segunda-feira, 11 de setembro de 2023

Rap, MPB e Infantil - Tudo igual.

Olá pessoal.
Como estilo musical, podemos dizer que são estilos bem distintos, com linguagens bem diferentes e públicos também distintos, não acham?
Pois é...
Fiz esses trabalhos recentemente.
Operei o monitor do rapper BK' no Clube Português no dia 18/08, depois operei o PA/Monitor do evento Racine Convida no dia 01/09, realizado também no Português, só que no Salão Nobre, e por último operei no dia 02/09 o PA/Monitor da Palhaça Baju & Banda no Mini Festival, que aconteceu no Teatro Luiz Mendonça.
Todos aqui em Recife.
Ambientes bem diferentes, equipamentos bem diferentes, sonoridades e públicos completamente distintos!
E por que falei no título da postagem que era tudo igual? Mais na frente vão entender.
No show do rapper, fiz o monitor numa CL5 da Yamaha, com todos usando in-ears.
Todos que eu falo, são 3 pessoas. O BK', um DJ e mais um no vocal.
Tinha tudo para ser o mais simples e tranquilo, mas não foi.
O atraso no horário para o soundcheck foi absurdo, e o que era para acabar às 13h, foi finalizado perto das 19h!!!!
Nos meus planos, estava voltar para casa, almoçar e chegar de volta ao local com 1h30 de antecedência.
Mas fiz as contas (horas + R$), e acabei ficando direto no local para aguardar pelo show.
Muito ruim o ambiente do show, acusticamente falando.
Reverberação, e o som batia na parede à frente e voltava para o palco com muita intensidade.
Muito triste a gente não ter lugares fechados legais para se fazer um show com uma acústica também legal aqui em Recife.
E o Clube Português está longe dessa acústica legal.
O BK' ficou o tempo todo ajustando o fone, e eu não sabia se era normal isso, pois nunca tinha feito trabalhos com ele, ou era também a interferência do som batendo e voltando.
No fone dele, só a base estéreo, a voz dele e um pouco da outra voz. Quatro canais.
Não tinha o que dar errado... Mas deu!
Ainda solicitei ao diretor técnico do rapper para falar com ele num intervalo entre as músicas, para perguntar se estava tudo certo com o fone dele.
No meu fone, monitorando a via dele pela mesa de som, estava tudo certo, mas eu não sabia como ele costumava se ouvir... Com voz mais alta ou mais dentro da base...
E também não sabia se estava ocorrendo fuga de RF, ocasionando falhas no áudio.
Não tem como ouvir essas falhas de RF monitorando a via pela mesa de som.
O que escutamos na mesa é o áudio que estamos enviando para o transmissor do in-ear, que envia o sinal via wireless para o receptor (bodypack) que está com o músico.
Olha aí uma das vantagens do Engineer Mode da Sennheiser que falei na postagem anterior!!!
Nesse modo, usando também um bodypack, dá para ouvir o que o músico está escutando, e se falhar a gente houve também.
Mas mesmo assim, na grande maioria das vezes, os fones da banda não são iguais entre si, ou iguais ao fone do técnico de monitor.
Para resumir... O cantor não falou nada para ninguém durante todo o show.
Só consegui uma resposta dias depois do evento, porque perguntei ainda ao diretor técnico sobre esse desconforto que eu notei no show.
E o desconforto era por causa do excesso de agudos no fone dele! :(
Mesmo meu fone sendo diferente do dele, isso poderia ter sido resolvido no começo do show!
Era só ele ter feito um comentário breve para sua produção.
Falei isso para o diretor técnico, quando ele me passou a informação dias depois.
Agora não adianta chorar o "vinho" derramado.
Vamos para o evento de MPB.
Era uma TF Rack da Yamaha para controlar o PA e monitor.
RACK é porque não é a mesa normal, com todos os faders e botões.
TF Rack da Yamaha. Clique na imagem para ampliar.
Essa da Yamaha, além da luxuosa tela "touchscreen", tem vários botões de controles no equipamento em comparação com mesas do mesmo modelo de outras empresas, mas é quase impossível operar um PA e monitor com vários canais usando só os controles que vem nela.
O iPad é imprescindível para o serviço!!!
Dei uma pesquisada antes, perguntando para um amigo que trabalha diariamente com a mesa normal, mas sempre conectada no iPad, e ele me tirou todas as dúvidas.
Conexão muito mais tranquila e prática do que nas outras mesas maiores da empresa.
Finalmente, ajustaram essa conexão via roteador nas mesas de pequeno porte.
O sistema de som desse evento no salão nobre do Clube Português era bem simples.
Quatro vias de monitor com caixas amplificadas e 4 caixas amplificadas para o público.
E só!
Só senti falta de duas caixinhas de subgraves, mas nada que comprometesse muito o resultado, porque o som acústico dos instrumentos (no caso aqui, só a bateria), mais o som dos monitores e amplificadores que estavam no palco, complementavam o som no ambiente.
Não esqueçam que era um salão, tipo um restaurante.
Gostaria de comentar uma coisa que aconteceu nesse trabalho, e que eu já tinha passado por isso uma vez.
Fui substituindo meu amigo Gera nesse trabalho, e resolvemos que eu começaria tudo com uma cena do último show, que era a mesma formação, e só entrariam alguns convidados.
Ok, conectei meu iPad rapidamente com a mesa, e fui checar o som do PA, enquanto Arnaldo ligava os monitores no pequeno palco.
Quando dei um alô no microfone, quase choro!
Tem alguma coisa errada com essa cena, ou com a ligação das caixas.
Estava muito ruim! Som "de lata".
Conferi o canal do microfone, e não tinha nada ativado na equalização.
Fui olhar as caixas, e não encontrei nada de estranho.
Ainda tentei achar algo na cena que pudesse estar contribuindo para o som de péssima qualidade, quando me lembrei do episódio que passei alguns anos atrás, com a Maraca Band!!!
Falei: --- Calma Arnaldo... Me dá outro microfone.
Quando liguei o outro microfone e dei o "alô som"... Uh Uhhhhhh!!!
Problema resolvido!!!!
Era mais uma vez o microfone que estava com defeito!!
Está nos meus planos comprar um SM58 para sempre levar comigo nos trabalhos.
Não tirei fotos desse evento também.
Foi tudo tão corrido, que esqueci.
Vamos para o trabalho com a Palhaça Baju, que aconteceu no outro dia.
Ainda bem que o soundcheck estava marcado para depois do meio-dia.
Deu tempo de dormir bem, mesmo indo deitar perto das 3h da madrugada.
No Teatro Luiz Mendonça, seria uma M7CL da Yamaha no PA, que eu já conhecia de um trabalho anterior que fiz lá e sabia que estava perfeita.
Com alguns minutos de soundcheck, descobri que ela não estava perfeita.
Estava com um problema no fader de uma das voltas dos efeitos.
Poderia voltar esse efeito para dois canais normais na mesa, mas resolvi nem usar mais esse efeito, pois a sala já era bem reverberante.
E se eu precisasse, usaria os outros dois "reverbs" que eu tinha à disposição na mesa.
Tinha uma X32 Core da Behringer no palco, que eu poderia usar para fazer o monitor, via iPad.
Mas decidi fazer tudo (PA/Monitor) pela M7CL.
Como vocês podem ver na foto abaixo, essa Core tem bem menos botões de controles no equipamento do que a Rack que usei no show anterior.

X32 Core da Behringer. Clique na imagem para ampliar.
Na Rack, todas as entradas e saídas físicas estão na parte traseira do equipamento.
Na Core, você tem que ter o que chamamos de "Stage Box", onde tem as entradas e saídas físicas, e esse stage é conectado ao equipamento via cabo, com algum tipo de protocolo de conexão digital.
Stage Box Behringer S32.
No caso da X32 da Behringer, essa conexão é feita via AES50, usando cabos de rede (Cat5e/Cat6)!
A Yamaha usa o protocolo DANTE nos seus equipamentos.
Como falei acima, usei a M7 para fazer o serviço de PA e monitor.
Conectei meu iPad na mesa via roteador sem fio e fui dar uma geral no palco.
E a gente foi seguindo com o soundcheck...
Consegui tirar uma foto, enquanto aguardava o início do espetáculo.

Não vou entrar em todos os detalhes dos trabalhos, pois a intenção hoje é falar porque são iguais, mesmo sendo completamente diferentes.
Só falei de alguns detalhes que achei importante, como o caso de andar com um microfone próprio, tentar se comunicar com os músicos durante o show para saber como está a monitoração, ou mostrar a diferença entre Rack e Core.
Os trabalhos foram bem diferentes em tudo, inclusive nos cachês!
Tudo diferente.
Mas para mim, são iguais quando o assunto é a dedicação do profissional contratado, que no caso aqui fui eu, o operador de áudio.
Sempre achei que a dedicação tem que ser a mesma, independente do estilo, do ambiente, do equipamento, do público e do cachê!!!
Com certeza eu já falei em textos anteriores desse meu ponto de vista sobre minha profissão, mas resolvi tocar no assunto novamente hoje para ilustrar esses três trabalhos tão distintos.
Acredito até hoje, que o profissional que muda o empenho e dedicação em um trabalho por alguma razão, como as que enumerei aqui, corre um grande risco de não se dar bem.
Já operei o som de PA do show de um amigo do meu irmão por duas garrafas de vinho.
Ok... Exigi que fosse Casillero Del Diablo, mas... (Risos)
O cachê não tinha importância alguma!!!
Mas a dedicação para fazer bem feito e para acertar foi a mesma!!!
Como foi no caso desses três trabalhos falados aqui.
Final do show da Palhaça Baju. (Vídeo by Karina Hoover)

Posso até ter acertado mais em um do que em outro, mas a dedicação e empenho para acertar, podem ter certeza, que foi na mesma intensidade para todos os três!
Como foi em todos os outros que já participei, e vai ser nos que ainda vou participar!
Um abraço a todos.

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