sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

Abertura do carnaval com Naná Vasconcelos - Roubei o alinhamento.



Olá pessoal.
Já estou na sala de casa aguardando minha Irmã para ir ao Bar Escritório do Guaiamum para comer um peixe frito espetacular. Peixe inteiro, com pirão, arroz e verduras cozidas. Show!
Meus trabalhos no carnaval acabaram ontem na Lagoa do Araçá, que fiz com Naná também, só que com outro show chamado Batucafro.
Depois comento aqui sobre este outro projeto de Naná Vasconcelos.
Pela segunda vez eu opero o som de Naná nesta abertura do carnaval do Recife.
Já falei sobre a primeira vez aqui no Blog, é só procurar.
Por isso não vou falar muito dos detalhes, pois já falei tudo no texto da primeira vez.
Este ano foi basicamente a mesma coisa.
A novidade maior seria trabalhar com a mesa SD10 da DiGiCo, coisa que nunca tinha feito até então.
Achei estranho colocarem esta SD10 junto com a SD9, que pelo nome já podem deduzir que é outra mesa da DiGiCo.
Eu já tinha feito um trabalho no monitor com a SD9, e não gostei.
Tive meus motivos.
Ensaio geral.
Mandei um email para a produção do Marco Zero (local do evento), dando minha opinião que seria mais "normal" colocar uma outra mesa mais "conhecida" junto com a SD10.
Não vou mentir... Se tivesse uma PM5D, ou uma Venue, ou uma CL5 na house mix além da SD10, eu iria escolher uma das três primeiras opções.
Tenho muito mais afinidade com estas três mesas do que com a SD10.
Tanto é que nunca tinha trabalhado anteriormente com esta da DiGiCo.
Mas não teve jeito.
Eu imaginava que a grande maioria dos técnicos não iria querer fazer o trabalho com a SD9, pois ela tem poucos faders, e isso complica mais na hora da operação.
Acho que a produção achou isso também, pois a SD9 teve como função principal distribuir os sinais para o PA, subgraves, torres de delay e rádio/TV.
Tínhamos este controle também na SD10.
Se eu quisesse baixar o sinal enviado às caixas de subgraves, eu tinha este máster na minha mesa de PA.
Sabendo que eu iria usar a SD10, fui na internet baixar o editor "offline" da mesa e ver uns vídeos explicativos de Renato Carneiro.
Quem me deu esta dica foi meu Amigo Ítalo da Bizasom.
Seguindo os vídeos, consegui montar minha cena tranquilamente.
Mas só porque eu segui os vídeos.
Ensaio geral.

Na minha opinião, acho que sem ver estes vídeos, fica muito difícil a gente montar uma cena.
Comentei até sobre estes vídeos no mês passado aqui no Blog. Vejam, que vai ajudar bastante, pois o editor offline da mesa é um "retrato" da mesa.
Aprendeu os caminhos no editor, está aprendendo a usar a mesa.
Com minha cena feita em casa, fui um dia antes do meu primeiro ensaio geral no Marco Zero.
Queria dar uma olhada no sistema, na mesa, e ver se eu poderia já passar minha cena para a mesa e se estava tudo certinho.
Lá, conheci Renato Carneiro. 
Exato. O cara que fez os vídeos que me ensinaram a montar a cena (chamada de "sessão" na DiGiCo).
Ele é o técnico responsável pelas mesas da DiGiCo, e foi contratado pela empresa de som (Digital) para dar uma assistência no evento.
Neste dia anterior que eu fui, estava marcado o soundcheck de Alceu Valença.
Então, eu estava me sentindo em casa.
Vi toda a pas (Eita! Minha Irmã bateu aqui em casa para a gente ir comer o peixe! Mais tarde continuo aqui a conversa).

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Olá pessoal
Demorei tanto para recomeçar a escrever este texto, que resolvi começar de novo com minha frase de saudação.
Vou ler o que escrevi antes para poder continuar.
Ahh, ok.
Vamos lá... Vou continuar na frase onde parei.
Vi toda a PASsada de som de Alceu.
Desde o alinhamento do PA por Rogério, até o salvamento final da sessão na mesa e nos pendrives.
Só Fumato salva nuns 10!!! (risos)
Fumato é o técnico contratado pela Prefeitura para dar assistência aos técnicos das bandas, e se a banda não tiver técnico, ele opera o som do PA desta banda.
No palco, Eduardo "Cocão" é o técnico contratado pela Prefeitura para fazer esta função no monitor.
Pois bem...
Nem lembro mais se teve outro soundcheck depois de Alceu, só sei que antes de desligarem tudo, Renato passou minha sessão para a mesa e configurou as saídas.
Tudo certo.
No outro dia cheguei para fazer meu trabalho.
No ano anterior foi uma confusão passar o som da abertura.
Tudo foi na correria, e não passamos o som como deveríamos.
Neste ano combinamos que passaríamos peça por peça com calma antes de começar o ensaio geral.
Até conseguimos passar peça por peça, mas sem ser na calma!!!!
Mais uma vez não consegui fazer o que normalmente faço, que é colocar meu CD para tocar, ouvir o PA, fazer meus ajustes, depois falar no microfone para conferir tudo, escutar meus efeitos, etc.
Quando vi que não ia ter tempo para isso, lembrei-me de Rogério com Alceu.
Como vi (ouvi) tudo o que ele fez, e logicamente por ser um grande Amigo, pedi para copiar o alinhamento que ele fez e colar na minha sessão.
E foi assim que comecei meu soundcheck.
No outro dia liguei para Rogério falando o que eu tinha feito.
Ou seja, roubei o alinhamento dele.

Ele me falou que eu poderia roubar sempre que precisar.
Mesmo acontecendo isso de eu não conseguir ouvir o PA, a agonia foi infinitamente menor do que no ano anterior.
Nem a Rede Globo apareceu na house mix para atrapalhar nosso trabalho, pedindo sinal de áudio para fazer reportagem e/ou pedindo para fazer silêncio enquanto gravam a matéria.
É meus caros... As TVs podem até ajudar os artistas na divulgação das imagens deles, mas para a parte técnica estas TVs só atrapalham!!!! E muito!
No segundo dia do ensaio geral, como a gente tinha adiantado muita coisa no dia anterior, enquanto o pessoal ia ligando as coisas no palco, eu pedi para ligar um microfone na SD10 e dei uns ajustes finos no PA.
Também conferi e ajustei meus efeitos.
O sistema de PA era todo da D.A.S..
Menos as caixas de subgraves, que eram LS Áudio. Doze por lado.
O line principal era formado por caixas AERO50. Dezesseis por lado. 
Ainda tinham as torres de delay (que não sei o que usaram), um OutFill numa das laterais para cobrir uma rua, e um outro OutFill virado para trás(?) do palco, que depois eu fiquei sabendo que era porque tinha um telão virado para as pessoas do backstage e muita gente ficava na rua vendo o show por este telão.
As caixas dos dois OutFill que falei acima eram da D.A.S. também, modelo AERO12. Não lembro quantas unidades, acho que eram 8 cada line.
Algumas novidades no PA...
Primeiro, que subiram mais o line array.
Gostei.



Segundo, e que me ajudou muito na abertura, foi que colocaram um line menor (formado por 8 caixas de cada lado também AERO12) por dentro do line principal, e direcionaram este line menor para o centro da área.
Chamei este line de InFill. Nem sei se existe este termo, mas gostei do nome.
Existe o OutFill (out>saída>fora), que são as caixas direcionadas para as laterais da área onde o som do line principal não consegue chegar.
In>entrada>dentro.
Esta foi minha linha de raciocino! (risos)
Por causa deste InFill, não colocaram o FrontFill, que são caixas colocadas na frente do palco para cobrir a turma do "gargarejo" que fica colada ao palco.
Pois bem... Este InFill me ajudou muito, pois na abertura eu tenho uns 500 batuqueiros (e suas alfaias fumegantes!) de Maracatu logo na frente do palco! 
O público só começa depois destes batuqueiros.
Por causa desta formação de show, o desenho do sistema de PA deste ano me favoreceu.
Ano passado, durante o ensaio geral, notei que o FrontFill não conseguia passar pela barreira dos batuqueiros.
 


Mesmo eu escutando bem as vozes dos cantores na house mix, quando eu chegava perto dos últimos batuqueiros, as vozes sumiam!
Por causa disso, tive que subir muito as vozes no PA.
Com este InFill suspenso, o som passava por cima dos batuqueiros!!!
Massa!
Se nos shows normais faltou som para a turma do gargarejo porque não tinha FrontFill, eu não posso falar nada porque não fui fazer e nem ver algum show fora a abertura.
E falo basicamente aqui sobre os trabalhos que eu faço.
Sobre a SD10, vou falar mais uma vez o que sempre falo.
Toda mesa digital tem seus prós e contras!
E não tem como não comparar com outras.
Achei a mesma coisa neste trabalho.

Logicamente, quanto mais você usa a mesa, estes contras vão diminuindo, pois vamos achando atalhos para amenizar os problemas encontrados.
Não achei prático enviar os sinais para os auxiliares.
Com pouca luz na house mix complica para enxergar alguns controles na mesa pois a superfície é escura.
A pouca luz também prejudica a visualização de nomes no visor dos canais. No meu caso me lasquei para ver os nomes quando o fundo era vermelho. Tive que colocar meus óculos pela primeira vez em shows.
No segundo dia de ensaio geral, resolvi isso usando minha lanterna de cabeça, e não precisei usar óculos. Tudo era uma questão de luminosidade.
Como a mesa é muito configurável, leva-se mais tempo para deixar do jeito que a gente normalmente trabalha. Não existem canais específicos para as voltas dos efeitos, por exemplo.
Temos que configurar estas voltas. Na série Vi da Soundcraft também é assim, se eu não me engano.
Existe o fader físico do máster (L/R) na mesa, mas não podemos selecioná-lo para abrir o EQ gráfico.
O único botão acima deste fader é o MUTE.
Temos que ir numa página que controla as saídas para selecionar este máster para mexer no gráfico.
Não existe o famoso COPY>PASTE no equalizador gráfico.
Podemos "linkar" vários equalizadores para que os ajustes no primeiro vá para os outros.
A outro opção que temos para fazer isso é salvando um preset do gráfico e chamando este preset nos outros que a gente quer igual.
Mas nada tão prático como o COPY>PASTE, não é verdade?
Falei alguns pontos acima que não achei legal.
E o que achei legal?
Boa quantidade de faders (24 para os inputs e 12 para os outputs).
Com isso a gente não fica virando muita página, como acontece com a SD9, por exemplo.
Grande quantidade de leds no medidor de entrada do canal, lembra as mesas analógicas.
Grande quantidade de DCAs (doze).
Botões dedicados de HPF e LPF na superfície. Ajustes rápidos.
Existem vários botões na parte de cima à direita onde podemos criar MACROS para dizer o que cada botão vai fazer, como salvar, tap tempo, etc, etc, etc.
Comparando com outras mesas, são os botões "user defined" ou "function" na DiGiCo.
Ao clicar na tela onde está o ganho do canal, vai aparecer uma janela de setup onde você define várias coisas deste canal, como o patch de entrada, se ele é mono ou é estéreo, delay no canal, etc.
Nesta mesma janela você vai notar um desenho de uma válvula com o nome "digitube" com um botão de volume escrito "drive".
Pelo nome você já deve saber para que serve, né?
Para dar uma esquentada no som, simulando a distorção causada por uma válvula.
Esta opção está em todos os canais de entrada, inclusive nas saídas também, como auxiliar, grupo e matrix.
Salvar a sessão é muito parecido como salvar seu documento no Word.
Depois de salvar a primeira vez (Save As), onde você dá um nome para sua sessão, é só ir dando Save sempre que quiser.
A mesa não pergunta mais nada, não abre janela nenhuma, pois sabe que é para salvar em cima da sessão que está aberta.
Fiz a famosa pergunta para Renato. 
E se faltar energia antes da gente salvar? A mesa volta de onde parou?
Resposta: Volta sim. O áudio volta tudo como estava antes de faltar energia, mas... Os nomes nos canais, não.
Se você não salvou a sessão depois de nomear os canais (entrada e saída), vai ter que renomear tudo de novo.
Não tenho como me estender mais falando sobre a SD10, pois não usei quase nada dos seus recursos. Foi apenas o primeiro contato e tentei fazer o básico.
Mas já foi bem melhor que meu primeiro contato com a SD9.
Na hora do show não tive problemas.
Cheguei cedo para conferir meus canais e me surpreendi em saber que antes da Abertura do Carnaval com Naná Vasconcelos, iriam se apresentar duas atrações.
Oxe. Então a abertura aconteceria antes, né? (risos)
Mas deu tudo certo.
Pelo meu ponto de vista, logicamente.
Obrigado a todos que se empenharam para facilitar meu trabalho.
Aos diretores de palco Pedrinho e Sávio, que sempre mantiveram um diálogo antes mesmo dos dias do evento.
Eduardo (monitor) e Guigo (patch).
Kleiton (Digital), Fumato (PA) e Renato Carneiro (Assistência luxuosa da DiGiCo).
Ítalo (Bizasom) pela dica dos vídeos de Renato no Youtube.
Ahhhh!
Meu muitíssimo obrigado às TVs por não aparecerem com seus pedidos em cima da hora no soundcheck!!!!!
Ou para pedir silêncio exatamente na nossa hora de passar o som, que cada vez diminui mais o tempo.
E obrigado Rogério por aceitar meu roubo de alinhamento do PA.
Eu sabia que você não iria se importar, por isso fiz sem te perguntar.
Só avisei no outro dia.
Foi massa pessoal!
Eu gostei.

Mas fora esta situação de uma amizade antiga como a que tenho com Rogério, não aconselho ninguém a praticar este roubo em algum show.
Um abraço a todos.

2 comentários:

Unknown disse...

Que bom que existem profissionais amigos que possam nos ajudar em momentos assim. Infelizmente existem outros que dá um Inicial Data pra você achando isso o máximo. Eu não entendo a cabeça de um profissional que ao ver um companheiro de profissão chegar toma uma atitude dessas? Eu mesmo já cheguei em lugares onde o cara além de entregar a mesa em inicial data pra você fazer P.A. E monitor ainda foi no meu roteador Wi-Fi e trocou a conexão para o meu iPad não se comunicar com a mesa. Então amigo Titio independente de qual empresa for ou que atração é evento for com amigos fica muito mais fácil ou pelo menos mais justo. Abraço.

Titio disse...

Olá Thadeu.
Obrigado por participar do Blog.
Estou na estrada desde 1992...
Antes disso eu era DJ e já operava o som ao vivo da Boite, mas show grande mesmo só fui fazer por volta de 1992.
De lá para cá, se teve algum colega do ramo que quis me prejudicar, eu nunca notei!
Ehehehehehe.
Um abraço.