Olá pessoal.
Não ia escrever sobre esse dia, pois estava sem coragem para escrever, mas pensei direitinho e tem dois assuntos que eu acho legal comentar.
Vou tentar ser muito breve, mas nem sempre consigo.
Poderia até falar muito mais sobre esse dia "corrido" que aconteceu em 18 de outubro, no centro do Recife, dentro do REC'nPlay.
Mesmo evento onde participei com Otto, mas nesse caso aqui foi em outro palco, coordenado pelo governo do estado.
O palco onde Otto se apresentou foi de responsabilidade da prefeitura do Recife.
Eu acho até engraçado isso, palcos dentro de um único evento com duas coordenações distintas, mas...
Lembro agora do caso do único cachê do carnaval que ainda não recebi...
Show em Olinda no palco Pernambuco Meu País, que normalmente é de responsabilidade do governo de Pernambuco, mas fiquei sabendo depois que o pagamento dos cachês de quem se apresentou nesse palco seria de responsabilidade da prefeitura de Olinda!!!!
Não sei se a prefeitura pagaria todos os cachês, ou alguns.
O que eu sei é que a banda com quem trabalhei no dia 4 de março ainda não recebeu da prefeitura de Olinda, e por causa disso eu também não recebi.
Isso tá virando o normal.
Nem vou entrar nesse assunto, porque é longo.
Voltando aos trabalhos... Dois palcos grandes foram montados no REC'nPlay.
Palco Recife Cidade da Música (prefeitura) e palco Pernambuco Meu País (governo).
Mais palcos foram montados no evento, mas esses dois foram os maiores.
Já tinha recebido a lista de equipamentos do palco, onde eu iria fazer o monitor das bandas Academia da Berlinda (ADB) e Cordel do Fogo Encantado (CFE).
E quando recebi o documento, fui confirmar com o diretor técnico do palco, entre outras coisas, os 6 sistemas de in-ears que eu precisaria para fazer o monitor do CFE.
Guardem essa palavra: SISTEMAS.
Nesse contato ele me confirmou 4 sistemas Sennheiser e que estava providenciando mais dois.
Quando ele me falou que os outros dois seriam o PSM700 da Shure, falei que esse sistema é do tempo em que eu era DJ, e que eu não confiava no funcionamento, mas não consegui reverter isso.
Tá cada dia mais complicado exigir o mínimo nos eventos.
Nem lembrei na hora que esses equipamentos estão fora do range de frequência permitido no país.
Nem poderiam estar no evento!
Se eu tivesse lembrado disso no primeiro contato, com certeza mudaria esse equipamento.
Esse é um dos assuntos que eu queria falar, e mais na frente falo o que aconteceu.
Eu acho que só fiz um trabalho com o CFE, e foi no monitor, e sem passar som!
Nesse teria um tempo para passar o som.
Pouco, mas teria.
Isso não iria acontecer com a ADB, que só teria tempo de ligar as coisas, fazer o linecheck e começaria o show logo em seguida.
Esses eventos montados no centro do Recife tem esse problema com o soundcheck, por ter muitos escritórios e lojas comerciais.
Não preciso falar o que penso sobre isso, né?
Não curto.
Pois bem...
Já sabendo do pouco tempo para passar o som, o produtor do CFE falou comigo que iria pegar uma cena de monitor feita por meu amigo Adriano, que é quem normalmente faz esse trabalho, para agilizar o meu serviço.
Falei que por mim tudo bem, mas antes fui falar com Adriano, para combinar com ele isso, e para pegar mais detalhes da cena.
A mesa de monitor seria uma DM7 da Yamaha.
Mas a cena que Adriano tinha era da CL5, também da Yamaha.
Ok, vou converter usando o Yamaha Console File Converter.
![]() |
| Yamaha Console File Converter. |
Como eu não iria nem passar o som com a ADB, não pensei duas vezes e fui procurar uma cena recente onde fiz o monitor da banda, e encontrei uma de CL5.
Converti também a cena para DM7.
Esse é o primeiro assunto que eu queria comentar.
Não comecei do zero nesses trabalhos.
Na grande maioria dos meus trabalhos, não começo do zero, vou sempre com uma cena inicial.
Nos dois shows, usei cenas convertidas de CL5 para DM7.
Mas... Os ganhos não vem na cena convertida.
Deveria vir, mas não vem.
Então eu anotei (foto) todos os ganhos da cena original de CL e coloquei um por um manualmente na nova cena de DM7.
Fiz alguns ajustes, principalmente na cena do CFE, porque foi feita por outro técnico, e cada um tem um jeito de trabalhar.
Na cena da ACB eu quase não mexi, pois estava do meu jeito, mas sempre tem que passar um "pente fino" para acertar todos os detalhes.
Depois de deixar as coisas como eu queria, passei as duas cenas para meu pendrive.
Não tive problema para passar as cenas para a mesa, e já passei as duas no primeiro contato com a mesa no palco.
Chamei a cena do CFE, e fui conferir o patch de entrada e saída.
Estava tudo nos devidos lugares.
Aproveitando o assunto patch... Vou encaixar um comentário aqui.
Tudo fluiu na maior tranquilidade no palco com relação às ligações dos instrumentos (e vozes) e das vias de monitores nos dois shows!!!!
A equipe do evento fez um trabalho perfeito, o que ajudou muito no resultado final, onde não tínhamos muito tempo para errar.
Pois bem...
Fui escutar os monitores e o side, enquanto a banda não estava no palco.
Fiz equalizações corretivas nos monitores e side.
A ideia principal era a banda chegar e tocar uma música, para eu ir ajustando as coisas.
Mas mudei de ideia no primeiro acorde do violão!
Absurdamente alto.
Por causa disso, fui passando peça por peça, ajustando principalmente os ganhos.
Mesmo a cena convertida não encaixando perfeitamente nesse novo show do CFE, ajudou bastante.
Tudo estava equalizado e enviado para as vias dos músicos.
Eu nem esperava que o encaixe fosse perfeito, mas tomei um susto com o volume do violão no palco.
Segui ajustando para a banda os canais de instrumentos e vozes, que não são poucos, como mostra a foto abaixo.
![]() |
| Input do CFE (45 canais). Cena da DM7. |
Não vou entrar em mais detalhes sobre isso, só falar que o iPad mais uma vez fez a diferença no trabalho.
Considero uma ferramenta indispensável no trabalho de um técnico de monitor!
Principalmente no caso do CFE, onde temos caixas de som e in-ears na monitoração dos músicos.
Não sei como teria sido o resultado se eu não tivesse ficado no palco o tempo todo durante o soundcheck, controlando a mesa pelo iPad.
Duvido muito que eu conseguiria um resultado melhor fazendo tudo direto na mesa de som, longe dos músicos.
Eu sempre levo meu sistema (iPad + roteador) na mochila, mesmo quando vai ser uma PM5D, que não aceita a conexão.
Vai que dá uma bronca na mesa e trocam por uma que aceita o iPad, né?
Mesmo na correria, com o produtor da banda ao meu lado sempre olhando para o relógio no meio do palco, conseguimos deixar todos confortáveis na monitoração.
Fui na mesa de som, salvei as equalizações dos monitores e side na biblioteca interna, salvei mais uma vez a cena na mesa, e salvei a cena no meu pendrive.
Quer dizer, nos meus... Tenho dois.
O segundo assunto que eu queria comentar, aconteceu ainda no trabalho com o CFE.
Lembram dos 6 SISTEMAS de in-ears?
Quando fui ligar os sistemas, só vi 2 da Sennheiser e os 2 PSM700.
Cadê o resto? Perguntei ao meu colega da empresa.
E ele respondeu: Que resto? Estão aqui as 6 VIAS que você pediu.
Quatro nos sistemas da Sennheiser, mais os dois PSM700.
Vou explicar para os leigos...
Nos sistemas da Sennheiser que estavam no palco, tem uma função onde podemos dividir um sinal estéreo em dois sinais mono independentes.
No PSM700 não tem essa função.
Então 1 sistema Sennheiser pode fazer a monitoração independente de 2 músicos, só que em MONO.
Mas todas as minhas vias de in-ear no CFE são estéreo!
Seis músicos usam in-ear estéreo.
Por isso sempre falo que preciso de 6 sistemas!
Sistema é uma coisa, via é outra!
Preciso de 6 equipamentos.
O diretor técnico estava ciente desse detalhe, e levou um susto também quando eu falei que só tinha 4 sistemas de in-ear no palco.
E... Os dois PSM700 não estavam funcionando direito!!!
Aí eu não me assustei. Normal. Já tinha levantado a bola.
Resumindo... Dois músicos ficaram sem in-ear e os outros quatro iriam escutar a mixagem MONO.
Fiquei impressionado em passar por isso em pleno final de 2025!
Até comentei para o diretor técnico do evento na hora, que dependendo do artista ou banda, não iriam nem começar o soundcheck!
Ele sabia que tinha sentido o que eu estava falando, pois é técnico de áudio também.
Como eu não tinha mais o que fazer, segui em frente com o que eu tinha em mãos.
Para ficar mais emocionante, tudo seria desligado e retirado palco, para montar a Academia da Berlinda!
Isso mesmo...
Fazer o que, né?
Não é o normal, mas...
Enquanto a turma trocava as coisas no palco, chamei a cena da ADB, fui na biblioteca e puxei as equalizações dos monitores e side.
Não iria checar tudo de novo, né?
Conferi o patch de entrada e saída. Tudo certo.
Aqui a cena convertida encaixou como uma luva de seda!!!!
Fiquei muito impressionado à medida em que eu ia conferindo as coisas no palco com meu fiel escudeiro, o iPad.
Tudo estava soando bem e no volume certo nos monitores, e apenas 3 músicos usariam in-ears.
Literalmente, a banda fez o linecheck e começou!
E fiz pouquíssimos ajustes durante o show, enquanto escutava as vias dos músicos no meu fone.
Foi impressionante.
Só fiz rir na mesa de som. (Risos)
Ainda apareceu um probleminha de fuga de sinal num dos in-ears perto do final do show, onde a gente fez um novo SCAN, mas o músico nem quis mais usar, por estar perto do encerramento.
Foi lindo!!!
O show aconteceu sem atropelos ou sustos.
Vamos desmontar tudo para armar o Cordel do Fogo Encantado de novo!
Como já falei bem lá no começo, todas as ligações no palco foram perfeitas.
Tanto dos canais de instrumentos e vozes como as vias de monitores de chão e in-ears.
Tudo voltou muito rápido, e no seu devido lugar.
Aí foi correr para o abraço também nesse segundo trabalho.
Ri mais uma vez na mesa de som. (Risos)
Só ajustes normais durante o show, que começou e acabou normalmente.
Acho que o público não considerou dois shows normais.
Pela reação da plateia que eu vi nos dois shows, não tinha nada de normal ali naqueles shows.
A empolgação da plateia era contagiante.
Muito legal ter conseguido pular as barreiras encontradas durante o serviço, e deixar tudo meio que normalizado, estabilizado.
Normais... Normalizado... Normal...
O que seria normal hoje em dia?
O normal vai mudando, não acham?
O que era normal antes, não é mais hoje.
Era normal andar sem cinto de segurança no carro e fumar durante um voo.
Aula de datilografia era normal.
Muita gente hoje em dia nem sabe o que é datilografia!!!!
A S D F G espaço A S D F G espaço... (Risos)
Eu e minha irmã viajamos muito para Natal com nosso pai, onde a gente ia dormindo nos colchões, que ele colocava na parte de trás da Variant, que ficava plana quando deitava os bancos, como mostra a foto abaixo.
Estamos vivos ainda por que nosso pai nunca foi de correr, ia passeando, nunca teve acidente, e a gente só acordava quando chegava na nossa terra natal.
Nascemos lá.
Era normal beber e dirigir.
Fiz muito isso!!!!
E muitos colegas e amigos ainda fazem isso até hoje!
Eu não tenho mais carro, uso Uber, 99 ou InDrive para quase tudo.
Quando preciso viajar, alugo um carro.
Ainda bem que sempre fui um "bebinho" consciente quando eu bebia e dirigia.
A velocidade do carro era inversamente proporcional ao teor alcoólico.
Mais álcool, menos velocidade no veículo.
Pelos meus exemplos acima, muitos NORMAIS melhoraram, né?
Mas...
Pelo que estou observando e passando no mundo dos shows e eventos, muitas coisas que estão se transformando no novo normal, estão piorando em vez de melhorarem.
Não ter o mínimo necessário para fazer o trabalho, não poder passar o som, equipamentos diferentes do que foi combinado ou completamente danificados...
Esses são alguns casos em que eu prefiro o normal de antes!
Ou será que eu é que sou anormal?
Estou perdendo a referência do que seria o normal.
É normal isso?
Um abraço a todos. (Normalmente)
PS: Fui dormir depois dos shows ainda pensando no caso (ANORMAL) dos in-ears!!!!!





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