalizador, a gente tenta deixar mais parecido.
Tive mais trabalho no side.
Estava falando bem diferente os dois lados.
E não consegui deixar como eu queria. Ficou razoável.
Passei o som de Mestre Ambrósio logo cedo, onde 3 músicos usam só o in-ear como monitor, 2 usam in-ear mais caixa, e um músico usa somente uma caixa como monitor.
Ahhh! Usei uma cena de um show anterior da banda, e fiz os ajustes nos monitores e side, e aguardei pela banda, que dessa vez iria passar o som.
No show anterior que aconteceu em Recife no dia 28 de junho e que a banda não foi passar o som, não foi legal o resultado final da monitoração.
Usei essa mesma cena do show em Recife para começar em Garanhuns, só que a banda iria passar o som.
E o resultado foi bem diferente. Pra melhor!
Pelo menos eu achei isso!
Show da banda Mestre Ambrósio.

Soundcheck finalizado, fiz igual aos trabalhos de PA do palco da Guadalajara.
Dupliquei a cena de Mestre Ambrósio, e montei o input de Héloa em cima.
Mais uma vez funcionou, porque já estava com os ajustes dos monitores e side que eu fiz para Mestre Ambrósio.
À princípio, o pessoal do palco não achou necessário marcar os monitores, para voltarem para os mesmos músicos, mas insisti e falei que tinha diferença sonora entre eles.
Não eram os M212 da Acoustic.
Mas também não posso deixar de falar que o preço dos M212 é um pouco "salgado".
É o preço para não ter dor de cabeça.
Mas deu para passar tudo direitinho.
E todos os monitores foram marcados por minha colega Nichole, que já conhecia meu método desde os shows no Palco Azulão em Caruaru, onde ela também trabalhou, contratada pelo evento.
Não sei se ela foi contratada como Roadie ou como Patch(Girl), pois nos dois eventos a vi fazendo os dois trabalhos.
Gosto de marcar também os microfones das vozes!!!
Tem muito microfone falando diferente também!
E já falei disso anteriormente algumas vezes aqui no Blog.
Nem vou mais me estender nesses dois shows.
Show de Héloa.

Foi tudo dentro da normalidade. (Adoro usar esse termo)
Só pedi no outro dia para Gera, que era o responsável técnico pela sonorização dos palcos, para ele dar uma olhada no side, pois eu iria retornar à esse palco no dia 30 para fazer o monitor da Banda Eddie.
Depois dos dois shows desse dia, fui beber um vinho na calçada com meu Amigo Adriano Duprat, para festejar a normalidade das coisas no Palco Pop!
Ele ainda queria que eu entrasse na festinha onde ele iria operar o som madrugada à dentro, mas eu fui dormir depois da garrafa de vinho.
Pela manhã, voltei com a turma de Mestre Ambrósio para Recife.
E o impostor? A síndrome.
Bem...
Nem lembrava direito da tal da síndrome depois desses três últimos shows.
Retornei para Garanhuns no dia 30 para fazer o monitor da Banda Eddie nesse mesmo palco Pop.
Aproveitei a cena do show de Héloa, onde teve bateria, e armei a cena de Eddie em casa durante a semana de folga, enquanto degustava uma garrafa de vinho, vendo filmes e documentários na Netflix.
A mesa de monitor era uma M7CL da Yamaha.
Gera tinha me falado que deu uns ajustes no side, como a gente tinha combinado.
E realmente ficou bem melhor.
Tive uma grande alegria quando cheguei no palco!
Não tinha chegado ninguém ainda, mas já fui posicionando os praticáveis e os monitores nos devidos lugares, enquanto o nosso roadie ia armando nossos instrumentos.
Já deu para adiantar bastante coisa.
Foi nessa hora que tive o prazer e a alegria de ver que todos os monitores dos shows que aconteceram no dia anterior estavam marcados!!!!!!!
Pelo visto, algo do que eu falo e faço está servindo para alguma coisa, né?
Fiquei aguardando a equipe do evento chegar.
Rafael era o técnico de monitor da empresa, Pinga estava no patch (Nichole também fazia) e o diretor de palco foi Fábio.
Tava tudo bem adiantado no palco, quando apareceu um problema.
A mesa de monitor não estava iniciando.
Ligava, mas não iniciava.
Ficava um aviso na tela "Starting System...".
E nada de iniciar.
Tem outra mesa reserva? Perguntei.
Tem uma X32, mas teria que ir pegar em algum lugar. Não estava no palco.
Rafael ainda abriu a M7CL e verificou os cabos FLAT, colocando limpa contato nas conexões, mas não teve jeito.
Ligamos e religamos a console várias vezes e não deu certo.
A mensagem continuava na tela.
Foram pegar a X32, e deixamos ligada a M7CL.
Quem sabe, né...?
Não descartamos a baixa temperatura como causa do problema.
Mas nada da mesa iniciar.
Ainda desliguei e liguei algumas vezes enquanto a mesa reserva não chegava.
Nada. Desisti.
Mas não desliguei a mesa.
A outra mesa chegou e colocamos ao lado da M7, e quando fui desligar ela para desplugar os cabos para colocar na X32, me deparei com a tela normal!!! A mesa ressuscitou!!!!
Me perguntaram se eu iria arriscar, e eu falei que sim.
Ela não seria mais desligada.
Se desse algum problema no soundcheck, a gente trocava, mas eu iria usá-la.
Com o tempo já meio apertado por causa desse problema, Adriano (que iria fazer o som do PA) me ajudou no alinhamento dos monitores, e foi aí que notei que o side estava bem melhor do que antes.
Mesmo com esse contratempo da mesa de monitor, conseguimos passar o som satisfatoriamente.
Mas...
No comecinho do show apareceu uma realimentação "mal-assombrada", e eu fiquei tentando achar no palco e Adriano lá na frente.
Não demoramos para eliminar a realimentação, e o show foi seguindo tranquilamente.
Tudo dentro da normalidade! (Risos)
Show da Banda Eddie.

Nenhum problema com mesa de monitor, logicamente.
Imaginei que não teria problema com ela novamente.
E nenhum problema durante o show!
Merecia uma garrafa de vinho para finalizar essa minha passagem pelo festival, mas eu não tinha levado.
Mesmo tarde, ainda fui para a Praça Guadalajara, onde Baby do Brasil (antiga Baby Consuelo) estava se apresentando, e minha amiga Déa estava lá.
Ainda tentei achar uma garrafa de vinho numa loja de conveniência perto da praça, mas desisti.
Troquei por um chocolate quente.
O show foi bem morno, bem diferente do último que eu tinha visto dela.
Pouquíssimas pessoas na praça, infelizmente.
E isso ajudou para o encerramento melancólico do festival.
Me esforcei para ver o show completo com minha amiga, enquanto degustava meu chocolate quente.
E a síndrome do impostor!!!!?????
Ah tá...

Vi esse termo pela primeira vez no canal Corredor 5, do Clemente Magalhães.
Clemente falou disso um dia, e de vez em quando ele fala sobre a síndrome.
Ahhh... Pensei... Achava que era só eu que sentia isso! Mas tem mais técnicos e músicos sentindo a mesma coisa.
Sempre achei que esse termo era uma invenção de Clemente, para falar de um problema que só existia no meio musical.
Mas fui pesquisar na internet antes de escrever essa postagem, e fiquei surpreso em saber que essa síndrome existe mesmo!

Independente da profissão!
Vixe!
Achei uma explicação muito bem feita no blog PSITTO.
Quem quiser ler, só clicar AQUI.
Passei uma vista rápida pelo texto e me assustei!!!
O cara tava falando das coisas que estou sentindo ultimamente!
Vou ler com calma, e dar mais atenção para esse problema.
Mesmo vendo que o saldo dos trabalhos no FIG 2023 foi muito positivo, isso não foi capaz eliminar os efeitos da síndrome em alguns momentos.
Muito ruim sentir isso.
Show d'O Teatro Mágico, filmado por alguém que estava na plateia.

Está se sentindo um impostor também?
Acho que essa postagem pode te ajudar!
Uma abraço a todos.

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