sábado, 20 de dezembro de 2014

Rapidinha 181 - Para refletir.

Olá pessoal.
Enquanto comia hoje meus maravilhosos caranguejos ao coco no bar Gota Serena e conversava sobre vários assuntos com meu amigo e iluminador Roberto Riegert, ele me contou um caso que aconteceu com ele, e achei que deveria colocar aqui no Blog, pois tenho um pensamento parecido com o do artista que participou deste caso.
Isso aconteceu nos anos 90, quando Roberto era o iluminador de Geraldo Azevedo.
Enquanto ele finalizava a luz do show, apareceu uma pessoa na house mix e se apresentou como produtor (ou representante) de uma das bandas que tocaria antes de Geraldo.
Conversa vai, conversa vem, esta pessoa perguntou se Roberto não poderia fazer a luz da banda dele, já que ele já estava ali naquele evento e a banda do rapaz não possuía tal profissional.
Roberto pensou... Por que não, né?
Já estou aqui mesmo.
Podem ter certeza. Isso acontece muito até hoje!
Acertaram o cachê, que logicamente não foi o mesmo que Geraldo Azevedo pagava.
Ficou pela metade. Acho que Roberto falou 300 reais, metade do valor que ele recebia com Geraldo Azevedo.
Tudo acertado, luz afinada de Geraldo, Roberto seguiu para o camarim para aguardar o início evento.
Esta luz do show de Geraldo Azevedo iria servir para Roberto fazer o show da outra banda.
Roberto ficou conversando com a galera, comendo uns petiscos, bebericando uns líquidos, e quando chegou a hora do show da banda que tocaria antes de Geraldo, ele se despediu do pessoal avisando que tinha fechado mais um trabalho enquanto afinava a luz do show de Geraldo Azevedo e que estava perto da hora desta banda subir ao palco.
Os músicos começaram a brincar com Roberto, falando:
--- Aí tá certo! Vais ganhar dobrado hoje, muito esperto. Tá rico hoje!
Roberto respondeu:
Nada. Quem me dera. Fechei pela metade do cachê. Ele não tinha condições de pagar igual.
Nesta hora da explicação, Geraldo Azevedo para de afinar o violão e comenta:
--- Legal Roberto. Vou te pagar a mesma coisa que ele.
Roberto ainda riu pensando que era uma brincadeira do cantor, mas notou pela fisionomia séria dele que muito provavelmente não era brincadeira.
Roberto ainda arriscou:
--- Tais falando sério mesmo Geraldo?
O cantor emendou:
--- Veja bem... Minha produção pagou sua passagem de ida e volta. Pagou sua hospedagem e também sua alimentação para você fazer a luz do meu show aqui nesta cidade. Correto?
Fora isso, vou te pagar 600 como cachê pelo trabalho.
Aí chega um cara que não teve nenhum custo com você e ainda vai te pagar metade do que vou te pagar para fazer o mesmo trabalho?
Não acho justo.
Por isso vou pagar a mesma coisa que ele, ok?
Como Roberto já tinha se comprometido com o rapaz da outra banda, olhou para Geraldo e falou:
--- Ok.
Roberto fez os dois shows, mas recebeu 300 de cada.
Depois deste dia, resolveu não fazer mais coisa parecida.
Tenho um pensamento parecido com o de Geraldo Azevedo.
Um abraço a todos.

3 comentários:

Lucas brandao disse...

Marrento mas verdade..

Anônimo disse...

É uma situação complicada e faz muito sentido para o contratante que tá pagando todos custos e ainda cachê. Se fosse na capital do profissional envolvido ou no mesmo Estado, haveria mais flexibilidade, acredito. Todos nós passamos na vida por alguma coisa semelhante.

Cleison Ramos.

Titio disse...

Olá pessoal.
Não tiro a razão do cantor não, viu?
E ainda acho que mesmo sem sair de Recife, é estranho você cobrar cachês diferenciados.
O artista que vai pagar mais nunca vai gostar da situação.
Esta prática é muito comum aqui em Recife.
Eu até faço, mas não nesta proporção de fazer pela metade.
Vou explicar.
Não vou poder cobrar de outros artistas da cidade o mesmo que ganho em Alceu. Mas também nunca faço pela metade do meu cachê normal (600) só porque o outro artista não pode pagar. Não acho justo.
Com relação a fazer outro trabalho recebendo menos só porque já estou no local, normalmente não aceito, e quando aceito, só recebendo o mesmo cachê do artista que me levou para o evento.
Nem lembro quando foi que aceitei fazer um, para vocês terem uma ideia que não é uma coisa comum na minha vida profissional.
Obrigado por participarem do Blog.
Um abraço a todos.